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  • Embrapa seleciona 22 propostas de inovação para suínos e aves

    Embrapa seleciona 22 propostas de inovação para suínos e aves

    A Embrapa Suínos e Aves divulgou esta semana as 22 propostas selecionadas para a segunda fase do edital de inovação aberta do Programa Inova 2023. A revelação das empresas que construirão projetos de inovação em parceria com a Embrapa ocorreu durante o evento “Inova 2023 – Avicultura e Suinocultura do amanhã”, que teve como foco principal debater as principais tendências de inovação para as produções de aves, suínos e ovos. Entre participantes presenciais e on-line, o evento do Inova reuniu mais de 160 profissionais interessados em entender melhor o futuro da avicultura e suinocultura.

    O “Inova 2023 – Avicultura e Suinocultura do amanhã” foi dividido em três painéis. O primeiro trouxe as tendências de inovação para a avicultura e suinocultura a partir da visão das agroindústrias. O segundo focou na visão dos produtores e o terceiro na visão do Estado e ciência. “Sem dúvida, inovações ligadas à sustentabilidade, sanidade animal, inteligência artificial e outros temas emergentes já estão provocando transformações”, enfatizou Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “Também é necessário inovar para fazer com que o país inteiro seja considerado área livre de febre aftosa, situação que o Norte e Nordeste do país ainda não possuem”, completou Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS).

    Para o chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe, o dia foi valioso do ponto de vista das discussões, que foram de extrema importância porque ficou claro o que se espera de inovação as oportunidades e desafios que as cadeias de aves e suínos tem pela frente. “A palavra que fica disso tudo é sinergia. Esse é o termo que reume tudo. Não podemos mais perder tempo e trabalhar isoladamente. Temos que atuar junto, juntando forças, unindo os elos das cadeias”, frisou Everton. O diretor-executivo de Pesquisa e Inovação da Embrapa, Clênio Pillon, também esteve presente no evento e destacou que a empresa está olhando com muita atenção a todas as oportunidade de inovação que contribuam cada vez mais com a manutenção e o avanço da pesquisa em prol das cadeias produtivas.

    A Embrapa Suínos e Aves publicará no início de 2024 um estudo sobre tendências de inovação para suinocultura e avicultura com base no que foi debatido durante o evento.

    Embrapa seleciona empresas

    O Inova 2023 trouxe uma proposta de fomento a projetos de inovação aberta, que está distribuída em quatro etapas. A primeira delas recebeu até 13 de setembro propostas para o edital público voltado a atender demandas de inovação. No total, 40 propostas foram inscritas, que foram analisadas pela equipe técnica, numa segunda etapa, e que se chegou ao número de 22 propostas selecionadas. A partir de novembro, os 22 proponentes selecionados e os pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves formarão equipes para a construção de projetos de inovação, que terão até abril de 2024 para serem apresentados a fontes de financiamento. Entre as fontes de financiamento estão a própria Embrapa (que alocará até R$ 500.000,00 por ano em projetos de inovação do Inova) e o Biopark (centro de inovação sediada em Toledo, no Paraná, que investirá R$ 100.000,00 por projeto do seu interesse).

    O chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, pesquisador Everton Krabbe, destacou que a equipe foi surpreendida com o resultado e o alcance desta edição do Inova. “Superou as nossas expectativas e nos desafia na capacidade orgânica da equipe para a internalização de projetos”.

    Os proponentes selecionados foram a NUTRISA – Nutrimento Agropastoril S/A, BTA Aditivos Ltda, Fenix Ambiental, Inmuno, Setor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Biopark Educação, AB Vista Brasil, JF Tecnologia, Inovação e Pesquisa Ltda, Kindra, Roboagro, Glycovam, Algabloom, Embio, Ny Research, Terrabioenergia, ABLUO, SER Brasil, Safeeds, Arqueatec e Wageningen University and Research. Fazem parte deste grupo startups, pequenas, médias e grandes empresas, além de instituições ligadas à ciência e tecnologia. As propostas variam de uso de algas na alimentação animal até soluções computacionais para agilizar o abate e inspeção de suínos. A lista com as propostas pode ser conferida na página do Inova.

    O Programa Inova é uma realização da Embrapa Suínos e Aves e tem como correalizadores a Prefeitura de Concórdia, INCTECh Incubadora Tecnológica, Pollem Parque Científico e Tecnológico e Biopark e Biopark Educação. Conta também com o apoio da Fapesc, Fapeg e CREA/SC. Como patrocinadores Bronze, o programa tem Sindicarne/ACAV, Kemin e DSM Produtos Nutricionais. No patrocínio Prata, SIPS, ICASA e MSD Saúde Animal. As mídias parceiras são Avicultura Blog, O Presente Rural, Avicultura Industrial, Suinocultura Industrial, AviNews, NutriNews e SuinoBrasil.

  • Agro continuará com papel importante na produção de energia do futuro

    Agro continuará com papel importante na produção de energia do futuro

    A participação do setor agropecuário será fundamental na consolidação de matrizes energéticas cada vez mais limpas e sustentáveis. Foi o que apontaram as tendências traçadas por especialistas em energia que participaram da elaboração da Rota Estratégica Nova Economia 2030, organizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)

    A rota estratégica ou roadmapping é um processo de planejamento que facilita a identificação de novos produtos, processos e serviços necessários para enfrentar adversidades e para aproveitar novas oportunidades. Para oito dimensões temáticas, especialistas traçaram ações de curto, médio e longo prazos, a fim de orientar o desenvolvimento de cada uma delas.

    No tema “Energias Renováveis”, o agro terá forte participação em dezenas de ações recomendadas. Entre as de curto prazo está a consolidação da produção de biocombustíveis, área na qual o Brasil tem grande experiência com etanol e biodiesel. No documento, os técnicos recomendam a expansão da produção e do uso desses combustíveis para cumprir as metas de descarbonização.

    O desenvolvimento do setor ainda deve passar pelo estímulo à implantação de biorrefinarias que geram, conjuntamente, biocombustíveis e outros bioprodutos como fertilizantes. Outra recomendação dos especialistas é o estímulo à renovação da frota por veículos híbridos ou de emissão zero.

    “Achamos muitas vezes que o veículo 100% elétrico é mais sustentável; no entanto, é preciso contabilizar as emissões envolvidas na produção de suas baterias e na fonte da energia que vai abastecê-lo. Nesse ponto, o veículo híbrido, que possui motores elétrico e a combustão, é bem menos impactante. E os híbridos movidos a biocombustíveis melhores ainda”, esclarece o pesquisador da Embrapa Alexandre Alonso, que participou do grupo de especialistas em Energias Renováveis da Rota Estratégica.

    Alonso, que chefia a Embrapa Agroenergia (DF), acredita que o setor agropecuário terá importância cada vez maior na transição para matrizes energéticas mais limpas. Ele explica que a pesquisa mundial se volta para o hidrogênio como combustível, com horizonte de longo prazo, uma vez que é uma fonte com zero emissão de CO2. Entre as várias rotas para a obtenção do elemento, a mais sustentável é a do hidrogênio verde, resultado de processos como a reforma do etanol, através do gás de biomassa ou pela eletrólise da água; nesse caso, com uso de energia solar ou eólica. “Mais uma vez, a agroenergia terá muito a contribuir para o balanço de carbono, uma vez que a reforma do etanol, chamada de rota verde-musgo, pode apresentar emissões neutras ou mesmo negativas, ou seja, é capaz de capturar carbono da atmosfera”, ressalta o pesquisador.

    Ele avalia que o agro pode ser um dos maiores participantes do mercado de carbono, nicho que deve favorecer diversas atividades agrícolas sustentáveis, incluindo as relacionadas à energia. O próprio roadmap recomenda, para o médio prazo, o desenvolvimento de modelos de negócio para o setor energético voltados à comercialização dos créditos de carbono. “Esse mercado poderá gerar um acréscimo de renda importante ao produtor rural brasileiro e o País tem um grande potencial no processo de descarbonização da economia”, analisa Alonso.

    Biogás e biometano

    Oportunidade importante para as usinas sucroalcooleiras é a produção de biogás e biometano. Diferentemente do gás natural, que é de origem fóssil, o biogás vem de fonte renovável e é capaz de auxiliar na geração do hidrogênio por eletrólise da água e ainda obter no processo a amônia, fonte de fertilizantes nitrogenados.

    O pesquisador prevê aumento crescente de biocombustíveis como o biodiesel e o bioquerosene de aviação. A expectativa é que as refinarias do futuro usem matérias-primas renováveis, como a cana-de-açúcar, que promovem a descarbonização do planeta, chamadas de biorrefinarias, bem diferentes das atuais refinarias de petróleo que atuam com fontes não renováveis e emitem CO2 em seus processos. O uso da biomassa para obtenção de energia será cada vez mais comum e, por isso, os participantes ouvidos recomendam, no médio prazo, a criação de um banco de dados sobre a produção de biomassa com potencial energético para reaproveitamento.

     

    “É importante saber que o conceito de energias limpas vai muito além da geração eólica, solar e congêneres. O Brasil, potência agrícola mundial, tem condições de estar entre os protagonistas dessa transição energética, além de ter capacidade para desenvolver e exportar tecnologias limpas para o mundo”, conclui o pesquisador da Embrapa.

    Projeto Masterplan 2030 dá continuidade ao debate

    Como desdobramento do projeto Rota Estratégica Nova Economia 2030, está sendo desenvolvido o projeto Masterplan 2030, que tem o objetivo de desenvolver e coordenar a implementação das ações estratégicas propostas no Rota Estratégica. O Masterplan é gerido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e com o Observatório da Indústria do Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

    O Masterplan deverá definir uma agenda prioritária de ações estratégicas no contexto da nova economia (economia digital e economia verde). Para esse trabalho, foram convocados especialistas da academia, da iniciativa privada, do poder público e do terceiro setor, com o propósito de debater, em quatro painéis, as 64 ações prioritárias apontadas a partir do Rota Estratégica.

    Dois pesquisadores da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira Souza Júnior e Eduardo Fernandes Formighieri, foram convidados para compor o painel 3, “Biotecnologia e Bioeconomia”, no qual foram discutidas as ações estratégicas nas duas áreas. Segundo Souza Júnior, o principal aspecto do debate foi o aproveitamento de resíduos.

    “Discutimos bastante a questão do aproveitamento de resíduos. Em qualquer sistema de produção agrícola há resíduos em maior ou menor grau. Muitos são jogados de volta à natureza de uma forma não muito sustentável. Por isso, é importante investir no desenvolvimento científico-tecnológico, para viabilizar o aproveitamento e reduzir a quantidade que vai acabar sendo jogada na natureza, ao mesmo tempo em que são gerados diversos produtos de alto valor agregado”, defende.

    Nova fase

    A partir dos painéis com os especialistas, a ABDI passa a trabalhar em uma nova etapa do projeto Masterplan 2030.

    “A ABDI angariou opiniões, visões e sugestões de especialistas e essas informações foram discutidas para refinar, melhorar e otimizar o trabalho da Rota Estratégica. Agora, a partir dos painéis, a ABDI está trabalhando no processo de sistematização e convergência das análises de todos os participantes, no intuito de construir um documento que apresenta as questões relevantes acerca da Nova Economia”, concluiu Souza.

  • Cientistas avaliam fungicidas e cultivares para combater a podridão de grãos na soja

    Cientistas avaliam fungicidas e cultivares para combater a podridão de grãos na soja

    Cultivares com maior resistência à podridão de grãos e uso de fungicidas são opções de manejo para reduzir as perdas de produtividade, apontam redes de pesquisa que estudam o tema. Inicialmente chamado de anomalia da soja, o problema vem ocorrendo, com maior frequência, na região do médio-norte do estado de Mato Grosso e em Rondônia, desde a safra 2018/2019.

    Diferentes espécies de fungos foram identificadas em vagens e hastes com e sem sintomas de apodrecimento de grãos, mas os fatores que desencadeiam o problema ainda são desconhecidos. Por isso, diversas redes multidisciplinares de pesquisa estão analisando dados como clima, fertilidade e física do solo, teor de lignina e outros que possam dar pistas sobre a doença.

    A rede que avalia a eficiência dos fungicidas traz os primeiros resultados que poderão auxiliar nas estratégias de manejo da doença, com o lançamento da publicação Eficiência de fungicidas para o controle da podridão de grãos da soja.

    Em paralelo, outro grupo avaliou a reação à podridão de 54 cultivares de soja (42 transgênicas e 12 convencionais) e identificou cultivares com bom e médio nível de resistência e as que são suscetíveis ao problema.

    A podridão dos grãos de soja

    Desde a safra 2018/2019, o problema vem causando prejuízos aos produtores, especialmente na região do médio-norte de Mato Grosso e de Rondônia, o que levou à formação de redes de pesquisa para identificar as causas do problema e definir estratégias de manejo. “Durante as visitas à região, observamos que o problema atingia as cultivares de maneira diferente e os sintomas respondiam ao tratamento com fungicidas, por isso, foram formadas redes de ensaios cooperativos para avaliar a sensibilidade das cultivares à doença e a eficiência dos fungicidas”, relata o pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa Soja (PR).

    Os sintomas descritos inicialmente como anomalia correspondem principalmente à podridão dos grãos e das vagens. Diversas amostras foram coletadas nas quais foram encontradas, nas vagens, grãos e hastes, um complexo de fungos de diferentes espécies de Fusarium, Diaporthe e Colletotrichum. Em algumas safras, também observaram alta incidência de mancha-púrpura nos grãos, causada por Cercospora spp. “Esses fungos podem ser encontrados de forma latente na planta e nos grãos, (fungos endofíticos), sem causar sintomas aparentes: cada um associado a uma doença quando ocorrem os sintomas. Eles foram identificados mesmo em vagens e grãos sem sintomas”, diz a pesquisadora da Embrapa Cláudia Godoy.

    A pesquisadora explica ainda que, no início dos sintomas, as vagens podem apresentar encharcamento, escurecimento ou ambos, sem abertura visível. Quando abertas, apresentam apodrecimento dos grãos. “A presença de vagens com sintomas e os grãos apodrecidos ocorrem de forma aleatória na planta e na vagem, respectivamente, não necessariamente acometendo todos os grãos”, conta.

    Godoy avalia que os sintomas ocorrem principalmente a partir do enchimento de grãos (estádio R5), até sua maturação (estádio R8). Segundo ela, as condições de estresse relacionadas ao clima estimulam que os fungos latentes iniciem a infecção. “Os fatores que desencadeiam a maior frequência de apodrecimento de grãos por esses patógenos nessas regiões ainda estão em estudo”, explica Godoy.

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    Foto: Gabriel Rezende

    Em ensaios realizados na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), diferentes espécies de fungos obtidos de vagens com sintomas de apodrecimento foram inoculadas em plantas de soja em casa de vegetação, mas até o momento, nenhum desses isolados reproduziram nas plantas os sintomas que ocorrem no campo.

    A pesquisadora Dulândula Wruck explica que também estão sendo estudadas técnicas de inoculação, uma vez que alguns isolados matam a planta dias após inoculação quando se utiliza a técnica do palito.  “Até agora com as informações que temos, é possível que outros fatores estejam envolvidos na manifestação dos sintomas, por isso que os projetos em andamento são multidisciplinares, analisando dados como clima, fertilidade e física do solo, teor de lignina, etc.

    Praticamente todas as empresas de pesquisa localizadas no eixo da BR 163 no médio-norte do Mato Grosso estão estudando o problema. “Os resultados da rede de fungicidas e de cultivares da safra 2022/23 são uma fonte de informação para o produtor, para auxiliar no manejo do problema”, afirma a pesquisadora.

    Avaliação de Fungicidas

    Para avaliar a eficiência de fungicidas, no controle da podridão de grãos na soja, foram realizados cinco protocolos na região do médio-norte do Mato Grosso e em Rondônia. Os tratamentos utilizaram fungicidas sítio-específicos (atingem um processo metabólico do fungo ou uma única enzima ou proteína necessária para sua sobrevivência) isolados e em misturas sem e com fungicidas multissítios (interferem em muitos processos metabólicos dos fungos). “Nesses experimentos, os fungicidas foram avaliados individualmente e em aplicações sequenciais”, explica Godoy.

    Durante a safra 2022/23, a pulverização de diferentes fungicidas, nos ensaios realizados em rede, tiveram como resultado a redução dos sintomas da doença e o aumento de produtividade. “O uso de fungicidas favorece tanto a redução da incidência de sintomas da podridão, quanto o controle de outras doenças, como a mancha-alvo – predomina na região – o que reflete em melhoria de produtividade”, explica Godoy. “Entendemos que os fungicidas são uma relevante ferramenta de controle, devendo ser definido, de acordo com a sensibilidade das cultivares à podridão de grãos e a outras doenças”, revela.

    Além do uso de fungicidas no manejo da doença, os pesquisadores orientam a adoção de diferentes estratégias antirresistência. Eles defendem, por exemplo, que as informações obtidas nesses estudos ajudem a determinar programas de controle, priorizando sempre a rotação de fungicidas com diferentes modos de ação. Eles alertam que as aplicações sequenciais com os mesmos ingredientes ativos devem ser evitadas para diminuir a pressão de seleção de resistência de fungos aos fungicidas.

    Avaliação de cultivares

    Há cerca de um ano, a rede de avaliação de cultivares, formada por 12 institutos de pesquisa, universidades, cooperativas e fundações, busca compreender o impacto da escolha de cultivares no manejo da podridão de grãos. Os resultados obtidos em lavouras de Sorriso, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sinop e em algumas áreas em Rondônia totalizam 3 milhões de hectares.

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    Foto: Gabriel Rezende

    A rede avaliou 54 cultivares de soja (42 transgênicas e 12 convencionais) e ainda realizou experimentos em três épocas de plantio. De acordo com o pesquisador Austeclinio de Farias Neto, da Embrapa Cerrados (DF), as cultivares foram caracterizadas quanto à reação a podridão: as que apresentavam bons níveis de resistência, médios níveis e as que são suscetíveis. “Com essas informações, os produtores terão ainda mais subsídios para o seu planejamento, frente ao enfrentamento do problema”, destaca Farias Neto. Os resultados detalhados serão divulgados em breve.

  • Embrapa discute tendências de inovação para suínos e aves

    Embrapa discute tendências de inovação para suínos e aves

    A Embrapa Suínos e Aves promoverá, no dia 25 de outubro, um debate sobre as principais tendências de inovação para a avicultura e suinocultura. A discussão será o ponto central do evento “ Inova 2023 – Avicultura e Suinocultura do amanhã ”, que ocorrerá na sede da Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia (SC). O evento também anunciará as empresas selecionadas pelo edital público do Programa Inova para a construção de projetos de inovação e entregará o prêmio Destaque da Suinocultura e Avicultura 2023.

    O “Inova 2023 – Avicultura e Suinocultura do amanhã” será dividido em três painéis. O primeiro trazemos as tendências de inovação para a avicultura e suinocultura a partir da visão das agroindústrias. O segundo estudo mostra a visão dos produtores e o terceiro a visão do Estado e da ciência. Entre os convidados para debater as tendências de inovação estão Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), e Fúlvio Brasil Rosar Neto, superintendente federal de Agricultura e Pecuária em Santa Catarina. O evento terá ainda uma palestra especial com Éverton Gubert, CEO da Agriness, sobre o “Agro na Nuvem”.

    A programação completa do evento está disponível no site da Embrapa Suínos e Aves (www.embrapa.br/suinos-e-aves/inova2023). O evento é aberto para a participação de todos os interessados ​​nos temas, a inscrição é gratuita e pode ser feita no site da Embrapa.

    Empresas selecionadas

    A Embrapa Suínos e Aves recebeu até 13 de setembro propostas para o edital público voltado para atender demandas de inovação. O edital faz parte do Programa Inova 2023 e oferece três vantagens às empresas que querem inovar e precisam de parceria. A primeira é uma oportunidade de construir projetos de inovação abertos em conjunto com pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves. A segunda é a possibilidade de acesso à estrutura de pesquisa da Embrapa e a terceira o apoio na busca por fontes de financiamento para a execução de projetos de inovação abertos. Ao todo, 40 propostas foram inscritas e os selecionados serão anunciados ao final do evento “Inova 2023 – Avicultura e Suinocultura do amanhã”.

    A partir de novembro, as empresas selecionadas e os pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves formarão equipes para a construção de projetos de inovação, que terão até abril de 2024 para serem apresentadas as fontes de financiamento. Entre as fontes de financiamento estão a própria Embrapa (que alocará até R$ 500.000,00 por ano em projetos de inovação do Inova) e o Bioparque (centro de inovação sediado em Toledo, no Paraná, que investirá R$ 100.000,00 por projeto do seu interesse).

    O Programa Inova é uma realização da Embrapa Suínos e Aves e tem como correalizadores a Prefeitura de Concórdia, INCTECh Incubadora Tecnológica, Pollem Parque Científico e Tecnológico e Biopark e Biopark Educação. Conta também com o apoio da Fapesc, Fapeg e CREA/SC. Como patrocinadores Bronze, o programa tem Sindicarne/ACAV e DSM. Sem patrocínio Prata, SIPS e ICASA. As mídias parceiras são Avicultura Blog, O Presente Rural, Avicultura Industrial, Suinocultura Industrial, AviNews, NutriNews e SuinoBrasil.

    Destaque Suinocultura e Avicultura

    A programação do evento “Inova 2023 – Avicultura e Suinocultura do amanhã” terá um momento especial, que é a entrega da homenagem “Personalidade Destaque da Avicultura e da Suinocultura 2023”. Os indicados para o destaque neste ano são Rogério Kerber, diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul – SIPS, na área de Suinocultura, e Inácio Afonso Kroetz, diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Avicolas do Estado do Paraná – Sindiavipar, área de avicultura.

    A homenagem teve início no ano de 1997, concomitantemente às comemorações de aniversário da Embrapa Suínos e Aves, e tem por objetivo primar as personalidades do meio empresarial, cujas contribuições foram decisivas para o desenvolvimento da suinocultura e avicultura no país. Desde então, as homenagens são realizadas como forma de reconhecimento aos serviços relevantes prestados às duas cadeias produtivas. A indicação é feita por equipe de funcionários da Embrapa Suínos e Aves ao Comitê Técnico Interno.

  • Custos de produção de frangos de corte e de suínos caem em agosto/23

    Custos de produção de frangos de corte e de suínos caem em agosto/23

    Os custos de produção de frangos de corte e de suínos tiveram redução no mês de agosto segundo os estudos mensais da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves, disponível em embrapa.br/suinos-e-aves/cias. O ICPFrango caiu 1,58%, mantendo a sequência mensal de queda que iniciou em março, fechando em 328,89 pontos. Já a variação do ICPSuíno foi de -0,71%, encerrando o mês de agosto em 332,67 pontos.

    O ICPFrango apresentou em agosto queda na maioria dos itens de custos, incluindo nutrição (-1,62% e um peso de 66,56% na composição do custo total de produção) e aquisição dos pintos de um dia (-1,93% e 15,66% do total). O custo de produção do quilo do frango de corte vivo no Paraná produzido em aviário tipo climatizado em pressão positiva em agosto foi de R$ 4,26, o que representa R$ 0,07 a menos em comparação a julho.

    No ano, o ICPFrango acumula -23,01% e, nos últimos 12 meses, uma variação de -21,83%. Importante destacar que a mudança nos coeficientes técnicos realizada em janeiro de 2023 foi responsável por uma redução de 7,1 pontos percentuais, enquanto que os preços respondem pelo restante da variação acumulada no ano e nos últimos 12 meses.

    No caso do ICPSuíno, a maior influência foi a redução no item nutrição, com queda de 0,79% de variação e um peso de 73,18% na composição do custo total. Agora, o ICPSuíno acumula uma variação de -27,98% desde janeiro e, nos últimos 12 meses, de -23,85%. Com isto, o custo total de produção por quilo de suíno vivo produzido em sistema tipo ciclo completo em Santa Catarina em agosto chegou a R$ 5,82, R$ 0,04 por quilo vivo a menos em relação a julho. Importante destacar que a mudança nos coeficientes técnicos realizada em janeiro de 2023 foi responsável por uma redução de 16,2 pontos percentuais, enquanto que os preços respondem pelo restante da variação acumulada no ano e nos últimos 12 meses.

    Os estados de Santa Catarina e Paraná são usados como referência nos cálculos da CIAS por serem os maiores produtores nacionais de suínos e de frangos de corte, respectivamente. Os custos para todos os estados pesquisados estão disponíveis em embrapa.br/suinos-e-aves/cias/custos/icpfrango e embrapa.br/suinos-e-aves/cias/custos/icpsuino.

    Os custos de produção são uma referência para o setor produtivo. Entretanto, suinocultores independentes e avicultores sob contratos de integração devem acompanhar a evolução dos seus próprios custos de produção.

    GO, MT e MG

    A CIAS ampliou a informação dos custos de produção de suínos para mais três estados. Agora, os custos de produção de suínos no mercado independente de Goiás, referentes ao primeiro e segundo trimestre desse ano, e de Mato Grosso, desde o primeiro trimestre de 2019 até o primeiro trimestre de 2023, já estão disponíveis para consulta. O estado de Minas Gerais será o próximo a ter os custos de produção divulgados, ainda no segundo semestre.

    Atualização de coeficientes

    A Embrapa Suínos e Aves atualizou no início de 2023 os coeficientes técnicos para frangos de corte e suínos, impactando nas estimativas do custo de produção e nos respectivos índices (ICPFrango e ICPSuíno). A revisão visa corrigir distorções nas estimativas dos custos unitários (R$/kg vivo) e dos índices de custo e está descrita em uma Nota Técnica publicada na CIAS (embrapa.br/suinos-e-aves/cias/custos/nota-tecnica).

    Aplicativo Custo Fácil

    O aplicativo da Embrapa agora permite gerar relatórios dinâmicos das granjas, do usuário e das estatísticas da base de dados. Os relatórios permitem separar as despesas dos custos com mão de obra familiar. O Custo Fácil está disponível de graça para aparelhos Android, na Play Store do Google.

    Planilha de custos do produtor

    Produtores de suínos e de frango de corte integrados podem usar na gestão da granja a planilha eletrônica feita pela Embrapa. A planilha pode ser baixada de graça no site da CIAS.

  • Inteligência artificial torna mais preciso o mapeamento da intensificação agrícola no Cerrado

    Inteligência artificial torna mais preciso o mapeamento da intensificação agrícola no Cerrado

    Metodologia pioneira desenvolvida com suporte da Inteligência Artificial (IA) permitiu o alcance de um nível de acurácia de até 97%, quando aplicada em análises de imagens de satélite do Cerrado do município de Sorriso (MT), um dos principais produtores agrícolas do País. A acurácia é um aspecto relevante nos levantamentos realizados por meio de sensoriamento remoto. A ferramenta atribui maior precisão aos estudos, monitoramento e planejamento relacionados ao uso da terra e à prática da intensificação agrícola, e contribui para a tomada de decisão, nas esferas pública e privada, com base em informações geoespaciais qualificadas.

    A metodologia foi desenvolvida com algoritmos de classificação digital de imagens de satélites baseados em IA. Resulta do trabalho de pesquisadores da Embrapa , Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe ) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU), publicado na revista International Journal of Geo-Information (IJGI), no número de julho de 2023, com acesso gratuito para o público em geral.

    “Os resultados demonstram a robustez da metodologia desenvolvida com foco na identificação de processos de dinâmica de uso da terra, como a intensificação agrícola”, avalia o pesquisador Édson Bolfe , da Embrapa Agricultura Digital , e coordenador do projeto Mapeamento agropecuário no Cerrado via combinação de imagens multisensores – MultiCER, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).

    Bolfe explica que, dentre os principais diferenciais da metodologia, está a geração de uma base de dados geoespaciais ampliada a partir de imagens harmonizadas dos satélites Landsat da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (NASA) e Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia (ESA), denominada de HLS, e a utilização de algoritmos de classificação digital baseados em IA. A abordagem viabilizou o mapeamento dos cultivos agrícolas em três diferentes níveis hierárquicos, indicando áreas com uma, duas e até três safras no mesmo ano agrícola.

    A sucessão de safras de diferentes culturas agrícolas em uma mesma área e no mesmo calendário agrícola, visando aumentar a produção sem envolver a supressão de novas áreas nativas, é uma prática crescente no Brasil, e os seus mapeamento e monitoramento podem nortear tomadores de decisão em análises voltadas ao planejamento agroambiental, em especial.

    Metodologia está disponível para consulta e utilização

    Integrantes da academia, poder público e setor produtivo podem acessar detalhes da metodologia, resultados e mapas gerados no Repositório de Dados de Pesquisa da Embrapa (Redape). A estrutura metodológica é replicável em outras regiões do Cerrado com características semelhantes. Mais informações sobre a Plataforma de coleta de dados em campo estão disponíveis em AgroTag .

    Inteligência artificial torna mais preciso o mapeamento da intensificação agrícola no CerradoInteligência artificial torna mais preciso o mapeamento da intensificação agrícola no Cerrado

    Síntese da abordagem metodológica gerada para o mapeamento da intensificação agrícola.

    Agilidade e precisão, o papel do AgroTag

    Produtos de sensoriamento remoto e modelos de IA para classificação de imagens pixel-a-pixel têm demonstrado elevada confiabilidade no mapeamento agrícola, explica Bolfe. Com HLS é possível obter até duas imagens por semana nas mesmas regiões agrícolas de interesse.

    Um dos desafios da equipe de pesquisa está na obtenção de informações qualitativas e quantitativas de campo, que são fundamentais no sensoriamento remoto na agricultura. Para isso, os pesquisadores utilizaram o aplicativo AgroTag , desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente para conferir agilidade e precisão ao mapeamento das principais culturas agrícolas em escalas regional e nacional.

    “Algoritmos baseados em IA dependem fortemente de uma quantidade massiva de dados de entrada para a realização dos chamados ‘treinamentos’. Esses últimos são processos nos quais dadosamostraisde referência, ou verdades de campo, são utilizados para ensinar os algoritmos aidentificar os alvos sob investigação em grandes áreas,nesse caso utilizando imagens de satélite, ou seja, mapeamento em larga escala”, comenta Luiz Eduardo Vicente, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, especialista em sensoriamento remoto e um dos coordenadores do projeto AgroTag.

    Nesse sentido, segundo Vicente, o uso do AgroTag foi fundamental, pois permitiu a coleta rápida e precisa de informações de campo, como o tipo de uso e cobertura da terra em cada ponto amostral, transferindo-as automaticamente para a nuvem de dados on-line, viabilizando seu uso nos referidos algoritmos.

    Em contraposição aos métodos de coleta tradicionais, o AgroTag representou, durante o projeto, um incremento de 25% a mais de áreas amostradas. “O projeto reafirma um dos motivos pelos quais o Agrotag foi criado”, destaca Vicente.

    Mapeamentos dinâmicos

    “O estudo mapeou a produção agrícola de 2021-2022 em Sorriso/MT, município escolhido por sua relevância econômica e agroambiental no contexto do Cerrado e do País”, destaca Edson Sano , pesquisador da Embrapa Cerrados e membro do projeto MultiCER.

    A maioria dos mapeamentos existentes não acompanha a evolução das práticas de intensificação agrícola “poupa-terra” – como a produção de até três safras na mesma área – ficando no nível da primeira safra. “Alguns levantamentos evoluíram para a identificação do número de safras plantadas, sem, no entanto, detectar as culturas específicas”, finaliza Sano.

    “Para produzir mapeamentos dinâmicos, detalhados e precisos, é necessário um grande volume de informações de ´verdade terrestre´, que são amostras rotuladas dos tipos de uso ou cobertura da terra, obtidas durante atividades de campo”, observa Taya Parreiras, doutoranda no Instituto de Geociências da Unicamp e membro do Projeto MultiCER.

    São necessárias ainda, de acordo com a pesquisadora, séries temporais regulares de imagens de satélite de alta resolução temporal e, nesse sentido, a harmonização de dados Landsat e Sentinel-2 é uma abordagem diferenciada. Taya Parreiras indica que, para lidar com a dimensão desses bancos de dados e informações, algoritmos de aprendizado de máquina, tais como Random Forest ou Extreme Gradient Boost, são fundamentais.

    “Como parte da IA, esses algoritmos são capazes de analisar e aprender padrões espectrais e texturais complexos a partir de conjuntos de dados agrícolas extensos e variados, permitindo a identificação precisa de diferentes tipos de culturas, condições do solo e variáveis ambientais”, argumenta.

    O Random Forest, ao criar várias árvores de decisão independentes e combiná-las, consegue produzir estimativas mais confiáveis. O Extreme Gradient Boost também cria diversas árvores de decisão, mas com a vantagem de permitir que aquelas com baixo poder de predição sejam ajustadas. “Ambos os algoritmos são altamente escaláveis, o que lhes permite processar grandes volumes de dados rapidamente, contribuindo para a geração de mapas agrícolas detalhados e atualizados”, conclui.

    Por: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
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  • Inteligência artificial torna mais preciso o mapeamento da intensificação agrícola no Cerrado

    Inteligência artificial torna mais preciso o mapeamento da intensificação agrícola no Cerrado

    Metodologia pioneira, desenvolvida com suporte da Inteligência Artificial (IA), permitiu o alcance de um nível de acurácia de até 97%, quando aplicada em análises de imagens de satélite do Cerrado do município de Sorriso (MT), um dos principais produtores agrícolas do País. A acurácia é um aspecto relevante nos levantamentos realizados por meio de sensoriamento remoto. A ferramenta atribui maior precisão aos estudos, monitoramento e planejamento relacionados ao uso da terra e à prática da intensificação agrícola, e contribui para a tomada de decisão, nas esferas pública e privada, com base em informações geoespaciais qualificadas.

    A metodologia foi desenvolvida com algoritmos de classificação digital de imagens de satélites baseados em IA. Resulta do trabalho de pesquisadores da Embrapa, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU),  publicado na revista International Journal of Geo-Information (IJGI), no número de julho de 2023, com acesso gratuito para o público em geral.

    “Os resultados demonstram a robustez da metodologia desenvolvida com foco na identificação de processos de dinâmica de uso da terra, como a intensificação agrícola”, avalia o pesquisador Édson Bolfe, da Embrapa Agricultura Digital, e coordenador do projeto Mapeamento agropecuário no Cerrado via combinação de imagens multisensores – MultiCER, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).

    Bolfe explica que, dentre os principais diferenciais da metodologia, está a geração de uma base de dados geoespaciais ampliada a partir de imagens harmonizadas dos satélites Landsat da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (NASA) e Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia (ESA), denominada de HLS, e a utilização de algoritmos de classificação digital baseados em IA. A abordagem viabilizou o mapeamento dos cultivos agrícolas em três diferentes níveis hierárquicos, indicando áreas com uma, duas e até três safras no mesmo ano agrícola.

    A sucessão de safras de diferentes culturas agrícolas em uma mesma área e no mesmo calendário agrícola, visando aumentar a produção sem envolver a supressão de novas áreas nativas, é uma prática crescente no Brasil, e os seus mapeamento e monitoramento podem nortear tomadores de decisão em análises voltadas ao planejamento agroambiental, em especial.

    Agilidade e precisão, o papel do AgroTag

    Produtos de sensoriamento remoto e modelos de IA para classificação de imagens pixel-a-pixel têm demonstrado elevada confiabilidade no mapeamento agrícola, explica Bolfe. Com HLS é possível obter até duas imagens por semana nas mesmas regiões agrícolas de interesse.

    Um dos desafios da equipe de pesquisa está na obtenção de informações qualitativas e quantitativas de campo, que são fundamentais no sensoriamento remoto na agricultura. Para isso, os pesquisadores utilizaram o aplicativo AgroTag, desenvolvido pela  Embrapa Meio Ambiente para conferir agilidade e precisão ao mapeamento das principais culturas agrícolas em escalas regional e nacional.

    “Algoritmos baseados em IA dependem fortemente de uma quantidade massiva de dados de entrada para a realização dos chamados ‘treinamentos’. Esses últimos são processos nos quais dados amostrais de referência, ou verdades de campo, são utilizados para ensinar os algoritmos a identificar os alvos sob investigação em grandes áreas, nesse caso utilizando imagens de satélite, ou seja, mapeamento em larga escala”, comenta Luiz Eduardo Vicente, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, especialista em sensoriamento remoto e um dos coordenadores do projeto AgroTag.

    Nesse sentido, segundo Vicente, o uso do AgroTag foi fundamental, pois permitiu a coleta rápida e precisa de informações de campo, como o tipo de uso e cobertura da terra em cada ponto amostral, transferindo-as automaticamente para a nuvem de dados on-line, viabilizando seu uso nos referidos algoritmos.

    Em contraposição aos métodos de coleta tradicionais, o AgroTag representou, durante o projeto, um incremento de 25% a mais de áreas amostradas. “O projeto reafirma um dos motivos pelos quais o Agrotag foi criado”, destaca Vicente.

    Mapeamentos dinâmicos

    “O estudo mapeou a produção agrícola de 2021-2022 em Sorriso/MT, município escolhido por sua relevância econômica e agroambiental no contexto do Cerrado e do País”, destaca Edson Sano, pesquisador da Embrapa Cerrados e membro do projeto MultiCER.

    A maioria dos mapeamentos existentes não acompanha a evolução das práticas de intensificação agrícola “poupa-terra” – como a produção de até três safras na mesma área – ficando no nível da primeira safra. “Alguns levantamentos evoluíram para a identificação do número de safras plantadas, sem, no entanto, detectar as culturas específicas”, finaliza Sano.

    “Para produzir mapeamentos dinâmicos, detalhados e precisos, é necessário um grande volume de informações de ´verdade terrestre´, que são amostras rotuladas dos tipos de uso ou cobertura da terra, obtidas durante atividades de campo”, observa Taya Parreiras, doutoranda no Instituto de Geociências da Unicamp e membro do Projeto MultiCER.

    São necessárias ainda, de acordo com a pesquisadora, séries temporais regulares de imagens de satélite de alta resolução temporal e, nesse sentido, a harmonização de dados Landsat e Sentinel-2 é uma abordagem diferenciada. Taya Parreiras indica que, para lidar com a dimensão desses bancos de dados e informações, algoritmos de aprendizado de máquina, tais como Random Forest ou Extreme Gradient Boost, são fundamentais.

    “Como parte da IA, esses algoritmos são capazes de analisar e aprender padrões espectrais e texturais complexos a partir de conjuntos de dados agrícolas extensos e variados, permitindo a identificação precisa de diferentes tipos de culturas, condições do solo e variáveis ambientais”, argumenta.

    O Random Forest, ao criar várias árvores de decisão independentes e combiná-las, consegue produzir estimativas mais confiáveis.  O Extreme Gradient Boost também cria diversas árvores de decisão, mas com a vantagem de permitir que aquelas com baixo poder de predição sejam ajustadas. “Ambos os algoritmos são altamente escaláveis, o que lhes permite processar grandes volumes de dados rapidamente, contribuindo para a geração de mapas agrícolas detalhados e atualizados”, conclui.

  • Pesquisa estuda as tendências de chuvas em Mato Grosso nos últimos 34 anos

    Pesquisa estuda as tendências de chuvas em Mato Grosso nos últimos 34 anos

    Alguns dos pioneiros na colonização da região médio-norte de Mato Grosso costumam dizer que antigamente chovia mais cedo e com maior intensidade. Um estudo feito pela Embrapa avaliou dados pluviométricos das últimas 34 safras em busca de evidências de uma possível alteração de tendência no regime de chuvas no estado. O resultado mostra que ocorreram anomalias de chuva no período e que os últimos 17 anos foram mais chuvosos do que os 17 anos anteriores.

    O trabalho, coordenado pelo pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) Jorge Lulu, analisou dados coletados em dez estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) localizadas em diferentes regiões do estado, no período entre 1988 até 2022. As informações foram trabalhadas mês a mês de forma a se calcular o Índice de Anomalia de Chuva (IAC). Este índice varia em uma escala numérica, cujo número zero representa um período dentro da escala normal meteorológica. Valores positivos representam períodos mais chuvosos que a normal, com número maior ou igual a quatro, representando períodos extremamente chuvosos. Já números negativos indicam períodos mais secos do que o esperado, e valor igual ou menor que -4 representa um período extremamente seco.

    Um primeiro resultado obtido foi a confirmação da característica já apontada pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) de que, apesar de ocorrerem precipitações em setembro, as chuvas só têm início de forma consistente a partir de outubro, sendo este o mês de abertura da janela de semeadura da soja no estado. Dos 34 anos agrícolas analisados, por 19 vezes os meses de setembro foram mais secos do que a média esperada, com IAC negativo, e em 15 foram mais chuvosos, com IAC positivo. Somente em quatro ocasiões o mês de setembro foi considerado muito chuvoso e, em duas, extremamente chuvoso, enquanto em oito anos foi considerado muito seco e em um ano extremamente seco.

    “Esse resultado mostra que o Zarc é um bom orientador para os produtores, pois ao iniciar a janela de plantio em outubro, reduz-se os riscos de perdas por falta de chuva, que são esparsas e em menor volume no mês de setembro no estado”, explica Jorge Lulu.

    Tendência de chuvas

    Para verificar se há tendência de redução da quantidade de chuva em todo o ano agrícola, os pesquisadores calcularam médias anuais dos Índices de Anomalia de Chuvas. O resultado mostrou que dos 34 anos avaliados, houve 16 anos com IAC médio positivo e 18 anos com IAC médio negativo em Mato Grosso, ou seja, foram mais anos secos do que chuvosos.

    Porém, ao dividir a série histórica em duas metades, sendo uma de 1988 a 2004 e outra de 2005 a 2021, verifica-se que a segunda metade teve mais anos chuvosos do que a primeira.

    O resultado reflete um comportamento verificado em todos os meses de outubro a abril, nos quais os últimos 17 anos foram mais chuvosos do que os 17 anos anteriores. Já para os meses mais secos, de maio a setembro, o IAC manteve o padrão em todos os 34 anos.

    O pesquisador explica que para uma análise climatológica são necessários ao, menos 30 anos, para se identificar tendências de alterações. Ao contemplar um intervalo de 34 anos, esse trabalho não indica que as chuvas em Mato Grosso estão atrasando ou mesmo se consolidando mais cedo. A confirmação da ocorrência de anomalias, por sua vez, reforça a necessidade de se seguir as recomendações de janela de plantio preconizadas pelo Zarc.

    “É uma forma de o produtor ver não só as datas de chuvas, mas também observar como os desvios em relação à média podem ocorrer ao longo do tempo. Com isso, o produtor pode ficar mais alerta pois as anomalias acontecem e, por isso, é importante ele estar atento às janelas do zoneamento para reduzir os riscos”, alerta Jorge Lulu.

    Anomalias de precipitação

    Como essa pesquisa analisou somente os dados de precipitação que ocorreram, sem fazer uma análise de fenômenos climatológicos e de mudanças na paisagem, não está no escopo do trabalho entender o porquê da ocorrência das anomalias em cada ano. Ainda assim, ele traz avanços para o conhecimento, ao confirmar que o Índice de Anomalia de Chuvas é um bom indicador de análise e que seus resultados são compatíveis com os mapas de anomalias de precipitação que são gerados pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe).

    De acordo com o pesquisador, o trabalho pode ter desdobramentos futuros com incremento de informações sobre o déficit hídrico na série histórica. Para isso, devem ser levadas em consideração não só a precipitação, mas também as temperaturas diárias.

  • Justiça determina que MST desocupe fazenda da Embrapa em Pernambuco

    Justiça determina que MST desocupe fazenda da Embrapa em Pernambuco

    A Justiça Federal em Pernambuco determinou que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desocupe uma fazenda pertencente à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Petrolina (PE).

    Em sua decisão, desta quarta-feira (19), a juíza federal Danielli Farias Rabelo Leitão Rodrigues estabelece que os cerca de 600 integrantes do movimento que estão na propriedade desde a madrugada do último domingo (16) deixem a área em até 48 horas após serem notificados, o que aconteceu na manhã de hoje (20).

    A juíza também estabeleceu uma multa diária de R$ 500 a ser aplicada contra o MST caso seus integrantes não deixem o local voluntária e pacificamente dentro do prazo.

    Por telefone, o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Semiárido, unidade da empresa pública responsável pelo terreno de cerca de 500 hectares, Anderson Ramos de Oliveira, disse aguardar o cumprimento da sentença.

    Na terça-feira (18), Oliveira concedeu entrevista à Agência Brasil, garantindo que a propriedade é usada há décadas para a realização de experimentos que buscam tornar mais resistentes as sementes e mudas de plantas cultivadas no Cerrado, aumentando a produtividade destes produtos. Além disso, parte do terreno é mantida intocado de forma a preservar a flora nativa.

    Acordo

    Segundo um dos dirigentes do MST em Pernambuco, Paulo Sérgio, a decisão da Justiça Federal foi anunciada após o movimento firmar um acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). De acordo com Sérgio, representantes do movimento se reuniram com representantes da pasta nesta quarta-feira, em Brasília, e aceitaram deixar a área mediante o compromisso do governo federal de assentar cerca de 800 famílias sem terra de Pernambuco.

    “Após a negociação, chegamos a um acordo com o MDA que consideramos uma conquista. Nos comprometemos a deixar a área voluntariamente. Em contrapartida, a partir da próxima semana, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária [Incra] enviará equipes para começar a cadastrar a 800 famílias que serão posteriormente assentadas em cinco áreas que o movimento indicará para que sejam destinadas à reforma agrária”, afirmou Sérgio, explicando que o acordo prevê que as cinco propriedades fiquem em Petrolina (três) e Lagoa Grande (duas).

    “Já temos três destas áreas identificadas. Pretendemos identificar mais duas. Nossa meta é assentar 800 famílias: as 600 que estão participando da ocupação [da fazenda da Embrapa] e outras 200 que estão acampadas na região. Além disso, acordamos que, até que estas famílias estejam assentadas e possam começar a receber apoio técnico e financeiro, o governo federal fornecerá cestas básicas”, acrescentou o dirigente sem terra, ponderando que, embora o movimento já tenha começado a mobilizar as famílias para deixar a área da Embrapa, há o risco de que nem todas consigam deixar a propriedade até sábado. “Ainda vamos verificar com os advogados do movimento esta questão do prazo judicial, mas vamos honrar o acordo, deixar a área e permanecer vigilantes até que o governo cumpra sua parte.”

    A Agência Brasil entrou em contato com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar para que a pasta comente o acordo e aguarda retorno.

    Ministério da Agricultura

    Na terça-feira, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, usou sua conta pessoal no Twitter para criticar a ação do MST. Fávaro, que é ligado à agropecuária e foi vice-governador de Mato Grosso, classificou a iniciativa de “invasão” e disse que é “inaceitável”.

    “Sempre defendi que o trabalhador vocacionado tenha direito à terra. Mas à terra que lhe é de direito! A Embrapa, prestes a completar 50 anos, é um dos maiores patrimônios do nosso país. O agro produz com sustentabilidade; se apoia nas pesquisas e em todo o trabalho de desenvolvimento promovido pela Embrapa. Atentar contra isso está muito longe de ser ocupação, luta ou manifestação. Atentar contra a ciência, contra a produção sustentável é crime e crime próprio de negacionistas”, escreveu Fávaro.

    Jornada

    A ocupação da fazenda da Embrapa Semiárido por integrantes do MST não foi um ato isolado. Segundo o movimento, a ação faz parte da 26ª Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, que ocorre em todo o país, com “mobilizações massivas” em ao menos 18 estados.

    Só em Pernambuco, o MST afirma que, até ontem, já tinha ocupado nove propriedades desde o último dia 3. Sete destas ocupações ocorreram no último fim de semana, nas cidades de Timbaúba, Jaboatão dos Guararapes, Tacaimbó, Caruaru, Glória do Goitá, Goiana, além de Petrolina.

    Além de propriedades rurais e terras públicas, os sem-terra também ocuparam ou protestaram diante de escritórios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em ao menos 12 unidades federativas (Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Paraíba, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal).

    De acordo com o MST, as ocupações, marchas, vigílias, acampamentos e demais ações em defesa da reforma agrária continuarão acontecendo de forma coordenada até ao menos a próxima quinta-feira (20). Além de criticar a concentração de terras brasileiras na mão de poucas pessoas e empresas, a jornada resgata, anualmente, a memória dos 21 trabalhadores rurais sem-terra assassinados por policiais militares, em 17 de abril de 1996, em Eldorado dos Carajás (PA), no episódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás.

    Edição: Juliana Andrade

  • Ministro da Agricultura indica pesquisadora para chefiar Embrapa

    Ministro da Agricultura indica pesquisadora para chefiar Embrapa

    O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse em uma conta pessoal do Instagram que vai indicar o nome da pesquisadora Silvia Massruhá para a presidência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Vai ser a primeira vez que uma mulher ocupa a função.

    Segundo Fávaro, Silvia “preenche todos os requisitos” para assumir o cargo. Natural de Passos (MG), ela está na Embrapa desde 1989. É graduada em Análise de Sistemas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, tem mestrado na área de automação pela Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e é doutora em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

    Silvia está à frente da Embrapa Agricultura Digital desde setembro de 2021. Lá, lidera projetos na área de engenharia de software, inteligência artificial e computação científica aplicada à agricultura. Segundo dados publicados no site da Embrapa, o setor que ela dirige é responsável por aproximadamente 100 publicações técnico-científicas e 25 softwares nos temas de lógica abdutiva, lógica nebulosa, técnicas de aprendizado de máquina, mineração de dados e textos voltados para o manejo animal e diagnóstico de doenças em plantas.

    Parceria com Angola

    Carlos Fávaro também anunciou nas redes sociais que se reuniu com o ministro das Relações Exteriores de Angola, Tete Antonio, para estabelecer diálogos e parcerias comerciais. O ministro da Agricultura disse que a Embrapa pode contribuir com tecnologias de produção agrícola e desenvolvimento de políticas públicas no país africano. Ele citou como exemplo o seguro rural. Dados trazidos pelo próprio Fávaro indicam que a atividade agropecuária em Angola é predominantemente familiar. Conta com 2.370.757 produtores rurais, dos quais 5.877 são explorações empresariais e 2.364.880 familiares.

    Edição: Maria Claudia