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  • Custos de produção de frangos de corte e de suínos aumentam em fevereiro

    Custos de produção de frangos de corte e de suínos aumentam em fevereiro

    Os custos de produção de frangos de corte e de suínos registraram novo aumento no mês de fevereiro de 2025 nos principais estados produtores e exportadores, conforme estudos conduzidos pela Embrapa Suínos e Aves através de sua Central de Inteligência de Aves e Suínos (embrapa.br/suínos-e-aves/cias).

    No Paraná, o custo de produção do quilo do frango de corte atingiu R$ 4,87, representando uma elevação de 1,25% em relação ao mês de janeiro. O aumento acumulado nos últimos 12 meses é de 11,32%, com o ICPFrango alcançando 377,13 pontos. A ração se destacou como o principal componente de custo, com um aumento de 1,71% no mês e de 12,27% no acumulado dos últimos 12 meses, atingindo uma participação de 68,10% no custo total de produção.

    Em Santa Catarina, o custo de produção do quilo de suíno vivo alcançou R$ 6,37, representando uma elevação de 0,37% em relação ao mês de janeiro. O aumento acumulado nos últimos 12 meses é de 11,82%, com o ICPSuíno alcançando 364,26 pontos. A ração dos animais se destacou como o principal componente de custo, com um aumento de 0,10% no mês e 10,86% no acumulado dos últimos 12 meses, atingindo uma participação de 72,62% no custo total de produção.

    Os estados de Santa Catarina e Paraná são referências nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS devido à sua posição como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente. No entanto, a CIAS também oferece estimativas para outros estados brasileiros. Essas informações são fundamentais para indicar a evolução dos custos nesses setores produtivos.

    É importante que avicultores e suinocultores monitorem a evolução dos seus próprios custos de produção, utilizando esses índices como referência para a tomada de decisões estratégicas.

    Revisão de coeficientes técnicos – Em janeiro de 2025, foram alterados os coeficientes técnicos para o cálculo dos custos de produção de suínos no Paraná e no Rio Grande do Sul. As principais mudanças decorreram da alteração na formulação das rações, da separação dos custos com transporte de ração dos custos com alimentação animal (ração) e dos custos com insumos veterinários.

    Aplicativo Custo Fácil – O aplicativo da Embrapa agora permite gerar relatórios dinâmicos das granjas, do usuário e das estatísticas da base de dados. Os relatórios permitem separar as despesas dos custos com mão de obra familiar. O Custo Fácil está disponível de graça para aparelhos Android, na Play Store do Google.

    Planilha de custos do produtor – Produtores de suínos e de frango de corte integrados podem usar na gestão da granja a planilha eletrônica feita pela Embrapa. A planilha pode ser baixada de graça no site da CIAS.

  • Imagens de satélite vão guiar coleta de dados da aquicultura no Censo

    Imagens de satélite vão guiar coleta de dados da aquicultura no Censo

    O Censo Agropecuário é o retrato mais abrangente de quem vive nas áreas rurais do Brasil e se dedica à produção vegetal, animal e extrativista. Assim como no censo demográfico, que visita todo domicílio nas cidades brasileiras, a cada dez anos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) envia pessoas – os recenseadores – a cada estabelecimento agropecuário do Brasil. Com um questionário em mãos, eles colhem informações sobre os produtores rurais e sua produção. É uma das fontes de dados mais utilizadas nas pesquisas e soluções tecnológicas desenvolvidas pela Embrapa Territorial.

    Agora, um caminho inverso vai acontecer: um trabalho da Embrapa Territorial vai ser fonte de informação para o Censo Agropecuário. O mapeamento de viveiros escavados para produção aquícola servirá de guia para os recenseadores, que devem voltar a campo em breve, para entregar ao País uma pesquisa censitária atualizada em 2026/2027. “A expectativa é que muitos insumos satelitais sejam utilizados para otimizar o próximo censo. E uma das coisas que vai acontecer é essa integração entre os produtos que nós estamos gerando, como o mapeamento dos viveiros, aos dados que serão pré-disponibilizados para os recenseadores, para quando eles forem a campo”, conta Lucíola Alves Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial.

    “Para o 12º Censo Agropecuário, o mapeamento da Embrapa servirá para planejamento da coleta de dados das unidades aquícolas, com a inclusão de unidades não identificadas em 2017 nas listas de unidades a serem investigadas pelos recenseadores”, diz Octávio Oliveira, coordenador de estatísticas agropecuárias do IBGE. Há expectativa de que a cooperação entre as instituições também resulte em melhoria nos dados sobre a aquicultura na Pesquisa Pecuária Municipal (PPM),

    As estatísticas da produção aquícola no Brasil são recentes. Os primeiros dados registrados no Censo Agropecuário datam de 2006. Em 2013, a atividade passou a integrar a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), realizada anualmente, e a contar, assim, com números anuais de volume e valor da produção. A atividade está entre as que mais crescem no País.

    A Embrapa Territorial já tem concluído o mapeamento dos viveiros escavados nos municípios que respondem por 75% da produção de cada estado, com imagens de 2018, e está agora atualizando e ampliando a cobertura dos dados, em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura. A cooperação técnica com o IBGE também servirá para retroalimentar esse trabalho, com expectativa de incremento na acurácia das informações.

    CAR e áreas irrigadas

    A integração dos trabalhos das duas instituições será possível graças ao Acordo de Cooperação Técnica firmado entre elas em outubro de 2024. Nesta semana, em 10 de março, Oliveira e o técnico em sensoriamento remoto do IBGE Ian Nunes participaram de um workshop na sede da Embrapa Territorial, para discutir com a equipe do centro de pesquisa como seguir com o trabalho. “O workshop foi muito bom para as duas equipes conhecerem a fundo os trabalhos que estão sendo feitos com o uso do sensoriamento remoto e os potenciais de integração de bases de dados em apoio às estatísticas agropecuárias”, avaliou Lucíola.

    A colaboração entre as duas instituições também prevê estudos do uso do Cadastro Ambiental Rural (CAR) em comparação com os estabelecimentos agropecuários levantados pelo censo agropecuário. “Os trabalhos com o CAR iniciados após o Censo Agropecuário 2017, envolvendo a Embrapa Territorial e IBGE, devem ser continuados e incluir os resultados do próximo censo. É importante compreender as relações e diferenças entre as duas unidades envolvidas, o imóvel rural e o estabelecimento agropecuário, nos estudos territoriais e ambientais, e na elaboração e avaliação de políticas públicas”, analisa Oliveira.

    Durante o workshop desta semana, a Embrapa Territorial apresentou aos técnicos do IBGE o trabalho que vem realizando para mapeamento da expansão de áreas irrigadas em territórios prioritários para a Política Nacional de Irrigação (Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional). A proposta é também integrar os resultados obtidos neste projeto aos trabalhos do IBGE.

  • Na safrinha, é hora de proteger o solo: estratégia essencial para a produtividade

    Na safrinha, é hora de proteger o solo: estratégia essencial para a produtividade

    Com a colheita da soja concluída, o momento é propício para planejar a cobertura do solo, uma prática essencial para garantir a sustentabilidade do sistema produtivo. Segundo Gessí Ceccon, analista e engenheiro agrônomo da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), a cobertura do solo não apenas protege contra a erosão, mas também melhora as condições físicas do solo, favorecendo a produtividade futura. “A soja no verão tem um alto valor econômico, e por isso é a cultura predominante. No entanto, após sua colheita, precisamos focar em melhorar as condições do solo”, explica Ceccon.

    O milho desponta como a principal espécie para sustentar o sistema de plantio direto, pois possui um sistema radicular agressivo que auxilia na descompactação do solo. “O milho, apesar do foco na produtividade de grãos, tem um papel fundamental na melhoria estrutural do solo. Suas raízes crescem profundamente, aproveitando a umidade residual e criando poros para infiltração da água”, destaca o engenheiro.

    Outro ponto essencial é a consorciação do milho com a braquiária, estratégia que a Embrapa vem pesquisando há 20 anos. As raízes de milho produzem poros maiores e as raízes de braquiária poros menores, ambos importantes para a infiltração e armazenamento de água no solo. Apesar de algumas dificuldades técnicas no manejo da população de plantas e no uso de herbicidas no consórcio, a técnica tem se mostrado eficaz. “A braquiária começa a se destacar quando o milho atinge a fase de maturidade, proporcionando uma cobertura uniforme e protegendo o solo contra a erosão e a perda de umidade”, pontua Ceccon.

    A cobertura do solo com a braquiária também auxilia na fixação da palha, evitando que ventos fortes a desloquem, mantendo assim a proteção da superfície do solo. Após o período adequado para o plantio do milho, entra em cena a cobertura com plantas como a braquiária consorciada com leguminosas, sendo a mais indicada a crotalária ochroleuca. “A crotalária, diferente do milho e da braquiária, tem raiz pivotante que cresce profundamente, contribuindo para um perfil de solo mais estruturado”, explica Ceccon.

    O manejo adequado também passa pelo momento correto de intervenção. Segundo Ceccon, um manejo na braquiária em junho é essencial para reiniciar a produção de massa e garantir qualidade na cobertura do solo. “Plantar braquiária solteira é coisa do passado. Sempre que possível, devemos associá-la a uma leguminosa para melhorar a qualidade da cobertura”, enfatiza. A adoção dessas estratégias permite que a soja seja semeada mais próxima da dessecação, garantindo melhor condição física do solo e maior eficiência produtiva da soja. “Cada detalhe faz diferença na produtividade e na sustentabilidade do sistema produtivo”, conclui Ceccon.

  • Começa o plantio do trigo safrinha no Brasil Central: produtor deve estar atento às recomendações da pesquisa

    Começa o plantio do trigo safrinha no Brasil Central: produtor deve estar atento às recomendações da pesquisa

    O início de março marca a abertura do período indicado para o plantio do trigo de segunda safra (safrinha) ou de sequeiro no Cerrado do Brasil Central. O trigo safrinha é cultivado após a colheita da soja e sem irrigação, aproveitando o final da estação chuvosa. A cultura tem chamado a atenção dos produtores, seja pelos benefícios conferidos ao sistema de produção, seja pela rentabilidade que ela pode proporcionar, conforme as cotações do mercado. Estima-se que na atual safra devam ser semeados cerca de 200 a 250 mil ha do cereal na região, com crescimento de 5% a 10% na área plantada em relação à safra anterior. Em Goiás, a estimativa é de que o aumento seja ainda maior, podendo chegar a 15%.

    Segundo pesquisadores da Embrapa, o cultivo do trigo safrinha tem avançado principalmente entre produtores que desejam diversificar culturas, mitigar problemas e diminuir riscos ou, ainda, para aproveitar áreas que ficariam em pousio ou seriam cultivadas com plantas de cobertura.

    Com o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas à região, como a BRS 404, da Embrapa, o trigo tem sido adotado no sistema de cultivo em plantio direto, principalmente em sucessão à soja e em rotação com o milho e o sorgo, promovendo a diversificação do sistema de produção e diminuindo riscos. O uso do cereal em rotação de culturas tem proporcionado inúmeros benefícios agronômicos ao sistema, como a quebra do ciclo de pragas e doenças, sobretudo fungos de solo, plantas daninhas e nematoides.

    Outro benefício é a possibilidade de rotacionar princípios ativos de defensivos agrícolas, como herbicidas que podem agir no controle de plantas daninhas resistentes ao glifosato usado nas lavouras de soja RR, assim como no controle de plantas dessa cultura germinadas após a colheita, contribuindo tanto com o vazio sanitário como para eliminar plantas tigueras de cultivos de milho na área. “Além de proporcionar o controle de plantas daninhas, o cultivo do trigo fornece uma excelente palhada, favorecendo o plantio direto nas áreas”, aponta o pesquisador Jorge Chagas, da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).

    A adoção do trigo após a soja permite que o produtor utilize cultivares de soja com ciclos mais tardios e com tetos produtivos superiores aos de variedades precoces e superprecoces, mais voltadas ao cultivo do milho safrinha. Outro ponto positivo é que o trigo produzido na região do Cerrado é o primeiro a ser colhido na safra brasileira, podendo ser comercializado a preços mais atrativos.

    “A colheita do trigo safrinha é realizada no período seco, entre os meses de junho e julho, o que tem garantido um produto de excelente qualidade de grãos e livre das micotoxinas que costumam afetar lavouras do Sul do País em anos de muita chuva na colheita, como a giberela”, observa Júlio Albrecht, pesquisador da Embrapa Cerrados (DF). Os rendimentos das lavouras têm variado de 35 a 65 sc/ha em anos de precipitação normal, e as receitas com as vendas têm estimulado os produtores a ampliarem a área cultivada na região.

    Pesquisadores apontam recomendações de manejo

    Os pesquisadores ressaltam que o trigo de sequeiro é indicado para cultivo em regiões de altitude igual ou acima de 800 metros. O produtor deve verificar se o trigo safrinha é indicado para a sua região e utilizar cultivares adequadas. As portarias com as informações sobre o zoneamento agrícola de risco climático para o trigo estão disponíveis na página do Ministério da Agricultura e Pecuária e no aplicativo Zarc Plantio Certo, da Embrapa, disponível para Android e iOS.

    Segundo Albrecht e Chagas, é fundamental que o produtor faça a análise do solo, que deve ser corrigido quanto à acidez com o uso de calcário, enquanto o alumínio em profundidade deve ser neutralizado com o uso de gesso agrícola. O solo também deve estar livre de camadas compactadas, o que permite o aprofundamento das raízes das plantas e o melhor aproveitamento de água e nutrientes – isso minimiza os efeitos dos períodos secos, como os veranicos.

    Outra recomendação para amenizar os problemas com a falta de chuvas é o plantio direto, com a semeadura direta na palhada da cultura de verão. A palhada protege o solo das altas temperaturas, amenizando a perda de água por evapotranspiração, além de permitir maior infiltração da água das chuvas, entre outros benefícios.

    Para obter ganhos de produtividade, a semeadura deve ser realizada do início de março até o final do mês, de acordo com as precipitações na região: onde as chuvas param mais cedo, o trigo safrinha deve ser plantado no começo do mês. O escalonamento da semeadura, ou seja, a semeadura das áreas em diferentes momentos dentro do período recomendado, ou a semeadura de cultivares de ciclos diferentes podem ser estratégias interessantes, dizem os pesquisadores.

    “Assim, a lavoura terá talhões com plantas em diferentes estádios de desenvolvimento. Isso reduz o risco de a falta de chuva afetar todo o plantio num único momento crítico, como a floração das plantas”, diz Jorge Chagas, lembrando que é fundamental seguir as recomendações de manejo de cada cultivar para a região, como a densidade ideal de semeadura.

    O pesquisador acrescenta que, no início da janela de plantio, é importante o uso de cultivares mais tolerantes a doenças, principalmente as manchas foliares e a brusone, doença fúngica que pode causar prejuízos em anos com excesso de chuvas nos meses de abril e maio na região do Cerrado do Brasil Central. Já para semeaduras mais tardias, realizadas após o dia 15 de março, o produtor deve utilizar cultivares mais tolerantes à seca. A baixa precipitação e as temperaturas acima do normal também podem causar prejuízos, principalmente pela ocorrência de veranicos comuns nesse período.

    Embrapa desenvolveu cultivar adaptada à região

    A cultivar de trigo BRS 404 foi desenvolvida para condições de baixa precipitação, aproveitando a umidade do solo e o restante das chuvas dos meses de março, abril e maio no Brasil Central. A cultivar tem como principais características maior tolerância ao déficit hídrico, ao calor e ao alumínio no solo, além de elevada produção de matéria seca (palhada) e excelente qualidade tecnológica de grãos. Tem ciclo precoce, variando de 105 a 118 dias, sendo que o período entre a semeadura e o espigamento é de 57 a 67 dias, dependendo do local e da altitude do cultivo. É moderadamente suscetível à brusone e à mancha amarela.

    “Em algumas regiões com maior volume de chuvas, como o Sul de Minas Gerais, os produtores têm alcançado produtividades de até 80 sc/ha com a cultivar BRS 404. Aqui no Planalto Central, a produtividade pode chegar a 60 sc/ha, desde que as chuvas tenham uma boa distribuição no período de safrinha”, diz Júlio Albrecht.

    Classificada pela indústria como trigo pão, a cultivar, mesmo em anos de menos chuvas, tem entregado pesos hectolítricos (PH) de grãos acima de 80 kg/hl, sendo muito bem aceita pelos moinhos da região. A força de glúten (W), medida que representa o trabalho (energia) de deformação da massa e indica a força de panificação da farinha, varia de 250 a 400 x 10-4 J, sendo bem superior à exigência mínima dos moinhos (220 x 10-4 J). Além disso, a elevada estabilidade (tempo de batimento da massa acima de 15 minutos) favorece a panificação.

  • Novo livro da Embrapa esclarece dúvidas sobre criação de abelhas-sem-ferrão

    Novo livro da Embrapa esclarece dúvidas sobre criação de abelhas-sem-ferrão

    A criação de abelhas-sem-ferrão, atividade fundamental para a biodiversidade e a economia sustentável, é tema do livro Meliponicultura, o mais recente volume da coleção 500 Perguntas 500 Respostas, da Embrapa. O material, elaborado a partir de dúvidas enviadas por produtores, reúne respostas de 43 especialistas de diferentes instituições e regiões do Brasil, abordando aspectos essenciais para o sucesso da criação dessas abelhas.

    Os primeiros capítulos, que tratam da organização das colônias e da estrutura das colmeias, contaram com a colaboração da Embrapa Florestas (PR). Segundo o pesquisador Guilherme Schnell e Schühli, compreender as diferentes formas de organização dos ninhos e colmeias é essencial para uma meliponicultura eficiente e sustentável. A atividade pode ter diversos objetivos, como produção de mel, conservação ambiental, polinização e até uso medicinal.

    Fortalecimento da bioeconomia e conservação ambiental

    Além de Schühli, os pesquisadores Luís Fernando Wolff (Embrapa Clima Temperado – RS) e Kátia Sampaio Malagodi-Braga (Embrapa Meio Ambiente – SP) destacam, no segundo capítulo, que a criação de abelhas-sem-ferrão tem grande impacto na bioeconomia local. O Brasil abriga cerca de 250 espécies dessas abelhas, essenciais para a manutenção dos ecossistemas. A atividade, além de fortalecer a economia, também contribui para a educação ambiental e preservação da biodiversidade.

    No terceiro capítulo, a obra detalha a composição interna das colmeias e sua influência na produção de mel. Segundo os pesquisadores, a interação entre operárias, rainhas e zangões é um fator-chave para a produtividade. Compreender essa dinâmica permite aos meliponicultores otimizar as condições de criação, garantindo maior qualidade e quantidade de mel.

    Conteúdo acessível gratuitamente

    O livro Meliponicultura traz ainda informações sobre as interações entre abelhas e plantas, ameaças à sobrevivência das espécies, técnicas de manejo, qualidade do mel, impactos econômicos e aspectos regulatórios da atividade. A obra pode ser acessada gratuitamente no portal da Embrapa, consolidando o compromisso da pesquisa científica em apoiar a meliponicultura como uma prática econômica e ambientalmente responsável.

  • Pesquisa encontra, em gramínea nativa, mecanismos de defesa contra a cigarrinha-das-pastagens

    Pesquisa encontra, em gramínea nativa, mecanismos de defesa contra a cigarrinha-das-pastagens

    Cientistas brasileiros observaram que uma planta forrageira nativa do Brasil, a Paspalum regnellii, apresenta um mecanismo de defesa natural contra a cigarrinha-das-pastagens ( Manarva spectabilis ). Diante dos severos danos causados ​​por essa praga aos pastos tropicais, com prejuízos de bilhões de dólares ao agronegócio brasileiro, eles resolveram aprofundar os estudos para entender o que está por trás dessa resistência e descobriram que existem dois genótipos da planta (BGP 248 e BGP 344) capazes de ativar diferentes formas de enfrentar essa ameaça. Essa descoberta abre caminho para novos estudos de melhoramento genético voltados para a sustentabilidade agrícola.

    A pesquisa utilizou experimentos de sobrevivência de ninfas de cigarrinha-das-pastagens, da análise do transcriptoma das raízes de plantas infestadas com o inseto e da anatomia radicular para entender as estratégias de defesa da planta envolvidas contra o inseto. Os resultados estão no artigo ” Elucidando Respostas Moleculares ao Ataque da Cigarrinha em Paspalum regnelli “, publicado na revista internacional Plant Molecular Biology Reporter .

    Segundo uma das autoras, a pesquisadora Bianca Vigna , da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), existem plantas resistentes a cigarrinhas-das-pastagens tradicionais, que geralmente pertencem aos gêneros Deois e Notozulia, mas as cigarrinhas do gênero Mahanarva infestam vários tipos de gramíneas de grande porte, como milho e cana-de-açúcar, e a Mahanarva spectabilis tornou-se praga das pastagens nos últimos anos. Assim, há grande interesse em encontrar alternativas para reduzir os danos causados ​​por essa cigarro, especificamente.

    “A cigarrinha é um dos principais desafios para a produção de pastagens, e compreender como as plantas reagem a esse tipo de ataque podem ser a chave para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes”, explica Vigna.

    Descoberta abre caminho para novas estratégias de melhoramento genético

    Os resultados mostram que o genótipo BGP 344, em particular, tem uma resposta mais rápida, com maior taxa de mortalidade das ninfas da cigarrinha nos primeiros 21 dias de ataque. Este genótipo apresentou maior lignificação das raízes, criando barreiras físicas que dificultam a alimentação dos insetos, além de ativar vias metabólicas ligadas à produção de compostos defensivos. O BGP 248, embora também resistente, apresentou uma resposta mais lenta, indicando diferentes estratégias de defesa entre os dois materiais.

    O Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina do mundo e, por esse motivo, a melhoria das pastagens é fundamental para garantir a sustentabilidade do setor. As descobertas deste estudo abrem caminho para novas estratégias de melhoramento genético que podem trazer benefícios ao agronegócio e ao meio ambiente.

    O controle químico desses insetos é inviável, pelos pontos de vista ecológico e econômico, devido à grande extensão da área das pastagens no país. Assim, um dos métodos mais eficazes de manejo é o desenvolvimento de plantas mais adaptadas às adversidades.

    Benefícios das espécies nativas

    Espécies nativas, como o Paspalum regnellii, de acordo com o pesquisador Marcos Gusmão , são mais resistentes às cigarrinhas-das-pastagens do que outras forrageiras. Além disso, é uma planta com boa produção de biomassa e alto potencial forrageiro. A Embrapa Pecuária Sudeste mantém um Banco de Germoplasma de Paspalum, que é base para o desenvolvimento de um programa de melhoramento genético.

    No geral, as espécies de Paspalum são mais resistentes à infestação dessas pragas, mas não é uma cultura expressiva nas áreas tropicais onde ocorrem as cigarrinhas-das-pastagens. De acordo com Vigna, a P. regnellii tem sido utilizada como genitora em cruzamentos para obtenção de híbridos. “A ideia não é lançar esse material, mas sim inseri-lo como genitor em cruzamentos com outros materiais de interesse para obter plantas mais produtivas, de melhor qualidade nutricional, e resistentes à cigarrinha Mahanarva”, observa.

    Ainda de acordo com a pesquisadora, a escolha da espécie para o estudo se deu pelo seu importante papel no melhoramento genético de Paspalum para forragem e sua resistência natural, permitindo a compreensão dos mecanismos envolvidos na defesa contra essa praga. A pesquisa visa ainda buscar possíveis genes que sejam chaves nessa resistência para poder trabalhar com ferramentas de biotecnologia no melhoramento, como edição gênica, tanto de Paspalum, como de outras gramíneas forrageiras.

    Atualmente, o grupo de pesquisa está aprofundando o entendimento desses mecanismos com o estudo dos micro RNAs envolvidos no processo de resistência do BGP 344, consolidando uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas ( Unicamp ) nessa linha de pesquisa, no âmbito do Centro de Melhoramento Molecular de Plantas .

    O estudo

    O estudo foi desenvolvido durante o mestrado de Isabela Begnami e financiado pela Embrapa, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ( Capes ), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq ), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ( Fapesp ) e Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras ( Unipasto ). Ele fornece subsídios para o melhoramento genético de forrageiras, demonstrando que características moleculares e anatômicas são usadas como marcadores para selecionar plantas com maior resistência à cigarrinha, especialmente no desenvolvimento de cultivares de Paspalum, bem como desenvolver alvos para edição gênica em espécies suscetíveis que não apresentam material resistente, como as braquiárias.

    Participaram Bianca Vigna, Marcos Gusmão, Frederico Matta , Wilson Malagó Júnior , da Embrapa Pecuária Sudeste; Isabela Begnami, Alexandre Aono, Diego Graciano, Sandra Carmello-Guerreiro, Anete de Souza e Rebeca Ferreira, da Unicamp.

  • Bioinsumos e soluções digitais são destaques da Embrapa na feira Coplacampo

    Bioinsumos e soluções digitais são destaques da Embrapa na feira Coplacampo

    A Embrapa Agricultura Digital participa, nesta semana, da 11ª edição da Coplacampo, onde apresentará resultados de pesquisas com inoculantes biológicos, aplicativos móveis e as ações do projeto Semear Digital, voltado para pequenas e médias propriedades rurais. A feira promocional pela Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) acontece de 24 a 28 de fevereiro, em Piracicaba (SP). A entrada é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo site coplacampo.com.br .

    Neste ano, a programação terá um espaço de destaque para debater tendências e inovações no segmento de bioinsumos. No estande e parcela experimental da Embrapa, serão apresentados resultados do uso de inoculantes biológicos aplicados no milho e na cana-de-açúcar, voltados à adaptação destas culturas ao déficit hídrico. Geraldo Magela de Almeida Cançado, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, explica que os experimentos utilizam tecnologia digital para avaliar o desenvolvimento e a produtividade dos cultivos, que recebem cepas de microrganismos associados a uma maior tolerância à seca. O projeto é desenvolvido em parceria com a  empresa Simbiose , com apoio da Coplacana e da Agência de Estudos e Projetos (Finep).

    Os bioinsumos também serão tema da palestra da pesquisadora Christiane Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo , que vai abordar o uso eficiente de inoculantes biológicos para aumentar a produtividade. A palestra será realizada no dia 24, às 14h, no salão nobre do estande do Avance Hub.

    Inclusão digital

    Quem visitar o estande da Embrapa Agricultura Digital na Coplacampo também poderá conhecer um pouco mais da iniciativa Semear Digital . O objetivo do projeto é avançar no conhecimento e gerar tecnologias digitais que atendam às pequenas e médias propriedades rurais. Entre as ações previstas, está o estabelecimento de dez Distritos Agrotecnológicos (DATs) em diferentes regiões do País para a promoção de soluções de conectividade em áreas rurais, capacitação e inserção de novas tecnologias na produção agropecuária.

    Funcionando como um piloto de fazenda inteligente, os DATs permitem investigar e validar tecnologias habilitadas para o desenvolvimento de soluções digitais priorizadas para cada realidade. No estado de São Paulo, são cinco DATs instaladas, em municípios que abrangem diferentes cadeias produtivas: Alto Alegre, Caconde, Jacupiranga, Lagoinha e São Miguel Arcanjo. Os demais distritos selecionados pelo projeto foram implantados em Ingaí (MG), Breves (PA), Boa Vista do Tupim (BA), Guia Lopes da Laguna (MS) e Vacaria (RS).

    A Embrapa é líder do Semear Digital, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O projeto tem ainda como instituições associadas o CPQD, a Esalq/USP, o Instituto Agronômico (IAC), o Instituto de Economia Agrícola (IEA), o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA). Para saber mais, acesse www.embrapa.br/semear-digital .

    Tecnologias digitais

    As tecnologias digitais da Embrapa que estão disponíveis para o produtor rural e a agroindústria serão demonstradas durante a feira. Um exemplo é o Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar) , que utiliza a tecnologia blockchain para o registro de informações sobre a origem e o processo de fabricação dos produtos. Esses dados podem ser acessados ​​pelo consumidor a partir de um QR Code impresso na embalagem. O Sibraar foi aplicado pela primeira vez na produção de açúcar mascavo na planta agroindustrial da Usina Granelli, com apoio da Coplacana. Atualmente, está disponível para outros produtos, como hortifrutis, e pode ser customizado para aplicação em diferentes cadeias produtivas.

    Entre os aplicativos móveis presentes na Coplacampo está o Zarc – Plantio Certo , que permite consultar a época do ano mais indicada para a semeadura de mais de 40 culturas agrícolas, com menores riscos de perda por eventos climáticos adversos como seca, atmosférica e excesso de chuva. Uma ferramenta foi desenvolvida em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária para facilitar o acesso dos produtores rurais e agentes do agronegócio aos dados do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc).

    Outra ferramenta digital que será disponibilizada no estande da Embrapa é o aplicativo Bioinsumos . Por meio dele, o agricultor pode consultar uma lista de produtos de origem biológica indicada para nutrição, controle de pragas e doenças de diversas culturas agrícolas. O aplicativo traz o catálogo de defensivos biológicos e inoculantes registrados no Ministério da Agricultura e ajuda fornecedores e usuários de insumos biológicos a encontrar produtos seguros e com procedência.

    Os piscicultores também poderão conhecer o aplicativo desenvolvido pela Embrapa para apoiar o gerenciamento e a otimização do manejo na criação de peixes, que está em fase de testes. A tecnologia é baseada em inteligência artificial e reúne informações prejudiciais, parâmetros de qualidade da água e métricas de crescimento dos peixes para auxiliar no monitoramento da produção e ajustes nas práticas de manejo buscando uma operação mais eficiente, sustentável e lucrativa.

    A Embrapa também apresentará na Coplacampo a plataforma AgroAPI , voltada para empresas e startups que atendem o setor agropecuário. A plataforma fornece informações e modelos agropecuários que podem ser utilizados na criação de softwares e aplicativos móveis. Os dados são acessados ​​de forma virtual por meio de APIs (Interface de Programação de Aplicativos, na tradução do inglês) e podem ser úteis em novas soluções digitais aplicadas, por exemplo, no planejamento e monitoramento da produção e na gestão do risco agrícola.

  • Governo lança estratégia para monitorar contaminação ambiental por agrotóxicos e PFOS

    Governo lança estratégia para monitorar contaminação ambiental por agrotóxicos e PFOS

    O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançaram, na quinta-feira (20), em Brasília, a “Estratégia de Monitoramento Ambiental de PFOS e Agrotóxicos”, com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(Ibama). O projeto pretende mapear a contaminação ambiental por agrotóxicos e PFOS – substâncias derivadas da degradação de agrotóxicos no meio ambiente – ao longo de três anos, monitorando 53 ingredientes ativos utilizados na agricultura brasileira.

    A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltou a relevância do projeto para a formulação de políticas públicas e a proteção ambiental. “Nosso papel é fazer o melhor uso da tecnologia e do conhecimento para proteger o meio ambiente e a saúde da população, melhorando também a qualidade dos nossos negócios e investimentos”, afirmou.

    O diretor de Governança Corporativa e Informação da Embrapa, Alderi Araújo, destacou que a iniciativa representa um avanço na segurança ambiental e na sustentabilidade do setor agropecuário. Já o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, apontou que, pela primeira vez, será possível monitorar de forma sistemática substâncias que há décadas são registradas para uso no país.

    Pesquisa ampliará controle e segurança ambiental

    O estudo é financiado pelo MMA e será conduzido pela Embrapa Meio Ambiente, que ficará responsável pela execução técnica e gestão dos recursos. A ação amplia um projeto anterior desenvolvido em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), fortalecendo a coleta e análise de dados sobre os impactos ambientais dos defensivos agrícolas.

    Segundo Robson Barizon, chefe-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da Embrapa Meio Ambiente, o monitoramento contínuo dessas substâncias ajudará o Brasil a minimizar riscos à saúde humana e ao meio ambiente, além de atender exigências internacionais para a produção agrícola. “Essas inclusões de pesticidas reforçam a relevância do estudo para a gestão ambiental e o cumprimento de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil”, afirmou Barizon.

    O evento de lançamento contou com a presença de autoridades como a secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência da República, Kelli Mafor, os secretários nacionais de Meio Ambiente Urbano, Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental, Adalberto Maluf, e de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável, Edel Moraes, além do presidente do Instituto Brasil Orgânico, Rogério Dias.

  • Safra do arroz é aberta pelo sétimo ano consecutivo na Embrapa

    Safra do arroz é aberta pelo sétimo ano consecutivo na Embrapa

    Na tarde desta quinta-feira (20), teve início a colheita de arroz no Rio Grande do Sul. O ato simbólico que marca o início da safra foi realizado durante a 35ª Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas, na Estação Experimental de Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, município de Capão do Leão (RS). Este é o sétimo ano consecutivo que o evento ocorre nas dependências da Embrapa.

    As boas-vindas de Clenio Pillon, diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento (DEPD) da Embrapa, deram início às manifestações das autoridades. Pillon afirmou que a realização do evento na Instituição representa a realização de um sonho construído a muitas mãos. Nesse sentido, valorizou a presença de instituições públicas e privadas e do setor produtivo, que representam o melhor em termos de genética, insumos, boas práticas para o sistema de produção e máquinas e equipamentos.

    “Nós temos aqui uma verdadeira cidade da inovação, que transforma a lavoura arrozeira e as demais cadeias associadas nesse ambiente de terras baixas em uma grande referência mundial”, disse.

    Na sequência, falou sobre alguns desafios estratégicos do setor, não apenas orizícola, mas também do País e do mundo. Entre eles, foram levantadas questões como segurança alimentar – fazendo referência aos avanços na produção de alimentos nos últimos 50 anos -; soberania alimentar, relembrando a dependência de insumos; mudanças climáticas, fazendo alusão à crise climática recente no estado; e, por fim, descarbonização.

    “Hoje, os consumidores não querem mais só consumir um alimento, mas um alimento saudável, produzido com balanços ambientais adequados. Essa será, cada vez mais, uma grande preocupação para a humanidade. temos um compromisso muito forte, não apenas com a questão da sustentabilidade por uma visão de mercado, mas com uma visão ética da sustentabilidade”, acrescentou.

    Por fim, também afirmou a necessidade de inclusão sócio-produtiva e digital, no campo e na cidade. “Esse é um papel de protagonismo esperado para a pesquisa agropecuária nacional, que aqui representa essa grande aliança nacional que ajudou a transformar esse país em um celeiro para a nossa humanidade”, finalizou.

    Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), afirmou estar se encaminhando ao fim de sua jornada como presidente da Federarroz. Também valorizou o evento como promotor da sustentabilidade no campo e agradeceu às empresas parceiras: Embrapa, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Instituto Riograndense do Arroz (Irga). “Sem esta união de forças, não conseguiríamos fazer um evento desta magnitude”, afirmou.

    Na sequência, apontaram algumas dificuldades do setor, como os altos custos de produção – o principal problema atual das tarefas na visão de Velho. Nesse sentido, criticou a intervenção no mercado do arroz e reforçou a necessidade de segurança agrícola e, no âmbito estadual, de maior reserva de água. “Quando pego a projeção de produtividade que a Conab anuncia e divide pelo custo real de produção da mão de obra do Estado, chego facilmente ao valor de R$ 95. O produtor não pode vender arroz abaixo desse preço. Tem prejuízo”, avaliou.

    Por fim, Gabriel Souza, governador em exercício, iniciou sua fala liberando a eficiência e competência do produtor de arroz gaúcho, que produz 70% do grão no Brasil. Também falou sobre os ganhos em produtividade com base em tecnologia e manejo, valorizando o comprometimento dos produtores e da ciência, em especial da Embrapa e do Irga. 

    Além disso, destacaram alguns investimentos voltados ao setor, como na malha ferroviária gaúcha e na remodelação das carreiras do próprio Irga; abordou um acordo com o Ministério Público para retirar uma área já produtiva consolidada da reserva legal do estado; e programas direcionados à viabilização de supervisão aos produtores. Com relação ao último ponto, ainda fez referência à necessidade do setor se preparar para as mudanças climáticas, fazendo alusão aos eventos recentes.

    O ato ainda contornou com a manifestação do superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no Estado, José Cleber Dias de Souza, que, ao abordar as contribuições da pasta, fez um resgate histórico dos investimentos em ensino e pesquisa agropecuária no Brasil na década de 1930, que, por sua vez, culminou posteriormente na criação da Embrapa. E o senador Luis Carlos Heinze, que, entre outros assuntos, destacou as contribuições da tecnologia sulco-camalhão, desenvolvida pela Embrapa, que facilita a privacidade e a drenagem nas terras baixas e viabiliza o cultivo de culturas como a soja.

  • Embrapa investiga surto de viroses e aponta alternativas para produtores de tomate

    Embrapa investiga surto de viroses e aponta alternativas para produtores de tomate

    Nos últimos três anos, um aumento na população de mosca-branca nas regiões produtoras de tomate tem deixado em alerta os produtores, os pesquisadores e técnicos que se dedicam à cultura. Condições climáticas projetadas como altas temperaturas e baixa umidade favoreceram a taxa de reprodução dos insetos e, além disso, a alteração no regime de chuvas, como o veranico e a ocorrência de chuvas fortes e equipamentos, soma dificuldades no controle da praga.

    “As viroses transmitidas pela mosca-branca foram entre os principais problemas fitossanitários do tomateiro por volta de uma década atrás e estavam sob controle até que, de 2021 em diante, observamos o aumento das revoadas de moscas-brancas que migraram de cultivos de soja em final de ciclo e encontram alimento nas lavouras de tomate recém-plantadas”, contextualiza a pesquisadora Alice Nagata, da área de Virologia da Embrapa Hortaliças (Brasília/DF).

    Com esse cenário, desde o ano passado, houve mais frequência dos relatos de produtores sobre a ocorrência de diversas viroses em trabalhos de tomate, que ocasionaram grandes prejuízos financeiros em estados como Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. De acordo com um pesquisadora, quando se olha a paisagem agrícola, a presença da soja por perto piora a situação, um exemplo do que hoje tem sido visto na região de Faxinal/PR, um polo importante de produção de tomate em estufa e com economia baseada no cultivo de milho e soja. Em casos assim, as plantas de soja se multiplicam como moscas-brancas e ainda podem hospedar o vírus e contribuir para o agravamento da situação no tomateiro.

    Amostras de plantas de tomate com sintomas de infecção viral, coletadas dessa região do Paraná, foram comprovadas pela equipe do laboratório de Virologia da Embrapa Hortaliças e, segundo Alice, embora os resultados sejam preliminares, há promessas da importância dos begomovírus e da mosca-branca como inseto-vetor.

    “Para um controle eficiente, é preciso que os agricultores e extensionistas estejam aptos a identificar os sintomas da doença na planta para, então, fazer um manejo adequado segundo as recomendações técnico-científicas”, esclarece. O uso de cultivares com algum nível de resistência às viroses é uma das medidas de controle possíveis, pois ainda que as plantas infectadas tenham a possibilidade de não comprometer completamente a produção.

    Como as viroses transmitidas por mosca-branca não eram um problema predominante até os últimos anos, os produtores vinham privilegiando o plantio de cultivares com outras características, como maior produtividade e, com isso, quando ocorreu o surto de mosca-branca, não havia oferta no mercado de sementes com resistência a viroses associadas ao vetor.

    Sintomas e recomendações

    A publicação “ Guia para Identificação de Pragas do Tomateiro ” traz informações sobre o ciclo de vida e características das implicações que influenciam os cultivos de tomate, bem como sobre os sintomas e os danos ocasionados nas plantas em decorrência das infestações.

    Segundo o documento, no caso da mosca-branca, as toxinas injetadas no processo de extração da seiva causada pelo vigor da planta e causam anomalias nos frutos como amadurecimento irregular e polpa descolorida e sem sabor – o que é conhecido como isoporização da polpa. Além disso, pode ocorrer a formação de fumagina nas folhas e nos frutos e, em infestações muito graves, pode haver murcha e morte de mudas e plantas jovens, ou nanismo e redução da conversão.

    Para consultar as medidas de controle da mosca-branca e suas viroses associadas, a publicação “ Guia para o Reconhecimento e Manejo da Mosca-branca, da Geminivirose e da Crinivirose na Cultura do Tomateiro ” detalha como obter bons resultados por meio do manejo integrado de tradição, que envolve várias medidas de controle, não somente controle químico e uso de cultivares resistentes, sendo todas medidas igualmente importantes para um controle eficaz.

    Reunião Técnica

    Devido à relevância das viroses associadas à mosca-branca nos plantios de tomate do Paraná, a pesquisadora Alice Nagata participa, na quinta-feira (13), de uma reunião técnica promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). Ela irá falar sobre o panorama de viroses do tomateiro no Brasil para os extensionistas que atuam na área de olericultura.

    O evento tem o objetivo de atualizar os técnicos sobre as medidas para prevenção e manejo de viroses na cultura do tomate e irá contar com palestras de diferentes especialistas do instituto sobre temas como: panorama da cultura do tomate no Paraná, resultados de detecção e identificação de viroses na cultura do tomate na região de Faxinal, insetos vetores de vírus em tomate, e aspectos legais e programa de sanidade da cultura do tomate – apresentado pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR).