Tag: fake news

  • Universidades são armas contra desinformação, dizem especialistas

    Universidades são armas contra desinformação, dizem especialistas

    Os ataques sofridos pelas universidades e pela produção científica nos últimos anos foram tema de debate do painel “Pacto da educação pela democracia”, durante o seminário Combate à Desinformação e Defesa da Democracia, realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (14).

    “A universidade é um espaço do combate à desinformação, pois ela produz conhecimento, saber, ciência, produz o que a gente traz de melhor em tecnologia e inovação e também no aspecto humano”, destacou o reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Odilon Máximo de Morais.

    Entre os caminhos para o combate à desinformação, ele aponta a produção de um conhecimento crítico com respeito à diversidade e o fortalecimento das pesquisas científicas.

    O reitor também destacou a importância da divulgação do conhecimento produzido pelas instituições de forma gratuita.

    “Para que as pessoas possam ler informações verdadeiras, para que a gente não veja o que temos visto nos últimos anos como por exemplo, o desacreditar da vacinação”, aponta Morais, que também é presidente da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem).

    O principal motivo de as universidades terem se tornado alvos de ataques nos últimos anos é o fato de elas serem um espaço de aprendizado e exercício da democracia. A avaliação é da reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lúcia Campos Pellanda. “As universidades são fundamentais para um projeto de país soberano. Elas dão um enorme retorno para a sociedade, tanto em benefícios tangíveis quanto em intangíveis”, diz.

    Ela citou o caso das desinformações e tentativas de descrédito dos cientistas durante a pandemia de Covid-19. “Na área de saúde, pode-se observar o quanto as notícias fraudulentas podem causar danos e até a morte”.

    A mediadora do debate, professora Fábia Lima, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ressaltou a importância de fortalecer as estruturas de comunicação das universidades.

    “Nesse ataque que sofremos, ficou evidente que, se tivéssemos uma estrutura mais robusta a gente conseguiria lidar de uma maneira melhor. Fomos muito guerreiros, enfrentamos relativamente bem, mas temos que nos manter atentos em relação a isso”, disse a diretora do Centro de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais.

    Outro tema abordado no painel foi a diferença entre gerações na compreensão de conceitos como regulação e liberdade. “Quando eu penso em combate à desinformação, eu fico pensando que essa tradução da informação é diferente entre as gerações. Essa compreensão distinta entre as gerações tem sido desafiadora, mas tem trazido algumas oportunidades de repensar o processo de educação”, destacou o professor do Programa de Pós-Graduação Acadêmico em Administração e do Departamento de Administração Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Daniel Pinheiro. Ele lembrou que é preciso trabalhar com linguagens distintas a partir de meios distintos.

    Escolas

    A formação para a cidadania nas escolas municipais brasileiras foi abordada pelo presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia. Segundo ele, o processo de geração de cidadania está ligado ao processo de desenvolvimento de uma educação integral. “Ou seja, a educação na sua integralidade de formação, para além do modelo que muitos de nós fomos educados, que é muito fragmentada”, diz Garcia, que também é secretário de Educação, Juventude, Esporte e Lazer do município de Sud Mennucci (SP).

    “Nós nos vemos com desafios novos, em um tempo em que novos comportamentos têm comprometido muito o reconhecimento dos alunos enquanto cidadãos. Esse é um processo muito desafiador”, completou, destacando também a importância da formação dos professores.

    Livro

    O STF, em parceria com a Universidade de Brasília, lançou nesta quinta-feira (14) o livro Desinformação – O mal do século – Distorções, inverdades, fake news: a democracia ameaçada. A coletânea reúne 16 artigos de 31 autores.

    A obra foi dividida em três partes. A primeira parte é composta pelos artigos que falam da informação como direito fundamental do ser humano e quesito essencial dos regimes democráticos, todos de autoria de representantes do STF. A segunda parte explora a desinformação sob o espectro da comunicação e do compromisso com a formação das novas gerações. Já a terceira parte trata da questão da desinformação na saúde, em especial durante a pandemia, quando várias informações erradas ou inverídicas foram disseminadas.

    Edição: Carolina Pimentel
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  • Governo denuncia fake news sobre encerramento de doações no RS

    Governo denuncia fake news sobre encerramento de doações no RS

    Diversas autoridades do governo federal utilizaram as redes sociais para desmentir as falsas informações (fake news) sobre um suposto encerramento de doações para as vítimas dos temporais que atingiram o Rio Grande do Sul.

    “Alerta de Fake News: É falsa a informação de que doações teriam parado de ser distribuídas em Lajeado (RS) por orientação do Governo Federal. O Governo já destinou R$ 741 milhões para atender as cidades atingidas, e segue dando todo o apoio necessário para os municípios do Rio Grande do Sul”, escrevei a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), na X (antigo Twitter).

    Também pelo X, o caso foi citado pelo ministro da Secom, Paulo Pimenta. “Não vamos tolerar nenhuma Fake News. Tentativa de uso político com disseminação de mentiras deve ser denunciada sempre. Respeitem a tragédia e a dor das famílias!!”, publicou nesta segunda-feira (11) Paulo Pimenta referindo-se à informação falsa que foi divulgada nos últimos dias.

    O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, classificou o caso como “crime” e informou que já está sendo analisado pela Polícia Federal (PF).

    “Reitero que fake news é crime, não é ‘piada’ ou instrumento legítimo de luta política. Esse crime é ainda mais grave quando se refere a uma crise humanitária, pois pode gerar pânico e aumentar o sofrimento das famílias. A Polícia Federal já tem conhecimento dos fatos e adotará as providências previstas em lei”, escreveu o ministro.

    Edição: Fernando Fraga
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  • 9 políticos de Mato Grosso se destacam por divulgar fake news

    9 políticos de Mato Grosso se destacam por divulgar fake news

    Relatório intitulado “Combate à Desinformação sobre a Amazônia Legal e seus Defensores” aponta nove políticos de Mato Grosso como disseminadores de desinformação. Entre os nomes estão os deputados federais Juarez Costa (MDB) e José Medeiros (PL), na lista também figura o parlamentar estadual Gilberto Cattani (PL) e os candidatos derrotados ao Senado, empresários do agronegócio, Antônio Galvan (PTB), e Neri Geller (PP).

     

    Divulgado na sexta-feira (18), a iniciativa é um coletivo iniciado pelo grupo Intervozes – composto por 10 organizações de comunicação, sendo 8 amazônicas. Além disso, foi lançado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGCOM/ UFMT) em parceria com o GT de Combate à Desinformação.

    O objetivo foi mapear difusores desinformativos na Amazônia Legal para subsidiar a criação de campanhas estratégicas de combate à desinformação e ao discurso de ódio. No levantamento, foram identificados 70 perfis de redes sociais e páginas ou sites da internet disseminadores de desinformações.

     

    Para fechar a lista de figuras públicas de Mato Grosso está o candidato a deputado Rafael Ranalli (PROS), Xuxu Dal Molin (União); o ex deputado federal Nelson Barbudo (PL); além de Eder Zanetti. O relatório traz a relação de conteúdos de desinformação que foram compartilhados em sites e perfis de redes sociais de políticos e pessoas públicas sobre o meio ambiente divulgados na Amazônia Legal, entre os anos de 2022 e 2023.

     

    O documento, que possui 56 páginas, cita as ações de José Medeiros que já usou seus canais para disseminar informações falsas sobre as urnas eletrônicas e colocar em xeque a sua segurança. ‘Medeiros compõe a lista da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal que investiga26 parlamentares responsáveis por disseminação de fake news sobre a pandemia da covid-19. Em agosto do ano passado, o Ministério Público do Mato Grosso denunciou o político por ter utilizado uma fake news para descredenciar a utilização do equipamento”, traz o texto.

     

    Além dele, o bolsonarista Cattani também ganhou destaque no relatório. Na análise do Projeto de Lei 337/2022 que trata da exclusão do MT dos limites da Amazônia Legal porque a legislação define que as propriedades rurais devem manter uma parte maior da vegetação nativa como reserva legal tanto Cattani quanto Medeiros foram impulsionadores de fake news.

     

    O estudo levantou mais de 200 páginas e perfis de redes sociais dos estados de Mato Grosso, Pará, Amapá, Amazonas, Roraima, Tocantins e Acre. No relatório, os pesquisadores mostram como informações disfarçadas de “notícias” podem ser utilizadas em benefício de determinados partidos políticos e como o recurso de plataformas de marketing digital são utilizadas para financiar uma gigantesca propagação de desinformação.

  • TSE multa Bolsonaro por propaganda irregular nas eleições de 2022

    TSE multa Bolsonaro por propaganda irregular nas eleições de 2022

    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, nesta terça-feira (8), multar o ex-presidente Jair Bolsonaro em R$ 20 mil por campanha eleitoral irregular nas eleições do 2022.

    Por maioria de votos, os ministros entenderam que a campanha de Bolsonaro voltou utilizar no pleito do ano passado conteúdo antigo de fake news sobre o “kit gay”.

    Nas eleições anteriores, o tribunal entendeu como desinformação as postagens que citaram uma inexistente distribuição dos kits durante o governo de Dilma Rousseff.

    O julgamento foi motivado por uma ação protocolada pela campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu a retirada do conteúdo sobre do kit da página “Lulaflix”, criada pela coligação de Bolsonaro durante a campanha.

    Durante o julgamento, a defesa da coligação de Bolsonaro defendeu o arquivamento da ação diante do fim do pleito e citou que a campanha de Lula também criou um site chamado “Bolsoflix”.

    Edição: Marcelo Brandão

  • Minidoc da EBC revela histórias de vítimas de crimes na internet

    Minidoc da EBC revela histórias de vítimas de crimes na internet

    A Superintendência de Comunicação Digital e Mídias Sociais da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) lançou neste domingo (23), no canal do youtube da TV Brasil, o minidocumentário Justiça no Digital. A produção, feita pela equipe da superintendência, traz histórias de pessoas que tiveram suas vidas impactadas por fake news, discurso de ódio, cyberbullying e a falta de uma internet mais segura. 

    Entre elas, a mãe e dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que em 2014 morreu vítima de linchamento após ser alvo de fake news e discurso de ódio na internet.

    O minidoc também reúne entrevistas com especialistas e representantes do governo sobre a regulação das plataformas digitais. Um dos entrevistados é o ministro da Justiça, Flávio Dino, que explica como funciona o trabalho do laboratório de crimes cibernéticos, criado para coibir novos casos.

    Edição: Juliana Cézar Nunes

  • Para Lira, ação das big techs barrou votação do PL das Fake News

    Para Lira, ação das big techs barrou votação do PL das Fake News

    A mobilização das gigantes da tecnologia foi um dos fatores que impediu a votação do Projeto de Lei das Fake News. A avaliação é do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

    “Uma mobilização das chamadas big techs, que ultrapassou os limites do contraditório democrático, ao lado da interpretação de alguns quanto a possíveis restrições à liberdade de expressão, não nos facultou reunir as condições políticas necessárias para levar este projeto à votação”, justificou o presidente da Câmara, nesta segunda-feira (26), durante evento em Lisboa, Portugal.

    A urgência do projeto de lei que regulamenta as plataformas digitais foi aprovada pelo plenário da Casa no final de abril. A aprovação da urgência permite votar o texto em qualquer momento, sem necessidade de tramitar pelas comissões temáticas da Câmara. Porém, o projeto acabou sendo retirado de pauta no início de maio.

    Lira disse que espera “no futuro não muito distante” colocar o tema em votação novamente. Para o presidente da Câmara, “sem a devida regulação legislativa do novo ambiente informacional no Brasil, a arena política se assemelhará mais e mais a um estado de natureza hobbesiano. Uma guerra de todos contra todos baseada na apreensão arbitrária ou sectária da realidade. Uma polarização que não permitirá a necessária construção de consensos e soluções democráticas”.

    Big techs

    Durante as discussões do relatório que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, o PL das Fake News, o Google divulgou na página principal de busca da sua plataforma um texto crítico ao projeto relatado pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).

    E no estudo A guerra das plataformas contra o PL 2630, pesquisadores apontaram indícios de que o Google e a Meta (dona do Facebook) estariam apresentando resultados de busca enviesados com objetivo de favorecer os conteúdos críticos ao projeto de lei.

    As plataformas negaram interferência nos resultados de busca. Diante das acusações, um inquérito foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar a atuação dos dirigentes do Google e do Telegram na tramitação do projeto na Câmara.

    Desinformação

    A integrante do Direito à Comunicação e Democracia (DiraCom) e da Coalizão Direitos na Rede, Bia Barbosa, que atuou na Câmara a favor do PL das Fake News, avalia que as empresas promoveram desinformação em relação ao projeto.

    Ela disse que houve uma presença ostensiva das plataformas no Parlamento para evitar a sua aprovação. “Isso é natural do ponto de vista do jogo democrático”, disse. Porém, a especialista alega que as empresas “distorceram os impactos do projeto para os parlamentares a ponto de convencer uma parcela a não votar no texto. Isso foi feito tanto nessa interlocução com os parlamentares, mas também na atuação pública das plataformas”.

    Bia Barbosa lembra que as empresas divulgaram que o PL iria “piorar a internet”. “Foi uma argumentação extremamente genérica que elas usaram e que não se sustentava em nenhum aspecto dos pontos que estavam colocados no texto”.

    Em outra ação, as plataformas alegaram que o projeto de lei acabaria com os pequenos negócios na internet. “Não houve nenhum impedimento para que pequenos negócios continuassem anunciando nas redes. O que havia no projeto de lei era uma previsão de que as plataformas tivessem transparência nos dados que elas utilizavam para direcionar esse conteúdo. O problema é que com a obrigação de transparência ficaria muito claro que elas estariam violando a lei geral de proteção de dados pessoais”, explicou Bia Barbosa.

    Edição: Fernando Fraga

  • TSE multa deputada Zambelli por desinformação sobre processo eleitoral

    TSE multa deputada Zambelli por desinformação sobre processo eleitoral

    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu hoje (25) aplicar, por unanimidade, nova multa à deputada Carla Zambelli (PL-SP) por disseminar informações falsas ou desinformações sobre o processo eleitoral. Desta vez, o valor a ser pago é o máximo previsto nas normas eleitorais, de R$ 30 mil.

    A parlamentar foi julgada por um vídeo, publicado em seu canal no YouTube antes da eleição geral do ano passado, em que ela diz ter notificado as autoridades competentes para investigar um vídeo segundo o qual as urnas eletrônicas estariam sendo “manipuladas” por pessoas ligadas ao PT dentro de um sindicato do ABC Paulista.

    Antes da fala da deputada, o teor do vídeo, que viralizou nas redes sociais e aplicativos de mensagem, foi negado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), que disse se tratar de informação falsa.

    “Encontrei notória má-fé da representada, que, após nota do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, livre e conscientemente produziu e divulgou o vídeo”, afirmou Gonçalves, relator da representação contra a deputada. Ele justificou o valor máximo da multa ante “a gravidade das infundadas acusações à lisura do processo eleitoral, sem qualquer amparo no mundo dos fatos”.

    Em defesa da deputada, o advogado Thiago Rocha sustentou durante o julgamento que ela não compartilhou nenhuma informação falsa ou descontextualizada. “Não houve sugestão de fraude, houve exclusivamente a afirmação de que, por conta da viralização daquele vídeo, a deputada pediu informações para averiguar se haveria algum tipo de ilicitude ou não”, disse o defensor.

    Na semana passada, o TSE já havia multado Zambelli em R$ 10 mil por outro caso de disseminação de notícia falsa, dessa vez envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Edição: Denise Griesinger

  • Supremo adia para junho julgamento sobre redes sociais

    Supremo adia para junho julgamento sobre redes sociais

    O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou para junho, em data ainda a ser definida, o julgamento sobre a responsabilidade das redes sociais por conteúdos ilegais publicados em suas plataformas. O tema estava pautado para esta quarta-feira (17) no plenário, mas teve a análise adiada a pedido dos relatores, os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux.

    A caso havia sido pautado para julgamento em meio ao impasse no Congresso a respeito do chamado Projeto de Lei das Fake News, cuja votação foi adiada na Câmara após forte campanha de empresas de tecnologia contrárias ao projeto, que na véspera da análise pelos parlamentares disseminaram críticas ao PL.

    Além das consequências políticas, plataformas como Google e Telegram são investigadas por suposto abuso de poder econômico no caso. Uma investigação foi aberta no Supremo, por ordem do ministro Alexandre de Moraes e a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O Conselho Administrativo Econômico (Cade), que fiscaliza o cumprimento de regras concorrenciais, também apura a conduta das empresas.

    Ainda não há data para que o tema volte ao plenário da Câmara, diante da dúvida se o PL das Fake News conseguirá votos suficientes dos deputados para ser aprovado. No Supremo, a percepção dos ministros é que o caso deve ser tratado preferencialmente pela via legislativa, mas que o tribunal deverá agir para preencher eventual omissão do Congresso.

    Para isso, o Supremo deverá julgar dois recursos com repercussão geral – cujo desfecho deverá servir de parâmetro para os demais casos semelhantes – que questionam o artigo 19 do Marco Civil da Internet. O dispositivo dispensa as plataformas de redes sociais de responsabilização caso não removam publicações de usuários que sejam flagrantemente ilícitas.

    Desde os atos golpistas de 8 de janeiro, planejados e executados com auxílio de aplicativos de mensagens e redes sociais, diversos ministros do Supremo tem se posicionado publicamente em defesa da regulação dessas plataformas, de modo a conferir grau de responsabilidade às empresas que as administram se elas não agirem para impedir a disseminação de mensagens antidemocráticas.

    O tema tem peso diferenciado para o Supremo, cuja sede foi a mais depredada pelos vândalos que invadiram as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro. A maioria dos ministros da Corte estão convencidos de que o episódio poderia ter sido evitado se o uso das redes sociais já tivesse sido melhor regulamentado no país.

    Desde a eleição presidencial de 2022, ministros como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes pressionam para que o Congresso aprove lei a respeito do assunto. Após o 8 de janeiro, ministros como Rosa Weber, Edson Fachin e Luiz Fux também passaram a se manifestar mais abertamente nesse sentido.

    O julgamento sobre o Marco Civil da Internet foi tema de audiência pública no Supremo, em março, quando ministros da Corte e do governo se revezaram na defesa de uma maior regulamentação das redes sociais. Recentemente, a PGR também se manifestou, nos próprios recursos sobre o assunto, a favor de uma maior responsabilização das redes sociais que não removerem conteúdo ofensivo após alertadas.

    A pressão por uma regulamentação maior das redes sociais aumentou ainda mais na esteira de ataques e ameaças a escolas brasileiras que foram anunciados e estimulados em plataformas como o Twitter.

    As empresas se defendem afirmando que uma maior regulação deve desestimular investimentos para aprimorar as plataformas de redes sociais, bem como representa uma ameaça à liberdade de expressão.

    Edição: Valéria Aguiar

  • PGR defende que big techs devem retirar fake news do ar após alertadas

    PGR defende que big techs devem retirar fake news do ar após alertadas

    O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu no Supremo Tribunal Federal (STF) que as redes sociais devem ser obrigadas a adotar providências para retirar fake news publicadas por usuários dessas plataformas.

    O parecer foi enviado nesta segunda-feira (15) ao Supremo para embasar as ações que podem ser julgadas pela Corte. Na próxima quarta-feira (17), os ministros podem iniciar o julgamento sobre a responsabilização dos provedores pela manutenção de conteúdo ilegal.

    No entendimento de Aras, as redes sociais não podem fazer juízo e controle prévio das publicações, mas devem retirar as mensagens após serem alertadas, mesmo sem ordem judicial.

    “Tanto nos casos em que forem notificados quanto de forma espontânea, hão de adotar as providências necessárias à remoção da informação reputada ofensiva, além de atuar com os devidos cuidados e diligência para evitar a manutenção de conteúdos sabidamente inverídicos, fraudulentos ou ilícitos, podendo ser responsabilizados em casos de omissão”, defendeu Aras.

    No caso específico que gerou a causa, o procurador se manifestou contra um recurso para impedir a indenização de uma usuária das redes sociais que foi vítima de um perfil falso criado em seu nome.

    “Uma vez constatado que o recorrente falhou na atuação conforme aos devidos cuidado e diligência e, mesmo após a prévia e expressa comunicação da recorrida com as respectivas razões para a exclusão dos dados, manteve conteúdo claramente ofensivo e humilhante, há de se concluir pela responsabilidade do provedor de hospedagem, que deixou de atuar em prol da tutela dos direitos fundamentais da usuária”, concluiu.

    Na próxima sessão, foram pautadas ações que tratam sobre as regras definidas no Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), que exigem ordem judicial prévia para responsabilização dos provedores pela manutenção de conteúdo ilegal postado pelos usuários das plataformas. Também deve ser julgado um processo sobre a validade de decisões judiciais que determinaram o bloqueio do aplicativo WhatsApp em todo o país, em 2020.

  • Governo federal elabora política nacional de educação midiática

    Governo federal elabora política nacional de educação midiática

    O governo federal está formulando um documento para a implantação da Política Nacional de Educação Midiática. A informação é do secretário nacional de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, João Brant.

    “Vamos lançar nas próximas semanas um documento-base para essa discussão de política de educação midiática para consultas e audiência pública”, disse Brant, ao participar de audiência pública virtual realizada, nessa sexta-feira (12), sobre o combate às fake news [notícias falsas] na internet, promovida pelas comissões de Representação para Acompanhar o Cumprimento das Leis (Cumpra-se!) e de Defesa dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

    fake news

    Segundo o secretário, a nova política vai envolver também os ministérios dos Direitos Humanos, da Educação e da Saúde. O debate vai incluir, entre outras iniciativas, a educação midiática na educação básica, vinculada aos mecanismos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a formação continuada de professores, a formulação de materiais didáticos, a orientação de uso consciente da internet pelas crianças e adolescentes e parcerias com organizações da sociedade civil, além da difusão de conteúdos de educação midiática.

    Projeto de lei

    O presidente da Comissão do Cumpra-se!, deputado Carlos Minc, afirmou que as propostas apresentadas pelos participantes do debate serão incorporadas ao Projeto de Lei 4791/20, de sua autoria, que estabelece o Programa de Educação Midiática nas Escolas Estaduais do Rio de Janeiro. Minc destacou que, na justificativa do projeto, 62% das pessoas entrevistadas reconheceram que já acreditaram numa desinformação.

    “Tem várias medidas de conscientização dos alunos. Como verificar uma fonte, uma foto, falar com os pais, com o professor. Quanto à possibilidade de aprovar, aqui votamos leis pioneiras no Brasil. É um tema complexo e apenas uma lei não basta, é preciso que haja o debate”, disse o parlamentar.O projeto do deputado é inspirado em estratégias bem-sucedidas contra a desinformação aplicadas na Finlândia. A conselheira de Educação da Embaixada da Finlândia, Johanna Kivimaki, explicou o método utilizado nas escolas de seu país.

    “As crianças são introduzidas ao consumo e produção de diferentes formas de mídia, num ambiente lúdico e seguro. A veracidade e confiabilidade da mídia e suas fontes também são analisadas junto aos alunos para que desenvolvam o pensamento crítico. A desinformação é uma ameaça à sociedade democrática”, afirmou.

    Edição: Kleber Sampaio