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  • Cientistas desenvolvem técnica sustentável para produção de fungo que controla doenças agrícolas

    Cientistas desenvolvem técnica sustentável para produção de fungo que controla doenças agrícolas

    Pesquisadores brasileiros desenvolveram um método inovador para a produção e formulação do fungo Trichoderma asperelloides, considerado uma ferramenta-chave no controle biológico de doenças que afetam plantas cultivadas. Esse avanço, fruto de esforços conjuntos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Embrapa Meio Ambiente (SP), utiliza um sistema baseado na aplicação de farinha de arroz como substrato para o chamado “biorreator em grânulo”. A farinha de arroz é um subproduto agroindustrial de baixo custo e amplamente disponível.  Essa abordagem alia eficiência, sustentabilidade e economia. Desse modo, ela representa uma alternativa prática e acessível que não apenas reduz custos, mas também prolonga a vida útil do produto final. “Nosso método não só amplia a produção de conídios, mas também aumenta a estabilidade do produto, tornando-o mais acessível e eficaz para o agricultor”, detalha Lucas Guedes, pesquisador da Unesp, que desenvolveu a sua tese de doutorado no tema.

    O grande diferencial da pesquisa está no uso de grânulos secos contendo conídios do fungo, que funcionam como “sementes” biológicas. Quando armazenados sob refrigeração, esses grânulos mantêm sua viabilidade por mais de 24 meses, garantindo estabilidade mesmo em períodos prolongados. Essa durabilidade é essencial para aplicações em larga escala na agricultura. Quando incorporados ao solo, o Trichoderma contido nos grânulos mostra-se eficaz no controle de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum, patógeno causador de uma doença severa conhecida como mofo branco. Essa doença afeta diversas culturas de alto valor econômico, como soja, feijão, algodão e tomate, causando perdas significativas de produção.

    Fontes de nitrogênio aumentaram a eficiência

    A investigação focou em cinco fatores críticos no processo de fermentação do fungo utilizando a farinha de arroz como base. Os pesquisadores descobriram que a adição de 0,1% de nitrogênio ao substrato resultou em um aumento significativo na produção de Trichoderma, avaliada pelo número de unidades formadoras de colônias (UFCs), parâmetro usado para medir a viabilidade do fungo.

    Adicionalmente, o estudo apontou que fontes complexas de nitrogênio, como levedura hidrolisada e licor de milho, superaram fontes inorgânicas tradicionais, como o sulfato de amônio, na eficiência do processo. “Essa descoberta reforça a importância de explorar alternativas menos convencionais e mais sustentáveis na agricultura”, complementa Guedes.

    Outro ponto crucial foi a adoção de embalagens especiais com controle de umidade e oxigênio. Segundo os pesquisadores, esses materiais ajudam a manter a viabilidade dos conídios, estruturas produzidas por Trichoderma, mesmo em condições de armazenamento à temperatura ambiente, ampliando a aplicabilidade do produto no campo e reduzindo perdas.

    Impacto econômico e ambiental

    Gabriel Mascarin, da Embrapa, destaca que o uso de farinha de arroz como substrato se torna ainda mais relevante no atual cenário de aumento nos preços do arroz no Brasil. “A substituição pelos subprodutos agrícolas, como o arroz quebrado, não apenas reduz custos, mas também promove a sustentabilidade ao valorizar materiais que seriam descartados”, observa. Ele relata que esse modelo é inovador e está alinhado com o conceito de economia circular, promovendo o uso integral de resíduos agroindustriais.

    Wagner Bettiol, também da Embrapa, reforça o potencial dos grânulos para atuar como pequenos biorreatores no solo. “Eles liberam o fungo de forma gradual e eficiente, otimizando o controle de patógenos sem gerar resíduos adicionais no ambiente, pois tanto na produção do fungo quanto na da formulação não ocorre a geração de resíduos.”

    Redução de fungicidas químicos e ampliação de aplicações

    O uso do Trichoderma asperelloides é amplamente reconhecido como alternativa ao uso de fungicidas químicos, que frequentemente geram resistência dos patógenos e têm impactos negativos no meio ambiente. A nova metodologia, por sua vez, apresenta um avanço significativo.

    “Esse tipo de formulação poderá ser utilizado no controle de ampla variedade de fitopatógenos do solo, como Fusarium, Rhizoctonia e Pythium, além de nematoides, caso o isolado seja específico para esse propósito”, explica Bettiol. “Isso expande as possibilidades de uso para diversas culturas agrícolas, desde hortaliças até grandes lavouras como soja e algodão.”

    Além disso, a maioria dos produtos à base de Trichoderma disponíveis no mercado brasileiro utiliza uma única metodologia, baseada na produção de esporos em grãos de arroz. A nova abordagem diversifica os métodos e reduz os custos de produção, tornando o controle biológico ainda mais competitivo.

    Um futuro promissor para a agricultura brasileira

    Os pesquisadores contam que a agricultura brasileira, caracterizada por sua diversidade de culturas e desafios fitossanitários, pode se beneficiar amplamente dessa inovação. Especialmente por causa de uma demanda crescente por soluções agrícolas sustentáveis.

    Ao integrar sustentabilidade, economia e eficácia, a técnica reafirma o Brasil como um dos principais líderes em inovações agrícolas. Produtos derivados dessa pesquisa têm potencial para atender tanto ao mercado interno quanto às exportações, ampliando as fronteiras da agricultura sustentável.

    Mais detalhes sobre os produtos biológicos, à base de Trichoderma, registrados no Brasil podem ser consultados na base Agrofit do Ministério da Agricultura (Mapa), uma ferramenta fundamental para profissionais do setor agrícola. Esse avanço reforça a relevância de pesquisas nacionais no desenvolvimento de soluções acessíveis e de impacto global.

    Principais usos do Trichoderma no controle biológico

    1.         Controle de mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum)

    Previne e combate o patógeno que causa perdas severas em culturas como soja, feijão e algodão (foto acima).

    2.         Controle de outros fitopatógenos do solo

    Eficaz contra doenças causadas por Fusarium, Rhizoctonia, Sclerotium e Pythium, comuns em diversas culturas agrícolas.

    3.         Proteção de hortaliças e plantas ornamentais

    Atua na prevenção de doenças que afetam o tomate, alface, ornamentasis e outras plantas de valor comercial.

    4.         Controle de nematoides

    Alguns isolados de Trichoderma são recomendados para reduzir populações de nematoides, organismos que afetam raízes e comprometem o desenvolvimento das plantas.

    5.         Substituição de fungicidas químicos

    Reduz a dependência de produtos químicos, oferecendo uma solução sustentável e ambientalmente responsável.

    6.         Melhoria do solo agrícola

    Promove um ambiente mais saudável no solo, aumentando a resistência natural das plantas a patógenos e melhorando a produtividade.

    Além de ser uma alternativa sustentável e econômica, o Trichoderma apresenta eficácia comprovada em diversas culturas e contribui para práticas agrícolas mais seguras e ambientalmente corretas.

  • Novo bioinseticida apresenta eficácia superior a 85% no controle da lagarta-do-cartucho

    Novo bioinseticida apresenta eficácia superior a 85% no controle da lagarta-do-cartucho

    O novo inseticida biológico Virumix mostrou mais de 85% de eficácia no controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) em testes realizados no campo, em municípios do estado de Mato Grosso. Essa é uma das piores pragas agrícolas do Brasil porque ataca cerca de 200 diferentes culturas de importância socioeconômica, como milho, algodão, soja e arroz, entre outras. Além de ser indicado para todos os cultivos atingidos por essa praga, o produto agrega sustentabilidade aos resultados, uma vez que é produzido à base de um vírus entomopatogênico (específico contra o inseto e inofensivo a plantas, animais e seres humanos) chamado de Spodoptera multiple nucleopolyhedrovirus (SfMNPV).

    Fruto de uma parceria público-privada, entre a Embrapa Milho e Sorgo (Unidade da Embrapa, de Sete Lagoas, MG), o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) e a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro), o Virumix é o primeiro produto microbiológico na linha do IMAmt. Foi desenvolvido a partir do isolado 6 do Baculovirus spodoptera identificado pela  Embrapa Milho e Sorgo.

    Lançamento e inauguração de biofábrica

    O lançamento do Virumix acontecerá no dia 3 de abril de 2025, às 10 horas, na Comdeagro, Unidade Sorriso, MT. O endereço é BR-163, Km 712, Unidade 7, Zona Rural.

    Na ocasião, será também inaugurada a biofábrica responsável pela fabricação do produto em larga escala para o mercado.

    “O aumento da incidência da Spodoptera frugiperda, até mesmo em áreas cultivadas com plantas contendo biotecnologias, impacta os custos de produção, pela necessidade de inúmeras aplicações de agroquímicos. Isso nos levou a procurar soluções viáveis de controle da praga”, diz o diretor executivo do IMAmt e da Comdeagro, Álvaro Salles.

    Segundo ele, o fato de ser desenvolvido à base de um vírus entomopatogênico traz benefícios ambientais, pois se trata de um produto altamente específico, que preserva todos os inimigos naturais (insetos), necessários ao equilíbrio das culturas. “É um bioinseticida seletivo, que pode ser utilizado junto com outros produtos no Manejo Integrado de Pragas (MIP), como inseticidas e fungicidas”, menciona Salles. Essa especificidade garante também segurança para os trabalhadores rurais, o que o torna recomendável para utilização em sistemas orgânicos de produção.

    Salles ressalta ainda que o Virumix poderá ser utilizado por produtores de todos os portes, desde o familiar até o empresarial. “Inclusive, sua formulação em pó molhável facilita o armazenamento e a conservação do produto”, acrescenta.]

    Controle biológico com baculovírus

    O pesquisador da Embrapa Fernando Hercos Valicente, que conduziu o desenvolvimento do Virumix, destaca que a eficácia do baculovírus para o controle da lagarta-do-cartucho está relacionada ao momento ideal para sua aplicação na lavoura.

    “O processo deve considerar alguns fatores importantes e o primeiro deles é que a cultura deve ser monitorada semanalmente para se detectar o nível de ataque da lagarta-do-cartucho desde os estágios de desenvolvimento iniciais das plantas. O controle será melhor enquanto as lagartas estiverem com menos de 1,0 cm. Além disso, o horário da aplicação deve ser realizado nos períodos em que a temperatura esteja mais baixa, no início da manhã ou após as 16 horas”, recomenda Valicente.

    Ele explica que é muito importante não perder a primeira aplicação, pois desse modo evita-se uma sobreposição de estádios larvais dessa praga na cultura. Em determinadas regiões, o ataque da lagarta, no cultivo do milho, por exemplo, se inicia uma semana após a germinação das sementes. “Por isso, é importante que o produtor conheça os primeiros sinais da presença dessa praga. A pulverização do baculovírus deve ser feita com o uso de um espalhante adesivo, para ter uma aplicação uniforme e atingir o alvo”, orienta o pesquisador.

    Nova biofábrica vai comercializar o Virumix

    O entomologista Jacob Crosariol Netto, do IMAmt, foi o responsável pela condução de parte dos ensaios realizados com o Virumix nas safras 2021/2022 e 2022/2023, em Primavera do Leste, Campo Verde e Rondonópolis.

    “É um produto bastante seguro contra a Spodoptera frugiperda. Nos nossos ensaios – a maioria com algodão e milho – constatamos alto desempenho e estabilidade, quando aplicado de forma correta, mesmo quando comparado com outros produtos de características semelhantes”, observa Crosariol Netto.

    O Virumix será produzido em uma nova biofábrica em Sorriso, MT. Inicialmente, o produto será distribuído pela Comdeagro e depois deverá ser oferecido para venda por comerciantes e outros canais. “A embalagem, no lançamento, será de dois quilos do produto. Porém já estão sendo desenvolvidas outras de menor tamanho, para atender agricultores que necessitem utilizar dessa forma. Como a dosagem recomendada é 50 gramas/hectare, cada embalagem deverá ser utilizada em 40 hectares”, explica o diretor-executivo do IMAmt e da Comdeagro, Salles.

    Produção mundial e nacional de bioinsumos

    O mercado global de bioinsumos agrícolas já supera US$ 10 bilhões no segmento de produtos biológicos para controle de pragas e doenças, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores. A CropLife Brasil estima que a taxa anual de crescimento global até 2032 seja de aproximadamente 14%, valor três vezes maior que o atual, com os produtos de controle biológico representando mais de 50% deste mercado.

    Segundo a chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, Sara Rios, no Brasil, a adoção dos produtos biológicos também cresce exponencialmente, e a Embrapa, desde a sua origem, é pioneira em converter microrganismos e conhecimentos da biodiversidade brasileira em bioprodutos diferenciados para os sistemas produtivos do Brasil e do mundo, trazendo maior resiliência e sustentabilidade para a agricultura e os agricultores do nosso País. “A Embrapa é referência nacional e internacional em ciência aplicada de alto impacto e promove continuamente a inovação aberta, aumentando as capacidades tecnológicas a serviço da agricultura sustentável nacional”, enfatiza.

    Ainda de acordo com a CropLife Brasil, o Programa Nacional de Bioinsumos, bem como o Conselho Estratégico do Programa Nacional de Bioinsumos, foram instituídos pelo Decreto No 10.375, de 26 de maio de 2020. O objetivo do referido programa é, sobretudo, reduzir a dependência de insumos importados e alavancar, de forma sustentável, o uso do potencial da nossa biodiversidade.

    O Brasil está consolidado entre os líderes mundiais em produção de bioinsumos agrícolas e esses produtos são estratégicos para o Manejo Integrado de Pragas. A Embrapa desenvolve e promove pesquisas e transferência de tecnologias, conhecimentos gerados pela ciência brasileira, que contribuem para adaptar as boas práticas agropecuárias, fomentando a competitividade e garantindo a segurança alimentar e nutricional. Essas tecnologias serão destacadas pela Embrapa durante os eventos da Jornada Pelo Clima, na Cop 30.

    Parceria IMAmt, Comdeagro e Embrapa

    O Virumix compõe um portfólio da Embrapa Milho e Sorgo no controle de pragas lepidópteras desafiadoras, como é o caso da lagarta-do-cartucho. “O desenvolvimento e lançamento comercial desse novo produto tecnológico, agora em escala TRL 8 (sistema completo, testado, qualificado e demonstrado), comprova a relevância da inovação aberta para a agricultura tropical a partir de tecnologias de alto impacto para o Brasil e o mundo, codesenvolvidas de forma conjunta com empresas parceiras”, diz Rios.

    Álvaro Salles explica que a parceria do IMAmt com a Embrapa Milho e Sorgo existe há mais de dez anos. “O IMAmt e a Comdeagro são empresas criadas pelos produtores de algodão associados à Associação dos Produtores de Algodão do MT (Ampa). O IMAmt é responsável pela pesquisa e pelo desenvolvimento de novas tecnologias e assistência aos produtores, e a Comdeagro é o braço comercial do Instituto, responsável pela comercialização dos produtos desenvolvidos”, diz Salles.

    Segundo Álvaro Salles, a Ampa criou o IMAmt para desenvolver soluções de interesse da cotonicultura mato-grossense, e os bioinsumos sempre foram alvo das pesquisas do Instituto. Desde então, iniciou-se um grande programa de bioprospecção de microrganismos nos biomas do Mato Grosso e no semiárido brasileiro. O Virumix é um dos resultados dessas ações.

  • Seminário promove diálogos sobre transição energética sustentável com biodiesel

    Seminário promove diálogos sobre transição energética sustentável com biodiesel

    O seminário “Agroenergia – Transição Energética Sustentável: edição Biodiesel”, organizado pelo Sistema CNA/Senar, com apoio da Embrapa Agroenergia e do Observatório de Bioeconomia, da Fundação Getúlio Vargas, será realizado no dia 24 de abril, no auditório da CNA, em Brasília. O evento é uma iniciativa estratégica que visa promover o diálogo entre setor produtivo, instituições de pesquisa, governo e sociedade sobre os caminhos para ampliar a sustentabilidade e a competitividade do biodiesel no Brasil.

    “O evento ocorre em um momento crucial, em que o País avança com políticas públicas para a transição energética, e o biodiesel tem papel fundamental tanto na descarbonização da matriz de transportes quanto na geração de desenvolvimento regional e inclusão social”, afirmou Bruno Laviola, chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento, da Embrapa Agroenergia.

    O encontro, que será presencial e tem inscrição gratuita, vai debater temas relacionados à importância do programa nacional de biodiesel, desafios regulatórios, avanços em pesquisa e inovação, e o papel das matérias-primas agrícolas– como soja, palma, macaúba, resíduos e coprodutos – no fortalecimento da cadeia produtiva. “É uma agenda importante também para o contexto da COP30, que será realizada este ano, em Belém-PA”, enfatizou Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, que também ressaltou o diálogo quanto às perspectivas futuras do biocombustível que deve acontecer.

    Um dos temas centrais do evento será a diversificação das matérias-primas para o biodiesel, com destaque para estratégias que visem ampliar a participação de outras oleaginosas, como palma-de-óleo, canola, girassol e macaúba, contribuindo para maior sustentabilidade, segurança de suprimento e inclusão produtiva em diferentes regiões do País. “A expectativa é que o seminário contribua para fortalecer as ações voltadas ao avanço da bioenergia, com foco na sustentabilidade, inovação e agregação de valor ao agronegócio brasileiro”, disse Laviola.

    Biodiesel

    O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de biodiesel, com uma produção de cerca de 9 bilhões de litros em 2024, oriundos de 58 usinas distribuídas pelo país, com maior concentração nas regiões Sul e Centro-Oeste. Nesse mesmo ano, foram consumidos aproximadamente 10 bilhões de litros de óleo vegetal e gordura animal, sendo a soja a principal matéria-prima utilizada, respondendo por cerca de 74% da produção nacional.

    Projetos

    Ao longo dos anos, a Embrapa Agroenergia tem atuado na diversificação de biomassas para a produção de biocombustíveis, com diversas iniciativas voltadas ao biodiesel. Destacam-se também os esforços direcionados ao melhor aproveitamento de coprodutos dessa cadeia, como é o caso da glicerina, que tem elevado potencial de valoração. Projetos da Unidade resultaram em soluções tecnológicas como: biofertilizantes, bioestimulantes e biodefensivos de origem microbiana e vegetal para a sustentabilidade e resiliência da produção agrícola; insumos renováveis de origem microbiana ou vegetal para aplicação na bioindústria; e materiais renováveis obtidos de biomassa vegetal e/ou resíduos agroindustriais para aplicações na agricultura ou indústria.

    No contexto da diversificação de biomassas, também citam-se os projetos que contribuíram no tema “biodiesel”, como: cultivares e sistema de manejo tropicalizado para o cultivo sustentável de canola nas regiões Centro Sul do Brasil; ferramentas para apoio ao programa de melhoramento genético da palma-de-óleo (dendê) visando a produção em bases sustentáveis; sistema produtivo para a macaúba, incluindo tecnologias de produção, processamento de frutos e agregação de valor aos produtos e coprodutos; e processos de produção e ferramentas para controle de qualidade de biodiesel.

    Programação

    O seminário começará às 13h, no auditório da CNA (Brasília-DF) com a palestra “Biodiesel: Cultivando Energia”. Seguido de painéis com especialistas no tema. Veja a programação completa e inscreva-se em:  cnabrasil.org.br/agroenergiabiodiesel

  • Dia de Campo revela tecnologias inovadoras para as culturas do milho e pastagens

    Dia de Campo revela tecnologias inovadoras para as culturas do milho e pastagens

    Com o tema “Tecnologias de Implantação e Manejo de Cultivares de Milho e de Capins em Solos de Cerrado”, o décimo dia de campo organizado pelo Grupo de Estudos em Fitotecnia (Gfeit), da Universidade Federal de São João del-Rei, Campus de Sete Lagoas, reuniu centenas de estudantes, produtores, técnicos e profissionais do agronegócio nesta sexta-feira, dia 28, em Sete Lagoas-MG.

    Estações foram montadas no Campus da UFSJ para a apresentação de vitrines e tecnologias inovadoras, como o milho BTMAX, cultivar de milho transgênico desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo em parceria com a Helix, empresa do grupo Agroceres. O milho BTMAX apresenta alta eficácia contra as pragas lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), considerada a principal praga da cultura do milho, e a broca-da-cana (Diatraea saccharalis).

    “O primeiro evento transgênico de milho desenvolvido totalmente no Brasil a partir de uma parceria público-privada 100% nacional, mostra como o País tem potencial para desenvolver tecnologias altamente disruptivas”, enfatizou Sara Rios, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo. Os processos para a liberação comercial do evento BTMAX em outros países já foram iniciados pela Helix. No Brasil, as empresas Santa Helena Sementes e Biomatrix, do Grupo Agroceres, comercializam cultivares de milho com o propósito para silagem com o evento transgênico BTMAX.

    Durante a abertura do evento, representantes das empresas realizadoras enfatizaram a importância do fortalecimento do eixo ensino, pesquisa e extensão na região Central de Minas Gerais. “Esse encontro traz em discussão um tema altamente estratégico para o desenvolvimento de Minas Gerais, que é a cultura do milho e a pecuária”, disse o diretor de Infraestrutura da Emater-MG Vitório Alves Freitas. “Precisamos estimular o desenvolvimento da agricultura, setor altamente responsável pela balança comercial brasileira”, reforçou o vereador Caio Valace.

  • Ferramenta de avaliação multiatributo revela o potencial dos bioestimulantes no aumento da produtividade agrícola

    Ferramenta de avaliação multiatributo revela o potencial dos bioestimulantes no aumento da produtividade agrícola

    Um estudo inovador desenvolveu uma ferramenta de avaliação multiatributo para medir com precisão o impacto de bioestimulantes no desempenho das culturas e na qualidade do solo. A pesquisa, que analisou oito propriedades agrícolas em diferentes biomas e contextos de produção no Brasil e Paraguai, demonstrou que o uso de bioestimulantes promove mudanças significativas na microbiologia do solo e no desenvolvimento das plantas, com resultados expressivos em culturas como milho, soja, algodão e cana-de-açúcar.

    De acordo com Rodrigo Mendes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, uma quantidade cada vez maior de bioestimulantes comerciais está disponível em diversas formas e composições para melhorar o desempenho das culturas. Contudo, dada a complexidade de entender os mecanismos por trás desses produtos, é essencial que a pesquisa nessa área tenha ferramentas robustas para comprovar sua eficácia em testes de campo.

    O sistema, denominado APOIA-Microgeo, segue o método APOIA-NovoRural, que padroniza os resultados em escala de 0 a 1, considerando 0,7 como referência para impactos e desempenho técnico. A análise é estruturada em cinco dimensões: Cultura, Química, Física, Biologia do Solo e Saúde da Cultura, totalizando 39 indicadores. Os dados são coletados em vistorias de campo e análises laboratoriais.

    Cada indicador recebe valores ajustados conforme tabelas de correspondência e equações específicas, garantindo uma análise precisa dos efeitos da adubação biológica sobre a produtividade e a saúde do solo.

    Cada matriz de ponderação é ajustada conforme o indicador analisado, sempre comparando a situação de controle com as áreas onde a tecnologia Microgeo é aplicada. Os valores de impacto e desempenho técnico são transformados em escalas padronizadas de utilidade, permitindo uma avaliação objetiva. Os resultados finais são calculados por meio de equações de melhor ajuste, garantindo maior precisão na expressão dos índices.

    A metodologia busca oferecer um panorama detalhado sobre a influência da adubação biológica no solo e na produtividade agrícola, contribuindo para uma gestão mais eficiente e sustentável das lavouras.

    A pesquisa avaliou 39 indicadores divididos em cinco grandes temas: produção agrícola, química e física do solo, biologia do solo e saúde das plantas. Os resultados mostraram alterações consistentes na comunidade microbiana, com impactos positivos na estrutura do solo e na produtividade e rentabilidade das lavouras. Entre os temas analisados, em função da aplicação do bioestimulante, a biologia do solo teve o maior índice positivo (0,84), seguida pela produção agrícola (0,81) e pela fertilidade química (0,75).

    O bioestimulante promoveu interações benéficas entre o solo e as plantas, modificando a composição de bactérias e fungos presentes na rizosfera. Espécies como Methylovirgula e Methylocapsa foram responsáveis por boa parte das transformações observadas. Essas alterações contribuíram para a redução da compactação do solo e para o aumento da matéria orgânica, favorecendo o desenvolvimento das culturas.

    Conforme o pesquisador, todos os indicadores analisados foram impactados positivamente pelo uso dos bioestimulantes. Ele destaca que a tecnologia melhorou a produtividade das culturas e aumentou a receita líquida dos produtores sem elevação proporcional dos custos.

    Geraldo Stachetti, também pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, ressalta que os impactos mais expressivos foram observados na biologia do solo, com efeitos diretos na saúde das plantas e no rendimento das colheitas. Este resultado corrobora aqueles que vêm sendo obtidos em larga escala com a tecnologia BioAS, também desenvolvida na Embrapa, uma maneira simples e eficiente para avaliar a saúde do solo com análises de enzimas indicadoras da atividade microbiana.

    O estudo utilizou uma abordagem multiatributo, consolidando diversos indicadores para facilitar a interpretação dos resultados por produtores e técnicos agrícolas. Os pesquisadores afirmam que o uso contínuo de bioestimulantes pode potencializar ainda mais os benefícios observados, tornando-se uma solução viável para a agricultura sustentável.

    Com os avanços na compreensão dos efeitos dos bioestimulantes, a tecnologia desponta como uma alternativa promissora para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do solo, garantindo maior eficiência na produção em favor da sustentabilidade agrícola.

    Segundo Inácio de Baros, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, este trabalho contribui fortemente para que o Brasil, dos maiores produtores agrícolas do mundo, esteja na vanguarda da transformação para uma economia verde, onde o país já é reconhecidamente uma liderança.

    “A ferramenta reúne os 39 indicadores e interpreta os dados de forma comparativa entre a área agrícola manejada com a biotecnologia, com a área sem o manejo da biotecnologia. O principal objetivo prático é que a interpretação indica os pontos críticos orientando nas ações de campo que devem ser realizadas, e tangibiliza os benefícios multifuncionais do solo com seu microbioma biodiverso e ativo.

    A ferramenta é simples e os indicadores já são bastante conhecidos e praticados pelos agricultores, auxiliando na tomada de decisões para realizar manejo do solo regenerativo e sustentável”, conclui Paulo D’Andréa, diretor de P&DI da Microgeo biotecnologia agrícola.

    APOIA-Novo Rural
    É uma ferramenta de análise de desempenho ambiental de atividades rurais, estruturada em um conjunto de 62 indicadores, distribuídos em cinco dimensões de sustentabilidade analisadas na escala do estabelecimento: Ecologia da Paisagem; Qualidade Ambiental (atmosfera, água e solo); Valores Socioculturais; Valores Econômicos e; Gestão e Administração.

    A aplicação do APOIA-NovoRural requer vistoria em campo, coleta de dados e de amostras de solo e água para análise laboratorial e levantamento de informações gerenciais junto ao produtor/administrador. Como resultado obtém-se um índice geral das contribuições das atividades para a sustentabilidade do estabelecimento rural analisado.

    Voltada a empresas de Assistência Técnica, empreendimentos ou produtores rurais de base empresarial, a tecnologia é de simples aplicação e permite melhorar a gestão ambiental de atividades do meio rural, indicando os pontos críticos para correção do manejo, bem como os aspectos favoráveis das atividades, contribuindo para o desenvolvimento local.

    A equipe composta por Rodrigo Mendes, Embrapa Meio Ambiente, Inácio de Barros, Embrapa Gado de Leite, Paulo D’Andréa e Maria Stefânia Cruanhes D’Andréa-Kühl, Microgeo Biotecnologia Agrícola by Allterra e Geraldo Stachetti Rodrigues, Embrapa Meio Ambiente, publicou o trabalho na Frontiers in Plant Science.

  • A moderna agricultura brasileira precisa conectar segmentos

    A moderna agricultura brasileira precisa conectar segmentos

    Um questionamento constante quando se aborda as mudanças climáticas é o papel real da agricultura nesse contexto. Conectar desenvolvimento, produção e meio ambiente, sob uma ótica global, sem disputas entre os segmentos, mas parceria e amplo entendimento do assunto, é um dos caminhos para se encontrar possíveis respostas.

    “É uma narrativa que precisamos construir dentro de casa. O elo mais fraco é a agricultura. Ela vai sempre pagar a conta seja por ação ou por omissão. Que seja por ação! Pois já fizemos um grande exercício de adaptação, com base em Ciência, nos últimos 50 anos, agora o tempo está curtíssimo para dar outro salto de adaptação, mas é possível”, afirma o pesquisador Marcos Morandi, membro da delegação brasileira nas negociações sobre clima da UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas).

    Para ele, a construção da resiliência é fundamental neste processo, que é lento pela natureza e complexidade do tema. Entretanto, o Brasil é um dos poucos países com essa habilidade ao relacionar clima, biodiversidade, desenvolvimento sustentável e Ciência.

    Um dos exemplos palpáveis é o robusto corpo de políticas públicas em andamento no País, como o Código Florestal, o Programa ABC, o Renovabio e a Agricultura Regenerativa. No caso de Mato Grosso do Sul, há o Precoce MS, o Estado Carbono Neutro até 2030, dentre outras.

    “Temos aqui no Estado uma rede de Ciência e Tecnologia na produção, que nos dá tranquilidade para seguir com sistemas cada vez mais eficientes. Nossa agenda é contemporânea, inclusive com a otimização do balanço de carbono dentro dos nossos sistemas produtivos”, confirma Eduardo Riedel, governador de Mato Grosso do Sul.

    “Temos muito a fazer também”, complementa o cientista da Embrapa. Nessa jornada de sustentabilidade, definida assim por Morandi, rastrebilidade, zerar o desmatamento ilegal, adaptação climática e inclusão socio-produtiva, todos costurados pela transversalidade da comunicação, são horizontes idealizados.

    Para o pesquisador são essas oportunidades que devem estar à mesa do Brasil durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém. Ele ressalta que o País estará no centro das discussões e a agropecuaria é um pilar de transformação, capaz de digladiar com “os quatro modernos cavaleiros do apocalipse: mudanças climáticas, insegurança alimentar, transição energética e desigualdade social”.

    Nessa jornada, Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) lembra que é necessário reconhecer o trabalho do produtor rural que se propõe a investir no avanço tecnológico, e isso deve acontecer por meio de programas de remuneração,  e estará em debate na COP 30.

    Com três Unidades da Embrapa em MS, Selma Beltrão, diretora-executiva de administração da Empresa, afirma que a pecuária tropical pode e já está atuando de forma cada vez mais sustentável, a partir de métricas científicas. “Assim em novembro, em Belém, vamos mostrar ao mundo os avanços da pesquisa agropecuária brasileira em relação às mudanças climáticas”, destaca.

    Fórum Pré-COP 30

    Marcos Morandi falou sobre o assunto durante a abertura do Fórum Pré-COP 30, que acontece em Campo Grande (MS). Em palestra magna, “De Baku a Belém: agropecuária brasileira na COP 30”, ele falou para um auditório lotado no Centro de Convenções da Capital, que contou com a presença de autoridades, representantes de órgãos públicos e privados, pesquisadores e técnicos.

    Entre elas, o governador de MS, Eduardo Riedel e o secretário de Estado da Semadesc, Jaime Verruck; o senador por MS, Nelsinho Trad; a diretora-executiva, Selma Beltrão; o superintendente federal de Agricultura (SFA/MS), José Roldão; o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni; o secretário de Agricultura do Acre, Edevan Azevedo; o diretor-presidente da IAGRO, Daniel Ingold; o diretor da Agraer, Washington Willeman; o diretor da Fundect, Márcio Fernandes; o secretário municipal de Inovação e Desenvolvimento Econômico, Ademar Silva Júnior; a reitora da UFMS, Camila Ítavo; o reitor da UEMS, Laercio Carvalho; o diretor-superintendente do Sebrae-MS, Claudio Mendonça, dentre outras.

    Segundo Antonio Rosa, chefe-geral da Embrapa Gado de Corte, Centro de Pesquisa que coordena o Fórum Pré-COP 30, reunir todo esse staff é mais uma evidência da transformação experimentada pelo País nos últimos 50 anos, “ao sair de uma condição de insegurança alimentar para a posição de um dos maiores produtores mundiais de alimento, energia e fibras”.

    Assinaturas e lançamentos

    Ainda na abertura, Embrapa, Governo de MS, Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO), Semadesc, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Estadual de MS (UEMS) assinaram uma declaração de interesses em prol do desenvolvimento e da inovação do setor agropecuário.

    Os pesquisadores Juliana Correa e André Novo lançaram o aplicativo Andro Lógico e a cultivar BRS Guatã, respectivamente. O feijão-guandu, BRS Guatã, é uma revolução no controle de nematóides, com potencial de mais uma opção para o produtor; já o app é o primeiro para exame andrológico, gratuito, trazendo rentabilidade e produtividade para o rebanho.

    O Fórum Pré-COP 30 íntegra a Dinapec 2025 e as inscrições são gratuitas e estão abertas, diretamente pelo site do evento.

    Sobre a Dinapec

    A Dinâmica Agropecuária – Dinapec é uma realização da Embrapa, do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), e do Sistema Famasul, com patrocínio da Unipasto, Timac Agro, Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos do Brasil (PronaSolos), Sicoob e Marfrig Global Foods.

  • Receita bruta dos Cafés do Brasil estimada para o ano 2025 atinge R$ 123,28 bilhões

    Receita bruta dos Cafés do Brasil estimada para o ano 2025 atinge R$ 123,28 bilhões

    O valor bruto da produção dos Cafés do Brasil que foi estimado para este ano-cafeeiro 2025 atingiu a cifra total de R$ 123,28 bilhões, o qual teve como base e referência para os cálculos os preços médios efetivamente recebidos pelos produtores brasileiros nos meses de janeiro e fevereiro do corrente ano.

    Neste contexto da avaliação do desempenho da receita bruta do setor cafeeiro nacional, caso seja estabelecido um comparativo do montante estimado para 2025 com o faturamento efetivamente apurado no ano-cafeeiro 2024, que foi de R$ 80,47 bilhões, verifica-se que a cifra estimada para este ano em curso, obviamente, se confirmada, representará um expressivo acréscimo de aproximadamente 53%.

    Assim, em relação a 2025, as estimativas do faturamento de Coffea arabica (café arábica) apontam que essa espécie deverá arrecadar o equivalente a R$ 87,03 bilhões, valor que representará em torno de 70,6% da cifra total. E, em complemento, para os cafés da espécie de Coffea canephora (café robusta+conilon), referidos cálculos iniciais apontam que a receita bruta atingirá R$ 36,25 bilhões, valor que equivalerá a 29,40% do que foi estimado em nível nacional para o Valor Bruto da Produção – VBP – Café.

    Como os Cafés do Brasil são produzidos nas cinco regiões geográficas do País, em praticamente vinte estados da Federação, incluindo o Distrito Federal, um demonstrativo em ordem decrescente da receita bruta do setor estimada para essas regiões aponta que a Região Sudeste, cujo valor calculado foi o equivalente a R$ 104,60 bilhões, constata-se que tal região lidera de forma absoluta esse ranking com participação de 84,84% do faturamento total nacional.

    E, na segunda posição, vem a Região Nordeste com valor estimado em R$ 9,86 bilhões, o qual corresponde a praticamente 8%; a qual é seguida pela Região Norte, em terceiro lugar, cuja receita bruta foi estimada R$ 6,01 bilhões, e, assim, equivale a 4,88% do total geral.  Na quarta colocação do VBP dos Cafés do Brasil, destaca-se a Região Sul, com R$ 1,77 bilhões, montante que corresponde a 1,45% do total nacional.

    Na quinta posição desse ranking das cinco regiões geográficas brasileiras produtoras de café, vem a Região Centro-Oeste, que teve seu faturamento bruto estimado em R$ 1,02 bilhões, cifra que representa aproximadamente 0,83% do VBP do ano-cafeeiro 2025.

    Finalmente, vale também acrescentar que, caso os dados do valor bruto do ano-cafeeiro 2025 estimado para o C. arabica se confirmem, tal performance representará um crescimento de aproximadamente 50,0% em relação ao faturamento efetivamente obtido para essa espécie em 2024, o qual foi de R$ 58,27 bilhões. Em complemento, estabelecendo a mesma base comparativa para a espécie de C. canephora, haja vista que o faturamento do ano anterior foi de R$ 22,19 bilhões, constata-se que haverá um crescimento anual em torno de 64%.

    Convém esclarecer que estas análises da performance do VBP dos Cafés do Brasil, no caso, estimativas para o ano-cafeeiro 2025, que estão sendo objeto de divulgação pelo Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, têm como referência apenas os preços médios recebidos pelo produtores no primeiro bimestre de 2025, com base nas cotações do café arábica tipo 6, bebida dura para melhor, e no café robusta tipo 6, peneira 13 acima, com 86 defeitos. E ainda que tal documento é elaborado mensalmente pela Secretaria de Política Agrícola – SPA, do Ministério da Agricultura e Pecuária – Mapa.

  • Capacitação e assistência técnica são chaves para adoção de tecnologias na produção de erva-mate, aponta estudo

    Capacitação e assistência técnica são chaves para adoção de tecnologias na produção de erva-mate, aponta estudo

    Um estudo realizado por pesquisadores da Embrapa Florestas, Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) identificou os principais fatores que influenciam a adoção de tecnologias por produtores de erva-mate no Brasil. A pesquisa, que entrevistou 470 produtores em 116 municípios dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, revelou que a capacitação dos produtores e a presença de assistência técnica são os elementos mais determinantes para a incorporação de práticas modernas no cultivo da erva-mate.

    “O estudo, conduzido entre 2019 e 2020, envolveu os quatro estados produtores e se destaca por oferecer dados robustos, capazes de representar cerca de 10% dos agricultores que atuam na atividade, com aproximadamente 15% da área total de produção, segundo os dados fornecidos pelo IBGE”, explica Ives Goulart, analista da Embrapa Florestas e primeiro autor do artigo, publicado na revista Caderno Pedagógico. Entre as tecnologias analisadas estão a análise de solo, adubação, uso de calcário, cobertura vegetal, mudas melhoradas, manejo da altura dos galhos produtivos, percentual de folhas remanescentes após a colheita e renovação por decepa.

    Baixa produtividade e desafios tecnológicos

    A erva-mate é uma cultura de grande importância econômica e cultural na região Sul do Brasil, especialmente para a agricultura familiar. No entanto, a produtividade média dos ervais comerciais, que frequentemente são manejados com baixa tecnologia, está abaixo do potencial produtivo da cultura. Enquanto áreas de pesquisa alcançam produtividades de até 35 toneladas por hectare (t/ha), a média nacional, em 2023, foi de apenas 8,5 t/ha.

    Os resultados mostraram que a escolaridade dos produtores e a participação em capacitações sobre erva-mate aumentam significativamente a probabilidade de adoção de tecnologias. Por exemplo, um aumento no nível de escolaridade eleva em 26% a chance de o produtor realizar análise de solo. Além disso, a presença de assistência técnica foi um fator crucial, com produtores que recebem visitas técnicas tendo até 2,326 vezes mais chances de adotar práticas como a análise de solo e a adubação. “Produtores que contam com orientação regular e participam de cursos ou dias de campo tendem a incorporar mais práticas recomendadas”, aponta o analista da Embrapa.

    Resistência cultural e desafios históricos

    Outro ponto fundamental verificado pelo estudo é o impacto da tradição familiar na resistência a mudanças. Em propriedades que cultivam erva-mate por diversas gerações, foi observada uma tendência a manter práticas mais antigas, mesmo quando já existem alternativas mais produtivas e sustentáveis. “A chance de adotar adubação cai 43% quando o produtor vem de uma família tradicionalmente envolvida na produção de erva-mate. Esse comportamento pode estar relacionado a práticas extrativistas herdadas de gerações anteriores, que muitas vezes não incluem o uso de tecnologias modernas”, conclui o analista.

    Por outro lado, o tamanho da propriedade, aspectos econômicos e como acesso ao financiamento agrícola não se mostraram significativos para a adoção de tecnologias, contrariando expectativas iniciais dos pesquisadores. Isso sugere que políticas públicas focadas em capacitação e extensão rural podem ser mais eficazes do que investimentos em crédito agrícola para impulsionar a modernização do setor.

    Impacto das tecnologias na produtividade

    O estudo também confirmou que a adoção de tecnologias causou um impacto significativo na produtividade. Produtores que adotaram as oito tecnologias estudadas alcançaram uma produtividade média de 17,4 t/ha, enquanto aqueles que não adotaram nenhuma tecnologia tiveram uma média de apenas 5,0 t/ha. O estudo também revelou que o conhecimento do custo de produção influencia na adoção de técnicas, como a adubação, por exemplo. “Entender quanto custa produziros gastos e o retorno potencial deixa o produtor mais confiante em investir. A erva-mate é uma das poucas culturas onde a melhoria de manejo impacta tão fortemente.”, afirma.

    Recomendações para o setor

    Os pesquisadores recomendam que políticas públicas priorizem a capacitação de produtores e extensionistas rurais, além da atualização da grade curricular de cursos técnicos e superiores relacionados à cultura da erva-mate. A assistência técnica, em particular, deve ser estimulada e fortalecida, já que se mostrou um fator crítico para a adoção de tecnologias. “O aumento da renda da erva-mate ao produtor depende da melhoria do manejo dos cultivos por meio da adoção de tecnologias sustentáveis de produção”, afirma.

    Além disso, Goulart enfatiza a importância de se focar em soluções de baixo custo, que gerem ganhos mais imediatos para subsidiar o retorno do investimento. O levantamento reforça que ações simples, por exemplo, adequar a poda e o intervalo de colheita podem elevar o produtor a um patamar de produtividade mais alto e, a partir daí, viabilizar tecnologias mais avançadas, como o uso de cultivares específicas e de maior produtividade.

  • Especialistas constroem protocolo preliminar para diagnóstico e monitoramento de pastagens no Brasil

    Especialistas constroem protocolo preliminar para diagnóstico e monitoramento de pastagens no Brasil

    Definir, de forma colaborativa, as bases conceituais para a avaliação das pastagens nos biomas brasileiros foi o foco da oficina sobre Conceitos e Indicadores para Diagnóstico e Monitoramento de Pastagens. O evento reuniu mais de 70 especialistas e representantes do setor produtivo, incluindo universidades, instituições de ciência e tecnologia (ICTs), ONGs, ministérios e certificadoras na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP),  nos dias 11 a 13 de março.

    Com ampla experiência na temática, os participantes contribuíram para a construção coletiva de uma versão preliminar de um sistema para diagnóstico e monitoramento das pastagens no Brasil. A primeira versão deste protocolo de campo deve sair no primeiro semestre de 2025. Os pesquisadores da Embrapa Acre, Carlos Maurício de Andrade e Judson Valentim, participaram das discussões representando a região Amazônica.

    A oficina foi uma realização conjunta da Embrapa Pecuária Sudeste, Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Acre, Embrapa Cerrados, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Grupo de Políticas Públicas (GPP) da ESALQ/USP.

    Classificação de pastagens degradadas

    Para Valentim, a oficina foi extremamente importante para alinhar conceitos e metodologias sobre a degradação de pastagens e buscar definir o que caracteriza a degradação de pastagens, os diferentes estágios desse processo e o que se considera uma pastagem degradada.

    “A ideia é  construir de forma conjunta uma metodologia para classificação das condições das pastagens que auxilie produtores na tomada de decisões. Com essa classificação, será possível determinar se uma pastagem ainda é produtiva, se está em um estado intermediário ou se já perdeu grande parte da produtividade. Isso vai permitir que o produtor saiba quando adotar técnicas de manutenção, implementar práticas de recuperação ou, nos casos mais graves, realizar a reforma completa da pastagem”, explica.

    De acordo com o pesquisador, a oficina também teve um papel fundamental ao reunir, além de pesquisadores especializados em pastagens e forrageiras, especialistas em geoprocessamento. Instituições como o INPE, o IPAM, e a Universidade Federal de Goiás, por meio do LAPIG, participaram para integrar o conhecimento sobre pastagens com tecnologias de monitoramento da dinâmica do uso da terra.

    Outro objetivo do evento foi desenvolver indicadores que possam ser usados tanto em avaliações de campo, realizadas por técnicos e consultorias ao diagnosticar a condição das pastagens em propriedades rurais, quanto em plataformas de sensoriamento remoto. Dessa forma, os mesmos critérios aplicados presencialmente para determinar se uma pastagem precisa ser renovada, recuperada ou apenas mantida poderão ser utilizados em análises feitas via satélite, permitindo um monitoramento mais amplo e preciso, abrangendo diferentes biomas brasileiros.

    Impacto em políticas públicas

    Já o pesquisador Carlos Maurício destaca que, pela primeira vez, conseguimos reunir 70 especialistas de diferentes áreas para debater metodologias e discutir os desafios na criação de indicadores para as pastagens dos seis biomas brasileiros. O encontro mostrou a complexidade desse trabalho e a necessidade de aprofundar os estudos.

    Para dar continuidade aos trabalhos, estão previstos encontros regionais que irão sistematizar as informações e aprimorar os métodos de diagnóstico e monitoramento das pastagens. “Esse esforço atenderá à demanda de monitoramento das políticas públicas ligadas ao programa de recuperação e conversão de pastagens degradadas. No final, acredito que esses estudos terão um impacto significativo na preservação e gestão sustentável dos biomas brasileiros”, reforça.

  • Produtor já pode testar aplicativo que usa registro de ondas cerebrais de especialistas para detectar doenças da soja

    Produtor já pode testar aplicativo que usa registro de ondas cerebrais de especialistas para detectar doenças da soja

    A ferramenta que detecta doenças da soja, resultante da parceria Embrapa, Macnica DHW e InnerEye, está disponível para ser testada nesta safra. Técnicos e produtores, que lidam com a cultura no País, já podem acessar o aplicativo PlantCheck ID, gratuitamente, para os sistemas Android e iOS nas lojas de aplicativo. Em breve, também estará disponível para detecção de doenças do  milho.

    A parceria começou em 2022 com o treinamento do sistema para o reconhecimento de plantas doentes e não doentes, depois para doenças de relevância econômica e avança, agora, para a oferta da ferramenta para teste em larga escala. O aplicativo tem interface simplificada, segundo Jayme Barbedo, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital e líder do projeto.

    “O usuário observa um sintoma na lavoura para o qual gostaria de ter um diagnóstico. Tira uma fotografia e transmite, via celular ou computador, aos servidores da InnerEye, em Israel. Lá, o modelo é rodado e uma resposta é produzida para o usuário. O processo não demora mais que alguns segundos”, detalha Barbedo.

    “Uma das grandes vantagens do aplicativo é tornar o processo de identificação de doenças mais rápido e assertivo, facilitando a vida do produtor. Além disso, ele também incluirá, em breve, alguns Apps da própria Embrapa, como o ClimaAPI e o Agrotermos, possibilitando ao usuário acessar todas essas informações a partir de uma única plataforma”, reforça Fábio Petrassem de Sousa, presidente da Macnica DHW.

    Ferrugem asiática, oídio e mancha alvo estão entre as principais doenças que afetam as plantas da soja que o aplicativo, treinado por meio de inteligência artificial (IA), a partir de análises de especialistas da Embrapa Soja, consegue identificar em estágio inicial.

    Doenças com características parecidas dificultam a distinção de sintomas. “As doenças ocorrem em fases diferentes da cultura, necessitando de  manejo específico de acordo com o patógeno para garantir eficiência na aplicação de fungicidas”, explica a pesquisadora Dagma da Silva Araújo, da Embrapa Milho e Sorgo.

    A utilização de IA para criar mecanismos de identificação de doenças vai oferecer maior segurança à tomada de decisão, diz. Sem controle, a ferrugem asiática pode provocar perdas de até 90% de produtividade, segundo o Consórcio Antiferrugem. Os números evidenciam o valor da prevenção, especialmente em tempos de eventos climáticos extremos a favorecer o surgimento e a expansão de novos fungos.

    Bons motivos para o setor produtivo participar do aperfeiçoamento da solução tecnológica que confere autonomia e agilidade na identificação de fitopatologias em estágio inicial e assertividade na tomada de decisão, aponta a equipe de especialistas. Práticas agrícolas sustentáveis também são favorecidas pelo uso da tecnologia, otimizando o uso de defensivos e reduzindo impactos ambientais.

    Sinais neurais

    capacete Macnica Pesquisador Rafael soares credito

    A iniciativa pioneira de captura de sinais neurais de fitopatologistas da Embrapa Soja e Embrapa Milho e Sorgo para detecção de doenças é feita a partir de um dispositivo ECG, uma espécie de capacete com eletrodos (foto/Macnica) que capturam as ondas cerebrais. Então, os sinais cerebrais são enviados ao software da InnerEye, que faz o processamento das imagens e traz os resultados, diz Sousa. “Esse sistema serviu de base para especialistas da Macnica conceberem o aplicativo”, completa.

    O sistema simula o funcionamento cerebral no momento em que especialistas visualizam imagens de plantas doentes, automatizando a rotulagem e tornando a etapa mais rápida e eficiente. O pesquisador Jayme Barbedo, destaca que as ferramentas de IA evoluíram muito, mas carecem de grande volume de dados para um crescente aprimoramento.

    Desafio que a equipe desenvolvedora do aplicativo pretende vencer com a participação dos produtores. “Quanto mais retornos obtivermos nessa etapa de teste em larga escala, mais ampliaremos o banco de dados e a acurácia da ferramenta”, diz Barbedo. O pesquisador ressalta ainda o papel educativo da tecnologia na disseminação de informações sobre as doenças. A gratuidade no acesso ao aplicativo será mantida após a fase de testes.

    Validação

    Depois da prova de conceito, em 2023, que atestou a acurácia do método de identificação de doenças em soja por meio da IA e o modelo foi concluído, a primeira fase de validação da tecnologia para a cultura teve início este ano, junto a um grupo restrito de cerca de 20 produtores.

    As sugestões foram aproveitadas no melhoramento da ferramenta, que chega, de maneira gratuita, às mãos de profissionais da agronomia, da extensão rural e do setor produtivo para a etapa ampliada de testes. Veja vídeo aqui e faça o download do App na loja pelo link: plantcheckid.embrapa.mdhw.dev/home a partir de março  de 2025. O email de suporte para dúvidas de usuários junto à Macnica é: suporte@plantcheckid.com .

    “As doenças possuem características muito específicas quanto aos sintomas e também podem ser confundidas com sintomas de outras doenças e sintomas causados por fatores abióticos (que não resultam da ação de seres vivos), informa Dagma Araújo. No futuro, outras doenças deverão ser inseridas ampliando o potencial e funcionalidades do aplicativo, voltado à tomada de decisão.

    Na fase atual, o objetivo é validar se o uso de ondas cerebrais como metodologia pode ter aplicabilidade segura. Os demais passos virão com as sugestões dos produtores que estão testando a ferramenta no aplicativo, diz a pesquisadora.

    O aperfeiçoamento do aplicativo deve resultar numa versão a ser entregue no segundo  semestre de 2025, mas o aprimoramento será contínuo, visando acompanhar a dinâmica da atividade agrícola.

    Milho

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    Foto: Sandra Brito

    A cultura do milho, que comumente sucede à da soja, será a próxima a contar com o suporte do aplicativo. De acordo com estudo da Embrapa, o consumo do grão na alimentação humana é pouco representativo do ponto de vista de mercado, embora relevante em regiões de baixa renda. De 60% a 80% do consumo do grão, no Brasil, vai para a alimentação animal.

    O complexo dos enfezamentos, a mancha branca do milho e a mancha de turcicum são as doenças a serem inseridas no sistema, inicialmente. A escolha das doenças para entrarem na fase de testes do aplicativo é justificado por serem economicamente importantes para a cultura no País.