A OpenAI tomou medidas drásticas ao banir uma série de contas do ChatGPT que estavam envolvidas em uma campanha de influência iraniana destinada a gerar e compartilhar conteúdo relacionado à eleição presidencial dos Estados Unidos, entre outros temas. A empresa revelou que a operação utilizou principalmente o ChatGPT para criar artigos longos e comentários em redes sociais como Instagram e X (anteriormente conhecido como Twitter).
Segundo a OpenAI, essas contas estavam vinculadas à Storm-2035, uma operação secreta de influência iraniana que tentou engajar eleitores americanos através de sites disfarçados como veículos de notícias políticas. Além de conteúdo sobre a eleição nos EUA, a campanha também abordou temas como a guerra entre Israel e o Hamas, a participação de Israel nos Jogos Olímpicos, a política na Venezuela e os “direitos das comunidades Latinx” nos Estados Unidos.
A investigação da OpenAI revelou que a campanha não conseguiu obter um engajamento significativo do público. A maioria das postagens rastreadas pela empresa nas redes sociais teve “poucas ou nenhuma curtida, compartilhamento ou comentário”. Em maio, a OpenAI e a Meta anunciaram que haviam desmantelado uma campanha semelhante nas redes sociais que utilizava IA para publicar mensagens pró-Israel no Instagram e no Facebook.
Com a eleição presidencial americana se aproximando, é possível que surjam novas tentativas de interferir em seu resultado. Na semana passada, o ex-presidente Donald Trump confirmou que sua campanha foi hackeada e vinculou o incidente a um e-mail de phishing enviado por um grupo de hackers iranianos. Em junho, o FBI abriu uma investigação sobre o suposto hackeamento da campanha de Trump, bem como sobre alegadas tentativas de invasão na campanha de Biden-Harris.
A seleção brasileira masculina de vôlei se despediu dos Jogos Olímpicos de Paris (França) após ser derrotada pelos Estados Unidos por 3 sets a 1 (parciais de 26-24, 30-28, 25-19 e 25-19), nesta segunda-feira (5) na Arena Paris Sul, em partida válida pelas quartas de final da competição.
Não deu para o Brasil, no vôlei masculino.
O Brasil é derrotado para os EUA por 3-1 e é eliminado dos Jogos Olímpicos.
O time do Brasil até começou bem a disputa do primeiro set, chegando a abrir uma vantagem de cinco pontos de vantagem (13 a 8), mas, comandado pelo ponteiro DeFalco, a boa equipe norte-americana conseguiu equilibrar as ações e fechou a etapa com vitória de 26 a 24.
A segunda parcial começou com os Estados Unidos dominantes, convertendo seus ataques e mostrando solidez na defesa para abrir uma vantagem de seis pontos (16 a 10). Porém o técnico Bernardinho realizou duas mudanças que mudaram o panorama do confronto, as entradas de Alan e Adriano nos lugares de Darlan e Leal. Com mais efetividade no ataque e mais segurança na defesa o Brasil se recuperou para conseguir a virada para fechar em 30 a 28.
Porém, a seleção brasileira não conseguiu aproveitar o bom momento na partida e foi muito mal no terceiro set. A equipe de Bernardinho cometeu muitas falhas e não conseguiu em nenhum momento ficar à frente do placar do set, que foi fechado em 25 a 19.
No quarto set o Brasil até começou melhor, abrindo uma pequena vantagem nos minutos iniciais. Porém os norte-americanos assumiram o comando das ações e, mesmo permitindo que a seleção brasileira empatasse em alguns momentos, mostraram superioridade para vencerem por 25 a 19.
“É difícil, né? Muito frustrante. Por mais que a gente soubesse que era difícil todo o percurso, a gente sempre acreditou. Aqui dentro existe uma cobrança muito grande por tudo que foi feito nos últimos 20 anos. A gente sofre com uma derrota como essa, sabendo que lutou, jogou de igual para igual em muitos momentos contra grandes equipes. Mas faltou. Hoje as equipes estão na nossa frente”, declarou o levantador Bruninho.
Um ataque de ransomware sofrido pela organização sem fins lucrativos OneBlood, responsável pela coleta de sangue, está causando uma grave crise de abastecimento em diversos hospitais do sudeste dos Estados Unidos. A situação forçou muitas instituições médicas a recorrerem aos seus estoques mínimos e a organizar doações emergenciais.
A OneBlood fornece sangue para mais de 300 hospitais na Geórgia, Flórida e Carolinas. Com a interrupção do sistema, alguns hospitais podem ser obrigados a adiar procedimentos eletivos até que o abastecimento seja normalizado.
O ataque cibernético foi detectado na segunda-feira, paralisando a infraestrutura online da organização. Desde então, a OneBlood tem operado manualmente, imprimindo etiquetas e coletando informações dos doadores em papel. Apesar dos esforços para agilizar o processo, o envio de sangue aos hospitais está enfrentando atrasos.
“Os doadores estão comparecendo, mas o gargalo está na entrega do produto aos hospitais devido aos processos manuais de etiquetagem”, afirmou Susan Forbes, porta-voz da OneBlood.
A situação é tão grave que a organização alertou mais de 250 hospitais parceiros para ativar protocolos de escassez de sangue. Outros bancos de sangue da região estão tentando auxiliar, mas o volume disponível é limitado.
Hospitais como o Tallahassee Memorial HealthCare foram obrigados a remarcar cirurgias eletivas, enquanto a Universidade de Miami organizou uma campanha de doação emergencial.
Especialistas em cibersegurança alertam para o crescente número de ataques a instituições de saúde nos Estados Unidos. De acordo com a Check Point Software Technologies, esses estabelecimentos enfrentam uma média de 1.671 ataques por semana.
“O fato de o criminoso não ter causado diretamente a morte de um paciente não significa que ele não seja indiretamente responsável”, afirma Allan Liska, analista de ransomware da Recorded Future.
Os ataques a hospitais são particularmente lucrativos para os cibercriminosos, tanto financeiramente quanto em termos de publicidade. A empresa de saúde Change Healthcare, por exemplo, pagou US$ 22 milhões de resgate.
No entanto, neste caso específico, a população pode ajudar a mitigar os efeitos do ataque através da doação de sangue. A OneBlood faz um apelo urgente por doações de sangue O positivo, O negativo e plaquetas.
O Departamento de Justiça dos EUA processou a Adobe por supostamente ocultar taxas caras e dificultar o cancelamento de assinaturas.
De acordo com a queixa registrada na segunda-feira, o Departamento de Justiça alega que a Adobe “prejudicou os consumidores ao registrá-los em seu plano de assinatura padrão, o mais lucrativo, sem divulgar claramente os termos importantes do plano”.
O processo alega que a Adobe “esconde” os termos de seu plano anual pago mensalmente “nas letras miúdas e atrás de caixas de texto opcionais e hyperlinks”. Ao fazer isso, a empresa deixa de divulgar adequadamente a taxa de cancelamento antecipado incorrida no cancelamento, “que pode chegar a centenas de dólares”, diz a reclamação.
Persuasão ou abuso por parte da Adobe?
Quando os clientes tentam cancelar, o DOJ alega que a Adobe exige que eles passem por um processo de cancelamento “oneroso e complicado” que envolve navegar por várias páginas da web e pop-ups. Em seguida, supostamente “embosca” os clientes com uma taxa de rescisão antecipada, o que pode desencorajá-los de cancelar.
Os clientes encontram obstáculos semelhantes ao tentar cancelar suas assinaturas por telefone ou chat ao vivo, alega o DOJ. A reclamação afirma que “os assinantes tiveram suas ligações ou chats interrompidos ou desconectados e tiveram que reexplicar seu motivo para ligar quando se reconectarem”. O processo alega que essas práticas violam leis federais destinadas a proteger os consumidores.
O processo também tem como alvo executivos da Adobe, Maninder Sawhney, vice-presidente sênior de entrada no mercado digital e vendas, e David Wadhwani, presidente do negócio de mídia digital da empresa. A reclamação diz que ambos os executivos “dirigiram, controlaram, tiveram autoridade para controlar ou participaram dos atos e práticas da Adobe”. A Adobe não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
“A Adobe prendeu os clientes em assinaturas de um ano por meio de taxas de rescisão antecipada ocultas e vários obstáculos de cancelamento”, disse Samuel Levine, diretor do Bureau de Proteção ao Consumidor da FTC, em um comunicado. “Os americanos estão cansados de empresas que escondem a verdade durante a inscrição da assinatura e depois colocam barreiras quando tentam cancelar.”
O governo federal dos EUA começou a investigar as práticas de cancelamento da Adobe no final do ano passado.
Em 2012, a Adobe deixou de vender seu software de criação para uso vitalício e passou a cobrar dos usuários uma assinatura mensal ou anual por seu pacote de produtos, incluindo Photoshop, Illustrator, InDesign e outros. O modelo de assinatura da empresa há muito tempo frustra criativos, que muitas vezes são forçados a permanecer assinantes da Adobe para continuar fazendo seus trabalhos. No início deste mês, os novos termos de serviço da Adobe foram recebidos com reação negativa depois que alguns interpretaram a mudança como uma oportunidade para treinar sua IA na arte dos usuários.
O processo fala sobre o contínuo escrutínio regulatório da Adobe. Em 2022, a Adobe tentou adquirir a plataforma de design de produtos Figma por US$ 20 bilhões, mas abandonou o negócio no ano passado após enfrentar o escrutínio antitruste de reguladores europeus.
O Brasil ficou no empate de 1 a 1 com os Estados Unidos, na noite desta quarta-feira (12) no estádio Camping World, em Orlando (Flórida), em seu último amistoso antes do início da Copa América, que será disputada entre os dias 20 de junho e 14 de julho. O confronto teve transmissão ao vivo da Rádio Nacional.
Após fazer uma apresentação de altos e baixos na vitória de 3 a 2 sobre o México no último domingo (9), a equipe comandada pelo técnico Dorival Júnior voltou a mostrar dificuldades para controlar as ações diante de uma seleção dos Estados Unidos que vem de derrota de goleada de 5 a 1 para a Colômbia, um dos adversários da equipe brasileira na primeira fase da competição continental de seleções.
O problema de conceder espaços para a equipe adversária ficou evidente logo aos quatro minutos do primeiro tempo, quando o volante Musah teve liberdade para acertar um chute muito forte da entrada da área que foi no travessão do gol defendido pelo goleiro Alisson.
Os Estados Unidos também apresentavam dificuldades na marcação, e concederam espaços para o rápido ataque do Brasil, que criou boas oportunidades com Rodrygo, aos seis minutos, e Vinicius Júnior, aos treze, aos quinze e aos dezesseis minutos.
Após tanto tentar o Brasil abriu o placar aos dezessete minutos, quando Bruno Guimarães recuperou uma bola no campo de ataque e tocou para Raphinha, que serviu Rodrygo, que bateu cruzado para superar o goleiro Turner. Mas os Estados Unidos não demoraram a igualar. O árbitro marcou uma falta perto da risca da grande área, que, aos 25 minutos, o atacante Pulisic cobrou com categoria, de forma rasteira, para superar o goleiro Alisson.
O confronto continuou aberto, com oportunidades de lado a lado, mas nenhuma das duas equipes teve competência para mudar novamente o placar no restante do primeiro tempo. Após o intervalo o técnico ainda realizou algumas mudanças, como a entrada do centroavante Endrick, mas o Brasil continuou muito mal e a igualdade perdurou até o apito final.
Copa América
Agora a seleção brasileira joga pela Copa América, competição na qual disputa a primeira fase pelo Grupo D. A estreia da equipe comandada pelo técnico Dorival Júnior será contra a Costa Rica, no dia 24 de junho em Los Angeles. O segundo compromisso do Brasil é diante do Paraguai, no dia 28 de junho no Allegiant Stadium, em Las Vegas.
A última participação da seleção brasileira na fase inicial da competição será no dia 2 de julho, contra a Colômbia no Levi’s Stadium, em Santa Clara.
O Brasil enfrenta a seleção dos Estados Unidos, a partir das 20h (horário de Brasília) desta quarta-feira (11) no estádio Camping World, em Orlando (Flórida), em sua última partida amistosa antes do início da próxima edição da Copa América, que será disputada entre os dias 20 de junho e 14 de julho. O confronto terá transmissão ao vivo, veja logo abaixo onde assistir.
A expectativa para este último ensaio para a competição continental de seleções é que o técnico Dorival Júnior arme sua equipe com o que tem de melhor, ao contrário do que foi feito na vitória de 3 a 2 sobre o México.
Com uma formação alternativa, na qual suas principais peças entraram apenas na etapa final, o Brasil teve muitas dificuldades diante dos mexicanos. O objetivo era aproveitar o amistoso para dar oportunidade a novos jogadores, como afirmou o comandante da seleção brasileira em entrevista coletiva: “Na partida anterior, eu tinha como obrigação observar jogadores e botar as disputas em aberto. Seleção é o momento, é aproveitar o melhor de cada um no instante em que estão brigando por posição”.
Agora, o técnico Dorival Júnior deve colocar em campo o que tem de melhor diante dos norte-americanos para dar mais entrosamento à equipe titular, que deve ser formada por: Bento; Danilo, Marquinhos, Beraldo e Wendell; João Gomes, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá; Rodrygo, Vinicius Júnior e Raphinha.
Um dos jogadores que espera aproveitar a oportunidade diante da seleção dos Estados Unidos é o volante Bruno Guimarães. “Quem está entrando quer mostrar serviço. Conosco não será diferente. Quero jogar. Meu último jogo na Premier League [Campeonato Inglês] foi dia 20 do mês passado. Vai ser um grande jogo, todo mundo empenhado para desempenhar o melhor e buscar a vitória”, declarou o jogador do Newcastle (Inglaterra).
Onde assistir
A Rádio Nacional transmitiu Brasil e Estados Unidos. A partida terá transmissão também na TV Globo, Sportv e Globoplay.
Onde assistir a Estados Unidos x Brasil
Canais: Globo, SporTV e Globoplay
Tempo real: Globo Esportes
Ficha técnica de Estados Unidos x Brasil
Data: 12/06/2024
Horário: 20h00
Local: Camping World Stadium, Orlando, Estados Unidos
“Espero que você esteja tão feliz em relação ao Brasil quanto eu estou”, sugeriu Thomas Mann, ao telefone.
“Eu estou”, respondeu Lyndon Johnson, do outro lado da linha.
“Creio que essa seja a coisa mais importante que aconteceu no hemisfério em três anos”, destacou Mann.
“Espero que eles nos deem algum crédito em vez de inferno”, devolveu Johnson.
A conversa telefônica aconteceu no dia 3 de abril de 1964. De um lado da linha estava o subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos dos Estados Unidos, Thomas Mann. Do outro, ninguém menos que o presidente norte-americano, Lyndon Johnson.
O assunto, como dá para inferir pela data em que ocorreu a ligação, era o golpe civil-militar que havia ocorrido poucos dias antes, no Brasil. O diálogo demonstra, ao mesmo tempo, a satisfação da administração norte-americana com a derrubada do governo de João Goulart e a implícita ideia de que os EUA participaram do golpe.
Autor de um livro sobre o papel dos EUA na desestabilização do governo Jango, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Felipe Pereira Loureiro lembra que, na época, o mundo vivia a Guerra Fria, um embate ideológico entre o bloco capitalista, liderado pelos norte-americanos, e o bloco comunista, capitaneado pela União Soviética, hoje extinta.
O modelo soviético tinha recentemente fincado pé na América Latina, região historicamente influenciada pelos Estados Unidos, através da revolução cubana, em 1959. E os norte-americanos temiam a expansão dos ideais comunistas para o resto do continente.
O destino do Brasil, maior país da América Latina, era, portanto, uma preocupação da administração norte-americana.
“O governo João Goulart era um governo que se colocava como reformista. Mas havia uma dúvida dentro do governo Kennedy, e isso vai se manter no governo Johnson, sobre até que ponto esse reformismo do governo Goulart poderia se transformar, com o tempo, em algo mais radical, que saísse do controle”, explica Loureiro.
João Goulart havia sido vice-presidente nos governos Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros e assumiu a presidência em 1961, depois da renúncia de Quadros. Apesar de ser um empresário do ramo agropecuário, Jango não era bem visto pela cúpula militar, devido a suas ligações passadas com Getúlio Vargas e a suas propostas de reformas sociais.
Goulart propunha, entre outras medidas, a reforma agrária, a subordinação de instituições financeiras a um Banco Central, a reforma tributária e a permissão do voto aos analfabetos e militares de baixa patente.
Quadros renunciou em 1961, enquanto Goulart estava em viagem oficial ao exterior. Os ministros militares não queriam que Jango assumisse a presidência, o que gerou um impasse e um racha nas Forças Armadas. A solução foi a implantação de um regime parlamentarista no Brasil, para que o novo presidente fosse aceito.
O historiador norte-americano James Green, da Universidade Brown, coordena o projeto Opening the Archives, que busca documentar as relações entre Brasil e EUA entre as décadas de 60 e 80. Segundo ele, houve um erro de leitura do Departamento de Estado americano em relação às intenções de Goulart.
60 anos do golpe: Jango (a direita) e o embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon – Foto: Arquivo Nacional
O presidente Jango e o embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon
“O embaixador [dos EUA no Brasil na época] Lincoln Gordon chegou em 61, justamente na transição de governo entre Jânio Quadros e João Goulart, com a missão de acompanhar a situação no Brasil, porque circulava entre o Departamento de Estado e as pessoas que acompanham a América Latina, o grande medo de que o Brasil poderia ser a próxima Cuba, de que poderia haver uma revolução socialista que levasse ao comunismo e um governo contra os Estados Unidos”, afirma Green.
Havia, dentro do Departamento de Estado norte-americano, uma preocupação que João Goulart se aproximasse dos comunistas e desse um golpe de Estado. “Então Lincoln Gordon tinha a clara indicação de evitar uma possível revolução socialista, uma mudança radical no governo”.
Goulart mantinha boas relações com Cuba e havia se posicionado de forma contrária ao embargo econômico ao regime de Fidel Castro. Além disso, algumas expropriações de empresas americanas no Brasil desagradaram a Washington.
A transcrição de um encontro de Gordon com Kennedy, em julho de 1962, mostra que os EUA já temiam os rumos que seriam tomados pelo governo Jango e cogitavam reduzir os poderes do presidente brasileiro ou até mesmo retirá-lo da presidência. Também já havia planos de fortalecer o poder dos militares. Havia conversas para investir US$ 1 milhão nas eleições parlamentares brasileiras daquele ano para apoiar candidatos opositores de Goulart.
Nessa mesma reunião, definiu-se que Gordon contaria com a ajuda de Vernon Walters para estabelecer uma boa relação com os militares brasileiros. Walters havia servido como homem de ligação entre as Forças Expedicionárias Brasileiras (FEB) e o Comando do Exército americano na campanha da Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, e seria apontado como adido militar na embaixada dos EUA no Brasil.
“Walters foi chamado por Gordon para assessorá-lo nas relações com as Forças Armadas brasileiras. A missão de Walters era juntar as várias conspirações que já estavam fervendo dentro das Forças Armadas [brasileiras] e uni-las em uma conspiração única. Ele foi muito importante em dar unidade nas Forças Armadas brasileiras e de mostrar que os americanos iam apoiar o golpe”, afirma Green.
Pelo menos desde 1974, quando os primeiros documentos secretos foram tornados públicos, já se sabia do papel dos Estados Unidos no golpe.
“Os EUA ajudaram a orquestrar toda uma operação não declarada de desestabilização do governo João Goulart, sob a forma de financiamento da oposição nas eleições de 1962, no suporte a governadores críticos ao governo e fomentando a propaganda política oposicionista. Houve contribuição efetiva, portanto, na conspiração para derrubar o governo. Além disso, já ocorriam, há anos, programas de treinamento de forças policiais e militares nos EUA, ou no Brasil, por oficiais estadunidenses”, explica a pesquisadora da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Mariana Joffily.
Além de estimular manifestações contrárias a Jango, havia um plano pronto para ser executado, caso os militares brasileiros não conseguissem derrubar o presidente. Chamado de operação Brother Sam, o plano previa o uso de apoio militar norte-americano aos golpistas para garantir que um novo regime fosse implantado.
Em 27 de março de 1964, o embaixador Lincoln Gordon enviou um telegrama a diversas autoridades americanas solicitando o envio imediato de embarcações, para garantir, aos oposicionistas de Jango, combustível e suprimentos. No mesmo documento, Gordon sugere a entrega clandestina de armas aos golpistas.
60 anos do Golpe – João Goulart e Lincoln Gordon. Foto: Arquivo Nacional
Segundo o embaixador, o golpe estava próximo de ocorrer. Documentos da Agência Central de Inteligência (CIA) americana também informam a iminência da movimentação dos militares.
“Havia um temor muito grande de que comunistas pudessem ter se infiltrado em postos estratégicos na Petrobras e que, sem combustível, tanques, caminhões, veículos militares não teriam como circular pelo país. Então, havia uma preocupação muito grande com o petróleo. Portanto, há uma promessa efetiva da embaixada norte-americana às principais lideranças golpistas, de apoio logístico, sobretudo petróleo”, explica Felipe Loureiro.
O pesquisador ressalta que a chegada de uma força naval também teria um efeito psicológico, ainda que ela não atacasse necessariamente as facções resistentes ao golpe. Os americanos, àquela altura, esperavam uma dissidência nas Forças Armadas e, portanto, uma guerra civil.
No dia 31 de março, um telegrama enviado pelo secretário de Estado norte-americano Dean Rusk a Gordon informava sobre a mobilização de um navio-tanque, de um porta-aviões, quatro destroieres, além de 110 toneladas de armas, dez aviões de carga e seis caças.
As forças golpistas brasileiras, chamadas de “forças amigas” por Gordon, acabaram colocando seu plano em movimento naquele mesmo dia, com a mobilização de tropas em um quartel de Juiz de Fora (MG) pelo general Olímpio Mourão Filho.
Na tarde de 31 de março, o subsecretário de Estado dos EUA, George Ball, e Thomas Mann ligaram para o presidente Lyndon Johnson, e falaram sobre o golpe em andamento em Minas Gerais. Eles reforçaram a necessidade de garantir apoio logístico aos golpistas, mas ainda se mostravam indecisos, sob que rumo a revolta contra Goulart tomaria.
“Penso que devemos dar todos os passos que pudermos, estar preparados para fazer tudo o que for necessário, tal como fizemos no Panamá, se isso for viável”, Lyndon Johnson orientou.
Novo Governo
No dia 1º, parte da ajuda americana já estava a caminho do Brasil. Naquele dia, o golpe ganharia força com o passar das horas e, à noite, Jango deixaria Brasília rumo a Porto Alegre. Os EUA ainda se mantinham cautelosos, evitando se expor para não dar, a Jango, um pretexto “anti-yankee” para angariar apoio.
No dia 2 de abril, a força naval continuava a caminho do Brasil, devido ao receio de que o deputado federal Leonel Brizola, cunhado de Jango, liderasse uma resistência no Rio Grande do Sul e que as refinarias como a Reduc (Duque de Caxias) permanecessem controladas pelos “commies” (gíria americana para “comunistas”).
O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, havia assumido a presidência da República temporariamente, depois de o Senado ter declarado a vacância do cargo, mesmo com Jango ainda em território nacional. Os EUA esperavam que o Congresso ou a Suprema Corte brasileiros legitimassem a autoridade de Mazzilli, por isso ainda se mantinham cautelosos em reconhecer o novo governo.
A transcrição de um encontro do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, ao meio-dia de 2 de abril, mostra um Lyndon Johnson preocupado com a situação de Mazzilli, já que ele ainda possuía minoria no Congresso para reconhecê-lo como presidente.
O secretário de Estado Dean Rusk responde, então, que o embaixador Gordon estava usando os recursos à sua disposição para encorajar os deputados brasileiros a reconhecer Mazzilli como presidente da República.
Mais tarde, chegam informações, incorretas, de que Jango havia deixado o Brasil rumo ao Uruguai. Naquele mesmo dia, mesmo sem ter a certeza de que Goulart havia saído do Brasil ou os deputados votarem a favor de Mazzilli, os norte-americanos decidiram reconhecer o governo dos golpistas, sob orientação do embaixador Gordon.
Lyndon Johnson então autoriza o envio de um telegrama em que ele deseja sucesso a Mazzilli e parabeniza a “comunidade brasileira” por resolver as dificuldades políticas e econômicas que o Brasil “vinha enfrentando” de acordo com “a democracia constitucional e sem conflitos civis”. A operação Brother Sam, portanto, não chega a ser colocada em prática e os navios retornam ao porto, no Caribe.
Golpe sem EUA
A historiadora Mariana Jofilly diz que é difícil afirmar se o golpe ocorreria mesmo sem o apoio dos EUA, mas afirma que receber o aval de uma grande potência foi importante para que os golpistas levassem, à frente, seu plano de derrubar Jango.
“Não foi apenas o Brasil que se certificou do apoio dos EUA antes de partir para a derrubada de um presidente democraticamente eleito. Isso aconteceu também no Chile e na Argentina. Na época, fazia parte da agenda golpista a obtenção do apoio dos EUA. A garantia de que o novo governo seria reconhecido e legitimado pela grande potência e que o novo poder instituído seguiria recebendo financiamento estadunidense não era um item do qual se pudesse abrir mão”, pondera Mariana Joffily.
James Green diz que os brasileiros seriam capazes de derrubar Jango mesmo sem o apoio dos EUA e que outros golpes de Estado já haviam ocorrido no Brasil antes de 1964, mesmo sem a ajuda norte-americana.
“Os brasileiros são muito capazes de dar golpes de Estado. Pode-se dizer que haviam americanos envolvidos [no golpe de 64], mas a questão principal foram as Forças Armadas brasileiras e a elite brasileira, que queriam manter controle sobre a situação político-social que estava fugindo de seu controle. O apoio americano deu mais determinação, foi fundamental para a luz verde”, afirma o brasilianista.
Procurada pela Agência Brasil, a Embaixada dos Estados Unidos, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que o presidente norte-americano Joe Biden tem expressado, publicamente e em conversas privadas, o apoio do país às instituições democráticas brasileiras, incluindo “o sistema eleitoral, a transferência pacífica de poder e a autoridade civil sobre as Forças Armadas”.
“Ambas as nações reconhecem a importância de se posicionar contra o extremismo político, a violência, o discurso de ódio e a desinformação que possam prosperar em sociedades democráticas”, destacou a representação diplomática norte-americana.
Em junho de 2014, Joe Biden, então vice-presidente na gestão Barack Obama, entregou ao governo brasileiro 43 documentos produzidos por autoridades norte-americanas entre os anos de 1967 e 1977. Os relatórios detalham informações sobre censura, tortura e assassinatos cometidos pelo regime militar no Brasil.
O ciclista Pedro Bauer, da cidade de Lucas do Rio Verde (330 km de Cuiabá), irá participar de três corridas do Campeonato Nacional dos Estados Unidos (EUA), o USA Nationals. A competição acontece entre sexta-feira (15.03) e domingo (17.03) na cidade de Rock Hill, na Carolina do Sul.
O atleta é beneficiário do projeto Olimpus, programa de bolsas concedidas pelo Governo do Estado via Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT). Com apenas 14 anos, Pedro se mostra animado para o novo desafio.
“É um momento de novos desafios, embarco pela primeira vez para os Estados Unidos e, com certeza, será um grande teste para mim e para minha carreira. Agradeço a todos que me apoiam, em especial meu técnico que também é meu pai e não pode vir junto comigo, ao Governo de Mato Grosso e a prefeitura de Lucas do Rio Verde por todo incentivo”, agradeceu o atleta, pouco antes de embarcar para os EUA nesta quarta-feira (13.03).
Divulgação
A corrida antecede o Campeonato Mundial de BMX, que ocorrerá nos dias 12 a 18 de maio. Pedro já é cotado para participar da competição.
“A ideia principal é proporcionar ao Pedro uma experiência para que possa se ambientar e familiarizar com a pista do mundial. Além disso, é interessante que ele realize testes com as equipes americanas, para quem sabe poder correr em outras etapas do Campeonato Nacional Americano”, afirmou o pai e técnico do atleta, Leonardo Bauer.
Para ele, o suporte da bolsa do Olimpus MT é imprescindível para que atletas consigam representar o Estado dentro e fora do país.
“Esse é o segundo ano em que o Pedro recebe o bolsa atleta e esses valores estão sendo fundamentais para que ele possa viajar, principalmente. Essas competições internacionais, por exemplo, a gente consegue pagar com o auxílio da bolsa do governo”, enfatizou o pai.
O secretário da Secel, Jefferson Carvalho Neves, afirma que o Governo do Estado está seriamente comprometido com o desenvolvimento do esporte de base ao alto rendimento.
“A ida de mais um atleta mato-grossense para um campeonato internacional é o que nos motiva a continuar trabalhando e fomentando a política pública do esporte em nosso Estado. Os resultados, desempenho e dedicação dos nossos atletas e técnicos têm sido combustíveis para que a gente possa continuar identificar talentos e viabilizar as melhores condições para todas as modalidades sem distinção”, destacou o secretário.
A Seleção Brasileira Feminina de futebol está classificada para os mata-matas da Copa Ouro. A vaga foi obtida na madrugada deste domingo (25) com a vitória sobre a Colômbia por 1 a 0.
Com o resultado, o time garantiu a liderança do Grupo B da competição. O gol da vitória foi marcado por Duda Santos, aos 4 minutos do primeiro tempo.
A seleção soma seis pontos. Colômbia e Porto Rico têm três pontos. Já a seleção do Panamá ainda não pontuou. O Brasil volta a jogar justamente contra o Panamá às 0h15, da próxima quarta-feira (28), pela última rodada da fase de grupos.
O triunfo obtido no Estádio Snapdragon foi a quinta vitória de Arthur Elias no comando do time. O ex-técnico do Corinthians acumula cinco vitórias e duas derrotas, com saldo de 11 gols marcados e sete sofridos.
O governo dos Estados Unidos anunciou a doação de U$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) para o Fundo Amazônia, entre outras iniciativas de combate ao desmatamento direcionadas ao Brasil. O valor proposto pelo presidente Joe Biden ainda precisa ser aprovado pelo Congresso americano.
O anúncio aconteceu no dia 20 de abril, durante o Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, após uma série de encontros bilaterais entre os dois países nos últimos três meses. Outras nações, como Noruega e Alemanha, também já se comprometeram a retomar as doações para o Fundo, que esteve paralisado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“O governo brasileiro tem feito um trabalho muito sério, que dá credibilidade para que países se disponham a fazer doação a fundo perdido para ajudar o Brasil a levantar um novo modelo de desenvolvimento que nos possibilite gerar emprego, renda, prosperidade e preservar as bases naturais”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em coletiva de imprensa após o anúncio da doação. Na avaliação da ministra, a iniciativa encoraja colaborações de outros países.
O Fundo investe em ações de combate ao desmatamento e de promoção da sustentabilidade na Amazônia. Projetos em outras regiões do país também podem ser apoiados, desde que cumpram com as diretrizes estabelecidas. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Corpo de Bombeiros Militar (em seus programas de proteção florestal) e órgãos ambientais estaduais estão entre as instituições financiadas. Responsável pelo monitoramento ambiental por satélites, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) também é uma entidade apoiada pelo fundo. Além disso, os governos dos estados podem ter projetos aprovados. Por exemplo, entre 2011 e 2017, o governo amazonense recebeu R$ 17,5 milhões para reflorestamento no sul do estado, região sob intensa pressão de desmatamento.
Segundo Adriana Ramos, coordenadora de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (Isa), o fundo é o principal financiador das políticas para o meio ambiente na Amazônia e para o monitoramento e controle do desmatamento em todos os biomas. “As novas doações ao Fundo Amazônia são extremamente importantes, pois demonstram a confiança da comunidade internacional com os compromissos assumidos pelo Presidente Lula de desmatamento zero até 2030”, afirma a pesquisadora.
Dissolução e retomada do Fundo
Em 2019, o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles extinguiu os dois comitês responsáveis pela gestão dos recursos do Fundo Amazônia, inviabilizando o financiamento de projetos e a continuidade das doações. A existência desses comitês é uma condição contratual dos doadores, para impedir que o dinheiro seja utilizado para outros fins. Segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Brasil deixou de investir cerca de R$ 3 bilhões em ações ambientais entre 2019 de 2022, valor que permaneceu retido no fundo após a dissolução dos comitês orientadores.
Em outubro de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a União tomasse as providências necessárias para reativar o Fundo Amazônia. Na ocasião, a maioria dos ministros concluiu pela inconstitucionalidade da extinção dos comitês, pois configuraria omissão do governo em seu dever de preservar a Amazônia. Reinstituídos por decreto em 1º de janeiro de 2023 pelo presidente Lula, os comitês retomaram suas atividades, o que permitiu os novos aportes de recursos.
Como funciona
Criado em 2008, o Fundo Amazônia é gerido pelo BNDES e pode ser visto como uma espécie de crédito que outros países dão ao Brasil pelos bons resultados de suas políticas ambientais. Apesar dos desafios, o país está entre os que mais diminuiu emissões de gases que causam o efeito estufa.
Entre 2005 e 2016, houve a redução de 71% as taxas de desmatamento, segundo dados apresentados pelo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM). Devido a esses esforços, o Brasil se qualificou internacionalmente para receber recursos de países estrangeiros, como a doação anunciada por Joe Biden.
Comitês
O governo brasileiro tem autonomia para decidir sobre a utilização do dinheiro, mas depende das decisões de duas instâncias: Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA) e Comitê Técnico do Fundo Amazônia (CTFA).
O COFA estabelece os critérios para aplicação dos recursos, enquanto o CTFA atesta a quantidade de emissões de carbono oriundas de desmatamento em território nacional. Anualmente, o Fundo passa por dois processos de auditoria, que avaliam a contabilidade e a adequação dos investimentos aos objetivos do programa. Em todos os anos, os auditores concluíram pela adequação das contas e dos relatórios apresentados pelo BNDES.
O Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA) é formado por três blocos: governo federal, governos estaduais e sociedade civil. Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) estão entre seus membros e acompanham a aplicação dos recursos. Estados precisam contar com um plano estadual de combate ao desmatamento para ter direito a voto nas deliberações. Esse comitê também é responsável pela aprovação do Relatório de Atividades.
Já o Comitê Técnico do Fundo Amazônia (CTFA) é composto por cientistas que se reúnem pelo menos uma vez ao ano. A atribuição deles é avaliar a metodologia de cálculo da área de desmatamento e das emissões de carbono adotada pelo Ministério do Meio Ambiente. Como a participação no CTFA é considerada de interesse público, seus membros não recebem qualquer tipo de remuneração. A última reunião deste comitê aconteceu em outubro de 2018, indicando a descontinuidade dos trabalhos nos anos posteriores.
Para Adriana Ramos, o modelo de funcionamento do Fundo Amazônia oferece autonomia na aplicação dos recursos, fortalecendo as políticas ambientais brasileiras. “Alcançar o desmatamento zero é um desafio imenso que envolve estratégias múltiplas como a demarcação e proteção de terras indígenas, titulação de quilombos e criação de unidades de conservação, destinação de terras públicas, inclusão de critérios de agricultura de baixo carbono no Plano Safra e efetividade do Cadastro Ambiental Rural, para citar apenas algumas das ações que poderão ser apoiadas com recursos do Fundo”, conclui.