Tag: ENSINO

  • Inovação: Prefeitura de Lucas do Rio Verde implanta sistema de ensino apostilado na rede municipal

    Inovação: Prefeitura de Lucas do Rio Verde implanta sistema de ensino apostilado na rede municipal

    A Prefeitura de Lucas do Rio Verde deu mais um passo em direção à inovação educacional ao implantar, já neste ano letivo (2025), o Sistema de Ensino Estruturado (apostilado) SIM/FTD, na rede municipal de ensino. Com foco em inovação e qualidade, o sistema abrange desde os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) até os anos finais (6º ao 9º ano), consolidando um modelo educacional moderno, unificado e eficiente.

    O novo sistema trará materiais didáticos pedagógicos completos para alunos e professores, além de recursos complementares como: consultoria educacional; formação continuada para docentes e gestores e ambiente educacional digital, com conteúdos inovadores e aceleradores de aprendizagem.

    A iniciativa integra o plano de governo da atual gestão e reforça o compromisso de preparar os estudantes para os desafios atuais. Para o prefeito Miguel Vaz, o ensino público deve ser sinônimo de qualidade, comparável às redes privadas. “Nosso compromisso é garantir que a educação pública em Lucas do Rio Verde continue sendo referência, onde os pais tenham plena confiança em deixar seus filhos. Crianças bem-educadas hoje serão cidadãos preparados para o amanhã. Por isso, investimos em ações, inovações e oportunidades que não só cuidem delas agora, mas também as incentivem a construir seu futuro aqui no município”, ressaltou o prefeito.

    As equipes gestoras da rede municipal terão uma capacitação para o novo sistema no dia 22 de janeiro, no Paço Municipal.  No dia 23, será a vez dos professores do ensino fundamental, dos anos iniciais e finais, se capacitarem. Os materias serão entregues aos alunos e professores no início do ano letivo.

    A secretária de Educação, Elaine Lovatel ressaltou que a implantação do novo sistema de ensino é um marco para a educação da rede municipal. “Após anos de muitos avanços chegou-se a um momento em que as equipes gestoras das unidades escolares, analisando os resultados pedagógicos dos alunos, apontaram a necessidade de adotar um material estruturado, que garante que todo aluno tenha seu próprio livro, que é a apostila. Foi realizado um estudo detalhado e um processo licitatório, vencido pela renomada FTD, uma empresa com mais de 120 anos no Brasil. Além das apostilas, o sistema inclui formação continuada para os professores e gestores, livros, materiais complementares e acesso a um portal com conteúdos digitais. Esse é um marco na educação, um novo ciclo que eleva o patamar de ensino para os alunos e para os profissionais da Educação”, enfatizou a secretária.

    Resultados que inspiram

    Em 2024, a Educação de Lucas do Rio Verde celebrou conquistas notáveis no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O município alcançou a nota 6,7 nos anos iniciais do ensino fundamental, conquistando o primeiro lugar em Mato Grosso, ao lado de outros quatro municípios. Além disso, quatro escolas municipais figuraram entre as 10 melhores do estado.

    Com a implementação do Sistema de Ensino Estruturado SIM/FTD, Lucas do Rio Verde reafirma seu compromisso com uma educação transformadora e de qualidade, posicionando-se como referência. Esse é mais um passo para garantir que a educação municipal continue a formar cidadãos preparados para construir um presente e um futuro promissor.

  • Ensino de cultura afro é obrigatório há 22 anos, mas requer avanços

    Ensino de cultura afro é obrigatório há 22 anos, mas requer avanços

    Nos cadernos e livros das crianças, a maioria dos heróis brasileiros, dos escritores, das histórias revolucionárias de estrangeiros e de descobertas é de personagens brancos. “Isso é muito ruim para a gente. Nossas crianças e jovens da comunidade são pessoas pretas que precisam reconhecer nossas histórias e heróis”, diz a agricultora Rose Meire Silva, de 46 anos, liderança da comunidade quilombola Rio dos Macacos, em Simões Filho (BA).

    Mesmo analfabeta, Rose passou a se informar sobre a Lei 10.639 que, há exatos 22 anos, tornou obrigatório o ensino de cultura afro-brasileira nas escolas brasileiras. Por isso, resolveu peregrinar pelas escolas “vizinhas” à comunidade para cobrar que o currículo seja inclusivo. Atualmente, as crianças andam pelo menos 14 quilômetros para chegar às escolas. “Elas andam tudo isso e, às vezes, ficam decepcionadas com o que ouvem em sala de aula. Tem professores que nem tocam nas temáticas dos negros e muito menos de quilombolas. Falam para ‘deixar quieto’”, lamenta.

    Confira aqui o que diz a lei.

    Busca de direitos

    Pesquisadora em educação e direitos humanos, a professora brasiliense Gina Vieira, que defende o ensino antirracista, reforça que exigir os direitos, como é o caso da liderança quilombola, não tem relação com caridade ou concessão, mas com a busca por direitos. “Os professores devem se pautar pela promoção do que está na Constituição, como a diversidade e celebração da identidade brasileira”. Para ela, se uma escola não está aplicando a lei, precisa ser cobrada.

    A professora Luiza Mandela, também pesquisadora e idealizadora de cursos de educação para a diversidade étnico-racial, no Rio de Janeiro, considera que a lei se tornou um respaldo para quem trabalha em sala de aula com esses temas da cultura afro-brasileira. “Isso não deixa de ser um avanço”, afirma.

    Motivos para celebrar

    A pesquisadora diz que há razões para comemorar os 22 anos da lei, já que possibilitou iniciativas positivas nas estruturas educacionais e o interesse de professores na busca de informações sobre a temática. “Nós tivemos avanços como produções intelectuais negras voltadas para a temática étnico-racial”, diz.

    Conforme Gina Vieira, é importante celebrar mais de duas décadas de legislação, resultado de luta histórica do movimento negro que deve ser vista por diferentes perspectivas. Uma delas é ética. “É errado negar aos estudantes a possibilidade de uma formação humana integral e diversa”. Para ela, o currículo, o material didático e a organização do trabalho pedagógico sempre foram orientados no país por uma perspectiva branca que tornou subalternas todas as outras culturas.

    Ela entende ainda que, pela primeira vez, de maneira contundente na escola, há uma celebração da estética negra, incluindo a de corpos negros e representações sobre o cabelo crespo. “Então, eu acredito que há muito a comemorar”.

    Aperfeiçoamento

    No entanto, as pesquisadoras defendem que a legislação e a aplicação precisam ser aperfeiçoadas. “A legislação também pode ser aperfeiçoada com relação à fiscalização do cumprimento dessa lei”, afirma Luiza Mandela. Gina Vieira acrescenta que a aplicação de uma lei envolve mudanças estruturais e políticas públicas, incluindo as mudanças do currículo, do material didático e da forma como os professores são formados nos programas de pós-graduação.

    As professoras veem, por um lado, que faltam disciplinas obrigatórias para os cursos de licenciatura se aprofundarem nesses temas. Por outro, pode ainda haver resistência de profissionais do ensino público e privado. “Para melhorar a formação docente, é necessário realmente ter uma lei que determine a obrigatoriedade dessas temáticas em todos os cursos”, diz Luiz Mandela.

    Repertório

    O tema, aliás, tem sido cobrado a quem ingressa no ensino superior nos vestibulares, inclusive na última edição do Exame Nacional do Ensino Médio – “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.  “Isso levou todo mundo a falar sobre o assunto. A gente até se pergunta como é que escreveram os estudantes das escolas que não estão aplicando a lei. Eles tiveram repertório para fazer a redação?”, questionou Gina Vieira.

    Ela entende que iniciativas como essa do Enem são pertinentes e relevantes. Mas, por outro prisma, segundo Gina, não deve ser debatido apenas para que os alunos sejam capazes de fazer uma redação ou responder a uma questão, mas para que, de fato, seja promovido outro olhar sobre o mundo.

    Oo professor de sociologia pernambucano Claudio Valente, que coordena projeto educacional na comunidade do Ibura, considera que a escola tem papel fundamental na socialização do indivíduo. “Não tem como falar de Brasil e não tocar nos temas de cultura afro-brasileira. Por isso, essa lei é muito importante. Mas é preciso que haja fiscalização sobre a aplicação nos currículos”.

    Pesquisa divulgada em 2023 pelo Instituto Alana e Geledés Instituto da Mulher Negra identificou que sete em cada dez secretarias municipais de Educação não realizavam nenhuma ação ou desenvolviam poucas ações para implementação do ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas.

    Política nacional

    Em nota à Agência Brasil, o Ministério da Educação defendeu que houve, nesses 22 anos da Lei 10.639, avanços significativos. Citou, entre eles, o lançamento, em maio do ano passado, da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ). “Outro marco importante foi a instituição do feriado nacional de 20 de novembro, em homenagem à Consciência Negra e a Zumbi dos Palmares”.

    A assessoria de comunicação do ministério lembrou que, do ponto de vista pedagógico, proporcionou a possibilidade de reorientar materiais didáticos, literários e instrucionais para uma perspectiva de superação da discriminação racial e valorização das aprendizagens.

    Outra consideração feita pelo governo é que, pela primeira vez em 21 anos, o MEC realizou pesquisa que apresenta dados sobre a implementação da educação para as relações étnico-raciais e da educação escolar quilombola. “Esse monitoramento contou com a participação de todas as secretarias estaduais de Educação e obteve 97,8% de adesão, com o questionário aplicado entre março e julho de 2024”.

    A iniciativa faz parte da política nacional e pretende, a partir dos resultados, implementar ações e programas voltados à superação das desigualdades étnico-raciais e do racismo nos ambientes de ensino. “Além disso, a política visa a formar profissionais para a gestão e a docência em educação para as relações étnico-raciais e educação escolar quilombola, consolidando um compromisso com a equidade e a diversidade no âmbito educacional”.

  • Seduc amplia prazo para entrega de documentos de matrícula na Rede Estadual do Mato Grosso

    Seduc amplia prazo para entrega de documentos de matrícula na Rede Estadual do Mato Grosso

    A Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc) publicou a portaria nº 792/2024 que altera o cronograma de apresentação e forma de envio da documentação para confirmação de matrículas na Rede Estadual de ensino.

    Antes, a apresentação da documentação estava prevista para o período de 06 de dezembro a 10 de janeiro de 2025. Agora, o novo prazo estabelecido para apresentação ou envio (upload) da documentação será de 16 de dezembro de 2024 a 03 de janeiro de 2025.

    Pais ou responsáveis poderão fazê-la presencialmente nas unidades escolares, durante seu horário de funcionamento, ou inserindo digitalmente no portal da matrícula – clique aqui para acessar.

    O envio de documentos é a etapa seguinte à solicitação de matrícula, que foi feita entre 07 de outubro e 11 de novembro.

    Já as matrículas para as vagas remanescentes continuam na modalidade presencial e exclusivamente, de forma presencial, nas secretarias das escolas.

    É importante que os responsáveis estejam atentos a essa mudança, pois a matrícula presencial permite um contato direto com as equipes escolares, que podem esclarecer dúvidas e fornecer informações adicionais sobre o processo e as particularidades de cada escola.

    Na confirmação de matrícula, os estudantes maiores de 18 anos, ou os pais ou responsáveis legais por estudantes menores de idade, deverão assinar um Termo de Consentimento para Tratamento de Dados Pessoais. Este termo é uma exigência legal que busca proteger a privacidade dos estudantes e assegurar que seus dados serão utilizados de forma responsável e ética.

    A Seduc alerta que o sigilo acerca das informações pessoais é condição obrigatória para a efetivação da matrícula, reconhecendo a importância de manter a transparência e confiança entre as instituições de ensino e as famílias no que diz respeito ao manejo de informações pessoais sensíveis.

    Além disso, é uma oportunidade para os pais se informarem sobre como essas práticas de proteção de dados estão sendo implementadas nas escolas.

    Fonte: Seduc – Mato Grosso

  • Estudantes de Cuiabá Lançam 83 Livros em Projeto Escolar Inovador

    Estudantes de Cuiabá Lançam 83 Livros em Projeto Escolar Inovador

    83 estudantes do 8º ano da Escola Estadual Professora Eliane Digigov Santana, em Cuiabá, lançam seus livros do projeto “Da ideia ao Livro”, na próxima quinta-feira (12.12). A noite de autógrafos será às 19h, na unidade escolar. As obras literárias serão lançadas em formato e-book.

    O projeto nasceu no começo do ano letivo de 2024, pela professora de português, Gersyanne de Oliveira Paiva. Ela percebeu a dificuldade de alguns estudantes com a leitura e decidiu propor um projeto para a coordenação para potencializar as habilidades de cada aluno.

    “Desde o primeiro momento, trabalhamos projetos de leitura com os livros da biblioteca da escola, estimulando os alunos a ler, a escolher os gêneros literários e como começar a escrever um livro. Foi um ano de trabalho árduo para termos hoje 83 obras literárias de estudantes entre 13 e 15 anos. Todas as histórias estão lindas e cada uma com o seu jeitinho”, explicou a professora.

    O projeto abriu oportunidades para os estudantes terem convicção da sua futura profissão. Marco Antônio de Souza, de 14 anos, está decidido a ser lutador de karatê. No livro “Campeonato brasileiro de Karatê”, ele contou a sua história de superação para futuramente se tornar um campeão.

    “A leitura e a escrita mudaram a perspectiva da minha vida. Graças a nossa professora, aprendi a amar a leitura. Por causa do meu primeiro livro, agora quero contar outras histórias. A leitura e a escrita muda uma pessoa, a perspectiva do nosso futuro, o seu caráter, muda em várias áreas da sua vida”, completou Marco Antônio.

    Ivo Gabriel, de 14 anos, que tem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), disse que, mesmo tendo dificuldades com o neurodesenvolvimento, conseguiu escrever um livro com cerca de 30 páginas.

    “É uma superação para mim. O meu livro se chama ‘Colisão entre mundos’, onde a ideia era mostrar o meu mundo, com planetas desconhecidos. Nunca pensei que conseguiria virar escritor. Vou até dar autógrafos. Estou emocionado por conseguir tudo isso”, disse.

    Ivo Gabriel com seu livro 'Colisão entre mundos'.

    A aluna Isabele Dias, de 14 anos, destacou que superou problemas de saúde mental com a escrita do livro. “Eu estava depressiva e, quando a professora disse que a gente iria escrever um e-book, logo pensei que seria sobre a minha biografia. Mas imaginei que seria uma história triste. Depois, desenrolei uma história baseada em filmes que gosto e isso mudou completamente a minha vida. Até a minha respiração muda quando penso que sou uma escritora”, contou.

    A diretora pedagógica da unidade escolar, Kivia Botelho, contou que o projeto mudou até mesmo o comportamento dos alunos com os professores.

    “A leitura amadurece as pessoas, seja qual for a sua idade. Essa ideia da professora Gersyanne contribuiu muito com o processo de ensino e de aprendizagem. A nossa intenção é continuar com o projeto no próximo ano para atingir ainda mais crianças e jovens”, destacou.

    Integrante do programa Ensina Brasil, a professora Gersyanne apontou que, desde quando começou a sua carreira como professora de Língua Portuguesa, não havia se sentido tão realizada com o seu trabalho quanto agora.

    “O projeto mudou não só a vida dos meus alunos, mas mudou a minha vida também. Quando li cada um dos livros, me enchi de orgulho e de lágrimas. Agradeço pela escola ter aceitado a minha ideia. O objetivo era esse: ver estudantes do 8º ano que não se interessavam pela leitura e que agora ficam ansiosos pelo início da aula para poderem falar sobre a sua obra literária. Hoje, eles são outras crianças e futuramente serão pessoas muito melhores. Tenho certeza disso”, finalizou.

    Professora Gersyanne de Oliveira Paiva, idealizadora do projeto.

    Fonte: Seduc-MT

  • Escolas de Cuiabá ganham novas instalações e melhoram a qualidade do ensino

    Escolas de Cuiabá ganham novas instalações e melhoram a qualidade do ensino

    A comunidade escolar de Cuiabá celebrou na última sexta-feira (23) a inauguração da nova fase da Escola Estadual Padre Firmo Duarte Filho. Com um investimento de R$ 4,3 milhões, a unidade escolar, localizada no Jardim Industriário, passou por uma ampla reforma e ampliação, proporcionando um ambiente de ensino mais moderno e acolhedor para os alunos.

    A solenidade de inauguração contou com a presença de autoridades, professores, alunos e pais, que demonstraram grande entusiasmo com as melhorias. Jardel de Souza, morador do bairro Águas Claras e pai de uma aluna da escola, destacou a satisfação em ver a filha estudando em um ambiente tão bonito e bem equipado.

    “Quando fui olhar a quadra e passei pelos corredores, comecei a sentir uma emoção diferente. É um ambiente muito saudável”, afirmou Jardel.

    Melhorias significativas em Cuiabá

    cenario 12

    A reforma e ampliação da escola transformaram completamente a estrutura física da unidade. A escola, que antes contava com apenas oito salas de aula, agora possui 13 salas, além de um novo bloco educacional, refeitório, laboratório de ciências, biblioteca, quadra poliesportiva e outros espaços.

    As melhorias não se limitam à estrutura física. A escola também recebeu novos equipamentos e recursos pedagógicos, como computadores e laboratórios de informática, que contribuirão para um ensino mais dinâmico e eficiente.

    Impacto na comunidade

    A nova escola beneficiará diretamente cerca de 1.200 alunos, além de toda a comunidade escolar e os moradores dos bairros vizinhos. A presidente do bairro Residencial Marechal Rondon, Maurílio Márcio Pozo, destacou a importância da nova escola para a região.

    “Essa é a segunda escola que o governador Mauro Mendes inaugura para receber os alunos de pelo menos seis bairros dessa região. Minha filha de 12 anos estuda aqui e vive me contando sobre o computador que ela usa nas aulas. Melhorou muito o aprendizado dela”, disse Maurílio.

  • Nova lei retoma política nacional de educação em tempo integral

    Nova lei retoma política nacional de educação em tempo integral

    A criação do Programa Escola em Tempo Integral representa uma retomada da política nacional para ampliação de matrículas no ensino em tempo integral, segundo avaliam os especialistas ouvidos pela Agência Brasil. A lei que cria o programa será sancionada nesta quarta-feira (26) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    A nova legislação regulamenta o repasse de recursos e de assistência técnica da União para estados, Distrito Federal e municípios, visando ampliar o número de vagas nessa modalidade de ensino, que prevê uma jornada igual ou superior a 7 horas diárias, ou 35 horas semanais. Segundo o Ministério da Educação (MEC), serão investidos R$ 4 bilhões no programa, que tem a meta de criar, até o ano de 2026, 3,6 milhões de novas vagas, sendo 1 milhão de novas matrículas logo na primeira etapa.

    Retomada

    Para a diretora da Associação Cidade Escola Aprendiz, Natacha Costa, a lei representa a retomada de uma agenda nacional para escolas em tempo integral, uma vez que o programa sofreu uma redução a partir do governo de Michel Temer.

    “Temer transformou o Programa Mais Educação no Programa Novo Mais Educação, este com foco apenas em reforço escolar. Então, houve um reducionismo da concepção do programa. Além disso, o investimento caiu drasticamente. Bolsonaro extinguiu o programa. A iniciativa de ampliação da jornada no ensino médio [nesse período] foi tomada como agenda pelos estados com o apoio de institutos e fundações privadas”, destacou a especialista da organização que, há mais de 25 anos, atua na área da educação no Brasil.

    Segundo Natacha, a política de escolas em tempo integral ganhou dimensão nacional pela primeira vez em 2007, com a criação do Programa Mais Educação. Em 2014, o Plano Nacional de Educação (PNE) estabeleceu como meta que 50% das escolas do país devem oferecer ensino em tempo integral, com 25% dos alunos matriculados nessa modalidade até o final de 2024.

    Porém, entre 2015 e 2021, o percentual de alunos de escolas públicas em tempo integral caiu de 18,7% para 15,1% do total de matrículas, segundo levantamento da Campanha Nacional pelo Direito à Educação feito com dados do Censo Escolar do MEC. Com isso, o Brasil está a 10 pontos percentuais de atingir a meta do PNE.

    Recursos

    Para a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a política nacional de escola em tempo integral sofreu nos últimos anos devido à falta de investimentos.

    “Nesse período, a falta de investimentos e de um olhar para essa questão fez com que ou se paralisasse ou se caminhasse a passos muito curtos. Você também não teve um olhar para o financiamento de outras políticas, como da alimentação escolar e da reorganização do transporte. Isso gerou uma falta de estímulo e até um efeito paralisia porque os municípios e estados não tiveram recursos para arcar com todo esse custo”, destacou o presidente da Undime, Luiz Miguel Garcia, que também é dirigente municipal de educação do município de Sud Mennucci (SP).

    Garcia acrescentou que a criação do Programa Escola em Tempo Integral é importante, sendo fundamental que haja um ajuste no financiamento.

    “Esse é o elemento central. Nós temos aí todo um processo de capacitação, de estruturação de equipe, de pessoal e de proposta pedagógica. Mas tudo isso passa pela garantia do financiamento. Sem essa garantia, a gente não consegue avançar em nenhum desses outros pontos.”

    Os recursos já anunciados para a política de escola em tempo integral não devem ser suficientes, segundo avaliação do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo.

    “Se o Tribunal de Contas da União (TCU) fiscalizou e encontrou que mais da metade das escolas são inapropriadas, R$ 4 bilhões nos quatro anos do programa são suficientes para recuperar essas escolas?”, questionou o presidente do CNTE, para quem é preciso recuperar as escolas que existem e criar novas para o tempo integral.

    Heleno se referiu a fiscalização do TCU que concluiu que 57% das escolas públicas são inapropriadas.

    Araújo ponderou ainda que a nova legislação é importante e necessária, mas que falta uma base normativa mais sólida para sustentar programas como esse que, segundo ele, ficam à mercê do governo “de plantão”. Ele citou a ausência de uma lei para o sistema nacional de educação “que nós entendemos que deve articular as questões financeiras e técnicas entre os entes federados” e a ausência de leis locais para gestão democrática da educação brasileira. “São leis fundamentais para você articular os sistemas de ensino federal, estaduais, distrital e municipais”, opinou.

    Edição: Denise Griesinger

  • Professores creem que educação pública vai piorar nos próximos 10 anos

    Professores creem que educação pública vai piorar nos próximos 10 anos

    Levantamento feito pelo Instituto Casagrande com 5 mil docentes de todo o país apurou que 61,2% dos professores consultados acreditam que a educação pública vai piorar no Brasil na próxima década. Já 25,6% creem em melhoras, enquanto 9,2% afirmam que não haverá nenhuma mudança significativa no período. Os demais 4% não souberam responder ou não concluíram a pesquisa. Os professores responderam por meio do canal do instituto no Whatsapp.

    O presidente do instituto, Renato Casagrande, disse que em um mundo como o atual, com tantas mudanças, é muito pequeno o percentual dos docentes que acreditam em alguma alteração na educação pública no Brasil. “É sinal de que nós vivemos hoje uma crise de otimismo, de identidade, de perspectivas na educação brasileira. Isso nos entristece muito e nos preocupa”.

    O tema será debatido no 4º Congresso Internacional Um Novo Tempo na Educação, que será realizado em Curitiba, de 31 de maio a 2 de junho, com a participação dos maiores estudiosos e especialistas em educação do Brasil, psicólogos e agentes públicos ligados à área.

    A pesquisa qualitativa foi feita, inclusive, para subsidiar os palestrantes do congresso. “Os dados vão contribuir para que os grandes educadores possam fazer uma análise, principalmente de alguns temas que preocupam os professores e até justificam esse desânimo por parte dos nossos docentes”.

    Pós-pandemia

    No retorno às aulas presenciais, no pós-pandemia da covid-19, os docentes esperavam, a princípio, estar mais otimistas, porque tinham experimentado novas práticas no ensino remoto, tinham feito experiências novas, mas a escola não tinha mudado, disse Casagrande.

    “Eles voltaram para o mesmo prédio, a mesma estrutura física, que entrou em choque um pouco com a cabeça dos estudantes e professores, porque eles viveram outra metodologia, com mais liberdade e mais autonomia, e quando retornaram, encontraram a velha escola”, explicou. Ele lembra que se falou muito durante a pandemia em nova legislação, “mas nada mudou”.

    Os professores citaram na pesquisa que tiveram esse primeiro impacto da volta às escolas associado a um abalo emocional. Eles observaram os alunos mais angustiados, menos interessados pelas aulas. E confessaram que também voltaram menos empolgados. “Disseram que sentiram uma apatia, uma indisciplina por parte dos alunos e não se sentiram motivados ou mobilizados para lidar com esse sentimento de retorno”, disse Casagrande. Por isso, segundo o diretor, consideram que a escola, que já não estava boa, piorou.

    Outra questão sentida pelos docentes é que os novos professores não são mais vocacionados como os antigos e escolhem o magistério não por vocação, mas por uma oportunidade e por ser um curso mais barato. Para os docentes mais antigos, não há critério na seleção dos professores pelas escolas. E isso contamina o meio, disse Renato Casagrande.

    “Eles veem os novos professores entrando sem o preparo devido e sem, pelo menos, a motivação inicial”.

    Para os professores consultados, o sistema está contaminado, a escola está mais triste e despreparada para os novos tempos.

    Tecnologia

    O presidente do Instituto Casagrande acredita que as escolas não estão preparadas para uma mudança e têm muita dificuldade para lidar com as tecnologias básicas e ainda mais com as novas tecnologias, que incluem a inteligência artificial (IA) e o ChatGPT (assistente virtual inteligente). Os professores, ainda segundo Casagrande, acreditam que haverá um distanciamento maior entre os alunos de maior e menor renda ou das escolas privadas em relação aos alunos das escolas públicas. “Isso também desestimula os professores de ter uma visão mais otimista com relação ao futuro”.

    Esta semana, está sendo efetuada a segunda parte da pesquisa, quantitativa, que vai mensurar esse quadro de apatia demonstrado pelos professores brasileiros no pós-pandemia da covid-19 e o quanto os professores se sentem despreparados para lidar com as novas tecnologias.

    Na avaliação do ex-ministro da Educação Cristovam Buarque, o resultado do levantamento reflete as incertezas sobre os desafios atuais e a velocidade cada vez maior das mudanças nas áreas educacional e pedagógica. “Nos contatos que tenho com educadores, estamos percebendo a necessidade de captar as mudanças adiante, de acordo com a evolução da sociedade e as curvas que a história está fazendo. Para intervir sobre o futuro, é preciso primeiro compreendê-lo”, ressalta Cristovam Buarque. O ex-ministro é um dos conferencistas confirmados no 4º Congresso Internacional Um Novo Tempo na Educação.

    Ao final do congresso, será elaborada uma carta a ser encaminhada ao ministro da Educação, Camilo Santana.

    Edição: Fernando Fraga

  • Audiência pública no STF debate criação de cursos de medicina

    Audiência pública no STF debate criação de cursos de medicina

    O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu ontem, segunda-feira (17) a audiência pública para debater a exigência de chamamento público para a autorização do funcionamento de novos cursos de medicina.

    O ministro é relator de uma ação declaratória de constitucionalidade (ADO) e de uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) sobre o tema, abertas pela Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), que defende a exigência do chamamento público, e pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), para quem a medida favorece grandes grupos e fere a autonomia universitária.

    O chamamento público é feito pela administração pública para executar atividades ou projetos que tenham interesse público. No caso dos cursos de medicina, a imposição do procedimento para autorizar a abertura está previsto na Lei do Mais Médicos (Lei 12.871/2013).

    Conforme a lei, a exigência do chamamento permite que o Ministério da Educação, por exemplo, pré-selecione os municípios onde autorizará novos cursos de medicina, bem como que imponha critérios para seu funcionamento.

    Gilmar Mendes disse que a audiência deverá fornecer “subsídios técnicos e fáticos” que ajudarão o Supremo a decidir sobre a controvérsia. Ele enumerou os quatro pontos principais que espera serem abordados no evento: como é a oferta de médicos no Brasil, sua evolução e distribuição no território nacional; quais são os recursos essenciais para o funcionamento de cursos de graduação em medicina; qual o impacto das políticas públicas, especialmente do requisito prévio de chamamento publica; qual a dinâmica de mercado de cursos de medicina e barreiras à entrada; e a atuação da AGU no barramento de liminares.

    Novos cursos

    De acordo com dados oficiais, desde que a exigência do chamamento público foi sancionada, em 2013, foram autorizados a funcionar 160 novos cursos de graduação em medicina, com a criação de 16.500 novas vagas.

    Em 2018, o MEC decidiu suspender por 5 anos os chamamentos. De acordo com o ministro da Educação, Victor Godoy, a medida foi tomada para que se pudesse avaliar o sucesso da nova política pública.

    A suspensão se encerra em abril de 2023 e Godoy disse que o MEC criou, em abril, um grupo de trabalho para elaborar os regulamentos de novos chamamentos públicos para os cursos de medicina. Ele disse ver os chamamentos como essenciais para que o governo possa “direcionar os esforços, de maneira mais equânime, não só nas capitais do país, mas no seu interior”.

    O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também defendeu a exigência dos chamamentos públicos para que se possa autorizar a criação de novos cursos de medicina no país. Ele criticou a abertura de graduações na área de forma indiscriminada, e disse que a exigência do procedimento permite também “fechar as escolas que não formam adequadamente os médicos que a sociedade brasileira precisa”.

    Ambos os ministros se disseram preocupados com as crescentes ondas de liminares (decisões provisórias) autorizando a criação de novos cursos de medicina, afastando a exigência legal do chamamento público.

    “Só nos últimos 6 meses, o MEC respondeu a 145 ações judiciais, com 65 decisões para cumprimento”, disse Godoy, acrescentando que “de modo geral, os cursos novos autorizados unicamente por decisão judicial possuem qualidade inferior”.

    Falta de estrutura

    Uma das principais preocupações de quem é a favor do chamamento público para que se possam criar cursos de medicina é que haja uma estrutura hospitalar que permita a prática médica dos estudantes antes que se formem.

    “Se não há campo de prática, se não há estrutura pública, nós não podemos ter entrada de novos cursos. Isso é requisito de qualidade, e qualidade é a única coisa que pretendemos obter aqui quando pedimos uma liminar”, disse Elizabeth Guedes, presidente da Anup.

    Liminares

    Durante a audiência, a presidente da Anup, Elizabeth Guedes, criticou a abertura de novos cursos de medicina por meio de liminares. Segundo a presidente, a medida trouxe insegurança jurídica para o setor.

    A presidente também afirmou que 54% das 5,8 mil instituições de ensino superior tem até 500 alunos e são consideradas faculdades de pequeno porte.

    “A concentração [de mercado] não ocorre nos cursos de medicina. Os grandes são grandes porque lograram planos de trabalho, planejamento estratégico e competência para sobreviver num mercado concorrencial crescendo, e não decrescendo”, afirmou.

    Formação

    O médico Raul Cutait disse que a autorização de novos cursos de medicina deve estar acompanhada da formação dos médicos e dos professores.

    “O médico deve estar preparado para cumprir o juramento, que é fazer bem ao seu paciente. Para isso, ele precisa ser preparado. Ser médico é complexo, porque ao longo de sua vida ele precisa desenvolver uma série de competências”, disse.

    A médica e professora da Universidade de São Paulo (USP) Ludmilla Hajjar afirmou que o funcionamento das faculdades de medicina deve ser avaliada em vários aspectos, como estrutura, qualificação da equipe médica, existência de hospital próprio e programa de residência médica.

    “Nós precisamos priorizar a abertura de escolas que tenham hospitais, programa de residência e pós-graduação. O mais importante é que a gente consiga avaliar a escola e o aluno”, explicou.

  • BNDES vai fortalecer atuação na educação

    BNDES vai fortalecer atuação na educação

    O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quer fortalecer a atuação em educação no Brasil. Hoje (16), o banco apresentou a jornalistas as ações que estão sendo implementadas no país. Até julho, o BNDES lançará uma página no site do banco reunindo as informações sobre as iniciativas em educação.

    As ações apresentadas preveem o aporte de mais de R$ 200 milhões em iniciativas voltadas tanto para a educação básica, etapa que vai da educação infantil ao ensino médio, quanto para a qualificação profissional. As ações preveem também a participação de parceiros da iniciativa privada, que poderão fazer investimentos.

    “A educação é fundamental, tanto do ponto de vista econômico quanto social, para a formação de cidadãos plenos, que possam desenvolver todas as suas aspirações na vida. É superimportante também no aspecto econômico, para a qualificação e geração de produtividade, empreendedorismo e desenvolvimento econômico do país”, disse o chefe do Departamento de Educação e Investimentos Sociais do BNDES, Conrado Leiras Matos.

    Entre as iniciativas está o Saneamento nas Escolas – Piloto Marajó/PA. A intenção é que sejam beneficiadas com tecnologias de saneamento 460 escolas municipais que atendem a 13 mil estudantes. A intenção é que a iniciativa piloto possa servir de exemplo para uma política pública nacional. Para essa iniciativa estão previstos R$ 20 milhões do BNDES e mais R$ 28 milhões de parceiros, a serem captados. As inscrições para participar no projeto estão abertas.

    Outro projeto é o Fundo Socioambiental, uma chamada permanente tanto para projetos que contribuam para a melhoria da qualidade nas redes públicas de ensino quanto para a geração de renda de populações vulneráveis. Os eixos de ação na educação básica são o fortalecimento do processo pedagógico, a gestão e o uso pedagógico da tecnologia. A prioridade é que o projeto atenda a regiões vulneráveis e chegue a 4 milhões de estudantes. O orçamento previsto para este ano é de R$ 80 milhões do BNDES, mais R$ 80 milhões de parceiros.

    No que diz respeito a inclusão produtiva, a intenção do Fundo Socioambiental é estruturar cooperativas e associações produtivas e fomentar o empreendedorismo. O orçamento para este ano é de R$ 40 milhões do BNDES, além de R$ 40 milhões de parceiros.

    Conrado Matos ressaltou a importância dos parceiros para a execução dos projetos. Os recursos privados podem ampliar a abrangência das ações e, além disso, o banco reúne recursos de várias instituições em uma ação mais direcionada e que, com aportes conjuntos pode ter impacto maior, reforçando a responsabilidade social das empresas.

    “O que se busca com essa parceria é que a instituição privada, que tenha responsabilidade social que tenha investimento colocado em educação”, disse. “Pode induzir que [o investimento] seja feito em educação e de forma qualificada, que seja transformadora”, acrescentou.

    Neste ano, o BNDES completa 70 anos. O banco é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo e, hoje, é o principal instrumento do governo federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira.

  • Especialistas discutem perspectivas para retomada de aulas presenciais

    Especialistas discutem perspectivas para retomada de aulas presenciais

    A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, disse hoje (24) que é impossível prever, com algum grau de segurança, quando as escolas e faculdades do Brasil poderão retomar as aulas presenciais.

    Ao participar de seminário virtual realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), a presidente do órgão responsável por formular e avaliar a política nacional setorial e assessorar o Ministério da Educação, disse que o aumento do número de casos da covid-19 e o consequente agravamento da crise sanitária em todo o país frustrou a expectativa inicial dos especialistas.

    “As orientações e normas que o CNE aprovou durante 2020 sinalizavam para uma situação muito diferente da atual. Nossa expectativa era iniciar 2021 com uma situação mais tranquila, com as escolas se preparando para retomar as atividades presenciais, mas não é isto o que está acontecendo”, disse Maria Helena, lembrando que colégios que anunciaram uma retomada gradual das atividades presenciais tiveram que voltar atrás, enquanto instituições de ensino superior mantêm a perspectiva de, na melhor das hipóteses, só voltar a ocupar os campi universitários no segundo semestre.

    “Estamos lidando com uma agenda de planejamento imprevisível. Não sabemos quando as escolas poderão retornar ao seu efetivo funcionamento”, reconheceu Maria Helena ao defender que todos os profissionais que trabalham na área da  educação, do ensino infantil à universidade, sejam vacinados o quanto antes possível. “Sem isso será muito difícil retomarmos [as atividades] com segurança”.

    Já a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, reforçou a importância de se priorizar a imunização dos trabalhadores do setor.

    “Estou segura de que, após vacinar os idosos e os profissionais de saúde, temos que imunizar todo o pessoal da educação. Só assim poderemos reativar o sistema com alguma segurança”, disse a pesquisadora após declarar que o Brasil vive, hoje, o momento mais grave da pandemia, com o sistema de saúde exaurido e taxas de transmissão da covid-19 muito altas.

    Segundo a especialista, para controlar a doença, além de restringir atividades em várias regiões por, no mínimo, duas semanas, o Brasil deveria vacinar ao menos 1 milhão de pessoas por dia. Embora reconhecendo que, em outras condições, a meta seria factível, dada a experiência e a capilaridade do Sistema Único de Saúde (SUS), Margareth disse que o ritmo atual é condicionado pela oferta de vacinas no mercado global

    “O ritmo de vacinação, no momento, está correto no sentido do planejamento, porque obedece a uma oferta, e não à demanda. Ele está ocorrendo de acordo com o que há de existente. Por isso temos que ter todas as negociações possíveis, para termos mais vacinas”, disse a pesquisadora da Fiocruz, frisando que, no ritmo atual, o país demoraria cerca de um ano para imunizar cerca de 70% da população e, assim, começar a conter a disseminação do vírus – e, isso, contando com que não surjam novas variantes do Sars-CoV-2. “E se não cobrirmos ao menos 70% da população ainda neste semestre, teremos um 2021 ainda muito difícil”.

    O presidente da Abmes, Celso Niskier, fez coro aos palestrantes, enfatizando a importância da imunização dos trabalhadores da educação. “O setor tem defendido que as escolas sejam as últimas a fechar e as primeiras a reabrir. Devido ao impacto enorme para o futuro das próximas gerações, efeitos que serão sentidos por gerações, será necessário não só recuperarmos a aprendizagem, mas também reprogramarmos todo o calendário”, disse Niskier.