Tag: Ferrogrão

  • Mato Grosso e setor de transporte avançam em projetos estratégicos para logística

    Mato Grosso e setor de transporte avançam em projetos estratégicos para logística

    Sinop, Mato Grosso | Representantes do setor de transporte se reuniram com integrantes do governo federal para tratar do andamento de dois projetos estratégicos para a infraestrutura nacional: a ferrovia conhecida como Ferrogrão e a rodovia BR-319. O encontro ocorreu em Brasília e reforçou a necessidade de acelerar obras que promovam a integração modal e a redução dos custos logísticos.

    A Ferrogrão, planejada para ligar a cidade de Sinop, no Mato Grosso, ao porto de Miritituba, no Pará, é vista como essencial para o escoamento da produção agrícola da região Norte. Com cerca de 930 km de extensão, a ferrovia tem como objetivo principal facilitar o transporte de grãos, reduzir a dependência de rodovias e portos do Sudeste, e garantir maior eficiência e menor impacto ambiental na logística.

    Durante o encontro, representantes do setor destacaram a importância de projetos de longo prazo que promovam uma logística mais sustentável e competitiva. A proposta é priorizar alternativas que aliviem gargalos no transporte e deem conta do crescimento contínuo da safra agrícola, especialmente em regiões como o Mato Grosso, principal polo produtor de grãos do país.

    Após anos de paralisação por conta de disputas judiciais ligadas a impactos ambientais em áreas próximas a reservas indígenas no Pará, o projeto da Ferrogrão passou por ajustes conduzidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A proposta segue aguardando aprovação, sem previsão de novos valores de investimento, apesar de anteriormente contar com apoio financeiro de grandes grupos do agronegócio e recursos públicos.

    A BR-319, que também está em análise, é considerada uma via estratégica para melhorar a ligação entre o Norte e o restante do país, com impacto direto na logística de transporte de insumos e produtos.

    A discussão dos projetos marca um passo importante na tentativa de viabilizar uma malha logística mais integrada, favorecendo a produção e a competitividade brasileira no mercado internacional.

  • Ferrogrão ganha destaque em reunião sobre futuro logístico do Brasil

    Ferrogrão ganha destaque em reunião sobre futuro logístico do Brasil

    A Ferrogrão, ferrovia estratégica que promete transformar o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro, foi tema central de uma reunião realizada nesta terça-feira (6) entre representantes da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Ministério dos Transportes. O encontro ocorreu em Brasília, na sede do Sistema Transporte, e reforçou a urgência de se viabilizar projetos estruturantes capazes de garantir uma logística mais eficiente, integrada e sustentável no país.

    Com 933 quilômetros de extensão planejados, a Ferrogrão pretende ligar Sinop (MT), um dos principais polos produtores de grãos do Brasil, ao porto de Miritituba, no Pará, às margens do rio Tapajós. O objetivo é reduzir a atual dependência da malha rodoviária e desafogar os portos do Sudeste, consolidando um corredor logístico de alta capacidade pelo Norte do país.

    Durante o encontro, o diretor de Relações Institucionais da CNT, Valter Souza, defendeu a importância de a Ferrogrão ser tratada como um projeto de Estado, capaz de responder ao crescimento contínuo da produção agrícola da região. “O escoamento da safra precisa ser garantido de forma estruturada, considerando impactos econômicos, sociais e ambientais. A Ferrogrão representa uma resposta moderna e sustentável a essa demanda”, afirmou.

    A gerente executiva governamental da CNT, Danielle Bernardes, também reforçou a importância da integração modal e do planejamento de longo prazo. “A multimodalidade é fundamental para superar gargalos logísticos e ampliar a competitividade do país. Projetos como a Ferrogrão precisam de articulação e diálogo entre todos os atores envolvidos”, destacou.

    Pelo Ministério dos Transportes, participaram da reunião o subsecretário de Sustentabilidade, Cloves Benevides; a chefe substituta de Assessoria de Participação Social e Diversidade, Fani Mamede; e o coordenador-geral de Projetos Especiais e Mudança do Clima, George Yun. Além da Ferrogrão, também foi debatido o andamento da reconstrução da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

    No entanto, foi a proposta da ferrovia que concentrou as atenções como alternativa logística de menor impacto ambiental e maior eficiência operacional. A Ferrogrão representa não apenas um alívio para o trânsito de caminhões nas estradas, mas uma oportunidade concreta de ampliar a presença brasileira no mercado internacional com ganhos em sustentabilidade, custo e agilidade.

  • PGR é contra suspensão de estudos da Ferrogrão e vê respeito às exigências do STF

    PGR é contra suspensão de estudos da Ferrogrão e vê respeito às exigências do STF

    A Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou contra o pedido do Psol para que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenda novamente os estudos da ferrovia Ferrogrão (EF-170), que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA). Em manifestação oficial, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o governo federal e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estão respeitando os limites determinados pela Corte em relação à área do Parque Nacional do Jamanxim, situado nos municípios paraenses de Itaituba e Trairão.

    Segundo Gonet, até o momento não há evidências de descumprimento da decisão judicial que suspendeu o projeto em 2021. A PGR argumenta que os estudos de viabilidade estão em fase inicial e que a sociedade tem sido ouvida por meio de grupos de trabalho (GTs) criados especificamente para discutir o traçado da ferrovia. O procurador também destacou que o projeto foi ajustado para seguir o eixo da BR-163, afastando-se de áreas protegidas.

    A manifestação da PGR contesta as alegações do Psol e de organizações indígenas, que sustentam que não houve diálogo efetivo com a sociedade civil e os povos tradicionais. Eles afirmam ainda que a ANTT estaria preparando um leilão em desrespeito à decisão cautelar do STF, sem apresentar alternativas de traçado que evitassem o Parque Nacional do Jamanxim.

    No entanto, a PGR reforça que não há leilão previsto, e que o projeto está restrito à fase de Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), o que, na avaliação do órgão, não configura descumprimento da decisão judicial vigente.

    A decisão final sobre o futuro da Ferrogrão continua nas mãos do Supremo, que ainda deve analisar o mérito da ação que questiona a legalidade do traçado sobre áreas protegidas da Amazônia. Enquanto isso, o debate sobre desenvolvimento logístico e preservação ambiental permanece no centro das atenções.

  • Ferrogrão: esperança do agronegócio vive a expectativa de decisão no STF

    Ferrogrão: esperança do agronegócio vive a expectativa de decisão no STF

    O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, voltou a defender a construção da Ferrogrão (EF-170), ferrovia de 933 quilômetros de extensão que promete ligar Sinop (MT) a Itaituba (PA) com investimentos estimados em R$ 28 bilhões. Durante evento do programa Minha Casa, Minha Vida, realizado no último dia 24 em Sinop, Fávaro reforçou que a posição do governo Lula é favorável à obra, considerada estratégica para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste. “O governo passado não cuidou da Ferrogrão. A posição do presidente Lula é clara: somos a favor da Ferrogrão, que é ambientalmente correta”, afirmou.

    Apesar do apoio explícito, a construção da ferrovia segue paralisada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu os estudos do projeto desde 2021. A judicialização envolve questões ambientais, especialmente a possível necessidade de supressão de área do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, e a falta de consulta às comunidades tradicionais, em descumprimento a tratados internacionais assinados pelo Brasil. Recentemente, no entanto, a União apresentou ao STF novos documentos para tentar destravar o projeto, indicando a possibilidade de traçar a ferrovia ao longo da faixa já degradada da BR-163 e relatando avanços nas consultas às comunidades.

    O projeto da Ferrogrão é defendido como solução para antigos gargalos logísticos que encarecem o transporte de grãos e geram desperdícios. Atualmente, a maior parte da produção do Centro-Oeste depende do transporte rodoviário, sobrecarregando rodovias como a BR-163, aumentando o custo dos fretes e provocando atrasos. Com a nova ferrovia, o governo estima uma redução de R$ 7,9 bilhões por ano em custos logísticos e a diminuição de 3,4 milhões de toneladas de emissões de CO₂ anuais durante os 69 anos de concessão previstos.

    A expectativa é que a Ferrogrão transporte até 52 milhões de toneladas de commodities agrícolas por ano, fortalecendo os portos do Norte como principais rotas de exportação. Para o presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende, a obra é urgente e fundamental para o futuro do setor. “Estamos terminando mais uma safra recorde, mas continuamos enfrentando velhos problemas para escoar nossa produção. Precisamos de soluções concretas, e a Ferrogrão tem tudo para amenizar os gargalos logísticos que tanto nos penalizam”, destacou.

    Embora o Ministério da Agricultura e o Ministério dos Transportes estejam alinhados na defesa do projeto, há divergências internas no governo. O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério dos Povos Indígenas manifestam oposição à obra, preocupados com os impactos socioambientais. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), por sua vez, mantém a previsão de lançar o edital de leilão da ferrovia em 2026, desde que haja aprovação do novo traçado pelo STF.

    Além de impulsionar o agronegócio, a Ferrogrão é vista como fundamental para a competitividade internacional dos produtos brasileiros, reduzindo o custo do frete e tornando a logística mais eficiente. Em um cenário de margens apertadas e concorrência global acirrada, cada ganho logístico pode fazer grande diferença para o produtor.

    O setor produtivo permanece mobilizado, na expectativa de que o Supremo libere o andamento do projeto, permitindo que a Ferrogrão finalmente saia do papel. Como enfatizou Isan Rezende, para quem trabalha de sol a sol produzindo alimentos para o Brasil e o mundo, infraestrutura eficiente não é luxo, é necessidade.

  • Pareceres técnicos afirmam que há falhas na Ferrogrão

    Pareceres técnicos afirmam que há falhas na Ferrogrão

    Organizações da sociedade civil entregaram nesta semana, em Brasília (DF), pareceres técnicos que apontam impactos socioambientais e falhas no planejamento da Ferrogrão (EF-170). A ferrovia está prevista para ligar Sinop (MT) a Miritituba (PA), criando um corredor logístico para escoamento da produção agrícola da região Norte. Os documentos foram entregues aos ministérios dos Transportes e de Portos e Hidrovias, durante agenda presencial e online. O Ministério dos Transportes, responsável pelo projeto, comprometeu-se a analisar o conteúdo.

    Um dos pareceres, coordenado pelo GT Infraestrutura e elaborado em coautoria com a organização Terra de Direitos, critica o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) atualizado pela consultoria Tetra e pela Estação da Luz Participações (EDLP), no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Concluído em 2024, o estudo apresenta lacunas técnicas importantes, segundo os especialistas.

    A assessora jurídica da Terra de Direitos, Bruna Balbi, destacou a ausência de consulta prévia, livre e informada às populações indígenas e comunidades tradicionais afetadas pela ferrovia – direito previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, em vigor no Brasil desde 2004. “A entrega dos pareceres aos ministérios é um passo importante para que o Estado brasileiro escute as vozes historicamente silenciadas nos processos decisórios”, afirmou Bruna. “Mais do que garantir o cumprimento legal, trata-se de reconhecer o protagonismo dos povos indígenas e tradicionais na defesa da Amazônia.”

    Lideranças indígenas reforçam a crítica. A ativista Alessandra Korap Munduruku, liderança do povo Munduruku (PA), recorda que nenhuma audiência pública foi realizada nas aldeias, apenas nas cidades. “Os povos Munduruku, Kayapó e Panará têm seus protocolos de consulta, que precisam ser respeitados. Eles são nossa arma de defesa”, declarou durante o Tribunal Popular realizado em Santarém, em 2024, que condenou a Ferrogrão ao cancelamento.

    Nos pareceres entregues, as organizações alertam que o EVTEA não considerou de forma adequada os riscos sociais e ambientais, como o aumento do desmatamento, a intensificação de conflitos fundiários e os impactos cumulativos de empreendimentos na região. O estudo, segundo os especialistas, ignora também as fragilidades da governança territorial nos estados de Mato Grosso e Pará, onde o projeto será implantado.

    A agenda contou com a participação de instituições como o Instituto Socioambiental, Universidade de São Paulo (USP), Observatório do Clima, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

    Denúncias também foram levadas ao Acampamento Terra Livre

    No dia 8 de abril, as críticas ao projeto da Ferrogrão também marcaram o 21º Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. Durante reunião com o Ministério de Portos e Aeroportos, lideranças indígenas do Baixo Tapajós, movimentos e organizações como o Conselho Indígena Tapajós Arapiuns, o Movimento Tapajós Vivo, o Conselho Indígena Tupinambá e a Terra de Direitos reforçaram a necessidade de respeito aos direitos dos povos tradicionais no planejamento de hidrovias, portos e grandes empreendimentos.

    As lideranças denunciaram que, apesar da importância do Rio Tapajós para seus modos de vida, nenhum dos 27 portos graneleiros em operação em Santarém, Itaituba e Rurópolis realizou a consulta prévia às populações afetadas, conforme aponta o estudo “Portos e Licenciamento Ambiental no Tapajós”, da Terra de Direitos. No caso da Ferrogrão, também foram apresentadas evidências de irregularidades no processo de viabilidade ambiental.

    Outra denúncia apresentada foi a dragagem recente no Rio Tapajós, autorizada pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará, supostamente sem consulta aos povos e sem licenciamento ambiental adequado. O Ministério de Portos e Aeroportos informou que investigará o caso.

    As organizações afirmaram que seguirão acompanhando os desdobramentos e cobrando o cumprimento de direitos. A mobilização ganhou força durante a segunda marcha do ATL 2025, que levou milhares de indígenas às ruas da capital federal para denunciar os impactos da infraestrutura sem consulta e sem proteção territorial.

  • Parecer técnico sobre a Ferrogrão aponta falhas em avaliação de impactos e desmatamento

    Parecer técnico sobre a Ferrogrão aponta falhas em avaliação de impactos e desmatamento

    Um parecer técnico divulgado esta semana alerta para falhas graves na atualização do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da Ferrogrão — projeto de ferrovia que pretende ligar Sinop (MT) a Itaituba (PA). O documento foi elaborado por pesquisadores da USP, UFMG, Instituto Socioambiental (ISA) e Observatório do Clima, com foco na avaliação de impactos cumulativos e na projeção de desmatamento provocados pela implantação da ferrovia.

    Segundo o parecer, o EVTEA não apresenta uma análise consistente dos chamados impactos cumulativos — aqueles que se somam ao longo do tempo em função de múltiplos empreendimentos na mesma região. Embora o estudo afirme ter caráter “panorâmico e estratégico”, o parecer considera contraditória essa justificativa para excluir a avaliação de tais impactos. Especialistas apontam que estudos estratégicos, como o próprio EVTEA, são justamente os instrumentos mais adequados para esse tipo de abordagem, sobretudo em um território já pressionado por outras obras de infraestrutura.

    O documento também critica a ausência de metodologia clara na elaboração do estudo, a falta de referências técnicas e a decisão de deixar a análise de impactos cumulativos para uma etapa posterior, no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Para os autores, essa escolha compromete o planejamento territorial e limita a tomada de decisão estratégica.

    No que diz respeito ao desmatamento, o EVTEA atualizado sustenta que a Ferrogrão não será um vetor de destruição florestal, alegando que a expansão da produção agrícola ocorrerá apenas sobre áreas de pasto degradado. Essa hipótese, no entanto, é refutada pelos especialistas, que mostram que nem todos os municípios da área de influência da ferrovia dispõem de pastos suficientes para atender à demanda projetada até 2050. A consequência, segundo o parecer, pode ser o desmatamento legal de até 557 mil hectares.

    O estudo ainda ignora fatores indiretos como a valorização fundiária, a criação de novas infraestruturas e a expansão agrícola incentivada pela melhoria no escoamento de grãos. Segundo os pesquisadores, o EVTEA falha ao não incorporar uma modelagem espacial que considere esses efeitos e se apoia em premissas frágeis para descartar o risco de desmatamento.

    Entre as recomendações feitas ao Governo Federal, estão a elaboração de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) para a região entre os rios Xingu e Tapajós, a suspensão temporária do processo de licenciamento da Ferrogrão, a realização de modelagem estatística dos impactos territoriais e o engajamento da sociedade civil no debate sobre o projeto. Os especialistas também sugerem que a Ferrogrão seja compatibilizada com os objetivos do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), que prevê desmatamento zero até 2030.

    Para os autores, a ausência de uma análise ampla e integrada compromete não apenas a qualidade do licenciamento, mas também a governança ambiental de toda a região. Eles defendem que, sem um olhar estratégico e preventivo, empreendimentos como a Ferrogrão tendem a reproduzir um modelo de desenvolvimento insustentável na Amazônia.

  • Agrotóxicos: A polêmica em Mato Grosso

    Agrotóxicos: A polêmica em Mato Grosso

    Em Mato Grosso, o debate sobre o uso de agrotóxicos atingiu um novo patamar com a discussão do Projeto de Lei (PL) 1833/2023. A proposta, que visa regulamentar a aplicação desses produtos no estado, gerou intensos debates e expôs a polarização entre diferentes setores da sociedade.

    O cerne da controvérsia reside nas distâncias mínimas para a aplicação de agrotóxicos, um ponto crucial para a proteção da saúde da população e do meio ambiente. Enquanto o agronegócio defende a flexibilização dessas distâncias, argumentando que isso é vital para a produção agrícola, ambientalistas e especialistas alertam para os riscos da exposição aos agrotóxicos, que podem causar doenças graves e danos irreversíveis ao ecossistema.

    Os dados apresentados durante as discussões são alarmantes: Mato Grosso é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do país, e muitos dos produtos utilizados são proibidos em outros países devido à sua alta toxicidade. A preocupação com os impactos na saúde da população, especialmente nas áreas rurais, é crescente, e estudos científicos comprovam a relação entre a exposição aos agrotóxicos e o desenvolvimento de doenças crônicas, como o câncer.

    A polarização em torno do PL 1833/2023 reflete a complexidade da questão, que envolve interesses econômicos, sociais e ambientais. De um lado, a importância do agronegócio para a economia do estado; de outro, a necessidade de proteger a saúde da população e o meio ambiente. O desafio é encontrar um equilíbrio que permita o desenvolvimento sustentável, conciliando a produção agrícola com a preservação da saúde e do meio ambiente.

  • Ministério dos Transportes e ISA travam embate sobre viabilidade da Ferrogrão em Mato Grosso

    Ministério dos Transportes e ISA travam embate sobre viabilidade da Ferrogrão em Mato Grosso

    À medida que o Ministério dos Transportes se prepara para apresentar os estudos da Ferrogrão ao Tribunal de Contas da União (TCU), o projeto que promete revolucionar o escoamento de grãos do Mato Grosso enfrenta uma onda de críticas de entidades da sociedade civil.

    O Instituto Socioambiental (ISA) lidera a oposição, questionando a precisão dos custos, a negligência dos riscos climáticos e as falhas metodológicas na análise que sustenta a ferrovia.

    Em um documento técnico de 63 páginas, o ISA contesta a Análise Socioeconômica de Custo e Benefício (ACB) da Ferrogrão, elaborada pelo governo em 2022. O estudo governamental estima que a construção da ferrovia de 976 km custará R$ 20,04 bilhões, com um custo operacional anual de R$ 1,2 bilhão. No entanto, o ISA, com base em comparações com a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), aponta que o valor real pode atingir R$ 27,68 bilhões.

    Além disso, o ISA critica a metodologia da ACB governamental, que projeta um benefício líquido de R$ 62 bilhões para a sociedade ao comparar a ferrovia com a hipotética duplicação da BR-163. O ISA argumenta que o estudo ignorou custos de adaptação a riscos climáticos e “externalidades” como o desmatamento induzido na região.

    Impacto da Ferrogrão ao meio ambiente

    A Ferrogrão é apresentada como uma solução para reduzir em 20% o custo do frete de grãos, substituindo caminhões por trens entre Sinop (MT) e Itaituba (PA). O governo alega que a ferrovia aumentaria a participação do modal ferroviário no transporte da região de 50% para 86%, evitando a emissão de 3,4 milhões de toneladas de CO₂ anualmente.

    No entanto, o ISA questiona a sustentabilidade do projeto, ressaltando que ele não integra o programa “AdaptaVias”, do próprio Ministério dos Transportes, criado para mitigar impactos climáticos. Segundo o ISA, eventos climáticos extremos podem comprometer a produção agrícola e, consequentemente, a viabilidade da Ferrogrão.

    Conflito com comunidades e pendências jurídicas

    O ISA, que representa povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia, critica a falta de diálogo do governo no desenvolvimento do projeto. Participantes de um grupo de trabalho criado pelo Ministério abandonaram as discussões, acusando a pasta de não promover debates efetivos.

    Paralelamente, a Ferrogrão enfrenta pendências jurídicas no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes aguarda manifestações para julgar uma ação do Psol contra a alteração na demarcação do Parque Nacional do Jamanxim (PA), área crucial para a ferrovia. O governo busca contornar o impasse legal utilizando a faixa de domínio da BR-163.

    O Ministério dos Transportes informou que foi notificado sobre o estudo do ISA e se manifestará após análise técnica. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é responsável por enviar o estudo de viabilidade ao TCU.

    Para o ISA, as falhas no projeto são graves e serão apresentadas ao TCU e ao STF. A decisão das cortes pode definir o futuro da Ferrogrão e o rumo da expansão logística na Amazônia.

  • Ferrogrão: Estudo revela impacto positivo no escoamento da soja brasileira para a Ásia

    Ferrogrão: Estudo revela impacto positivo no escoamento da soja brasileira para a Ásia

    A construção da Ferrogrão, ferrovia EF-170, tem o potencial de revolucionar o transporte de soja no Brasil, segundo um estudo conduzido pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (CILIP) da USP e pela Fundação Vanzolini. A pesquisa, liderada pelos professores Daniel de Oliveira e Ronaldo Benevides Veloso, utilizou o modelo matemático de decisão Markov para avaliar a viabilidade e os impactos de um corredor ferroviário de 933 quilômetros, ligando Sinop (MT) a Itaituba (PA).

    A Ferrogrão surge como uma alternativa estratégica para o escoamento da produção agrícola, especialmente para os mercados asiáticos, reduzindo a dependência do transporte rodoviário e aliviando a sobrecarga no Porto de Santos. Segundo Oliveira, a ferrovia pode reconfigurar a logística nacional, direcionando parte significativa do fluxo de soja para a região Norte, sem comprometer os demais portos estratégicos, como Manaus, Santarém e São Luís.

    Além da eficiência logística, o projeto oferece benefícios ambientais. A distância média percorrida por caminhões cairia de 914 para 171 quilômetros, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 60%. Isso reforça o caráter sustentável do novo modal de transporte.

    Ampliação da área de influência

    Outro destaque do estudo é o aumento da área de influência logística. O número de cidades diretamente beneficiadas pela infraestrutura ferroviária passaria de 20 para 33, enquanto a área atualmente atendida pelo Porto de Santos sofreria uma pequena redistribuição, com a redução de 44 para 37 municípios.

    Essa reorganização potencializa a competitividade do agronegócio brasileiro, expandindo a capacidade de armazenagem e escoamento sem prejudicar a operação de outros corredores logísticos do país.

    Do ponto de vista econômico, a Ferrogrão promete um impacto significativo na rentabilidade do setor. O estudo aponta que o custo logístico mais baixo pode aumentar a renda média por saca de soja de R$ 12,25 para R$ 15,25 — um ganho de R$ 3,00 por saca. Esse resultado considera o preço médio da soja em R$ 150,00 e o custo do diesel a R$ 6,00.

    Para Oliveira, isso consolida a ferrovia como um elemento estratégico na cadeia de exportação agrícola do Brasil. “A Ferrogrão tem o potencial de ampliar a competitividade da soja brasileira no mercado asiático, ao mesmo tempo em que reduz os impactos nos corredores existentes e gera ganhos econômicos e ambientais”, afirma.

    A Ferrogrão desponta como um marco na logística agrícola brasileira. Com capacidade para reconfigurar o transporte da soja, aumentar a rentabilidade e reduzir impactos ambientais, a ferrovia é apresentada como uma solução sustentável e economicamente viável para consolidar a posição do Brasil como líder global no agronegócio.

  • Duplicação da BR-163 e Expansão das Ferrovias São Destaques no II Fórum de Logística em Nova Mutum 

    Duplicação da BR-163 e Expansão das Ferrovias São Destaques no II Fórum de Logística em Nova Mutum 

    A duplicação da BR-163 e a expansão das ferrovias foram apontadas como soluções estratégicas para o desenvolvimento de Mato Grosso durante o II Fórum Ferrovias e a Integração dos Modais, realizado nesta quinta-feira (28), em Nova Mutum. O evento reuniu autoridades, investidores e lideranças do agronegócio para discutir melhorias logísticas na região.

    Miguel Vaz, prefeito de Lucas do Rio Verde e presidente do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental Alto Teles Pires (Cidesa), destacou a importância da infraestrutura para a competitividade do estado.

    “A nossa região é a maior produtora de grãos e fibras do mundo e ainda tem um potencial enorme de crescimento sem desmatamento. O grande gargalo sempre foi a logística. A ferrovia, assim como a duplicação da BR-163, trará competitividade, permitindo que nossa produção chegue aos grandes centros e portos de forma mais econômica. Esse tema é determinante para o futuro do nosso estado e do Brasil”, afirmou.

    O prefeito também mencionou o papel estratégico das ferrovias Rumo, FICO e Ferrogrão.

    “Precisamos olhar para a integração de todos os modais, pois eles representam mais investimentos, geração de oportunidades e crescimento sustentável para Mato Grosso. O avanço ferroviário nos aproxima de uma logística moderna e eficiente, essencial para impulsionar nossa economia.”

    O vice-governador Otaviano Pivetta reforçou o compromisso do governo estadual com a infraestrutura logística, apresentando metas arrojadas para os próximos anos.

    “A duplicação dos 450 km restantes da BR-163 será concluída até 2027, enquanto a ferrovia Rumo deve chegar a Lucas do Rio Verde até 2030. Conseguimos antecipar o prazo de duplicação em quatro anos, e nossa rodovia será uma autoestrada moderna, oferecendo mais segurança e eficiência no transporte de cargas e na mobilidade das pessoas.”

    Além disso, Pivetta enfatizou o impacto das ferrovias na redução de custos e no desenvolvimento econômico.

    “A ferrovia ajudará a reduzir o volume de caminhões na BR-163, melhorando o tráfego e diminuindo custos. Esse é o caminho para consolidar Mato Grosso como um dos maiores polos econômicos do Brasil.”

    O evento contou com palestras de especialistas como Jorge Luiz Macedo, da Infra S.A., que apresentou o Plano Nacional de Logística, e Frederico Bussinger, que destacou a integração das malhas ferroviárias. Bernardo Figueiredo abordou a importância dos hubs de cargas regionais, enquanto representantes da Rumo Logística destacaram a expansão da malha ferroviária no estado.

    Organizado pela Prefeitura de Nova Mutum e Governo do Estado, o fórum contou com o apoio de entidades como Ampa, Famato, Aprosoja, AMM, Câmara Municipal de Nova Mutum e Sindicato Rural de Nova Mutum.