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  • Descoberta científica pode contribuir com o controle biológico de pragas

    Descoberta científica pode contribuir com o controle biológico de pragas

    Uma descoberta científica resultante da colaboração entre pesquisadores brasileiros e norte-americanos pode aprimorar o cultivo de fungos com potencial para controlar insetos que atuam como pragas na agricultura, também chamados de entomopatogênicos. Os cientistas descobriram que o ajuste da pressão osmótica pode diminuir a diluição do líquido no qual esses microrganismos são criados, aumentando a eficiência da sua produção e, consequentemente, de produtos biológicos (micopesticidas) para controlar pragas e doenças agrícolas, com mais economia e sustentabilidade.

    Segundo o analista da Embrapa Meio Ambiente (SP) Gabriel Mascarin, esse resultado pode aumentar significativamente a eficácia e a eficiência dos biopesticidas à base de fungos, com a possibilidade de superar os produtos fúngicos tradicionais disponíveis no mercado brasileiro. “Os dados obtidos com a pesquisa indicam um caminho promissor para o desenvolvimento de micopesticidas mais efetivos e econômicos”, destaca Mascarin, que é um dos autores do estudo.

    A pesquisa focou no impacto da pressão osmótica durante o cultivo líquido de Beauveria bassiana, um fungo capaz de infectar mais de mil espécies de artrópodes. O pesquisador explica que ajustar a pressão osmótica no cultivo pode ser uma estratégia viável para acelerar e incrementar a produção desse e de outros fungos com potencial para controle de pragas, contribuindo para o avanço de micopesticidas baseados em blastoporos, inovadores e de baixo custo.

    Os blastosporos são células fúngicas preferenciais que, devido à sua produção simplificada por fermentação líquida submersa, enfrentam desafios de baixa produtividade e sensibilidade à dessecação.

    Contudo, como observa Mascarin, a pesquisa desenvolveu uma tecnologia de fermentação que não apenas melhorou a produção de B. bassiana, como também aumentou a resistência dessas células à dessecação, permitindo sua estabilidade e eficácia prolongadas, mesmo em condições de armazenamento não refrigerado, conforme descrito em patente internacional.

    Além da resistência acondicionada, os blastosporos demonstraram ser tão ou mais letais que os esporos tradicionais, com potencial para infectar insetos-praga de maneira mais eficiente, sugerindo uma nova alternativa de ingrediente ativo nos futuros micopesticidas.

    A pesquisa destaca a importância da pressão osmótica e do suprimento de oxigênio na alteração do metabolismo, crescimento e morfologia dos fungos, elementos cruciais para a otimização da fermentação industrial. A manipulação do ambiente de cultivo, incluindo aspectos nutricionais e físicos, abre novas possibilidades para a produção de blastosporos com aplicação em biopesticidas e bioestimulantes fúngicos, marcando um avanço significativo na agricultura sustentável e no controle biológico de pragas.

    O estudo foi publicado na revista científica Applied Microbiology and Biotrchnology. Além de Mascarain, participam como autores: Jeffrey Coleman (Auburn University, EUA) e Nilce Kobori e Marcos Alan Jackson (USDA/ARS, EUA).

  • Peixe barrigudinho é aliado contra a dengue, zika e a chikungunya

    Peixe barrigudinho é aliado contra a dengue, zika e a chikungunya

    O verão chegou e também as chuvas da estação que causam todo o ano aumento dos casos das doenças causadas por mosquitos transmissores de doenças, especialmente dengue, zika e chikungunya. O pesquisador  Luiz Carlos Guilherme, da Embrapa Cocais, desenvolveu solução simples e com resultados positivos na diminuição ou eliminação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela proliferação dessas principais doenças da estação mais quente do ano.

    Em 2001, durante curso doutorado em Genética e Bioquímica pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Luiz Carlos Guilherme coordenou pesquisa para evitar que aquários e tanques se tornassem possíveis criadouros de mosquitos transmissores de doenças. Foi comprovada a eficácia dos lebistes – peixes larvófagos predadores de larvas dos mosquitos conhecidos popularmente como barrigudinho ou guppy – no controle biológico do Aedes aegypti. As larvas se mostraram alimento de alta qualidade para os peixes.

    A descoberta permitiu a diminuição do uso de larvicida com a introdução do peixe em locais onde o larvicida não era eficaz ou havia alta incidência do mosquito. “A medida também tem impactos socioeconômicos e ambientais, uma vez que o controle químico é mais oneroso e tem efeito cumulativo e mutagênico nos organismos vivos, pessoas e biodiversidade, de acordo com o Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido anos mais tarde por uma aluna da Universidade Estadual do PIauí – UESPI orientada pela professora Alessandra Ribeiro Torres”, completa o pesquisador.

    Com o sucesso do uso do barrigudinho, em 2002 foi iniciado, em Uberlândia, o Projeto Dengoso, ação de saúde pública e cidadania em parceria com o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ para realizar o controle biológico das doenças transmitidas pelo Aedes aegyti e outros mosquitos patógenos. Com a mudança do pesquisador para a Parnaíba – PI, a tecnologia também foi disponibilizada para o CCZ da cidade em 2010. Outros municípios, como Campo Maior – PI e Tobias Barreto – SE adotaram depois o Projeto Dengoso para reduzir o número de focos de dengue.

    Eficácia comprovada

    O Projeto Dengoso consiste no controle biológico de larvas de mosquitos em diferentes reservatórios de água. O controle biológico com o uso de predadores naturais é uma alternativa que pode ser utilizada sem grandes custos e pouca mão de obra. O uso de peixes é eficiente no controle dos mosquitos, principalmente nas fases de vida aquática do inseto, substituindo, em alguns casos, o uso do inseticida.

    O resultado é a promoção da saúde e o combate a vetores do vírus da Dengue, Zika, Chikugunya e Febre amarela e impacta positivamente comunidades inteiras, principalmente bairros com grandes áreas alagáveis. Após o povoamento com o peixe, os agentes de endemias observam, especialmente num raio de aproximadamente 100 metros, menor incidência de mosquitos e notadamente a diminuição nos casos das doenças.

    No Piauí, é desenvolvido na Universidade Estadual do Piauí (UESPI) – Campus Alexandre Alves de Oliveira, onde os peixes são reproduzidos e mantidos em tanques.  Após isso, estes peixes são distribuídos em locais onde o veneno não é eficaz, a exemplo das lagoas de tratamento e estabilização de efluentes de algumas indústrias, em recipientes de grande porte – como bebedouros de animais – piscinas desativadas, cascatas e outros ambientes semelhantes.

    A iniciativa tem a colaboração do Centro de Controle de Zoonoses e Endemia – CCZ de Parnaíba e Embrapa Cocais, garantindo uma abordagem conjunta e coordenada, e incluem ações educativas interativas, como realização de peças de teatros em escolas públicas e privadas do Ensino Fundamental e Médio para conscientizar discentes e docentes da importância do combate aos vírus transmissores de doenças e ainda estratégias de ensino para levar informações de forma lúdica a estudantes de escolas públicas, para que possam ser agentes de intervenção nas comunidades onde vivem.

    “É uma abordagem inovadora e sustentável no controle de larvas de mosquitos. O uso de barrigudinhos como método biológico tem se mostrado eficaz no controle de larvas de mosquitos em locais propensos a alagamentos, onde a ação do larvicida pode apresentar limitações e na significativa redução na incidência de mosquitos, abrangendo não apenas o Aedes aegypti, transmissor de doenças como Dengue, Zika e Chikungunya, mas também outros mosquitos, comumente chamados de “muriçocas”. O projeto utiliza barrigudinhos coletados localmente, evitando a introdução de peixes de outras bacias e mantendo a biodiversidade local. O pesquisador Luiz Guilherme, da Embrapa Cocais, orienta a reprodução e manutenção dos barrigudinhos nos tanques da UESPI e CCZ, assegurando um suprimento constante de peixes para a continuidade do projeto. Nas escolas onde as ações educativas foram implementadas, há relatos positivos de adoção de práticas de prevenção pela comunidade escolar”, relata Alessandra Torres, professora da UESPI que coordena a ação no Piauí em conjunto com a equipe acadêmica da área de Ciências Biológicas.

    Em Minas Gerais, o Projeto Dengoso é uma prática constante no programa de controle do Aedes. O projeto consiste na introdução do peixe barrigudinho em reservatórios de água, como piscinas abandonadas ou não cloradas, tanques, caixas d’água, tanques de decantação e áreas com água de baixa oxigenação. “A resistência desses peixes é notável. Em Uberlândia, aproximadamente 592 locais são constantemente monitorados, onde os lebistes são implantados. Além disso, quando necessário, retiramos esses peixes desses locais bem-adaptados e altamente reprodutivos para colocá-los em uma plataforma na Unidade de Vigilância em Zoonoses do município. Isso permite a redistribuição para outros criadouros que possam surgir posteriormente. O Projeto Dengoso se tornou instrumento valioso no controle vetorial, pois onde os peixes são implantados, a presença de focos do mosquito é significativamente reduzida. Esse êxito proporciona mais tempo para a inspeção de outros imóveis que necessitam de controle, fortalecendo assim as medidas de prevenção contra o Aedes aegypti”, detalha Ana Paula Quirino, chefe da CCZ.

    O Projeto Dengoso é uma tecnologia premiada pela Fundação Banco do Brasil.

  • Rentabilidade: Atividade leiteira fecha 2023 com preços em baixa

    Rentabilidade: Atividade leiteira fecha 2023 com preços em baixa

    A queda da rentabilidade do setor de produção de leite marcou o ano de 2023. Segundo o Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (CILeite), pequenos produtores de diversos Estados chegaram a receber menos de R$ 1,80 por litro de leite, o que, segundo o pesquisador da Embrapa Glauco Carvalho, é um valor insuficiente para remunerar a atividade. “Os custos de produção tiveram alta acentuada nos últimos anos e apesar de apresentar um comportamento melhor em 2022 e início de 2023, a rentabilidade da atividade piorou”, relata. De janeiro de 2020 (pré-pandemia) a outubro de 2023, enquanto o preço do leite subiu 38%, o custo de produção aumentou 50%. “Isso mostra que a situação do produtor hoje é pior que nos anos anteriores”, completa Carvalho.

    O que prejudicou ainda mais o setor no ano que terminou foi o fato de que na entressafra (período que vai de abril a agosto), quando as chuvas diminuem no centro-sul do País e reduzem a oferta de leite, os preços apresentaram queda. Entre abril e julho, o valor pago ao produtor recuou R$ 0,49. “A entressafra costuma trazer algum alívio para o produtor, elevando a margem de lucro, mas no ano passado isso não ocorreu”, diz o também pesquisador da Embrapa Samuel Oliveira. Segundo análise do CILeite, a queda sazonal da produção foi compensada pelas importações, que atingiram recordes históricos, resultando em maior oferta do produto no mercado e consequente redução no preço.

    O baixo consumo de lácteos no mercado brasileiro nos primeiros meses do ano foi outro fator que contribuiu para a crise do setor em 2023. Dados da Scanntech apontam que o volume de vendas no varejo no primeiro semestre recuou em todos os derivados lácteos. No leite UHT essa queda foi de 4% e chegou a 7% no leite em pó, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A diminuição do consumo fez o preço de leite e derivados apresentar uma deflação de 2,83% na primeira metade de 2023.

    Importações

    A Nota de Conjuntura Leite e Derivados, produzida mensalmente pelo CILeite, informa que, de janeiro a setembro de 2023, enquanto a produção cresceu 1,4% em relação ao mesmo período de 2022, a disponibilidade do produto no mercado subiu 5,3%, resultado do grande volume de importações, que chegaram a representar 10% do consumo doméstico. De janeiro a novembro, as importações brasileiras de lácteos ficaram próximas a 2 bilhões de litros de leite equivalente, média mensal de cerca de 180 milhões de litros.

    A grande oferta fez com que os principais derivados lácteos no mercado atacadista registrassem queda de preço ao longo do ano. No leite UHT, por exemplo, as cotações caíram de cerca de R$ 5,00 por litro, no início de abril, para cerca de R$ 3,80 em novembro. O queijo muçarela seguiu a mesma tendência, recuando de R$ 33,00 o quilo para R$ 27,00. “As margens industriais estão ruins, com diversos laticínios amargando prejuízos nos principais produtos e é o mix de vendas que tem feito a diferença nos resultados das empresas”, afirma Carvalho.

    A queda da rentabilidade do produtor fez com que o crescimento do volume de produção também retrocedesse ao longo do ano. No terceiro trimestre de 2023, esse crescimento foi de apenas 0,8% em relação a 2022. “Os dados do último trimestre ainda não foram divulgados, mas é provável que a produção siga fraca também no último trimestre e no início de 2024”, diz Oliveira. Essa realidade reforça a estagnação pela qual passa a oferta de leite no Brasil, que está em um patamar próximo dos 34 milhões de toneladas há cerca de uma década.

    Os pesquisadores da Embrapa acreditam que a crise no preço do leite esteja chegando ao fim. Eles apontam alguns motivos para isso: a desaceleração da produção interna; a recuperação dos preços internacionais e o Decreto 11.732/2023, que entra em vigor em 2024, limitando a importação do produto. Outros fatores tendem a alavancar o consumo. Entre eles está o crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro, que deve fechar o ano em 3%. A inflação controlada, a taxa de desemprego em queda, o aumento da massa salarial e os programas governamentais como o Bolsa Família e o Desenrola são outras condições que ajudam a criar uma expectativa de expansão do consumo, sugerindo um mercado mais equilibrado em 2024.

    Lições da crise

    As análises do CILeite sugerem que devem ser tiradas algumas lições da crise. Uma delas é trabalhar para o aumento do consumo per capita, principalmente entre os idosos, que ganharam espaço na pirâmide etária do País. A cadeia produtiva do leite também precisa buscar mais eficiência e escala, reduzindo custos e tornando-se mais resiliente às crises. A pesquisadora da Embrapa Kennya Siqueira também acredita em soluções relativas à oferta de novos produtos por parte dos laticínios, promovendo uma diversificação. “Os estudos têm mostrado que o consumidor está migrando para produtos que entregam mais valor, como, por exemplo, apelo nutricional ou funcional; ou ainda de conveniência, praticidade, sustentabilidade etc.”, revela Siqueira.

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    Foto: Embrapa

    Cenário Internacional

    A geopolítica não contribuiu para um cenário internacional confortável para o setor lácteo. Duas guerras em curso (Rússia x Ucrânia e Israel x Palestina), inflação e juros altos influenciaram na queda generalizada dos preços globais. Na China, maior comprador de lácteos, verificou-se uma queda de 30% nas importações nos primeiros meses do ano passado. “Isso refletiu no índice médio dos preços no leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT)”, explica o pesquisador da Embrapa Lorildo Stock.

    Em agosto, o índice médio de preço dos lácteos no leilão da plataforma teve um recuo de 7,4%, chegando a US$ 2.875/tonelada, o menor patamar desde junho de 2020. Para o leite UHT e o leite em pó integral, a queda foi de 4% e 7%, respectivamente, comparado ao mesmo semestre de 2022. Em setembro, os preços do leite em pó integral e desnatado seguiram baixos nos patamares de US$ 2.700 e US$ 2.286 a tonelada, respectivamente.

    Stock diz que a piora na rentabilidade das fazendas ao redor do mundo reprimiu a oferta dos grandes exportadores de lácteos. No entanto, o pesquisador salienta que, no mercado global, o cenário parece estar em processo de reversão, ainda que lento. Em novembro o preço médio do leilão GDT já apresentava alguma recuperação e o leite em pó integral exibia alta de 1,9%.

    A desvalorização internacional do preço do leite foi decisiva no aumento do volume de importações brasileiras. Argentina e Uruguai, fornecedores de lácteos do Mercosul, seguiram ao longo do ano passado com preços mais baixos que o Brasil (30% e 27%, respectivamente). O que torna seus preços mais competitivos são os custos de produção, cerca de 20% menores que no Brasil. No entanto, a Argentina também vive uma crise cambial, contribuindo para desvalorizar ainda mais o preço no mercado externo.

    Mas em meio ao quadro de incertezas do cenário global, Stock informa que o mercado mundial de lácteos começa a esboçar uma reação, revertendo a tendência de queda de preços. Em outubro, a manteiga e o leite em pó integral e desnatado apresentaram alta no leilão da GDT, embora abaixo dos preços históricos praticados no período anterior à pandemia de Covid-19. Já os queijos estavam com preços elevados e com viés de baixa.

    Quanto às importações brasileiras, desde outubro, evidenciou-se uma queda. Medidas fiscalizatórias quanto aos produtos importados e redução de renúncia fiscal para laticínios que importem produtos lácteos, implementadas pelo governo federal, anunciam um novo cenário para 2024.

    Custos de produção

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    Foto: Rubens Neiva/Embrapa Gado de Leite

    Mesmo num cenário internacional complexo, as principais commodities que interferem nos custos do setor (soja e milho) demonstraram certa estabilidade ao longo do ano passado. “Ainda que em patamares elevados, a estabilidade das commodities evitou que a margem de lucro do produtor ficasse mais apertada”, diz a analista da Embrapa Manuela Lana.

    O cenário para os custos de produção de leite permaneceu favorável durante boa parte do ano com o recuo nos preços de concentrados, fertilizantes e do custo do volumoso. Em junho, o Índice de Custos de Produção de Leite da Embrapa (ICPLeite/Embrapa) chegou a registrar queda de 4,3%, com recuo de 7,5% nos preços de volumosos e 7,7% no concentrado.

    Embora em um patamar mais modesto, o preço dos insumos se mantiveram em queda em agosto, com variação negativa de 7,6% em 12 meses. Em outubro, o índice de custo de produção de leite se manteve estável, com uma pequena variação positiva (0,3%), reduzindo o acumulado no ano para 3,9% negativos. Em novembro, o IPCLeite apresentou outra ligeira alta de 1,3%. A tendência parece ser de estabilidade nos próximos meses.

  • Embrapa participa de Comitê Gestor do programa de recuperação de pastagens

    Embrapa participa de Comitê Gestor do programa de recuperação de pastagens

    Na última semana, no dia 09 de janeiro, o Ministério da Agricultura e Pecuária publicou os integrantes do Comitê Gestor Interministerial do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD).O grupo terá 90 dias, a partir da primeira reunião, para publicar a resolução com as diretrizes do Programa para recuperação de pastagens.

    A pesquisadora Patrícia Menezes Santos, da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), vai participar da Comissão como titular da Embrapa. O suplente da Empresa será o pesquisador Judson Ferreira Valentim, da Embrapa Acre.

    Além dos dois pesquisadores da Embrapa, foram nomea os dois membros de seis ministérios, do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ainda, foram indicados quatro representantes do setor agropecuário, da agricultura familiar e da sociedade civil.

    Para Alexandre Berndt, chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, a indicação da pesquisadora reconhece sua competência técnico-científica. “É um programa importante para o país e que precisa de pessoas de amplo conhecimento. Patrícia reúne todas as condições para fazer parte desse grupo. É a pessoa certa para executar um ótimo trabalho”, falou Berndt.

    De acordo com Patrícia Santos, que também coordena o Portfólio de Pastagens da Embrapa, as pastagens em degradação podem ser recuperadas, convertidas em culturas agrícolas ou utilizadas para regeneração da vegetação nativa.

    A intervenção sobre essas áreas, com a adoção de práticas sustentáveis, proporciona aumento de produtividade, melhor conservação do solo e da água, aumento de fertilidade do solo, sequestro de carbono, além de outros benefícios. Além disso, pode contribuir para promover desenvolvimento sustentável, geração de renda, redução de pobreza e de desigualdades.

    Segundo ela, participar do Comitê será um desafio interessante. Será uma grande oportunidade, já que a expectativa do Governo é dobrar a área de produção de alimentos no Brasil sem desmatamento, evitando a expansão sobre áreas de vegetação nativa.

    Pastagens no Brasil

    No país, as pastagens constituem o principal uso da terra, ocupando em 2022 cerca de 163,9 milhões de hectares, segundo informações do MapBiomas. Um levantamento apresentado pelo projeto identificou que, nesse ano, a área de pastagem com algum grau de degradação era de 101,2 milhões de hectares.

    A capacidade produtiva da pastagem pode ser comprometida pela incidência de pragas e doenças, por condições climáticas extremas, pelo superpastejo e por outros fatores, que favorecem a perda de vigor das forrageiras e, como consequência o aparecimento de áreas de solo descoberto (sem vegetação) ou a proliferação de plantas daninhas.

    Já existem tecnologias disponíveis para o pecuarista melhorar a produtividade do pasto. A Embrapa desenvolve soluções em todos os biomas brasileiros e contribui para aprimorar os métodos de diagnóstico de degradação e com recomendações de boas práticas para recuperação e manejo sustentável. Além disso, trabalha para oferecer alternativas de capins mais produtivos e adequados a diferentes condições e promove capacitações para técnicos e produtores rurais.

    “Um dos desafios é fazer com que essas tecnologias cheguem aos produtores”, fala Patrícia Santos. Ela acredita que é essencial o fortalecimento do Sistema de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e o desenvolvimento de novos mecanismos de transferência de tecnologias para o campo, inclusive envolvendo ferramentas digitais, para o alcance de resultados.

  • Embrapa disponibiliza dados para caracterização da avicultura e da suinocultura no Brasil a partir de censo do IBGE

    Embrapa disponibiliza dados para caracterização da avicultura e da suinocultura no Brasil a partir de censo do IBGE

    Os conjuntos de dados publicados pela Embrapa na série Documentos com a caracterização da avicultura e da suinocultura a partir dos dados do Censo Agropecuário 2017 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) agora estão disponíveis para o público no Repositório de Dados de Pesquisa da Embrapa (Redape).

    O repositório digital, disponível em redape.dados.embrapa.br, tem como objetivo preservar e facilitar a busca por dados de pesquisa produzidos pela Embrapa. O Redape permite a organização, o gerenciamento e a publicação de dados de acordo com os princípios da gestão de dados científicos em todo o mundo, incluindo a acessibilidade, a interoperabilidade, a reprodutibilidade e o reúso.

    Com isso, além da divulgação do estudo nas publicações Documentos números 240 e 241, com as caracterizações da avicultura e da suinocultura no Brasil e nas cinco Grandes Regiões, é possível a partir do download dos conjuntos de dados fazer análises próprias até o nível geográfico por estado. Abaixo os dois links para acesso público.

    As publicações

    De acordo com o pesquisador Marcelo Miele, um dos autores das publicações, a caracterização da avicultura e da suinocultura a partir dos dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2017 traz uma visão segmentada dessas atividades no Brasil desde as múltiplas dimensões dos estabelecimentos agropecuários. “Apesar de passados seis anos desde a realização daquele censo, ainda é um importante subsídio para a elaboração de políticas públicas e ações setoriais por parte de associações e sindicatos”, explica. Para o pesquisador, a disseminação de uma visão segmentada da suinocultura e da avicultura no Brasil tem o potencial de fortalecer a inteligência estratégica na Embrapa Suínos e Aves e também dos seus parceiros.

    Avicultura industrial e a de pequeno porte

    Segundo os dados do Censo Agropecuário de 2017, mais de 2,9 milhões de estabelecimentos agropecuários criaram galinhas poedeiras, matrizes, frangos e pintos no Brasil, abrangendo todo o território nacional. A maioria (95% do total) tinha rebanho entre 1 e 100 cabeças, sendo criatórios essencialmente voltados ao autoconsumo.

    Cerca de 95 mil estabelecimentos (3% do total) detinham pequenos rebanhos voltados tanto para os mercados locais, quanto para a venda de excedentes da produção destinada ao consumo próprio, constituindo um segmento que pode ser chamado de avicultura de pequeno porte. Apenas 26 mil granjas (1% do total dos estabelecimentos) foram responsáveis por 95% da venda de ovos e 93% da venda de galináceos em 2017, constituindo o segmento denominado de avicultura industrial.

    Suinocultura industrial e de pequeno porte

    Os dados do Censo Agropecuário de 2017 registraram que 1,47 milhão de estabelecimentos criaram suínos no Brasil naquele ano, abrangendo todo o território nacional. A maioria tinha rebanho de até 10 cabeças e não comercializou suínos, sendo que a finalidade principal da produção agropecuária era o consumo próprio.

    Cerca de 256 mil estabelecimentos detinham pequenos rebanhos de até 200 cabeças voltados tanto para os mercados locais, quanto para a venda de excedentes da produção destinada ao consumo próprio, constituindo um segmento que pode ser chamado de suinocultura de pequeno porte. Apenas 1% dos estabelecimentos, um pouco menos de 20 mil granjas, foi responsável por 92% da venda de suínos naquele ano, constituindo o segmento denominado de suinocultura industrial.

  • Embrapa: castanha impulsiona desenvolvimento sustentável na Amazônia

    Embrapa: castanha impulsiona desenvolvimento sustentável na Amazônia

    Estudo desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que a castanha-da-amazônia, também conhecida como castanha-do-pará, está impulsionando o desenvolvimento sustentável da Região Norte por meio de pagamentos por serviços ambientais.

    Além de garantir o armazenamento de carbono e a regulação do clima, bem como ajudar o país a cumprir metas de programas governamentais e acordos internacionais, a castanha tem colaborado para gerar renda em comunidades extrativistas ao mesmo tempo que impulsiona o desenvolvimento sustentável no Brasil.

    A conclusão foi divulgada na publicação Castanha‑da‑Amazônia: Estudos sobre a Espécie e sua Cadeia de Valor Aspectos Sociais, Econômicos e Organizacionais.

    Assinado por pesquisadores da Embrapa lotados em São Paulo, Amapá e Roraima (Marcelino Carneiro Guedes, Patrícia da Costa, Carolina Volkmer de Castilho, Richardson Frazão, Sérgio Milheiras e Walter Paixão de Sousa), o levantamento integra o capítulo 11 da publicação, intitulado Serviços ecossistêmicos da floresta com castanheiras e serviços ambientais prestados pelos agroextrativistas – manejadores e guardiões da floresta em pé.

    Valor agregado

    “Os cientistas analisaram os pagamentos por serviços ambientais (PSA) e o pagamento por redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal (REDD+) na Amazônia. Ambos os mecanismos se destacam pelo potencial de agregar valor às florestas com ocorrência da castanheira, ao trazer benefícios adicionais como o armazenamento de carbono, regulação do clima e o cumprimento de metas estabelecidas em programas governamentais e acordos internacionais”, detalha a Embrapa.

    Segundo a estatal, a castanha-da-amazônia está entre os principais produtos do agro extrativismo do país, com sua cadeia envolvendo “dezenas de milhares de famílias” e movimentando “milhões de dólares anualmente”. A Embrapa estima que a produção de castanhas obtida por meio do extrativismo no Brasil movimente, no mínimo, R$ 130 milhões por ano.

    Superalimento

    Por conter altas concentrações de nutrientes, ela é considerada um “superalimento”, repleto de compostos lipídicos, proteicos e antioxidantes como o selênio, associado à proteção contra doenças neurodegenerativas e câncer.

    De acordo com o pesquisador Marcelino Guedes, as áreas com castanheiras representam florestas de alto valor para a bioeconomia, para a preservação das comunidades agroextrativistas e para a estabilidade ecológica.

    “É fundamental reconhecer a importância do agro extrativismo e dos serviços ambientais prestados pelas famílias que dependem da castanha para a conservação dessa inestimável floresta”, justifica o pesquisador.

    Papel crucial

    Segundo a Embrapa, a castanheira desempenha um “papel crucial” para a conservação da Amazônia, estando presente em cerca de 32% do bioma (2,3 milhões de km², aproximadamente). O estudo mostra que, embora as castanheiras representem apenas 3% dos indivíduos em um castanhal na Amazônia Setentrional, elas contribuem com 40% da biomassa viva acima do solo, dos quais cerca de 50% são carbono.

    “A espécie é encontrada em matas de terra firme em toda a região da PanAmazônia, que inclui Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Colômbia, Bolívia, Peru, Equador e Venezuela. Além de seu valor ecológico, a castanheira contribui significativamente para processos ecossistêmicos, como o armazenamento de carbono, o ciclo hidrológico, a ciclagem de nutrientes e a manutenção da biodiversidade”, informou a estatal.

    Diante desse contexto, a Embrapa destaca que, além do valor ecológico, a castanheira possui também relevância socioeconômica e cultural. “Portanto, os pesquisadores acreditam que as compensações pelos serviços ambientais, além de serem cruciais para a conservação da Floresta Amazônica, também promovem a sustentabilidade das comunidades que dependem da castanha”.

    Edição: Aline Leal
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  • Embrapa irá avaliar clones de eucalipto para biomassa em Mato Grosso

    Embrapa irá avaliar clones de eucalipto para biomassa em Mato Grosso

    O Conselho Gestor do Desenvolvimento Floresta do Estado de Mato Grosso apoiou o financiamento de um projeto de pesquisa liderado pela Embrapa Agrossilvipastoril e Associação dos Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta) para a avaliação de clones de eucalipto.

    O projeto testará 60 clones de eucalipto desenvolvidos pela Embrapa, atendendo à demanda crescente de madeira para energia. O objetivo é recomendar materiais mais adaptados e produtivos para as condições de clima e solo do estado. Com isso, espera-se reduzir os riscos na atividade florestal.

    “Hoje basicamente a silvicultura de eucalipto em Mato Grosso é pautada em três materiais. O H13, o VM01 e o 144. Tem um ou outro que vai bem em determinada região, mas esses três são os que se desenvolvem bem em todas as regiões. Então é um risco muito alto, caso surja alguma praga ou doença se esses materiais forem suscetíveis. Então o foco do trabalho é aumentar o leque de opções de materiais para minimizar esse risco que existe”, explica o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e líder do projeto Maurel Behling.

    Serão instalados experimentos em cinco regiões de Mato Grosso, onde os clones serão testados em parcelas de 100 plantas (10×10). Os testes clonais ampliados (TCA) serão agendados pela Embrapa e por empresas associadas à Arefloresta.

    “A ideia é plantar em locais representativos de onde será cultivado o eucalipto em Mato Grosso. Então são áreas marginais para a agricultura. Geralmente são áreas de solo mais arenosos”, explica Maurel Behling.

    No campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, onde o solo é de textura média e argilosa, também há um ensaio para acompanhamento e preservação de materiais genéticos.

    Os 60 clones utilizados são oriundos de trabalhos de seleção e melhoramento genético realizados pela Embrapa Florestas em Goiás e Mato Grosso do Sul. Anteriormente, uma outra etapa da pesquisa foi realizada em Sinop (MT), com auxílio da Flora Sinop, para testar a produção de mudas e o enriquecimento de materiais.

    O orçamento aprovado para o novo projeto é de R$ 2,4 milhões, distribuídos ao longo de seis anos de execução. O valor sai do Fundo de Desenvolvimento Florestal do Estado de Mato Grosso, subordinado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).

  • Empresas que incentivam arborização de Sinop com reconhecimento em evento

    Empresas que incentivam arborização de Sinop com reconhecimento em evento

    Nesta quinta-feira, dia 30, a associação Floresta Urbana promove na Embrapa Agrossilvipastoril um evento para falar sobre o projeto Arbovias, que visa ampliar a arborização urbana de Sinop, e para prestar um reconhecimento às empresas e instituições que estão apoiando a iniciativa.

    Na oportunidade, os membros da diretoria da Floresta Urbana, Amadeu Rampazzo e Milton Malheiros falarão rapidamente sobre os planos de arborização de vias públicas e praças em Sinop, bem como sobre a importância da participação da sociedade civil, por meio de empresas e cidadãos, no incentivo e preservação das árvores na cidade.

    Durante o evento o grupo visitará o viveiro da Embrapa, onde serão produzidos mudas de 25 espécies que serão usadas para o plantio na área urbana de Sinop. Uma homenagem às sete empresas e ao Ministério Público de Mato Grosso será entregue como forma de reconhecimento pelo fomento das instituições ao projeto.

    “Queremos fazer um reconhecimento a esses parceiros do projeto e ao mesmo tempo sensibilizar a sociedade sobre a importância de nos preocuparmos com a melhoria da qualidade de vida em nossa cidade por meio da arborização”, afirma Milton Malheiros.

    Atuação da Embrapa

    A Embrapa Agrossilvipastoril é parceira da Associação Floresta Urbana por meio de um contrato de cooperação técnica no qual são utilizadas suas instalações físicas e equipe técnica para produção das mudas.

    Ao mesmo tempo em que utiliza sua expertise para o processo de produção das mudas, são gerados novos conhecimentos sobre espécies nativas com pouca informação na literatura.

    Atualmente estão sendo produzidos mais de 3.300 mudas de 25 espécies diferentes. As plantas ainda estão em processo de crescimento e deverão estar prontas para serem plantadas em seus locais de destino, com tamanho mínimo de 1,80m, no segundo semestre de 2024.

    De acordo com o engenheiro florestal e o analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, a arborização urbana exige um processo específico de escolha das espécies e de cuidados na produção de mudas.

    A definição da espécie deve considerar o tamanho da copa, ritmo de crescimento, produção de frutos que não possam causar danos aos carros, raízes que não danifiquem calçadas, galhos que não quebrem, árvores que não percam suas folhas no período seco do ano e adaptação ao clima local.

    “Outro aspecto que é fundamental, principalmente dado às condições de ventos fortes da nossa região, está relacionado a uma muda de qualidade, ou seja, uma muda bem enraizada. É preciso ter mudas com sistema radicular bem formado e em funcionamento perfeito, rígidos, sem doenças e sem pragmáticos. Associado a isso, um plantio bem-feito, com berço bem preparado, adubado, plantado em uma época ideal e com a manutenção adequada. A identificação e proteção, bem como os cuidados pós-plantio são fundamentais”, explica o engenheiro florestal.

     De acordo com Diego Antonio, a participação da Embrapa nesse processo é uma forma de ampliar o conhecimento sobre espécies nativas e sobre o processo de produção de mudas. Além disso, o projeto traz ganhos para a sociedade sinopense.

    “O resultado da proposta é o reconhecimento pela sociedade sobre a importância da árvore, sobre a importância da organização social e da participação da Embrapa nesses processos. É uma oportunidade de entregarmos um pouco também para a comunidade urbana sinopense”, destaca Diego Antonio.

  • Estudo revelará o uso potencial das pastagens do Brasil para a agropecuária

    Estudo revelará o uso potencial das pastagens do Brasil para a agropecuária

    Qual o uso potencial das pastagens em manipulação para a agropecuária brasileira? Essa é uma das questões a serem respondidas pelo estudo que a Embrapa Territorial está desenvolvendo para a Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária (SDI/Mapa). Iniciada em outubro, uma pesquisa prevê a elaboração do zoneamento das pastagens do Brasil em função de sua situação e conforme seus aptidões agrícolas, e pode indicar: a intensificação do uso para cultivos (anuais, perenes ou semiperenes), a renovação ou recuperação das pastagens plantadas, o reflorestamento ou, ainda, a restauração da vegetação nativa.

    O estudo utilizará mapeamentos das pastagens considerando seus níveis de manipulação. Serão restaurados como áreas protegidas (Unidades de Conservação, Terras Indígenas, Áreas Militares e Quilombolas) e as áreas destinadas à vegetação nativa dentro dos imóveis rurais, em Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reservas Legais, de acordo com dados disponíveis no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR). A retirada das terras para o cultivo agrícola será superada conforme a  metodologia  inovadora pela Embrapa – e já consolidada há décadas – que compara as condições agrícolas com os níveis estipulados para cada classe, segundo o grau de manejo.

    A pesquisa fará a proposição de atualização nestas classificações. Como explica o analista Rafael Mingoti,  da Embrapa Territorial,  a metodologia original considera como fatores de limitação para a exaustão agrícola a suscetibilidade à erosão, limitações para mecanização, excesso ou deficiência de água e deficiência de fertilidade. No estudo em desenvolvimento, será feita uma proposta de rendimento agrícola alterando as limitações de fertilidade previstas no trabalho original graças ao avanço da ciência agropecuária.

    “Com a evolução tecnológica na agricultura, incluindo avanços no melhoramento e manejo das culturas e nos sistemas de cultivo em diferentes ambientes, as limitações oriundas da fertilidade do solo, um dos fatores previstos no método original, podem ser revistas, o que ampliaria os usos potenciais da terra em diversas áreas”, disse o analista.

    Para definir o potencial de rendimento agrícola das áreas com pastagem em manipulação, serão cruzados os zoneamentos de prejuízo agrícola com mapas de manipulação em pastagens elaborados pelo Lapig e apresentados no Observatório da Agropecuária Brasileira. Além disso, outros fatores serão considerados, como o zoneamento agrícola de risco climático (ZARC), e outras análises de contexto regional utilizando a metodologia consolidada de Inteligência Territorial Estratégica (ITE). Os dados também serão refinados com idas ao campo das equipes, para validação.

    “O trabalho será realizado em escala compatível com análises regionais, ou seja, com planejamento nacional, estadual e de mesorregiões e microrregiões, não sendo adequados para aplicação em escala local, como no nível de propriedade. Os refinamentos permitirão abarcar estudos elaborados por equipes de pesquisadores especialistas, tanto em questões climáticas específicas para algumas culturas, quanto em questões de contexto, como quais trarão maior adequação do zoneamento aos cultivos existentes nas diferentes regiões do país e ao risco climático relacionado”, explica o pesquisador Angelo Mansur, líder do estudo.

    Outro diferencial da pesquisa será realizar a repartição territorial desses dados, levando em consideração a concentração dos ambientes-alvo e o tamanho das propriedades rurais presentes nos territórios. A concentração dos ambientes-alvo será realizada por meio de análises geoespaciais, as quais identificam e classificam padrões no território, os quais serão utilizados para selecionar e indicar políticas públicas específicas e adequadas.

    O tamanho das propriedades rurais será utilizado para segmentação de políticas públicas conforme indicadas. Isso será feito a partir dos limites dos imóveis do SiCAR e do tamanho do módulo fiscal (MF) de cada município informado pelo Incra. Será feita a classificação dos imóveis em pequenos (até 4 Módulos Fiscais); médios (de 4,1 a 15 Módulos Fiscais) e grandes (acima de 15 Módulos Fiscais).

    Políticas Públicas

    Essas análises poderão ajudar o Ministério da Agricultura e Pecuária na elaboração de políticas públicas. “Para cada território considerado apto à intensificação do uso da terra, podemos sugerir, futuramente, as tecnologias da Embrapa à disposição dos produtores rurais para aumentar o nível tecnológico e proporcionar uma conversão de maneira sustentável e competitiva”, disse Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial.

    “Se o foco para o apoio a pequenos produtores para conversão de pequenas áreas para fins produtivos, a Embrapa poderá apresentar um rol de tecnologias disponíveis, como aquelas para a fruticultura; se forem selecionados os grandes produtores, por exemplo, seriam sugeridas tecnologias para grãos ou reflorestamento”, explica Spadotti.

    Como informa o Ministério da Agricultura e Pecuária, alinhado com as diretrizes previstas pela Presidência da República, poderá estabelecer políticas públicas assertivas, tanto para recuperação de pastagens degradadas como para sua conversão para produção de grãos.

    Segundo a massa, a expansão da área agrícola no Brasil gira em torno de 2,5 milhões de hectares por ano, exercendo pressão sobre a mudança do uso da terra. A utilização de pastagens com produtividade deprimida, para abrigar essa expansão, constitui uma oportunidade, tanto para aumento da produção como para produtividade agropecuária e em total alinhamento com a sustentabilidade e com os compromissos reforçados pelo País para mitigação das emissões de gases de efeito estufa.

    A convergência de políticas desenvolvidas pelo Mapa, como o Renovagro (antigo Programa ABC+), cria as condições adequadas para a efetividade das políticas públicas. “Os recursos captados internacionalmente também encontram, nesse ambiente, as condições adequadas para sua aplicação, em função de todo o arcabouço legal e de tecnologias disponibilizadas que suportam o ambiente empreendedor do setor produtivo”, disse Renata Miranda, secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI/Mapa).

    Os zoneamentos poderão ser ampliados para incluir, futuramente, todas as áreas de pastagens, ou seja, não apenas as áreas de pastagens em manipulação. A conclusão dos trabalhos está prevista para o primeiro semestre de 2025.

    Produtores rurais

    Líder do portfólio de Pastagens da Embrapa, a pesquisadora Patrícia Menezes Santos, da Embrapa Pecuária Sudeste, considera que a recuperação de áreas degradadas pelos produtores, com ou sem mudança de atividade econômica, é positiva. “Tanto a recuperação das pastagens quanto a sua conversão em áreas de agricultura, com a adoção de práticas sustentáveis, proporciona aumento de produtividade, melhor conservação do solo e da água, aumento da fertilidade do solo, sequestro de carbono e a prestação de outros serviços ambientais ”, afirma. Ela complementou ressaltando que ações estratégicas de governo podem criar um ambiente favorável para que todo esse processo aconteça, com benefícios para todos os atores envolvidos e também para a sociedade em geral.

    Com mais de três décadas envolvidas no estudo da temática, ela destaca que o sistema agroalimentar é bastante complexo e que planejou o uso da terra contribui para que o País tome decisões estratégicas, que envolvam desde ações mais imediatas, como a criação de programas de capacitação e de acesso ao crédito, até ações de médio e longo prazo, como investimentos em infraestrutura e logística.

    Para ela, conhecer os melhores recursos disponíveis permite elaborar planos de produção e escolher as alternativas que mais contribuam para atender às demandas mundiais por alimentos, fibras e energia, garantindo, ao mesmo tempo, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento regional, com geração de emprego e renda.

  • Pesquisa pioneira no Brasil aponta variedades de milho com alta produtividade e mais resistentes a fumonisinas

    Pesquisa pioneira no Brasil aponta variedades de milho com alta produtividade e mais resistentes a fumonisinas

    O Programa de melhoramento da  Embrapa Milho e Sorgo  (MG) selecionou híbridos de milho tropical com menor incidência de fumonisinas em grãos. As fumonisinas são um tipo de micotoxina, produzidas por fungos do gênero  Fusarium , e são específicas para a saúde humana e animal. Ao mesmo tempo, os pesquisadores identificaram híbridos com alta produtividade de grãos. O método utilizado no estudo foi de seleção genômica, e fez parte de pesquisa desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV).

    O estudo, realizado para atender à demanda por alimentos saudáveis, apontou que há potencial no material genético elite de milho da Embrapa Milho e Sorgo para o desenvolvimento de cultivares com baixa incidência de fumonisinas nos grãos e alta produtividade. São duas características de interesse agronômico e que beneficiam a saúde humana e a animal.

    De acordo com a chefe adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo, Maria Marta Pastina , líder dessa pesquisa, “a seleção genômica permite ajustar modelos de predição e selecionar indivíduos em gerações precoces com a intuição de avanço aqueles com maior potencial genético . Assim, não há necessidade de avaliação em campo, uma vez que temos como base o genótipo de indivíduos sob seleção e informações genotípicas e fenotípicas de indivíduos geneticamente relacionados. Essa avaliação é uma estratégia que contribui para a redução do custo da implementação de experimentos, da fenotipagem e do aumento do número de gerações de melhoramento por ano”, diz Pastina.

    Nessa pesquisa foram selecionados 20 híbridos superiores. Houve um ganho genético de 20,8% para redução nos teores de fumonisinas em grãos e um aumento de 35,3% para produtividade de grãos.

    “Para obter novos híbridos que reúnam esses atributos, elevado potencial produtivo e menor teor de fuminosinas, é recomendada a utilização de linhagens parentais em novos cruzamentos, identificadas como geneticamente superiores para ambas as características. Isso permitirá gerar nova variabilidade genética dentro de seus respectivos grupos para a formação de linhagens superiores”, complementa a pesquisadora.

    Fumonisinas: malefícios ao milho e à saúde humana e de animais

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    Foto: Dagma SIlva

    No estudo, os pesquisadores explicaram que algumas doenças não devem ser negligenciadas quanto à seleção e à recomendação de cultivares. Um exemplo é a fusariose, causada pelo fungo Fusarium verticillioides Nirenberg . Esse microrganismo produz micotoxinas, que são substâncias químicas tóxicas, nocivas à saúde animal e humana e associadas à ocorrência de câncer. Existem várias classificações para as micotoxinas, incluindo as fusarinas e as fumonisinas.

    Segundo os pesquisadores que participaram do estudo, a forma mais eficiente e sustentável para o combate à fusariose é a seleção de genótipos detentores de alelos de resistência ao patógeno e à produção de fumonisinas em grãos. “Essa pesquisa é pioneira no Brasil e são raros os trabalhos de seleção genômica que aliam resistência a doenças de grãos e produtividade na literatura”, afirma.

    A pesquisa empregou a seleção genômica, comparando a acurácia de diferentes modelos de predição para genótipos tropicais, ocorrendo à identificação de híbridos superiores com alta produtividade de grãos e menor teor de fumonisinas, com base nos valores genéticos genômicos (GEBV – sigla em inglês para Genomic Valor Reprodutivo Estimado).

    “O GEBV considera não apenas o desempenho em campo, mas também o relacionamento genético entre os genótipos, obtido a partir de dados de marcadores moleculares – genotipagem – dos materiais em avaliação. Como consequência, há maior acurácia de seleção, menos erros de previsão e, em última instância, maior ganho”, explica  Lauro José Moreira Guimarães , também pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo.

    “O controle químico de patógenos causadores de podridões de grãos de milho é extremamente difícil, pois a própria estrutura de empalhamento da espiga protege os fungos defensivos agrícolas que poderiam ser usados ​​nesse intuito”, relata Guimarães. “Por isso, o desenvolvimento de cultivares com maiores níveis de resistência genética a esses agentes patogênicos é extremamente relevante”, pontua.

    Justamente por isso, na Embrapa Milho e Sorgo, o Programa de Melhoramento busca desenvolver híbridos produtivos e que apresentem maiores níveis de resistência a fungos causadores de podridões e produtores de micotoxinas nos grãos, incluindo, principalmente, as fumonisinas.

    Análise fenotípica e previsão genômica

    Na pesquisa, 392 híbridos experimentais foram avaliados nas safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017, sendo esses híbridos originados de 375 linhagens sob seleção, em cruzamentos com linhagens elites de grupos complementares. Alguns híbridos foram comuns nas três safras. O objetivo foi avaliar o teor de fumonisina (FUM) e a produtividade de grãos (PG) em toneladas por hectare.

    Mais detalhes sobre esta pesquisa estão na publicação “ Seleção de genótipos de milho tropical com menor incidência de fumonisinas em grãos e alta produtividade via predição genômica ”. Da Embrapa Milho e Sorgo, além de Maria Marta Pastina e de Lauro Guimarães, participaram as pesquisadoras Dagma Dionísia da Silva e Valéria Vieira Queiroz . Da Universidade Federal de Viçosa participaram os professores Leonardo Lopes Bhering Saulo e Kaio Olímpio das Graças Dias, doutores em Genética e Melhoramento, a doutora Jeniffer Santana Pinto Coelho Evangelista e o doutorando Saulo Fabrício da Silva Chaves.