A Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou contra o pedido do Psol para que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenda novamente os estudos da ferrovia Ferrogrão (EF-170), que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA). Em manifestação oficial, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o governo federal e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estão respeitando os limites determinados pela Corte em relação à área do Parque Nacional do Jamanxim, situado nos municípios paraenses de Itaituba e Trairão.
Segundo Gonet, até o momento não há evidências de descumprimento da decisão judicial que suspendeu o projeto em 2021. A PGR argumenta que os estudos de viabilidade estão em fase inicial e que a sociedade tem sido ouvida por meio de grupos de trabalho (GTs) criados especificamente para discutir o traçado da ferrovia. O procurador também destacou que o projeto foi ajustado para seguir o eixo da BR-163, afastando-se de áreas protegidas.
A manifestação da PGR contesta as alegações do Psol e de organizações indígenas, que sustentam que não houve diálogo efetivo com a sociedade civil e os povos tradicionais. Eles afirmam ainda que a ANTT estaria preparando um leilão em desrespeito à decisão cautelar do STF, sem apresentar alternativas de traçado que evitassem o Parque Nacional do Jamanxim.
No entanto, a PGR reforça que não há leilão previsto, e que o projeto está restrito à fase de Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), o que, na avaliação do órgão, não configura descumprimento da decisão judicial vigente.
A decisão final sobre o futuro da Ferrogrão continua nas mãos do Supremo, que ainda deve analisar o mérito da ação que questiona a legalidade do traçado sobre áreas protegidas da Amazônia. Enquanto isso, o debate sobre desenvolvimento logístico e preservação ambiental permanece no centro das atenções.
O setor produtivo de Mato Grosso deu um passo importante para impulsionar a competitividade e o desenvolvimento sustentável no estado. Nesta terça-feira (22.04), durante reunião do Fórum Agro e da Frente Parlamentar da Agropecuária da Assembleia Legislativa, foi apresentado o estudo inédito “Custo Mato Grosso”, que calcula os custos excedentes enfrentados pelas empresas locais em comparação com os estados do Sul e Sudeste.
O levantamento, conduzido pelo Movimento Mato Grosso Competitivo (MMTC) apontou que o custo adicional para produzir em Mato Grosso chega a R$ 38,5 bilhões por ano — o equivalente a 14,3% do PIB estadual. O evento contou com a presença do governador Mauro Mendes, de parlamentares, empresários e representantes de diversas entidades.
“Primeiro eu tenho que parabenizar todas as entidades, o setor produtivo do estado de Mato Grosso, que estão imbuídas desse propósito de discutir esse custo excedente que o estado tem para que as pessoas possam viver aqui e produzir aqui. Nós sabemos que viver em Mato Grosso, produzir aqui, pela distância que nós estamos dos portos, dos grandes centros de consumo, isso traduz-se necessariamente em um custo maior”, afirmou o governador Mauro Mendes.
Ele também alertou para os impactos da reforma tributária que entrará em vigor em 2033: “Esse novo imposto será cobrado apenas na base de consumo. Nós temos pouca população e pouco consumo. Nós temos um desafio. Mas acredito que com um trabalho sério e planejamento, com a capacidade de entender os desafios e a coragem de tomar decisões corretas, nós podemos nos preparar para essa nova realidade.”
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e do MMTC, Silvio Rangel, o estudo deve ser visto como um instrumento propositivo. “Não estamos aqui para criticar. Este estudo não é um documento de reclamação. Pelo contrário: é um instrumento de construção. Mato Grosso se desenvolveu muito nas últimas décadas e, por isso, acreditamos no potencial de torná-lo ainda mais forte, competitivo e sustentável”, destacou.
Silvio ainda fez um chamado às autoridades para a construção de uma agenda estadual de competitividade. “Estamos falando de energia mais cara, internet mais lenta, trabalhadores ainda escassos e caros. Tudo isso impacta diretamente nos preços, nos investimentos e nos empregos. Por isso, queremos trabalhar juntos, setor público e privado, para propor soluções reais para os nossos gargalos históricos.”
Custo Mato Grosso
Entre os principais eixos que compõem o Custo Mato Grosso estão a dificuldade para empregar capital humano, a baixa inserção nas cadeias globais, a carga tributária estadual e a infraestrutura logística. Juntos, esses quatro fatores representam quase 80% do custo excedente apontado no estudo.
O documento será a base para a formulação de propostas concretas que deverão subsidiar políticas públicas voltadas à redução de custos e ao aumento da competitividade em Mato Grosso.
A diretora executiva do MMTC, Vanessa Gasch, reforçou que o objetivo do estudo é subsidiar a formulação de políticas públicas e estratégias conjuntas para tornar Mato Grosso mais competitivo. “Já avançamos muito, mas temos grandes oportunidades de melhoria. O Custo Mato Grosso é um ponto de partida, um diagnóstico que nos permite agir de forma coordenada e assertiva”, afirmou.
O que é o MMTC?
O Movimento Mato Grosso Competitivo é uma instituição privada e sem fins lucrativos que reúne 16 entidades dos setores empresarial, acadêmico e público, com a missão de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico sustentável por meio do aumento da produtividade e competitividade no estado.
Como foi feito o estudo?
Inspirado na metodologia do “Custo Brasil”, o estudo adaptou indicadores à realidade mato-grossense, comparando os dados locais com a média dos estados do Sul e Sudeste — considerados referência nacional. Foram utilizadas mais de 29 fontes de dados e os indicadores foram organizados em 12 eixos estruturantes.
A parte técnica do trabalho foi realizada pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC) e teve o apoio técnico das instituições que compõem o conselho do MMTC, além do Observatório de Mato Grosso, Sistema OCB, Imea, Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF) e Movimento Pró-logística.
Organizações da sociedade civil entregaram nesta semana, em Brasília (DF), pareceres técnicos que apontam impactos socioambientais e falhas no planejamento da Ferrogrão (EF-170). A ferrovia está prevista para ligar Sinop (MT) a Miritituba (PA), criando um corredor logístico para escoamento da produção agrícola da região Norte. Os documentos foram entregues aos ministérios dos Transportes e de Portos e Hidrovias, durante agenda presencial e online. O Ministério dos Transportes, responsável pelo projeto, comprometeu-se a analisar o conteúdo.
Um dos pareceres, coordenado pelo GT Infraestrutura e elaborado em coautoria com a organização Terra de Direitos, critica o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) atualizado pela consultoria Tetra e pela Estação da Luz Participações (EDLP), no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Concluído em 2024, o estudo apresenta lacunas técnicas importantes, segundo os especialistas.
A assessora jurídica da Terra de Direitos, Bruna Balbi, destacou a ausência de consulta prévia, livre e informada às populações indígenas e comunidades tradicionais afetadas pela ferrovia – direito previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, em vigor no Brasil desde 2004. “A entrega dos pareceres aos ministérios é um passo importante para que o Estado brasileiro escute as vozes historicamente silenciadas nos processos decisórios”, afirmou Bruna. “Mais do que garantir o cumprimento legal, trata-se de reconhecer o protagonismo dos povos indígenas e tradicionais na defesa da Amazônia.”
Lideranças indígenas reforçam a crítica. A ativista Alessandra Korap Munduruku, liderança do povo Munduruku (PA), recorda que nenhuma audiência pública foi realizada nas aldeias, apenas nas cidades. “Os povos Munduruku, Kayapó e Panará têm seus protocolos de consulta, que precisam ser respeitados. Eles são nossa arma de defesa”, declarou durante o Tribunal Popular realizado em Santarém, em 2024, que condenou a Ferrogrão ao cancelamento.
Nos pareceres entregues, as organizações alertam que o EVTEA não considerou de forma adequada os riscos sociais e ambientais, como o aumento do desmatamento, a intensificação de conflitos fundiários e os impactos cumulativos de empreendimentos na região. O estudo, segundo os especialistas, ignora também as fragilidades da governança territorial nos estados de Mato Grosso e Pará, onde o projeto será implantado.
A agenda contou com a participação de instituições como o Instituto Socioambiental, Universidade de São Paulo (USP), Observatório do Clima, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
Denúncias também foram levadas ao Acampamento Terra Livre
No dia 8 de abril, as críticas ao projeto da Ferrogrão também marcaram o 21º Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. Durante reunião com o Ministério de Portos e Aeroportos, lideranças indígenas do Baixo Tapajós, movimentos e organizações como o Conselho Indígena Tapajós Arapiuns, o Movimento Tapajós Vivo, o Conselho Indígena Tupinambá e a Terra de Direitos reforçaram a necessidade de respeito aos direitos dos povos tradicionais no planejamento de hidrovias, portos e grandes empreendimentos.
As lideranças denunciaram que, apesar da importância do Rio Tapajós para seus modos de vida, nenhum dos 27 portos graneleiros em operação em Santarém, Itaituba e Rurópolis realizou a consulta prévia às populações afetadas, conforme aponta o estudo “Portos e Licenciamento Ambiental no Tapajós”, da Terra de Direitos. No caso da Ferrogrão, também foram apresentadas evidências de irregularidades no processo de viabilidade ambiental.
Outra denúncia apresentada foi a dragagem recente no Rio Tapajós, autorizada pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará, supostamente sem consulta aos povos e sem licenciamento ambiental adequado. O Ministério de Portos e Aeroportos informou que investigará o caso.
As organizações afirmaram que seguirão acompanhando os desdobramentos e cobrando o cumprimento de direitos. A mobilização ganhou força durante a segunda marcha do ATL 2025, que levou milhares de indígenas às ruas da capital federal para denunciar os impactos da infraestrutura sem consulta e sem proteção territorial.
Um estudo pioneiro realizado pela Embrapa revelou que o trigo produzido no Brasil tem uma pegada de carbono menor que a média mundial e indicou caminhos concretos para reduzir ainda mais as emissões de gases de efeito estufa. A análise, feita em lavouras e indústria moageira do Sudeste do Paraná, apontou que a adoção de práticas sustentáveis e tecnologias já disponíveis pode diminuir em até 38% o impacto ambiental da produção de trigo no País.
Publicada no periódico científico Journal of Cleaner Production, a pesquisa é a primeira na América do Sul a estimar a pegada de carbono do trigo desde o cultivo até a produção de farinha. Também foi o primeiro estudo do tipo nessa cultura em ambiente subtropical. O índice médio brasileiro ficou em 0,50 kg de dióxido de carbono equivalente (CO₂eq) por quilo de trigo produzido — abaixo da média global, estimada em 0,59 kg.
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores avaliaram 61 propriedades rurais na safra 2023/2024, além de acompanhar todo o processo industrial em uma moageira paranaense. O levantamento detalhou desde o uso de fertilizantes e defensivos agrícolas até o transporte dos grãos, secagem, moagem e transformação dos grãos em farinha.
O que é pegada de carbono?
É o total de emissões de gases de efeito estufa causadas por um indivíduo, evento, organização, serviço, local ou produto, expresso em dióxido de carbono equivalente (CO2eq).
Fertilizantes nitrogenados são principais emissores de CO2
A pesquisa apontou os fertilizantes como o principal fator de pegada de carbono na triticultura. O maior impacto está na emissão de óxido nitroso (N₂O) gerado durante a aplicação de ureia, fertilizante capaz de emitir 40% dos gases de efeito estufa envolvidos na produção de trigo. A ureia é o principal fertilizante utilizado no trigo devido ao menor custo por unidade de nutriente dentre os adubos nitrogenados disponíveis no mercado. Segundo a pesquisa, a substituição desse fertilizante pelo nitrato de amônio com calcário (CAN) pode reduzir a emissão de carbono em 4%, minimizando significativamente os impactos ambientais.
A acidificação do solo, uma das categorias com maior impacto ambiental, também pode ser mitigada pela substituição da ureia pelo CAN. “Quando a ureia não é totalmente absorvida pelas plantas ou é lixiviada como nitrato, ocorrem reações que liberam íons de hidrônio, aumentando a acidez do solo. Em contrapartida, fertilizantes à base de CAN ajudam a neutralizar esse efeito devido ao seu conteúdo de cálcio”, explica a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (SP) Marília Folegatti. Segundo ela, outras tecnologias também devem ser consideradas para reduzir a dependência de fertilizantes sintéticos e minimizar impactos ambientais, como biofertilizantes, biopesticidas, fertilizantes de liberação lenta e nanofertilizantes. Ela lembra que a pesquisa avança na produção de ureia verde e nitrato de amônio a partir de fontes de energia renováveis.
A pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical (CE) Maria Cléa Brito de Figueiredo lembra que o uso de fertilizantes nitrogenados é também o maior emissor de gases de efeito estufa em outras culturas com pegada de carbono e hídrica analisadas pela Embrapa, como as fruteiras tropicais, em especial, manga, melão e coco verde. “Além disso, a produção de fertilizantes sintéticos gera metais pesados que contribuem para a contaminação do solo, podendo afetar a qualidade dos alimentos, a saúde humana e os ecossistemas,” alerta a cientista.
A pesquisa também aponta que a adoção de cultivares de trigo mais produtivas pode reduzir os impactos ambientais no campo, já que ação promove maior rendimento com menos recursos, como terra e água. O estudo ressalta ainda a importância de considerar outros fatores ambientais, como biodiversidade e saúde do solo. Futuros estudos que integrem esses aspectos poderão oferecer uma visão mais abrangente sobre a sustentabilidade da produção de trigo em regiões tropicais e subtropicais.
Foto: João Leonardo Pires
Sustentabilidade e perspectivas para a produção de trigo
No contexto mundial, os dados existentes indicam que a pegada de carbono na produção de trigo varia de 0,35 a 0,62 kg de CO₂ por kg de grãos, dependendo das condições climáticas e das práticas agrícolas de cada região tritícola. A média global está estimada em 0,59 kg de CO₂ para cada kg de grãos de trigo produzidos.
O Brasil apresenta uma posição favorável nesse contexto. Na média final, a pegada de carbono foi definida em 0,50 kg CO2 para cada kg de trigo produzido no Brasil, número inferior às registradas na China (0,55), na Itália (0,58) e na Índia (0,62). “Ainda podemos evoluir. O estudo indica que, com um conjunto de ajustes, nossos números podem nos aproximar de referências como Austrália e Alemanha, que possuem indicadores próximos a 0,35″, avalia Álvaro Dossa, analista da Embrapa Trigo (RS). De acordo com o artigo, nos cenários estudados, utilizando tecnologias já disponíveis, a pegada de carbono do trigo brasileiro pode ser reduzida em 38%.
Gráfico comparativo da pegada de carbono para produção de trigo: 1 kg CO2-eq para cada 1 kg de trigo produzido. Fonte: Embrapa Trigo 2025, com base na revisão de literatura.
Em escala mundial, existem registros de pegada de carbono divididos por continentes, com média estimada para a África (0,24), Ásia (0,68), Europa (0,33), América do Norte (0,42) e Oceania (0,29 mas com produção de trigo incipiente). O estudo apresentado pela Embrapa é o primeiro indicador para estimar a pegada de carbono na América do Sul.
Além da pegada de carbono, foram analisados os impactos do trigo e da farinha de trigo no uso da água, acidificação terrestre, eutrofização (marinha e em água doce) e toxicidade (humana e ecotoxicidade). “A produção de trigo no Brasil apresenta impactos superiores em categorias como acidificação do solo e toxicidade ecotóxica terrestre, devido às emissões de fertilizantes e pesticidas. No entanto, os resultados do estudo sugerem que, com o uso de cultivares mais eficientes e práticas sustentáveis, a produção brasileira pode se consolidar entre as mais sustentáveis do mundo”, avalia Marília Folegatti.
Em outras categorias ambientais, a produção brasileira apresenta vantagens em relação a outros países. O cultivo de trigo de sequeiro minimiza significativamente o consumo de água durante o crescimento do grão, reduzindo o impacto sobre os corpos hídricos. Contudo, a síntese de fertilizantes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) ainda exerce influência no consumo de água. “A crescente demanda por alimentos e fertilizantes está levando indústrias a investirem em soluções de tratamento e reuso de água, aliviando a pressão sobre os recursos hídricos”, explica Folegatti.
Para a pesquisadora da Embrapa Trigo (RS) Vanderlise Giongo, estudos sobre o impacto ambiental da produção de trigo são cada vez mais necessários num cenário de aquecimento global. “Precisamos identificar, avaliar e propor modelos de produção de trigo visando à redução de impactos ambientais, geração de renda e o estabelecimento de diretrizes para o cultivo de trigo de baixo carbono”, defende Vanderlise.
Indicadores para a produção de farinha de trigo
Foto: Diogo Zanatta
A parceria com a Moageira Irati permitiu aos pesquisadores fazer um recorte no estudo para avaliar a pegada de carbono na farinha de trigo produzida no Brasil. Foram avaliadas todas as etapas envolvidas no processo de produção da farinha, desde a lavoura (cultivo e manejo), passando pela logística de transporte e chegada na indústria (limpeza, secagem e armazenamento), até o processo de transformação dos grãos em farinha (umidificação e moagem).
A pegada de carbono na produção brasileira de farinha de trigo variou de 0,67 (a partir de grãos originados em grandes propriedades) a 0,80 (origem em pequenas propriedades). Número inferior as médias registradas na Espanha (0,89) e na Itália (0,95), por exemplo.
Um dos fatores competitivos do Brasil em relação aos países de clima temperado, está a maior incidência de luz solar, o que permite o aproveitamento de energia fotovoltaica, recurso natural renovável que pode ser utilizado em várias etapas na indústria.
De acordo com o empresário Marcelo Vosnika, diretor da Moageira Irati, a produção de alimentos com menor impacto ambiental é uma demanda ainda latente no consumidor, mas cada vez mais valorizada pelo mercado. “Estamos trabalhando para mostrar ao mundo como nosso modelo de produção de trigo está associado à uma agricultura resiliente e de baixo carbono. Para provar que a nossa farinha vem de uma produção sustentável, precisamos validar cientificamente os resultados deste projeto. Acredito que a iniciativa vai gerar boas oportunidades de negócios para todos os envolvidos na cadeia do trigo brasileiro”, afirma o diretor da Moageira Irati, Marcelo Vosnika.
A expectativa dos pesquisadores da Embrapa envolvidos no projeto é de que os resultados do ciclo de vida do trigo sejam utilizados para avaliar outros produtos a exemplo da farinha, como na cadeia de carnes e de energia. “A primeira etapa, que é a avaliação da pegada de carbono do trigo no campo, já está pronta e pode servir de base para diversas outras cadeias que utilizam o trigo no processo industrial”, avalia Vanderlise Giongo, destacando que o objetivo da pesquisa é promover alternativas para uma agricultura ambientalmente mais sustentável: “Esperamos que os resultados desse projeto possam orientar modelos de produção sustentável, desencadeando uma nova era para o trigo brasileiro”.
Foto: Luiz Magnante
Como foi feita a pesquisa
A pesquisa é um dos resultados do projeto “Indicadores e tecnologias ESG (environment, social and governance) na moagem de trigo paranaense”, iniciado em 2023, por meio da parceria da Embrapa Trigo (RS) com a Moageira Irati. O estudo acompanhou 61 produtores rurais no Sudeste do Paraná, durante a safra de trigo 2023/2024, quando foram avaliados diversos indicadores de sustentabilidade, verificando o impacto da emissão de carbono antes da porteira (fertilizantes, defensivos, sementes), durante o processo de produção (semeadura, tratos culturais, colheita e transporte) e na indústria (secagem, energia, resíduos). “Coletamos todas as informações sobre entradas e saídas de insumos e dos processos do sistema de produção para avaliar o ciclo de vida do trigo até a elaboração do produto final”, conta o analista da Embrapa Álvaro Dossa.
As propriedades participantes do projeto trabalham com trigo de sequeiro em sistema de rotação de culturas e plantio direto na palha há, aproximadamente, 30 anos. O estudo considerou fatores como o tamanho das propriedades, o tipo de fertilizantes utilizados e as cultivares, entre outros, relacionando com os potenciais impactos ambientais.
Com base nos dados, foi possível identificar dois tipos de produtores de trigo, em que o tamanho das propriedades era o principal fator de diferenciação. Assim, a pegada de carbono (quilo de CO2 para cada quilo de trigo produzido) chegou a 0,58 nas pequenas propriedades e a 0,47 nas grandes propriedades. “A segmentação permitiu melhor representar a realidade da produção de trigo e farinha da região do estudo, pois não seria correto o pequeno produtor, que representa a maioria, ser agrupado com produtores grandes, empresariais, já que isso pode alterar os resultados e possíveis recomendações futuras”, explica Dossa.
A metodologia utilizada na pesquisa do trigo brasileiro foi a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que permite verificar os impactos ambientais associados a todos os estágios do ciclo de vida de um produto. A ACV segue uma padronização internacional (ISO 14040 e ISO 14044) e considera também indicadores de pegada hídrica e potencial de aquecimento global.
Os técnicos do projeto Campo Futuro da CNA deram início, nesta semana, aos levantamentos de custos de produção da atividade agropecuária em 2025. Os painéis ocorreram de forma virtual e presencial no Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Espírito Santo, com produtores de cana-de-açúcar e café.
Cana – O primeiro painel de custos da safra2025/26 de cana-de-açúcar foi realizado na terça (8), no município de Cianorte (PR). Segundo relatos dos produtores, a propriedade modal é de 50 hectares, com expectativa de produtividade de cerca de 82 toneladas por hectare.
De acordo com a assessora técnica da CNA Eduarda Lee, a produtividade apontada é resultado de maiores investimentos em nutrição, apesar de os canaviais ainda poderem sentir os efeitos de adversidades climáticas do ciclo passado. Na região, a matéria-prima é totalmente destinada à produção de etanol.
Já na quarta (9), os custos foram levantados para a realidade de Barretos (SP), com modal de 100 hectares e expectativa de produtividade de 70 toneladas por hectare, valor abaixo do visto na safra passada em decorrência, principalmente, de incêndios que atingiram a região em 2024.
Os custos de Nova Alvorada do Sul (MS) foram coletados, na quinta (10). O modal da região é de 1.000 hectares, com expectativa de produção de 80 toneladas por hectare. Na sexta (11), foi a vez dos produtores de cana de Cambará (PR). No painel, foi definido um modal de 73 hectares e 75 t/ha de produtividade.
Eduarda Lee afirmou que foi observado incremento significativo do plantio mecanizado em parte das regiões estudadas, dada a escassez de mão de obra.
Café – Todos os painéis de café foram realizados entre terça (8) e quinta (10), no estado do Espírito Santo. Em Brejetuba, é estimada uma recuperação na produtividade, no entanto, houve uma leve redução nos resultados em comparação ao painel em 2024, o que se explica pela realização da recepa em 20% da área — prática que tem se tornado comum na região.
Em relação à mão de obra, 60% da área cafeeira continua sendo conduzida em regime de parceria, enquanto os 40% restantes, que se dividem entre área em produção e área recepada, são manejadas com mão de obra familiar.
Quanto aos custos, foi verificado um aumento de 33,7% no Custo Operacional Efetivo (COE) por saca, em relação ao painel anterior. Esse acréscimo foi impulsionado principalmente pelos aumentos nos custos com corretivos (10,1%), fertilizantes (15,3%) e mão de obra (50,1%). Este último está diretamente ligado ao modelo de parceria adotado, cuja elevação é justificada pela valorização de 86,8% no preço do café em comparação ao levantamento anterior.
Em Cachoeiro do Itapemirim, a produtividade apresentou leve melhora, influenciada por condições climáticas mais favoráveis no quadriênio analisado, substituindo a fraca safra de 2021. Os impactos negativos da escassez de chuvas foram parcialmente mitigados pelo uso de irrigação. O principal fator de aumento de custos foi o modelo de parceria, no qual o parceiro recebe 40% da produção.
Apesar das margens líquidas positivas, a inclusão dos custos de oportunidade, especialmente a remuneração da terra, equivalente a 15% da produção, resultou em prejuízo na análise econômica completa. O COE por saca teve um aumento de 47,6%, com destaque para os custos com mão de obra (64,5%), fertilizantes (59,0%) e corretivos (45,1%). A Receita Bruta foi 64,5% superior em relação ao levantamento de 2024.
Por fim, no painel de Jaguaré foi observada uma melhora significativa nos preços de comercialização da safra atual. Houve redução no uso de CPRs como ferramenta de antecipação de caixa. O COE apresentou elevação de 22,6%, impulsionada por aumentos nos custos com mecanização (7,9%), mão de obra (28,9%), corretivos (66,7%) e fertilizantes (34,3%). A Receita Bruta registrou aumento expressivo de 53,3%.
Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou no Diário Oficial da União, de sexta-feira (11), as Portarias nº 28 a nº 66 para atualização do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) da cultura do feijão comum. O estudo abrange o cultivo de sequeiro e irrigado e indica os melhores períodos e locais para o estabelecimento de lavouras de feijão no Brasil, conforme estimativas de níveis de risco de perda associada ao clima.
As recomendações do Zarc sobre as melhores época de plantio embasam o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e o Programa de Subvenção ao prêmio do Seguro Rural (PSR). O zoneamento também é uma ferramenta de consulta para o planejamento das lavouras, utilizada por técnicos e assessores rurais, agricultores e operadores financeiros de linhas de crédito.
O feijão foi uma das primeiras culturas do País a integrar o Zarc, em meados da década de 1990. De lá para cá, o Zarc Feijão Comum vem sendo aprimorado periodicamente, partindo de técnicas agrometeorológicas e de geoprocessamento aplicadas às bases de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), assim como do sistema HidroWeb, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), além de redes estaduais de apoio mantidas por instituições ou empresas públicas.
Ao longo dos anos, o resultado trazido pelo Zarc Feijão Comum é a possibilidade de planejar o estabelecimento de lavouras em janelas de plantio mais propícias a uma boa colheita em determinada época e localidade, buscando diminuir os efeitos negativos de irregularidades na distribuição pluvial diante das necessidades de água para o desenvolvimento da planta de feijão. Isso significa que o Zarc Feijão Comum é uma avaliação de risco exclusivamente agroclimático, pois parte do pressuposto de que todas as demais necessidades da cultura serão atendidas pelo manejo agronômico.
Conforme explica o coordenador do estudo, o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão Alexandre Bryan Heinemann, o Zarc Feijão Comum foi realizado incorporando o modelo de processo CROPGRO-Drybean. Esse modelo integra dados diários climáticos, de solo e características de um genótipo de feijoeiro para estimar a produtividade em um determinado ano e data de semeadura. Dessa forma, agregaram-se melhorias no Zarc, como as fases do feijoeiro não são mais fixas, variam, ano a ano, conforme as condições climáticas. Além disso, utilizando esse modelo é possível selecionar diferentes produtividades esperadas de acordo com o nível de manejo, por exemplo, para irrigado e sequeiro.
Ainda segundo Alexandre Bryan, nos resultados, foram feitas sugestões de instituições parceiras que participaram das reuniões de validação do Zarc do feijoeiro. “Apesar dessas reuniões de validação com as instituições parceiras não serem uma novidade no Zarc Feijão Comum, essa iniciativa permitiu conferir ajuste fino aos resultados do Zarc nos ambientes de produção”, explica o pesquisador.
Os períodos de semeadura do Zarc Feijão Comum podem ser consultados de duas maneiras. Por meio da plataforma “Painel de Indicação de Riscos”, no site do Mapa ou pelo aplicativo Zarc Plantio Certo, para acesso pelos sistemas operacionais Android e iOS, de forma gratuita.
Um estudo, feito a partir da análise de prontuários médicos e documentação clínica de pacientes de Barra do Garças, investigou danos oculares causados pela toxoplasmose. O trabalho, publicado na “Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene”, aponta que a falta de diretrizes que permitam a notificação dos casos, ignora seus efeitos e impede o atendimento clínico personalizado e a criação de diretrizes nacionais para o gerenciamento da doença.
Segundo os autores, o estudo foi motivado por relatos de médicos oftalmologistas que trabalham na região estudada sobre a incidência de consequências oculares em pacientes que até então não havia sido testado como portadores de anticorpos para o protozoário da toxoplasmose, indicando alguma deficiência de diagnostico anterior e a dificuldade em encontrar dados epidemiológicos sobre a incidência de consequências oculares em pacientes com anticorpos para o protozoário da toxoplasmose, indicando que notificação das consequências oculares não é um critério que abrange a notificação compulsória.
Ainda segundo os autores, a toxoplasmose não está incluída no grupo de Doenças Tropicais Negligenciadas, mas existem dados, que citam fatores da vulnerabilidade social como risco para sua maior incidência. “Ademais, o Ministério da Saúde articula desde 2015, uma vigilância integrada a secretarias e outras instituições, da toxoplasmose gestacional, congênita e adquirida em surtos. Os casos isolados da doença não são de notificação compulsória“, apontam.
O estudo, realizado entre março de 2020 e março de 2023, contou com a análise de prontuários de 850 pacientes. Deste total, 72 apresentaram lesões oculares compatíveis às causadas pela toxoplasmose e 64, após exames, tiveram o quadro confirmado.
“Considerou-se a região altamente endêmica porque os resultados de nosso trabalho comparado ao número obtido por notificação compulsória na região estudada esteve consideravelmente maior, mas é importante deixar claro, que a comparação foi feita para os casos congênitos e gestacionais, se houvesse registros anteriores de dados de acomentimento ocular na mesma região ou mesmo uma registro a nível nacional a comparação seria mais apropriada. E isso reforça a originalidade do estudo”, explicam os autores.
A conclusão do trabalho aponta que descobertas realizadas são obscuredias pelas diretrizes nacionais. Os autores explicam que isso acontece porque a legislação atual de notificação e agravos do Sistema Único de Saúde (SUS), contempla os casos congênitos e gestacionais da toxoplasmose adquirida em surtos e não engloba o registro de consequências oculares, dificultando o acesso informação epidemiológica no contexto oftalmológico da doença.
O artigo foi escrito pela pesquisadora Ana Paula Salamoni, como resultado do seu mestrado, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Básica e Aplicada da UFMT, Câmpus do Araguaia, sob orientação da professora Fernanda Regina Casagrande Giachini Vitorino. Também assinam o artigo o professor Alecsander F Bressan e a pesquisadora Kelly Clair de Moura da Costa, doutoranda em Ciências Biológicas na Universidade Federal de Goiás (UFG).
O bioma Cerrado é o foco de estudos para abordar a sazonalidade climática no Brasil. Abordando insetos aquáticos, os estudiosos abordaram a relação entre sazonalidade climática e diversidade de insetos aquáticos. Pela Universidade Federal de Mato Grosso participaram do estudo os professores Leandro Schlemmer Brasil, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e Laboratório de Ecologia e Conservação de Ecossistemas Aquáticos (Lacea). Pelo mesmo laboratório está no artigo Dilmermando Pereira Lima-Junior.
O estudo “Climatic seasonality of the Cerrado and aquatic insect communities: a systematic review with meta-analysis” analisa aspectos da variação entre estações chuvosas e secas no que se trata da diversidade e abundância de organismos como a influência da sazonalidade climática no Cerrado nas comunidades de insetos aquáticos. A base para o artigo está em artigos das bases Scopus e Web of Science que tratam da distribuição espacial dos associados à variação sazonal das comunidades de insetos aquáticos. A importância do estudo está no preenchimento de lacunas científicas no que diz respeito a falta de estudos abrangentes sobre a sazonalidade dos insetos aquáticos no Cerrado.
De acordo com o professor Leandro Schlemmer Brasil, o primeiro desafio do estudo é a necessidade de estudos de longa duração. “Para compreender como a sazonalidade climática influencia os insetos aquáticos, é fundamental realizar coletas em ambas as estações – seca e chuvosa – ao longo de vários anos. No mínimo, seriam necessários três anos de monitoramento, mas o ideal seriam estudos que se estendessem por décadas. Isso ocorre porque as condições climáticas variam de um ano para o outro, e apenas com múltiplas repetições ao longo do tempo é possível identificar padrões robustos e confiáveis”, destaca o professor apontando que outro desafio é a limitação de financiamento para pesquisas de longa duração, principalmente por agências estaduais.
Pesquisa mostra insetos indicam dificuldades no fluxo de água
O professor Leandro Schlemmer Brasil explica que o principal desdobramento prático deste estudo é a geração de um produto técnico voltado para órgãos ambientais estaduais e federais, assim como o Ministério Público. “Com base nos resultados, esses órgãos terão uma base científica mais sólida para orientar estudos de impacto ambiental (EIA) e relatórios de impacto ambiental (RIMA), utilizando insetos aquáticos como bioindicadores. Isso é fundamental, pois qualquer empreendimento com potencial de causar danos ambientais precisa dessas análises, e nosso estudo aponta com precisão qual a melhor época para realizá-las no Cerrado, garantindo avaliações mais eficazes e representativas”, explica o docente.
Os principais resultados estão em demonstrar que a riqueza e abundância de insetos aquáticos foram significativamente maiores durante a estação seca, pela maior estabilidade das condições ambientais, menor fluxo de água e maior disponibilidade de folhas nos riachos. Além da forte influência da estação seca, o estudo também tem como resultado o aumento da seca extrema pode transformar riachos perenes em intermitentes, levando à homogeneização das comunidades de insetos aquáticos e reduzindo sua capacidade de prestar serviços ecossistêmicos, como o controle biológico e a decomposição da matéria orgânica.
“Com o aumento das ondas de calor e a intensificação das secas, muitos riachos do Cerrado, antes perenes, estão se tornando temporários, ou seja, deixam de ter água corrente o ano todo. Essa mudança compromete serviços ecossistêmicos essenciais, como a decomposição da matéria orgânica e o controle de insetos transmissores de doenças – ambos desempenhados por insetos aquáticos. Além disso, essa transformação aumenta as incertezas sobre a segurança hídrica na região, o que pode afetar diretamente o desenvolvimento sustentável do bioma, analisa o professor.
O estudo é importante para mostrar a importância dos insetos aquáticos como bioindicadores da qualidade da água e da integridade ecológica dos riachos. Além do monitoramento ambiental é um estudo importante para abordar os impactos das mudanças climáticas pelo aumento de eventos climáticos extremos pode afetar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos dos riachos do Cerrado. A expectativa do Lacea é que os achados possam orientar políticas públicas e estratégias de conservação para proteger os ecossistemas aquáticos do Cerrado diante das ameaças climáticas e do uso da terra.
O Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Planejamento Energético (NIEPE) da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) finalizou o projeto “Tropicalização do produto Enogen para a produção de etanol e DDG no Brasil”. O estudo avaliou a viabilidade da produção de biocombustível e alimentos a partir do milho Enogen, uma variedade rica em alfa-amilase desenvolvida pela Syngenta nos Estados Unidos.
O projeto foi financiado pela Syngenta, com a interveniência administrativo-financeira da Fundação Uniselva, e coordenado pelo engenheiro Ivo Leandro Dorileo, pesquisador associado do NIEPE. Também teve participação do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob coordenação da engenheira Bruna de Souza Moraes.
De acordo com Dorileo, o relatório final do estudo apontou as especificidades do cultivar em terras tropicais, considerando aspectos técnicos, econômicos, ambientais, energéticos e de mercado. Além dos avanços científicos, o projeto reforçou a importância da parceria entre universidades e setor privado, permitindo capacitação de pesquisadores e aquisição de equipamentos que modernizam as estruturas da Faculdade de Economia da UFMT.
A pesquisa contou com a participação de diversos especialistas, incluindo Leonardo Gomes de Vasconcelos (Instituto de Química), Eduardo Beraldo de Morais (Engenharia Sanitária e Ambiental) e Margarete Nunes (NIEPE). O discente Bruno Dantas Muniz, do Instituto de Química, também colaborou por meio da Central Analítica do Laboratório de Pesquisas em Química de Produtos Naturais e Novas Metodologias Sintéticas em Química Orgânica. Pelo NIPE, contribuíram os pesquisadores Mauro Berni, Paulo Manduca e Rubens Lamparelli.
Com os resultados obtidos, o estudo abre caminho para novas pesquisas e potenciais investimentos na produção de etanol e DDG no Brasil, destacando-se como uma referência na busca por soluções inovadoras e sustentáveis para o setor agroenergético.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou um estudo na quarta-feira (19) sobre os impactos do Convênio ICMS nº 26/2021 nos preços dos fertilizantes em todo o país. O levantamento, elaborado pela E2+ Consultoria a pedido da entidade, revela que a mudança na tributação estadual elevou os custos dos produtores rurais em R$ 11,74 bilhões desde o início da vigência da medida.
O convênio, que revogou a manutenção de créditos referentes ao imposto, estabeleceu alíquotas graduais até 2025, promovendo um aumento significativo nos custos de insumos agrícolas. De acordo com o economista Fábio Moraes, responsável pelo estudo, os estados mais impactados foram Mato Grosso, com um custo adicional de R$ 2,61 bilhões para os produtores, seguido pelo Paraná (R$ 1,32 bilhão) e Rio Grande do Sul (R$ 1,23 bilhão).
Apesar do encarecimento da produção, Moraes destaca que a medida não gerou aumento na produção nacional de fertilizantes, um dos objetivos alegados para sua implementação. O coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, reforça que, além de prejudicar os produtores, a medida também afeta as contas públicas estaduais. A partir de 2025, a alíquota de 4% sobre fertilizantes exigirá que os créditos de ICMS relativos aos fretes desses produtos sejam concedidos integralmente, sem possibilidade de estorno proporcional, o que pode comprometer a arrecadação dos estados.
A CNA defende que, após o prazo de vigência do convênio, em 31 de dezembro de 2025, o dispositivo seja revogado pelos estados e pelo Distrito Federal, garantindo maior segurança jurídica ao setor. O estudo será apresentado às Federações Estaduais de Agricultura e Pecuária para reforçar a necessidade de ajustes na tributação dos insumos agrícolas.
A reunião contou com a participação de representantes da CNA, da E2+ Consultoria e das Secretarias de Fazenda dos estados e do Distrito Federal que compõem o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).