Tag: ferrovia

  • Lei das Ferrovias: regulamentação atrairá investimentos para o setor

    Lei das Ferrovias: regulamentação atrairá investimentos para o setor

    Com objetivo de viabilizar investimentos privados no setor ferroviário do país, o governo federal publicou o Decreto nº 11.245, de 21 de outubro de 2022, que regulamenta a Lei nº 14.273, de dezembro de 2021, a chamada Lei das Ferrovias. A norma permitirá a construção de novos trilhos, no aproveitamento de trechos ociosos e na prestação do serviço de transporte ferroviário, por meio do modelo de autorizações.

    O decreto, publicado na edição do Diário Oficial da União dessa segunda-feira (24), trata da organização do transporte ferroviário e do uso da infraestrutura ferroviária em território nacional, possibilitando novas oportunidades de investimentos, informa o Ministério da Infraestrutura (Minfra).

    “Com o marco legal, são regulamentados os novos processos administrativos de requerimento de autorização para exploração de ferrovia e de chamamento público de interessados na obtenção de autorização para a exploração indireta de ferrovias federais não implantadas ou em processo de devolução ou desativação”, diz ainda o Minfra.

    De acordo com a pasta, a expectativa é de crescimento da disponibilidade operacional das ferrovias brasileiras com consequente expansão da malha ferroviária federal, auxiliando na retomada do crescimento econômico e na geração de empregos.

    Segundo o ministério, até setembro, um ano após instituir o modelo de autorizações ferroviárias, 89 pedidos do setor privados foram registrados, feitos por 39 proponentes. “Os requerimentos somam 22.442 quilômetros de novos trilhos em todas as regiões do país e têm projeção de investimento estimado em R$ 258 bilhões”, informa a pasta.

    A União e o setor privado já assinaram, até agora, 27 contratos. Eles já receberam a autorização para implantar novas estradas de ferro. “A projeção de recursos privados a serem alocados na implantação desses empreendimentos já autorizados soma R$ 133,24 bilhões e 9.922,5 quilômetros de novos trilhos, cruzando 15 unidades da Federação”, diz ainda o Minfra.

  • Ferrogrão será uma das prioridades em infraestrutura, diz Alckmin

    Ferrogrão será uma das prioridades em infraestrutura, diz Alckmin

    Em entrevista recente à Rádio Vila Real, do Grupo Gazeta, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), é candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula (PT), afirmou que, caso a chapa vença a eleição, a conclusão do projeto da Ferrogrão em Mato Grosso será prioridade.

    Para ele, o investimento na infraestrutura será uma forma de garantir o crescimento ainda maior no Estado.

    “Quero assumir um compromisso com Mato Grosso […] As BRs, a integração com a hidrovia de Tapajós, no Porto de Miritituba, a construção do Ferrogrão, atendendo todo Norte do Mato Grosso até o porto. Integrar os vários modais e assim a economia mato-grossense vai poder crescer ainda mais forte”, afirmou, na entrevista.

    Anteriormente, Alckmin já havia defendido a construção do modal para melhorar o escoamento da produção.

    Segundo ele, a obra geraria mais emprego e distribuição de renda no Estado.

    A Ferrogrão é uma ferrovia federal, com 933 km de extensão, que ligará o Município de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá) ao Porto de Miritituba (PA), permitindo o escoamento da produção mato-grossense.

    https://www.cenariomt.com.br/cenario-politico/governador-reeleito-mauro-mendes-nao-acredita-em-vitoria-de-lula/

  • Mato Grosso terá a primeira ferrovia construída no regime de autorização do Brasil

    Mato Grosso terá a primeira ferrovia construída no regime de autorização do Brasil

    O senador Wellington Fagundes, do PL, anunciou a aprovação por unanimidade pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso da construção da ferrovia que ligará Rondonópolis até Lucas do Rio Verde.

    O modelo de autorização dispensa o leilão dos trechos. O parlamentar ressaltou a necessidade de fiscalização e cobrança sobre a empresa Rumo, encarregada da construção.

    E afirmou que a compensação ambiental e social será de responsabilidade da construtora: “A primeira ferrovia por autorização do Brasil. E, olha, foi aprovada por unanimidade. O Governador Mauro fez a sua regulamentação e o chamamento. E já temos agora definido o avanço da ferrovia de Rondonópolis, Cuiabá, até o Nortão de Mato Grosso. Deve acontecer esse ato agora no próximo dia 17. E lá estaremos, claro. Queremos o avanço da ferrovia, mas, Deputada Janaina, também já estamos aqui cobrando, de público, a responsabilidade da compensação social e ambiental por parte da empresa Rumo De acordo com Welligton Fagundes, aproximadamente R$ 500 milhões foram aprovados para dar continuidade ao andamento da obra“.

    De acordo com Wellington, já são quase R$ 500 milhões de recursos de investimento, com subsídio, aprovados para a construção da ferrovia. O parlamentar afirmou que vai cobrar “essa responsabilidade” da empresa. A empresa Rumo Logística, encarregada da obra, tem que ter compromisso com a cidade e com a região, apontou:

    — Uma empresa que chega com um compromisso social e de desenvolvimento regional. Nós já estamos aqui adiantando para que a empresa Rumo, ao chegar em Rondonópolis e dizer que vai fazer o lançamento, diga qual é o projeto de desenvolvimento regional e qual é o projeto de desenvolvimento social que terá com esses investimentos a serem feitos.

     

  • Wellington Fagundes destaca construção de ferrovia em Mato Grosso

    Wellington Fagundes destaca construção de ferrovia em Mato Grosso

    O senador Wellington Fagundes (PL-MT) destacou nesta quinta-feira (6), em pronunciamento, a construção em Mato Grosso da primeira ferrovia por autorização do Brasil, ligando Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, passando por Cuiabá. Segundo ele, já está definido o avanço das obras da ferrovia.

    O parlamentar ressaltou, no entanto, que é importante cobrar a empresa encarregada para que, além do avanço da obra, cumpra sua responsabilidade de compensação social e ambiental pelos impactos da construção. Para ele, é preciso promover o desenvolvimento social das regiões afetadas.

    De acordo com Wellington, já são quase R$ 500 milhões de recursos de investimento, com subsídio, aprovados para a construção da ferrovia. O parlamentar afirmou que vai cobrar “essa responsabilidade” da empresa. A empresa Rumo Logística, encarregada da obra, tem que ter compromisso com a cidade e com a região, apontou:

    — Uma empresa que chega com um compromisso social e de desenvolvimento regional. Nós já estamos aqui adiantando para que a empresa Rumo, ao chegar em Rondonópolis e dizer que vai fazer o lançamento, diga qual é o projeto de desenvolvimento regional e qual é o projeto de desenvolvimento social que terá com esses investimentos a serem feitos.

  • Efeitos globais na operação das ferrovias

    Efeitos globais na operação das ferrovias

    Os anos se passaram e cada vez mais os estudos sobre tais impactos e correlações foram se aprofundando. Atualmente, sabemos que existem teleconexões nos Hemisférios Norte e Hemisfério Sul, mas como tais eventos podem impactar as operações das ferrovias? Antes de responder tal questão, devemos conhecer tais eventos.

    Como destaque maior aos eventos de teleconexões está a Oscilação Sul (OS). A OS têm impacto direto nos ativos das empresas na américa do sul, seja por regime baixo ou alto de precipitação, o que impacta não somente as atividades operacionais, mas também os custos diretos com energia.

    Dos eventos que mais impactam as operações e as atividades das ferrovias na região brasileira estão os fenômenos de La nina e El nino, e tais eventos trazem prejuízos econômicos diretos no Brasil e consequentemente para os operadores ferroviários. Aqui na América do Sul (AS) é afetada por ondas conhecidas como cavados e cristas. Os cavados e cristas são fenômenos que acarretam chuvas ou secas em determinada região. A influência do Pacífico Atlântico Sul (PSA) em escala intrasazonal afeta as regiões Centro-Oeste, Sudeste e sul da região Nordeste por meio da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). A ZCAS é um dos principais sistemas chuvosos que desencadeia riscos de alagamentos, inundações, deslizamentos, descargas elétricas, entre outros. Este é um dos exemplos de sistemas de teleconexões que ocorrem no país e impactam regiões localizadas do país.

    Outro exemplo comumente encontrado na literatura são sistemas de bloqueio, ou seja, fenômenos de grande escala e, escoamento de ondas que impedem a passagem de sistemas frontais na região Sul do país. Os sistemas de bloqueio impactam diretamente as ferrovias da região sul do país, pois quando atuante, favorece com que os sistemas frontais fiquem estacionados e, consequentemente, o volume de chuvas e a intensidade da ocorrência destes eventos são mais intensos, chuvas intensas e volumosas, alterações das marés, ventos e ondas fortes.

    Diante deste motivo, entender os cenários de vulnerabilidade climática é uma das maneiras de reforçar a resiliência das operações. A Climatempo tem expertise no mercado com estudos de tal magnitude, que auxiliam as empresas nas tomadas de decisões e na agenda ESG, frente a uma economia humana e de baixo carbono.

     

  • Período de inscrições em Engenharia Ferroviária e em Mídias Digitais pela UFMT termina hoje (05)

    Período de inscrições em Engenharia Ferroviária e em Mídias Digitais pela UFMT termina hoje (05)

    Termina hoje (05) o período de inscrições para dois cursos de pós-graduação ofertados em Lucas do Rio Verde por meio da Universidade Aberta do Brasil. Os cursos de pós graduação em Engenharia Ferroviária e em Mídias Digitais para Educação serão ofertados pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na modalidade a distância.

    As inscrições são feitas pela internet, nos sites: www.ufmt.br/ingressoead e http://www.uniselva.org.br/. O valor da taxa de inscrição está fixado em R$ 90. E os cursos são on-line e gratuitos.

    A coordenadora da UAB no município, Juliana Gonçalves, destaca que os cursos atendem demandas locais. O curso voltado para Engenharia Ferrovia contempla graduados em ciências exatas, administração, engenharia, arquitetura e logística, por exemplo.

    “É um curso voltado para a área de transporte. A gente está com esse projeto da ferrovia que vai atender nosso município nos próximos anos e por isso foi escolhido para o desenvolvimento e capacitação da população luverdense”, explica a coordenadora.

    Já a pós graduação em Mídias Digitais para Educação atende graduados em licenciatura ou bacharelado em cursos na área de educação.

    “Já foi ofertado em Lucas em outra oportunidade e quem fez avalia que foi um curso importante para que está na área de educação, principalmente agora com essa questão do ensino hibrido, da educação em distancia, da pandemia que vivemos ao longo dos últimos dois anos”, pontuou.

    Mais informações podem ser obtidas no Polo de Apoio Presencial UAB de Lucas do Rio Verde, localizado na Rua Cedro, nº 61 S, bairro Jardim Primaveras, na Escola Municipal Vinícius de Moraes. Telefones para contato: (65) 3548-2326 / 3548-2327 / WhatsApp (65) 99911-8214 / e-mail: uabpololucasdorioverde@gmail.com.

  • Ferrovia Rondonópolis-Lucas do Rio Verde: Justiça determina a suspensão de novas licenças

    Ferrovia Rondonópolis-Lucas do Rio Verde: Justiça determina a suspensão de novas licenças

    Em decisão liminar proferida na última sexta-feira (12), a Justiça Federal no Mato Grosso determinou que os povos indígenas Boe-bororo sejam ouvidos sobre a construção da Ferrovia Rondonópolis-Lucas do Rio Verde antes da emissão de novas licenças para as obras. A liminar também obriga a Fundação Nacional do Índio (Funai) a intervir no processo de licenciamento ambiental do empreendimento, a fim de promover e concretizar a consulta aos povos, no prazo de 90 dias.

    A Justiça também ordenou que a empresa Rumo Malha Norte S/A, responsável pelas obras, adote as medidas para proceder com os estudos do componente indígena e ajude a viabilizar a audiência junto às comunidades envolvidas.

    A Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério Público Federal (MPF) pediram a suspensão imediata do processo de licenciamento ambiental da ferrovia, com o objetivo de assegurar que as comunidades indígenas que habitam o entorno da região não sejam afetadas negativamente pelo empreendimento.

    “Essa decisão é fundamental. A DPU, representando o povo Boe-bororo, fica muito feliz em saber que o seu direito, reconhecido nas convenções internacionais e na própria Constituição Federal, vai ser respeitado. Passar uma ferrovia, entre terras indígenas, onde, com certeza, tem restos mortais dos ancestrais desses povos, sem qualquer consulta, geraria um verdadeiro dano espiritual”, destacou o defensor regional de Direitos Humanos no MT, Renan Sotto Mayor.

    Entenda o caso

    A construção da Ferrovia Rondonópolis – Lucas do Rio Verde é de responsabilidade da empresa Rumo Malha Norte S/A (Rumo) e o licenciamento ambiental tramita junto à SEMA/MT.

    A necessidade de recorrer à justiça surgiu em perícias elaboradas pelo Setor de Perícias do Ministério Público Federal, após fatos e informações serem levados ao MPF pelo Iphan, assim como pela percepção do povo indígena Boe-Bororo sobre o empreendimento. A comunidade não foi consultada sobre a construção em seu território.

    O povo Boe-Bororo é uma comunidade caracterizada por uma complexa organização social e pela riqueza de sua vida cerimonial. No passado, os membros dessa etnia habitavam boa parte da região Centro-Oeste do Brasil, mas hoje estão concentrados, principalmente, em terras indígenas no estado de Mato Grosso.

  • MPF ajuíza ação pedindo suspensão da construção de Ferrovia que interligará Lucas do Rio Verde a Rondonópolis

    MPF ajuíza ação pedindo suspensão da construção de Ferrovia que interligará Lucas do Rio Verde a Rondonópolis

    O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública, com pedido de tutela de urgência, contra a empresa Rumo Malha Norte S/A, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Estado de Mato Grosso para que seja suspenso o licenciamento ambiental da Ferrovia Rondonópolis (MT) – Lucas do Rio Verde (MT). O MPF também pede que nenhuma licença seja emitida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema/MT) até que seja realizado o processo de consulta livre, prévia e informada do Povo Boe Bororo, previsto na Convenção OIT nº 169. E, caso já tenha sido emitida a licença, que a mesma seja declarada nula.

    O traçado da ferrovia está previsto para passar entre as terras indígenas Tereza Cristina e Tadarimana, ambas povoadas pelos indígenas da etnia Boe Bororo. Ocorre que, de acordo com o MPF, não foram realizados estudos específicos pertinentes aos impactos da obra sobre a população indígena, bem como a devida consulta prévia, livre e informada junto ao povo interessado, no caso, os indígenas.

    A ACP baseia-se em informações levadas aos conhecimento do MPF por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) de que no entorno do empreendimento existem diversos sítios arqueológicos registrados e não registrados, com grande probabilidade de existência de sítios arqueológicos indígenas, especialmente nas proximidades do município de Rondonópolis, na região da Rodovia do Peixe.

    A partir disso, o MPF entende que a participação dos indígenas é essencial no processo de licenciamento do empreendimento pelo conhecimento que possuem sobre o patrimônio material e imaterial que precisa ser protegido e que está ameaçado com a execução do traçado previsto para a ferrovia. Além disso, foi verificado que a obra afetará negativamente as comunidades indígenas das TIs Tadarimana e Tereza Cristina.

    A pedido das lideranças dos Boe-Bororo, a Defensoria Pública da União (DPU) ingressou na ACP nº 1002227-67.2022.4.01.3602, o que torna os indígenas polo ativo no processo, ou seja, eles estão processando a empresa Rumo Malha Norte S.A, a Funai e o Estado de Mato Grosso. Em novembro de 2021, os indígenas reivindicaram o direito de serem ouvidos a respeito do empreendimento, sob a alegação de que parte das terras indígenas que foram demarcadas por Marechal Cândido Rondon teriam sido vendidas ilegalmente e que, pela demarcação originária, a ferrovia cortaria a TI Tereza Cristina e também passaria pelo Pontal do Jorigi, parte da TI Tadarimana, tornando o projeto do traçado da obra mais próximo da área indígena, a menos que 10 quilômetros.

    Segundo a DPU, a demarcação atual das terras indígenas Tadarimana e Tereza Cristina é apenas uma parte do território que aquele povo ocupou por mais de 7 mil anos. “O Povo Boe Bororo não foi consultado para a construção da ferrovia passando por suas terras ancestrais, o que fere não apenas os direitos ao consentimento livre, sério e informado, como causa grave dano espiritual, tendo em vista que diversos ancestrais estão enterrados no local, que sempre foi seu território desde o primeiro contato com os não-indígenas”, argumenta o defensor regional de Direitos Humanos Renan Sotto-Mayor.

    Para o procurador da República, titular da ACP, Rodrigo Pires de Almeida, a postura da Funai, da empresa Rumo e da Sema está “escorada apenas em parâmetros de norma federal inaplicável, cuja interpretação é inadmissível (Portaria Interministerial nº 60/2015) e ignora evidências que atraem o princípio da precaução, penalizando o bem jurídico ambiental por uma negligência atribuída exclusivamente aos demandados”.

    De acordo com o procurador, tanto a empresa quanto a Funai e o Estado de Mato Grosso estariam impedindo a participação popular, ou seja, dos indígenas, fazendo com que os povos tradicionais acabem por arcar com o ônus do empreendimento, que são os impactos negativos que a obra trará para o seu entorno. “Os demandados (…) pretendem levar a cabo sem qualquer estudo de componente indígena, consulta aos indígenas interessados e avaliação das medidas mitigatórias e reparatórias”, ressaltou Almeida.

    Além disso, o MPF ressalta a pressa “desmedida e o afobamento” para a aprovação do processo de Licenciamento da Ferrovia Rondonópolis – Lucas do Rio Verde, tanto da Sema quanto da empresa, uma vez que, mesmo estando pendente a análise do componente arqueológico do Iphan para a concessão da licença prévia, a Rumo já havia pedido, em agosto de 2021, a licença para o órgão estadual.

    Pedidos

    Na ação, o MPF pede que, devido ao empreendimento ter um potencial de causar significativo impacto negativo sobre os povos indígenas, a Funai espessa o Termo de Referência Específico e realize a consulta livre, prévia e informada aos indígenas impactados pelo empreendimento. Já a empresa Rumo deverá realizar o estudo do componente indígena, concluir o estudo arqueológico e garantir a consulta livre, prévia e informada aos indígenas.

    Ainda conforme os pedidos da ação, o Estado de Estado de Mato Grosso não deve emitir qualquer licença sem realização de processo de consulta livre prévia e informada, prevista na Convenção nº. 169 da OIT, e deve analisar o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório correspondente fornecidos pela Rumo somente após a Funai e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) atestarem a viabilidade do empreendimento quanto aos componentes indígena e arqueológico.

    Entenda o caso

    A ação é o resultado de um inquérito instaurado a partir de uma representação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) feita à unidade do MPF em Rondonópolis (MT), noticiando a existência de diversos sítios arqueológicos próximos ao município e o risco de impactos irreversíveis do empreendimento para as comunidades das terras indígenas Tadarimana e Tereza Cristina.

    Após o recebimento dos relatórios do Iphan e realização de perícias, o MPF fez uma recomendação com o mesmo teor da ação à empresa Rumo, à Funai e à Sema, mas todos se recusarem a atender, alegando que a consulta prévia às comunidades não preenche requisito legal e que estão seguindo a Portaria Interministerial 60/2015, que estipula uma distância mínima de 10 km das terras indígenas para viabilidade do empreendimento.

    Mas, para o MPF, a Portaria Interministerial 60/2015 é inconstitucional e a expedição de licença sem consulta prévia aos indígenas impactados contraria normas internacionais como a Convenção 169 da OIT e normas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Além disso, a distância mínima do empreendimento precisa ser definida de forma individual e as características peculiares desse caso precisam ser observadas para evitar um dano irreparável aos povos da região.

    A ferrovia e os povos indígenas – Uma dessas características é o fato de o licenciamento da ferrovia ter sido fracionado por trechos, o que prejudica uma visão global do empreendimento e dos impactos do seu conjunto composto por aproximadamente 1500km que interligam áreas produtivas de Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso a uma extensa rede ferroviária que atravessa o estado de São Paulo por aproximadamente 900 km até o Porto de Santos, no litoral Paulista.

    Outro detalhe é a existência de efeitos que podem se acumular e se associar aos impactos da instalação do Terminal Intermodal Rodoferroviário de Rondonópolis, inaugurado em setembro de 2013.

    O procurador sustenta também que é imprescindível seguir o princípio da precaução e, neste caso, avaliar mais que uma distância mínima do empreendimento. Para ele, o intenso intercâmbio cultural, social, religioso, político, ancestral e econômico dos Boe Bororo das terras Tadarimana e Tereza Cristina, que serão separadas pela ferrovia, deve ser protegido, assim como preveem as normas, e os impactos negativos do empreendimento, quando aceitos, devem ser compensados.

    O povo Bororo hoje detém seis terras demarcadas em Mato Grosso num território descontínuo e descaracterizado, que corresponde a uma área 300 vezes menor que o território tradicional de origem.

  • Ferrovias e estudos ambientais

    Ferrovias e estudos ambientais

    Em 2021, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado de Mato Grosso produziu 71.488.025 toneladas de grãos, esse número representou 28,49% da produção nacional, sendo os principais produtos soja e algodão. A construção de ferrovias com certeza é uma necessidade para o estado, sendo essa a melhor saída para escoar a crescente produção de grãos. Atualmente Mato Grosso possui apenas 366 km de ferrovias que fazem parte da Ferrovia Norte Brasil (FERRONORTE). Porém essa realidade pode mudar em breve, a Ferrovia Autorizada de Transporte Olacyr de Moraes (FATO), promete a construção de mais 730 km de ferrovias, enquanto a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) construirá no estado mais 140 km e a Ferrogrão mais 440 km. A implementação desses empreendimentos necessita de muitos estudos e acompanhamentos, entre eles sobre a formação de ravinas e voçorocas (erosões lineares de grande porte), tema que será abordado ao longo deste texto. 

    Caiubi Emanuel Souza Kuhn
    Caiubi Emanuel Souza Kuhn

    Ravinas e voçorocas são as formas mais agudas de erosões linear, podem chegar a ter mais de um quilometro de extensão, e dezenas de metros de largura e de profundidade. Normalmente o desenvolvimento deste processo está relacionado a características do meio físico, sejam elas geológicas-geotécnicas, tipos de solos e do relevo. Mudanças no uso da terra e na cobertura vegetal são outros fatores que pode desencadear o desenvolvimento da erosão. 

    O desenvolvimento de ravinas e voçorocas podem causar uma série de impactos sociais e ambientais. A destruição de casas, rodovias, infraestruturas urbanas e rurais e a inviabilização de áreas produtivas significativas, são alguns dos impactos econômicos que podem ser citados. Além disso, as erosões lineares afetam a cobertura vegetal, removem grandes quantidades de solo, podem causar o rebaixamento do aquífero, o assoreamento de rios, açudes entre outros corpos hídricos. A estabilização das erosões pode demorar anos ou até décadas. 

    Empreendimentos como o desenvolvimento de novas rodovias e ferrovias, precisam em sua implementação, realizar estudos detalhados de susceptibilidade a erosão e a outros processos do meio físico, como deslizamentos e corridas de detritos. Estes estudos são fundamentais para garantir a segurança no empreendimento e para evitar impactos ambientais e sociais na área de entorno. 

    Em outros locais, como no estado de São Paulo, sérios problemas com erosões lineares ocorrem relacionadas a construção de ferrovias. As características do meio físico de algumas regiões do estado de Mato Grosso, indicam que problemas similares podem ocorrer, caso não sejam realizados os estudos adequados e o correto monitoramentos destas áreas. É comum em muitas regiões do estado problemas com erosões que foram causadas devido ao uso do solo sem que seja considerada os estudos técnicos. Porém, este tipo de situação não pode e nem deve ocorrer em empreendimentos bilionários, que possuem tranquilamente condições financeiras e técnicas para realizar todas as análises e estudos necessários. Caso isso não seja feito, além de poder ter problemas na fase de construção das ferrovias, após concluída pode se iniciar inúmeros debates sobre como sanar os impactos causados e sobre quem irá pagar a conta dos danos proporcionados pelas erosões. 

    A construção das ferrovias em Mato Grosso é uma necessidade, porém é preciso que a sociedade acompanhe e debate de forma séria todos os fatores que envolvem o empreendimento. Neste sentido, as universidades e centros de pesquisa podem contribuir muito nas análises técnicas dos empreendimentos. A sociedade civil precisa acompanhar e debater sobre o tema, para que se tenha transparência na busca de soluções para eventuais problemas. O conhecimento e gestão técnica são o caminho para o estado garantir o desenvolvimento sustentável. 

    Caiubi Kuhn, Professor na Faculdade de Engenharia (UFMT), geólogo, especialista em Gestão Pública (UFMT), mestre em Geociências (UFMT).

  • Licença para a Ferrovia: Miguel Vaz afirma que esse é um importante passo para o município

    Licença para a Ferrovia: Miguel Vaz afirma que esse é um importante passo para o município

    A empresa que vai construir a linha férrea que partirá de Rondonópolis até Lucas do Rio VerdeRumo S/A – recebeu da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), nesta semana, a primeira Licença de Instalação (LI) da ferrovia estadual. Com isso, a empresa está autorizada a iniciar as obras.

    Entusiasmado, o prefeito de Lucas do Rio Verde, Miguel Vaz, afirma que esse é um importante passo para o município. “Esse é um momento muito esperado aqui para a cidade, que é a chegada da ferrovia. O início das obras representa o começo de um grande projeto que, em poucos anos, estará aqui, já que a ferrovia contempla vários municípios”.

    De acordo com a Sema-MT, a autorização será por etapas. Essa primeira licença permite a implantação dos trilhos em um trecho de 8,67 km, localizado na região do Parque Intermodal de Rondonópolis, além da instalação de canteiro, contratação de mão de obra e transporte de materiais para o local.

    A licença emitida vêm após análise do Estudo do Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Os documentos foram apresentados pela Rumo em audiência pública, em dezembro de 2021.

    Um ato solene, ainda neste mês, deve marcar o início das obras.

    A primeira ferrovia estadual de Mato Grosso terá cerca 730 quilômetros, com investimento de R$ 11,2 bilhões.