Tag: Festival Latinidades

  • Atração do Latinidades, Buika se declara à vida: “é um prêmio”

    Atração do Latinidades, Buika se declara à vida: “é um prêmio”

    To fly is not an easy thing to do. First they wanna teach you to do it wrong. They blame who was not there to learn. I rather learn from butterflies”. Este é um trecho da única música com o título em português, Cidade do Amor, do último álbum lançado por Buika, em 2015: Vivir sin miedo. Nessa música, em tradução livre, a cantora espanhola, considerada uma das melhores vozes da atualidade, descreve que voar não é fácil. “Primeiro, eles querem te ensinar errado. Eles culpam quem não estava lá para aprender. Eu prefiro aprender com as borboletas”.

    Em um hotel, em Brasília, às vésperas de se apresentar no Festival Latinidades, Buika conversou com a Agência Brasil. Na entrevista exclusiva, ela fala do seu amor pelo Brasil e também do amor por si própria, conta como trabalha para se ouvir mais em vez de esperar a aprovação de outras pessoas. A rainha do flamenco fala também sobre o que considera o maior prêmio de todos: a vida. Em vez de esperar permissão para voar, Buika escolhe viver todos os dias intensamente, porque, como diz outro trecho de Cidade do Amor, “a vida, às vezes, dura apenas um dia”.

    A conversa começa com o tema do festival deste ano, “Bem Viver”: “Bem viver é se dar a oportunidade de ter vindo a esse mundo para cumprir a missão para a qual se foi designada. Porque, afinal, é importante ter uma boa profissão, ter um bom status social, mas o importante é sair dessa vida tendo claro que a viveu até o fim”, diz, Buika. “Entenda que a sua vida é um prêmio. Você está sendo premiada. Não precisa que ninguém mais te premie. Amanhã, possivelmente, uma porcentagem da população mundial não abrirá os olhos. Se você abre, é um milagre. E tem que ser celebrado, é um dia de celebração”, complementa.

    Para viver essa missão e, principalmente, para se aceitar, Buika defende que o importante não é esperar a aprovação dos demais. “Eu sinto que, infelizmente, estamos muito viciados na aprovação dos demais. Se você se aprova, está bem, entende? Somos muito vítimas da aprovação, muito vítimas que os outros nos digam que somos bonitas para que acreditemos. Somos vítimas de que os demais nos digam que fazemos algo bem. Eu me sinto bonita. Não necessito que ninguém me diga que sou bonita, eu me sinto bonita”.

    María Concepción Balboa Buika, conhecida com Concha Buika, nasceu em 1972, em Palma, na ilha espanhola de Maiorca. É filha de refugiados políticos da Guiné Equatorial. O álbum Niña de Fuego, de 2008, foi indicado como álbum do ano no Grammy Latino e La Noche Más Larga foi indicado como melhor álbum de jazz latino no Grammy de 2014. El Último Trago (2009), álbum gravado em parceria com o pianista cubano Chucho Valdés, venceu o Grammy Latino 2010 como melhor álbum tropical tradicional. Segundo o portal Geledés, ela é comparada a nomes como Nina Simone, Cesaria Evora e Chavela Vargas.

    Buika descreve a arte como um remédio: “A arte, na realidade, é um remédio para a alma. É um remédio que Deus pôs na Terra para curar, porque a arte ajuda a curar a sociedade, sobretudo as sociedades que são vítimas de guerra, de ódio. A arte tem um papel curador muito grande e é muito importante para a vida das pessoas”.

    Apesar de se apresentar no festival apenas um dia, Buika estendeu em uma semana a estadia no Brasil, pois, segundo ela, estar aqui é ter um desejo realizado. “Brasil é um presente para este mundo e é um paraíso para a música. Os músicos brasileiros, os cantores, são um presente para a humanidade”.

    Ela conta que pretende, nos próximos dias, “visitar, ver e saborear” o país. “Quero comer picanha”, diz sorrindo. “Vir ao Brasil já realizar um desejo. O que vem daqui já não é música brasileira, é do mundo. Acredito que seja bom para o Brasil e para os brasileiros, que se diga que o mundo inteiro o considera um presente. Os brasileiros são um presente para o mundo”.

    Buika apresenta-se no sábado (8), no Museu Nacional da República, em Brasília, como parte da programação do Festival Latinidades. Além de Buika, apresentam-se Dj Beatmilla (DF), Letícia Fialho (DF), BellaDona (DF), Dj Aisha Mbikila (DF/SP), A Dama (BA) e Flora Matos (DF/SP). Os shows serão transmitidos pela Rádio Nacional.

    O Festival é considerado hoje o maior festival de mulheres negras da América Latina. As ações que compõem a programação do festival são: debates, palestras, oficinas, vivências, painéis, conferências, lançamentos literários, rodada de negócios, desfiles e apresentações de dança, teatro e música.

    Edição: Marcelo Brandão

  • Deputada baiana lança livro Mulher preta na política

    Deputada baiana lança livro Mulher preta na política

    A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB-BA), de 56 anos, lança, no próximo sábado (dia 8), no Festival Latinidades, em Brasília (DF), o seu primeiro livro: Mulher Preta na Política (editora Malê). O evento acontece no anexo do Museu Nacional em Brasília. O festival conta com o apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

    O livro aborda, a partir das experiências pessoais e de pesquisa, as dificuldades que mulheres pretas têm de chegar e de se estabelecer em cargos eletivos. Segundo a autora, o livro tem elementos de autobiografia, mas também dialoga com experiências de outras mulheres negras que se candidataram para o Executivo ou para o Legislativo. “Eu cito, inclusive as situações de violência política que a gente vive”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

    A deputada, que tem mais de 35 anos de trajetória nas lutas sociais, chegou ao segundo mandato, com 92.559 votos, nas eleições de 2022. A primeira vitória para deputada contou com 57.755 votos.

    “Eu sou a única deputada preta da Assembleia Legislativa no estado mais negro do Brasil”, afirmou a parlamentar. “A população negra é maioria neste país e, mesmo assim, a gente não tem a presença refletida adequadamente nos espaços de poder”.

    O livro será lançado também no Museu do Amanhã (no Rio de Janeiro), no dia 15 de julho, e na Casa Mulher com a Palavra, no Instituto Goethe (em Salvador), em 25 de Julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

    De faxineira a deputada

    A deputada, que é professora e pedagoga, trabalhou, antes de chegar ao ensino superior, como faxineira e merendeira de uma escola. Encantada com o que via em uma sala de aula, resolveu estudar para ser docente.

    Foi com dificuldades que fez o curso de pedagogia na Universidade Federal da Bahia, ao mesmo tempo em que trabalhava na faxina. “Imaginem o que faz uma universidade na cabeça de uma faxineira, favelada e inquieta”, escreveu na introdução do livro.

    Minoria

    Ela lamenta que dos 63 deputados da Assembleia Legislativa da Bahia, por exemplo, as mulheres continuem sendo minoria. “Em 2018, nós éramos dez mulheres e eu era a única mulher preta.

    Agora, só oito mulheres foram eleitas, apesar de não ter as mesmas ferramentas que os meus colegas homens tinham para fazer a campanha”.

    Mesmo com mandato, ela percebeu momentos em que era preterida. “A gente sabe quando o racismo e o machismo se articulam para deixar a gente de fora, ou para a gente ter menos garantia de emendas parlamentares”.

    Além disso, ela identifica que o racismo se apresenta em diferentes faces. A parlamentar recorda, inclusive, episódios em que eleitores estranhavam o fato de ela ser candidata ou parlamentar.

    “Nós somos tão poucas nos espaços de poder, historicamente associados a homens brancos. Essa construção serve também como um paredão para nos isolar desses espaços e formatar um imaginário coletivo”.

    Olívia Santana foi secretária de Educação e Cultura de Salvador, e pelo Estado da Bahia, atuou nas secretarias de Política para Mulheres e de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte.

    Serviço

    Lançamento do livro Mulher Preta na Política, de Olívia Santana

    Data: 8 de julho de 2023, às 14h

    Festival Latinidades – Anexo do Museu Nacional, em Brasília

    Edição: Graça Adjuto