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  • Pesquisa avançada na definição das diretrizes para certificação de produção de soja com baixo teor de carbono

    Pesquisa avançada na definição das diretrizes para certificação de produção de soja com baixo teor de carbono

    A Embrapa e parceiros avançam na definição das diretrizes técnicas para validar a metodologia de certificação de soja de baixo carbono. Foi publicada a primeira versão do documento Diretrizes técnicas para certificação Soja Baixo Carbono . O documento contém as premissas para atestar a mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em sistemas de produção agrícola candidatos do Brasil. Essas premissas estão sendo utilizadas para subsidiar a coleta de dados em mais de 60 áreas agrícolas em cinco macrorregiões agrícolas, durante duas safras (2023/2024 e 2024/2025).

    “A publicação das diretrizes de certificação nesta etapa é fundamental para validarmos cientificamente a metodologia de quantificação que está sendo desenvolvida pela Embrapa”, explica o coordenador do Comitê Gestor do Programa Soja Baixo Carbono ( PSBC ), Henrique Debiasi , pesquisador da Embrapa Soja (PR). ).

    Debiasi enfatiza que essa é uma das maiores iniciativas do setor brasileiro. Ela visa agregar valor à soja produzida em sistemas específicos para a redução das emissões de GEE. O Programa estima que, ao se adotar as tecnologias sustentáveis ​​descritas na publicação, o potencial de redução das emissões nos sistemas de produção com soja pode ser de, aproximadamente, 30%.

    De acordo com o pesquisador, o escopo do PSBC prevê a comparação dos sistemas de produção típicos (culturas agrícolas utilizadas e as práticas de produção exigidas) com as áreas candidatas a receber o selo Soja Baixo Carbono (SBC), ou seja, que adotam soluções mitigadoras. “O objetivo é tornar tangíveis aspectos qualitativos e quantitativos do grão, a partir de tecnologias e práticas agrícolas que reduzem a intensidade de emissão de GEE”, explica. “O conceito está pautado na mensuração dos benefícios e na certificação voluntária das práticas de produção que comprovadamente resultam em menor emissão de GEE”, acrescenta.

    Todas as ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação que visam estabelecer, validar e operacionalizar o protocolo de certificação SBC são agrupadas e coordenadas dentro do PSBC. A construção metodológica é coordenada pela Embrapa Soja, com a participação de especialistas de diversas unidades da Embrapa, agentes da cadeia produtiva da soja e representantes das empresas parceiras: Bayer , Bunge , Cargill , Coamo , Cocamar , GDM e UPL .

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    A publicação das Diretrizes Técnicas para Certificação Soja Baixo Carbono – a primeira aproximação é o primeiro passo para validação da metodologia que está sendo desenvolvida pela Embrapa. Ao adotar boas práticas agrícolas e seguir os requisitos preconizados pelo PSBC, o produtor rural submeterá seu sistema de produção à aferição da certificação credenciada. Se conseguir, o selo SBC acompanhará a comercialização da soja, um diferencial competitivo valorizado no mercado.

    Mais informações no hotsite: www.sojabaixocarbono.com.br .

    Diretrizes técnicas

    A estruturação do Programa está pautada em duas diretrizes técnicas: adequação do imóvel rural e adequação do sistema de produção. “Cada diretora possui critérios de elegibilidade, que devem ser atendidos para que a área candidata possa receber o selo SBC. Esse atendimento será mensurado por indicadores de alcance”, diz Debiasi (detalhes na tabela de estruturação da certificação da marca-conceito SBC).

    O pesquisador  Marco Antonio Nogueira  explica que os critérios de elegibilidade para a adequação do imóvel rural estão relacionados às questões de legalização (imóvel rural sem autuações ou embargos ambientais, proprietário sem relatórios por trabalho infantil ou análogo à escravidão, imóvel rural com Cadastro Ambiental Rural – CAR ativo e sem pendências trabalhistas); eliminação de queimadas deliberadas e atendimento às normatizações, a exemplo do respeito ao vazio sanitário (medida de manejo da ferrugem asiática da soja) e calendário ao de semeadura da oleaginosa.

    Quanto à adequação do sistema de produção, Nogueira conta que os critérios de elegibilidade estão centrados na adoção de práticas agrícolas obrigatórias e recomendáveis, além da melhoria do balanço de carbono na área de produção. “Criamos o Índice de Adoção de Práticas Agrícolas Sustentáveis ​​(Iapas), baseado em indicadores de boas práticas agrícolas que promovem a mitigação de GEE, complementares às Práticas Agrícolas Obrigatórias. O Iapas pode assumir valores entre 0 e 10 e reflete o grau de adoção de práticas recomendáveis”, explica o pesquisador. “Para receber o selo SBC, o Iapas deve atingir um valor mínimo de 7 e, ao longo do tempo, apresentar tendência de aumento para indicar a melhoria contínua do sistema”, complementa.

    Práticas a serem cumpridas

    De acordo com o pesquisador, as práticas obrigatórias envolvem a adoção plena do Sistema Plantio Direto ( SPD ), boas recomendações de coinoculação, adubação e correção do solo, assim como o uso de agrotóxicos técnicos prescritos. Também há algumas práticas complementares que devem ser observadas para o atingimento do valor mínimo do Iapas. São elas: Zoneamento Agrícola de Risco Climático ( Zarc ); Manejo Integrado de Diretrizes ( MIP ); Manejo integrado de doenças ( MID ) e Manejo integrado de plantas ( MIPD ); práticas conservacionistas de manejo do solo e do sistema, complementares ao SPD; uso de sementes certificadas; integração labora-pecuária-floresta; adoção de ferramentas digitais e georreferenciadas para o manejo sítio-específico; e realização de análise física e biológica para monitorar a qualidade do solo. “São técnicas que os produtores podem utilizar conforme as possibilidades de suas condições locais, mas, apesar de não serem compulsórias, quanto maior e melhor para a adoção dessas práticas, serão os melhores resultados no cálculo das emissões evitadas de carbono na atmosfera e na sua fixação ao solo por tonelada de grão produzido”, diz Nogueira.

    Em relação à melhoria do Balanço das Emissões, são indicadores de alcance: a Intensidade das Emissões de GEE (IEGEE) do sistema de produção candidato inferior ao sistema típico de produção da região, e a isenção das emissões relativas à Mudança de Uso da Terra. “Para estar apta ao selo SBC, a área candidata deve, além de atender aos critérios de elegibilidade qualitativos (práticas orgânicas obrigatórias e complementares), apresentar estoques de carbono orgânico total do solo (COT) superiores e valores de IEGEE inferiores ao sistema de produção típico, comprovando que o sistema candidato ao selo de fato mitiga as emissões de GEE, em relação ao sistema típico da região”, detalha a pesquisadora da Embrapa  Roberta Carnevalli .

    Próximos passos

    O foco do Programa SBC passa agora a estabelecer e validar o protocolo de certificação. “O protocolo será composto, em essência, por um memorial descritivo, por uma lista de verificação de conformidades e anexos que detalham as detalhes e os critérios envolvidos na atribuição do selo SBC. Em resumo, as diretrizes indicam o que medir e avaliar, ao passo que o protocolo detalha o como fazer”, aponta Roberta Carnevalli.

    A partir da safra 2023-2024, o protocolo passou a ser validado em mais de 60 áreas agrícolas (unidades-piloto), distribuídas em todas as regiões produtoras de soja no território brasileiro. As unidades-piloto foram indicadas pelas empresas que apoiam o PSBC, que priorizaram áreas que adotam um sistema de produção de soja com potencial para a obtenção do selo SBC já no curto-prazo.

    Essa etapa visa também escalar a iniciativa, de forma a identificar sistemas de produção aptos à certificação, já por ocasião do lançamento do protocolo para o mercado, previsto para meados de 2026. “O processo de validação envolve ainda uma discussão do protocolo com o setor Produtiva, com organizações internacionais e com representantes do mercado do grão, para que a metodologia proposta reflita a realidade do produtor brasileiro e, ao mesmo tempo, seja aceitação e respeito internacionalmente”, afirma a pesquisadora.

    Um protocolo adequado às condições brasileiras

    “O grande diferencial do PSBC é que está fundamentado nas condições edafoclimáticas das diferentes macrorregiões sojícolas do País e no cálculo da intensidade de emissão de GEE adotam condições condicionantes com os ecossistemas nacionais e as práticas agrícolas empregadas. Isso evita a adoção de padrões e regulamentações, cujas premissas são fundamentadas em regiões com uma realidade diferente à observada para o Brasil”, destaca o pesquisador Marcelo Hirakuri .

    Um outro aspecto que está sendo planejado é a criação de protocolos de certificação de “baixo carbono” para outras culturas e atividades que compõem o sistema de produção de soja, prolongados por unidades da Embrapa.

    PSBC e as práticas sustentáveis

    O selo Soja Baixo Carbono baseia-se na metodologia MRV (mensurável, reportável e verificável). “A sua adoção é totalmente voluntária e poderá ser utilizada por produtores que contribuirão para colaborar em iniciativas verdes que possam ser qualitativas e quantitativamente comprovadas”, declara o chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno .

    Segundo ele, o PSBC pretende considerar a soja oriunda de iniciativas ambientalmente sustentáveis ​​e, consequentemente, abrir possibilidades de compensações financeiras, seja agregando valor ao produto comercializado e até mesmo a obtenção de juros mais baixos e prêmios mais interessantes em seguros agrícolas, iniciativas já operantes sem mercado.

    “Os padrões de sustentabilidade, conhecidos como normas voluntárias de sustentabilidade (NVS), têm ampliado sua importância em todo o mundo, especialmente no setor agropecuário, tornando-se um importante elemento de agregação de valor e de diferenciação da agricultura brasileira”, afirma o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Carina Rufino . “Com o PSBC, o Brasil se posicionará fortemente no agronegócio mundial, com uma iniciativa de coalização setorial que mede e demonstra com critérios científicos sua contribuição para uma agricultura mais sustentável e adaptada para enfrentar as mudanças climáticas”, destaca.

    Estruturação da certificação da marca-conceito SBC

  • Redução de riscos na agricultura passa pela assistência técnica e pesquisa

    Redução de riscos na agricultura passa pela assistência técnica e pesquisa

    Um painel discutiu o papel das cooperativas na gestão de riscos climáticos na agricultura durante a 8ª Reunião da Rede Zarc Embrapa. A assistência técnica eficiente e a geração de conhecimento por meio de pesquisas foram apontadas como importantes ferramentas para mitigar os riscos para o produtor rural.

    Participaram do painel representantes da Coamo, Comigo, CCGL, Cocamar, Coopercitros e Capal. Em comum, todas as cooperativas mostraram que a assistência técnica é a principal forma de levar conhecimento aos agricultores, incentivando a adoção de boas práticas agropecuárias, que possibilitarão reduzir riscos de perdas tanto por falhas de manejo quanto por adversidades climáticas, como seca, altas temperaturas ou chuvas.

    Juntas as cooperativas atendem centenas de milhares de produtores rurais, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde o cooperativismo é mais atuante.

    Para subsidiar o trabalho de assistência técnica, muitas das cooperativas contam com estruturas de pesquisa. Algumas dessas estruturas são feitas de forma conjunta com outras cooperativas, como é o caso da CCGL e da Fundação ABC. Instituições de pesquisa como a Embrapa e as universidades também são fundamentais no processo de geração do conhecimento que será levado pelos técnicos até as propriedades rurais.

    Com a adoção de práticas de conservação do solo, formação de palhada, uso de sistemas de integração lavoura-pecuária e rotação de culturas, espera-se obter sistemas mais resilientes em relação às adversidades climáticas.

    Agrometeorologia

    Outra forma de atuação comum a algumas das cooperativas é a criação de redes de estações meteorológicas. O objetivo é o de ampliar a base de dados locais, possibilitando o monitoramento e a previsão meteorológica com maior precisão para a região. Ao ofertar informações mais próximas do produtor, é possível melhorar a tomada de decisão em relação à semeadura e planejamento de colheita, por exemplo.

    “Queremos trabalhar em rede colaborativa. Não só o setor agropecuário, mas as prefeituras também precisam dessa informação sobre clima. Quanto mais estações tivermos, maior será a acurácia dos dados”, explica Renato Watanabe.

    Irrigação e gestão

    O investimento em sistemas de irrigação também tem sido visto como alternativa para mitigar riscos em algumas regiões. A Coopercitrus e a Cocamar, por exemplo, auxiliam seus cooperados em determinadas regiões e culturas. Além disso, a preservação das nascentes e cursos d’água foram apresentados como fatores fundamentais para que se tenha o insumo necessário para a irrigação.

    Ferramentas de gestão operacional e financeira ofertadas pelas cooperativas, como o aplicativo SmarCoop, usado pela CCGL, também contribuem para a tomada de decisões baseada em informações técnicas, reduzindo o risco de perdas.

    Seguro

    O incentivo à contratação de seguro agrícola também é feito. Algumas das cooperativas possuem corretoras e trabalham junto às seguradoras para ampliação da oferta de produtos e da cobertura para cultivos que não são atendidos.

    Porém, foram destacadas dificuldades com o sistema de seguro ofertado atualmente, seja pelo baixo valor de subvenção, pela cobertura pautada na produtividade média do IBGE e não na realidade do produtor e pelo alto custo que acaba desincentivando a adoção.

    De acordo com os representantes das cooperativas, o seguro é uma ferramenta importante para reduzir não só o risco para os produtores, mas também para as próprias cooperativas, que têm no recebimento de grãos ou na compra de insumos sua maior fonte de receitas.

    Reunião da Rede Zarc

    De acordo com Eduardo Monteiro, pesquisador e coordenador da Rede Zarc Embrapa, o painel com as cooperativas é uma forma de trazer uma visão de como a gestão de risco é tratada no campo. Na reunião do ano passado representantes de duas instituições foram convidadas a participar e neste ano a ideia foi ampliar o debate, trazendo outras experiências.

    A 8ª Reunião da Rede Zarc Embrapa reúne até quinta-feira pesquisadores de cerca de 30 Unidades da Embrapa, representantes de seguradoras, gestores públicos e representantes do setor produtivo para discutir a gestão de riscos climáticos na agricultura.

    A programação dos dois primeiros dias está sendo transmitida ao vivo no Youtube da Embrapa e ficará disponível para acompanhamento posterior. Na quinta-feira o evento terá foco no trabalho de pesquisa da rede Zarc.

    O encontro é realizado pela Embrapa, em parceria com Banco Central e Ministério da Agricultura e Pecuária.

  • Pesquisa traz recomendações técnicas para cultivo de gergelim em Mato Grosso

    Pesquisa traz recomendações técnicas para cultivo de gergelim em Mato Grosso

    A cultura do gergelim tem crescido em Mato Grosso e para dar maior suporte aos produtores, a Embrapa, UFMT, IFMT Sorriso e Fundação MT realizaram uma pesquisa para definir índices técnicos para o cultivo da oleaginosa no estado.

    Os ensaios foram realizados em Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde e avaliaram, entre outros itens, diferentes espaçamentos, densidades de plantas e seletividade a herbicidas.

    De acordo com a pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril Vanessa Quitete, os resultados mostraram que a densidade de plantio com melhores resultados foi de 6 kg/ha, com espaçamento de 0,45m entrelinhas.

    “Com essa população foi possível reduzir a competição com as plantas especialmente na fase inicial da cultura”, explica a pesquisadora.

    O controle de plantas aparentes é um dos principais desafios do cultivo do gergelim, uma vez que não existem cultivares resistentes aos herbicidas. Testes feitos em casa de vegetação demonstraram que o Trifluralin e o Prometryn foram aqueles que tiveram melhor seletividade no estabelecimento da cultura, nos 30 primeiros dias. Dentre as cultivares avaliadas, a BRS Anahí e Trebol foram as que tiveram maior tolerância aos herbicidas.

    Entretanto, os dados relacionados ao manejo das plantas ainda são preliminares, uma vez que foram realizados apenas em casas de vegetação. Devido à curta duração deste projeto de pesquisa, não houve tempo para os testes de campo, necessários para que se possa fazer uma recomendação aos produtores.

    As avaliações não identificaram a ocorrência de doenças nas plantas de gergelim. O fato da cultura ser nova na região médio-norte de Mato Grosso explica a ausência de patógenos que causem danos ao trabalho.

    Um novo projeto de pesquisa para dar continuidade às avaliações fitotécnicas está sendo elaborado pela equipe que atuou neste trabalho. No momento, outros ensaios com o gergelim estão sendo prazos com o objetivo de avaliar novos genótipos do programa de melhoramento genético temporal pela Embrapa Algodão. A Embrapa Agrossilvipastoril e a UFMT também já desenvolveram pesquisas relacionadas à qualidade dos grãos e redução de perdas na colheita.

    Gergelim em Mato Grosso

    Mato Grosso é o maior produtor de gergelim no país. De acordo com a estimativa da Conab, na safra 2023/2024 a área plantada no estado mais do que dobrou em relação ao ano agrícola anterior. São 382,1 mil hectares agora, contra 188,5 mil ha na safra 2022/2023.

    A expectativa da Conab é de uma produção de 191,1 mil toneladas de gergelim em Mato Grosso, o que equivale a 66% da produção nacional.

    Os municípios de Canarana e de Água Boa são os maiores produtores de gergelim no estado.

    Diversidade de gênero na ciência

    Este projeto de pesquisa foi financiado pela Fapemat por meio do edital Mulheres e Meninas na Computação, Engenharias, Ciências Exatas e da Terra, que buscou fomentar a atuação feminina na ciência. Além de ser liderado por uma mulher, o projeto conta apenas com meninas entre as bolsistas de iniciação científica.

  • Acordo entre Embrapa e CGIAR fortalece pesquisas para o enfrentamento do desafio climático

    Acordo entre Embrapa e CGIAR fortalece pesquisas para o enfrentamento do desafio climático

    A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e a diretora executiva do Grupo Consultivo de Pesquisa Internacional ( CGIAR ), Ismahane Elouafi, enviaram nesta quarta-feira, 12 de junho, memorando de entendimento para fortalecer a colaboração no desenvolvimento de pesquisas sobre sistemas resilientes alimentares, no contexto das mudanças climáticas. A iniciativa, que envolve especialistas e autoridades da investigação internacional, vai contar com o apoio da maior rede de investigação agrícola com financiamento público do mundo. A assinatura ocorreu durante a 20ª Reunião do Conselho do Sistema CGIAR, na sede da Embrapa, em Brasília, com a presença de representantes de financiadores e países em desenvolvimento.

    Essas reuniões aconteceram duas vezes por ano e reuniram representantes de países financiados e em desenvolvimento, com o objetivo de reverter a estratégia, missão, impacto e relevância contínua do CGIAR de forma ágil, em um cenário em mudança da pesquisa agrícola para o desenvolvimento. “A escolha da Embrapa para sediar o evento em 2024 é uma homenagem à relevância da Empresa no contexto agrícola mundial e, especialmente, aos seus 50 anos completados em 2023”, explica o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão Pedro Machado, que representa a instituição no Grupo Consultivo.

    Acordo reforça a cooperação Sul-Sul

    Entre as áreas prioritárias da cooperação estão recursos naturais e mudanças climáticas: adaptação e resiliência de sistemas de produção e cultivos estratégicos; bancos de genes, incluindo criopreservação; biotecnologia, microrganismos e nanotecnologia; biomassa e química verde; bioeconomia e bioprodutos. Tecnologia pós-industrial; automação, agricultura de precisão e digital, inteligência artificial, tecnologia da informação e comunicação também estão previstas, bem como modelagem e análise de dados, incluindo a criação de métricas e indicadores padronizados. Além disso, sistemas de produção animal e vegetal e paisagens multifuncionais; segurança alimentar, nutrição e saúde; bem como mercados, políticas e desenvolvimento rural.

    O presidente da Embrapa lembrou os desafios a serem enfrentados, incluindo as mudanças climáticas, a transição energética e a inclusão digital, social e produtiva em áreas rurais. “Estou confiante de que essa colaboração será muito importante para promover a cooperação Sul-Sul e contribuir com o futuro do planeta”, comentou. Massruhá destacou que, a partir de programas, em parceria com o CGIAR, e iniciativas como controle de consciência do solo, manejo integrado de previsões e zoneamento de risco climático, a pesquisa agropecuária não apenas aumentou o rendimento cultural, mas também oculta os riscos, ampliando a resiliência agrícola.

    Em relação ao carbono, seguiu o impacto da pesquisa da Embrapa, no desenvolvimento da Renovacalc, calculadora oficial para estimar a pegada de carbono de combustíveis no âmbito da Política Nacional de Biocombustíveis (Renovabio), que cobre mais de 75% das usinas de produção das usinas de produção. “Isso é crucial dado o desastre climático que atualmente afeta o Brasil”, afirmou, lembrando que também são possíveis abordagens científicas para promover práticas de produção mais sustentáveis.

    Massruhá ressaltou também a importância da recente reunião de cientistas-chefes agrícolas dos Estados do G-20 (MACS-G20), no mês de maio, em Brasília, coordenada pela Embrapa, e o compromisso da Empresa com a COP 30, momento em que, segundo ela, será possível compartilhar perspectivas e soluções para as mudanças climáticas.

    Sobre agricultura digital e de precisão, o presidente chamou a atenção para o potencial da inteligência artificial, principalmente no que diz respeito ao processo de tomada de decisão no campo, facilitando atividades de pesquisa e inovação, como ferramenta de políticas públicas. “A colaboração entre a Embrapa e o CGIAR é um instrumento para atingir esses marcos, que inclui o desenvolvimento de variedades de culturas melhoradas, práticas agrícolas sustentáveis ​​e tecnologias inovadoras”, concluiu.

    Cooperação capacitação interação iniciada na década de 1970

    Para a diretora-executiva do CGIAR, Ismahane Elouafi, que iniciou sua fala destacando o papel de Massruhá como liderança pioneira na transformação digital e defensora das questões relacionadas à inclusão de gênero, o acordo com a Embrapa reforça a trajetória de parceria iniciada na década de 1970. “Desde então, ganhamos juntos na melhoria da gestão ambiental na bacia Amazônica, no desenvolvimento de cultivares de batata doce e trigo tropical, nos bancos de sementes, na preservação de recursos genéticos e softwares”, citou. “Hoje o CGIAR representa 13 centros de pesquisa, com mais de 10 mil pessoas, em cerca de 80 países e 3 mil parceiros”, disse.

    Segundo ela, a expectativa é que, a partir do memorando de entendimento, novas áreas sejam priorizadas, principalmente relacionadas à adaptação e resiliência de sistemas de produção e culturas estratégicas. “Estamos empenhados em colaborar, por meio do intercâmbio de conhecimento e de projetos em comum, aproveitando as capacidades técnicas e ativas de cada um”, enfatizou.

    Na oportunidade, Elouafi expressou solidariedade às vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul e reafirmou estar ao lado do Brasil no enfrentamento da crise. “Como dizem os nossos colegas do Instituto Internacional de Gestão da Água, é através de muita ou pouca água que a maioria das pessoas sofrerá as alterações climáticas. Vemos a verdade disso também nos períodos prolongados de seca e incêndios na Amazônia no ano passado”, destacou, lembrando a importância da comunidade científica na busca por soluções que reduzam os impactos dos cenários futuros relacionados ao clima.

    “Esse acordo fornece inspiração e serve como um exemplo de como podemos trabalhar com os principais parceiros de investigação nacionais para soluções pioneiras e como podemos promover a colaboração Sul-Sul para garantir que essas soluções sejam fornecidas em escala onde são mais acessíveis.”, completou .

  • 39ª Reunião de pesquisa de soja promoverá discussões sobre safra e inovações tecnológicas

    39ª Reunião de pesquisa de soja promoverá discussões sobre safra e inovações tecnológicas

    Nos dias 26 e 27 de junho de 2024, a cidade de Londrina (PR) será o palco da 39ª Reunião de Pesquisa de Soja (RPS), promovida pela Embrapa Soja. Este evento de grande relevância para a cadeia produtiva da soja no Brasil reunirá cerca de 500 profissionais, incluindo técnicos, pesquisadores, professores, produtores e acadêmicos, para discutir os principais avanços, desafios e inovações tecnológicas no cultivo da soja.

    A programação técnica da RPS será aberta por Nicole Rennó Castro, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/Esalq/USP), que abordará o tema “Cadeia produtiva da soja e do biodiesel: PIB, empregos e comércio exterior”. Esta palestra visa fornecer um panorama abrangente sobre o impacto econômico da soja e do biodiesel no Brasil.

    Outro destaque será a participação de André Debastiani, da Agroconsult Consultoria e Projetos, que apresentará uma análise detalhada sobre a safra 2023/2024 e as tendências para a safra 2024/2025. Sua palestra fornecerá insights valiosos sobre a produção de soja, ajudando os participantes a compreenderem as dinâmicas do mercado e as previsões para o próximo ciclo.

    Além das palestras, a RPS contará com painéis de debates focados em soluções tecnológicas consolidadas e inovadoras que podem impactar positivamente o sistema de produção de soja. “Iremos promover painéis e palestras sobre temas relevantes para a soja, que tratam de atualidades e desafios nos sistemas de produção em que a cultura da soja está inserida”, afirma Claudine Seixas, pesquisadora da Embrapa Soja e presidente da RPS.

    Panorama da produção de soja no Brasil

    Na safra 2022/2023, o Brasil manteve sua posição de liderança mundial na produção de soja, com uma colheita superior a 150 milhões de toneladas, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este desempenho coloca o país à frente de outros grandes produtores, como os Estados Unidos e a Argentina.

    A soja é cultivada em 20 estados brasileiros e no Distrito Federal, com destaque para Mato Grosso, que lidera com uma produção de 45 milhões de toneladas. Outros estados importantes na produção de soja incluem Paraná (22 milhões de toneladas), Goiás (17 milhões de toneladas) e Rio Grande do Sul (13,018,4 milhões de toneladas).

    A produção de soja na safra 2024/2025 é aguardada com grande expectativa, especialmente devido aos desafios climáticos e à necessidade de inovações tecnológicas para manter a produtividade. A 39ª RPS será uma oportunidade crucial para o intercâmbio de experiências e informações entre os profissionais envolvidos na cadeia produtiva da soja, promovendo avanços e soluções para os desafios futuros.

    A 39ª Reunião de Pesquisa de Soja promete ser um evento enriquecedor, proporcionando aos participantes uma visão abrangente sobre o estado atual e as perspectivas futuras da produção de soja no Brasil. Com a participação de especialistas renomados e debates sobre inovações tecnológicas, o evento reforça seu papel como o principal fórum da sociocultura nacional, comprometido em impulsionar o desenvolvimento sustentável e a competitividade da soja brasileira.

  • Pesquisa avalia eficiência dos sistemas de produção na conversão de nutrientes em leite

    Pesquisa avalia eficiência dos sistemas de produção na conversão de nutrientes em leite

    A conversão em carne e leite dos nutrientes utilizados na produção leiteira é um indicador de eficiência e sustentabilidade da propriedade rural. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros investigam fazendas leiteiras com sistemas diferentes para avaliar a eficiência do uso de nitrogênio (N) e fósforo (P) e o excedente, na forma de resíduos (esterco e urina). “O aumento da eficiência na utilização de nutrientes protege a qualidade dos recursos naturais e minimiza o excedente de nutrientes dos resíduos”, explica Julio Palhares, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste.

    O estudo, divulgado na Revista International Science Total Environment, no final de abril, analisou 67 fazendas de gado leiteiro localizadas na bacia hidrográfica do Lajeado Tacongava, no Rio Grande do Sul, uma das principais bacias leiteiras do Estado. O número representa 82% do total de propriedades da região, dividido em três sistemas de produção: confinado (3 propriedades); semiconfinado (7 fazendas) e pasto (57 fazendas). As avaliações são referentes ao ciclo produtivo de 2018.

    O excedente de resíduos refere-se à diferença entre as entradas de nutrientes no sistema (dieta e fertilizantes) e as saídas (leite e carne). Se as entradas são maiores do que as saídas, há um excedente na forma de esterco e urina. Geralmente, avalia-se o excedente em kg por área, devido ao valor fertilizante da exclusão.

    As propriedades confinadas apresentaram valores de excedente superiores à procura agrícola. No caso das fazendas a pasto e as semiconfinadas, o excesso ocorreu somente para o fósforo. Os sistemas confinados tiveram as maiores médias de excesso de N por área. Variou de 320 a 1.628 quilos de nitrogênio por hectare (média de 786 kg N). A sobra de P também foi maior nesse modelo, média de 70 kg por hectare. Segundo Palhares, esse saldo é associado ao tamanho do rebanho em lactação e à área. Nas fazendas baseadas em pastagens, o excedente foi menor, 352 quilos de N e 49 quilos de P por hectare ao ano. Nas semiconfinadas, 508 quilos de nitrogênio e 63 kg de fósforo por hectare ao ano.

    Quando considerado o valor monetário do excedente de N, as médias foram de US$ 2.615, US$ 4.950 e US$ 12.171 para sistemas baseados em pastagens, semiconfinados e confinados, respectivamente. Para o excedente de P, foram US$ 346, US$ 588 e US$ 1.119 para pastagens, semiconfinados e confinados. Estas quantias em dinheiro representam a transformação dos resíduos em valores dos fertilizantes químicos, considerando a demanda de nutrientes para áreas de pastagem e trabalho de silagem de milho. Assim, a cifra anual dos resíduos em fertilizante porencial é específica. No entanto, para que os excedentes representem de facto esses valores, deverão ser correctamente manejados.

    Vários aspectos influenciam os indicadores de eficiência na atividade leiteira. O manejo nutricional inadequado pode resultar em uma redução na taxa de conversão do nitrogênio e na correspondência da ração em produto leite, afetando os indicadores de excedente e eficiência do uso de nutrientes. Além disso, outros aspectos, como bem-estar animal, saúde e fatores reprodutivos que influenciam o balanço de N e P.

    A descarga pode ser usada para adubar culturas, como áreas de pasto, e reduzir a dependência de propriedade de fertilizantes químicos. No entanto, a disponibilidade elevada pode representar risco de contaminação dos recursos naturais e de emissões de gases de efeito de estufa (GEE). “Algumas estratégias destinadas a reduzir os excedentes podem ajudar a mitigar os danos ambientais, promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis”, conta Julio Palhares. Do ponto de vista econômico, o elevado excedente representa desperdício de nutrientes comprados. O uso eficiente determina menor custo de produção.

    “A relação entre alto excedente e baixa eficiência no uso de nutrientes é observada nos resultados, demonstrando taxas reduzidas de conversão de insumos em produtos. Os determinantes para essas baixas taxas de conversão são multifatoriais, envolvendo aspectos produtivos, ambientais, culturais, econômicos e de qualidade da mão-de-obra”, explica.

    Os resultados indicam que os produtores compraram altas quantidades de ração, mas isso nem sempre apresenta o efeito esperado, ou seja, maior produção de leite. O que se constata é um elevado excedente por área e baixa eficiência na utilização de nutrientes. “Essa situação pode ser revertida com assistência técnica mais frequente no manejo nutricional dos animais. Em fazendas a pasto e semiconfinadas, aumentar a representação de pastagens para atender às necessidades nutricionais dos animais pode ser benéfico”, observa Palhares.

    Para o pesquisador da Embrapa, o balanço de nutrientes deve ser visto como uma ferramenta para melhorar os padrões de gestão de nutrientes. Ele afirma que estudos sobre a abordagem do balanço de nutrientes devem ser realizados para apoiar práticas e tecnologias que melhorem a eficiência do uso de nutrientes pela produção animal, evitando a manipulação dos recursos naturais, e para ajudar a resolver o excesso de nutrientes na forma de resíduos. Além disso, a pesquisa pode contribuir para alcançar Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relevantes, como fome zero, água potável, consumo responsável e ação climática.

    A pesquisa foi desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sudeste, Instituto Leibniz de Engenharia Agrícola e Bioeconomia, da Alemanha, Serviço de Extensão Rural (Emater – RS), Universidade de Caxias do Sul e Universidade Humboldt, de Berlim, Alemanha, com o apoio das prefeituras dos municípios da área de estudo.

  • Instituições do agro debatem integração lavoura-pecuária no 1º Circuito Aprofir-Embrapa

    Instituições do agro debatem integração lavoura-pecuária no 1º Circuito Aprofir-Embrapa

    Instituições ligadas ao agronegócio e ao Governo de Mato Grosso participam do 1º Circuito Aprofir-Embrapa Pecuária Sudeste, evento que irá debater a integração lavoura-pecuária de forma sustentável. A ação será realizada em 6 de junho e terá participantes de renome nacional.

    Serão quatro horas de debate, com temas como o uso de novos cultivares de guandu em sistemas de produção e pulses, produção intensiva de leite, recuperação de pastos degradados com o uso de leguminosas e sistemas de integração lavoura-pecuária. A Embrapa Pecuária Sudeste irá colaborar com pesquisas que abordam desde a qualidade dos alimentos de origem animal até a sustentabilidade da produção agropecuária brasileira.

    Foram convidados a participar o Governo do Estado, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Fórum Agro, Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite) e Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat).

    Também darão apoio a Assembleia Legislativa, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Associação Mato-grossense dos Municípios, entre outros.

    Na lista de palestrantes estão o presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir-MT), Hugo Garcia, o chefe de Pesquisa da Embrapa Pecuária do Sudeste, André Luiz Monteiro Novo, o pesquisador e especialista em Sistemas Agrícolas, Emerson Borghi e o pesquisador Frederico de Pinna Matta.

    “Em Mato Grosso a agricultura e a pecuária andam lado a lado e um dos nossos objetivos com esse evento é estreitar esses laços para que possamos caminhar juntos para o desenvolvimento do agronegócio em Mato Grosso, que é a principal atividade econômica do nosso estado”, enfatiza Hugo Garcia.

    O 1º Circuito Aprofir-Embrapa Pecuária será realizado em 6 de junho, das 8h às 12h, no Centro de Tecnologia de Mato Grosso do Senai, localizado na Avenida Getúlio Vargas, 426, bairro Centro Norte, Cuiabá.

  • Técnicos fazem curso sobre “pomar de sementes” no Mato Grosso

    Técnicos fazem curso sobre “pomar de sementes” no Mato Grosso

    Atendendo a demanda do Comitê Técnico de Sementes Florestais, da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (Abrates), a Embrapa oferece nesta semana curso sobre pomar de sementes junto à Rede de Sementes Portal da Amazônia, em Alta Floresta, no Mato Grosso. A atividade está sendo conduzida pela pesquisadora Juliana Freire, da Embrapa Agrobiologia, que tem ampla experiência com reflorestamento, coleta de sementes e implantação de pomares. “O curso é voltado para técnicos da região, que vão multiplicar o conhecimento junto a produtores. Já temos experiência com a implantação de pomares e coleta de sementes, então a ideia é passar esses conceitos de uma forma simples, para que eles possam colocar em prática”, explica Juliana.

    Hoje, um dos grandes gargalos na região é a perda de matrizes de árvores nativas, muito devido ao avanço do agronegócio e de plantações de soja. Assim, o curso aborda métodos para fazer o resgate e conservação genética de espécies de importância econômica e ecológica, visando à restauração florestal. A expectativa é apresentar aos técnicos conhecimentos e tecnologias para auxiliar no processo de coleta de sementes dessas matrizes e também nos estudos realizados no local sobre melhor compatibilidade entre matrizes de determinadas áreas. De acordo com a pesquisadora, o trabalho com pomar de sementes realizado pela Rede de Sementes Portal da Amazônia tem grande importância na conservação de matrizes das árvores nativas da Floresta Amazônica.

    Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que realiza o monitoramento da Amazônia desde 1988, houve, na região, 81% a mais de focos de calor em 2019 do que nos últimos dez anos. Para o Instituto, a principal explicação para esse registro é o alto nível de desmatamento da floresta, que vem aumentando cada vez mais ao longo desta década.

    Em meio a isso, uma das alternativas encontradas para combater o desmatamento e impedir a extinção de espécies nativas é a técnica de “pomar de sementes” – uma plantação manejada para produção de sementes de melhor qualidade a partir do mapeamento e monitoramento de diferentes matrizes. “Planta-se diferentes matrizes, que tiveram um cuidado na coleta para rastreamento da procedência e avaliação do material genético, e aí faz-se o acompanhamento de seu desenvolvimento, em comparação uma com a outra”, explica a pesquisadora. O ideal, segundo ela, é que sejam plantadas 30 matrizes diferentes da mesma espécie. “Monitoramos o crescimento e a sobrevivência sob uma determinada condição bioclimática, na busca do material que melhor se adeque à região”, pontua.

    Apesar de a Rede de Sementes Portal da Amazônia já estar fazendo o mapeamento de matrizes na área, junto aos coletores e produtores, o curso será o ponto de partida para o projeto do pomar de sementes na Floresta Amazônica. “São trabalhos a médio e longo prazos, porque são espécies que têm ciclos de vida longos. Normalmente, o interesse é com espécies mais raras e mais ameaçadas, por terem uma madeira de melhor qualidade, mas crescimento lento. Então, o projeto é uma sementinha que vamos plantar agora, mas que só vamos ter resultados talvez daqui a 20 anos”, conta Juliana.

    A capacitação tem bastante suporte nos sistemas agroflorestais (SAFs), que consistem em uma das técnicas para restauração indicadas pela Embrapa, pensando também no manejo e monitoramento do arranjo. Além de aulas práticas no entorno, incluindo exposições de frutos das espécies regionais, marcação de matrizes e coletas de sementes, as temáticas teóricas abordadas englobam biologia reprodutiva de espécies arbóreas, fenologia e calendários fenológicos, técnicas para colheita de sementes florestais, plantios de pomares de sementes em SAFs, técnicas de manejo, entre outros.

  • Pesquisa desenvolve primeiro bioinsumo de dupla finalidade para soja

    Pesquisa desenvolve primeiro bioinsumo de dupla finalidade para soja

    Fruto de uma parceria entre a Embrapa e a empresa privada Innova Agrotecnologia , o Combio é o primeiro bioinsumo para a soja brasileira com duas finalidades: estímulo ao crescimento e proteção contra fungos. O produto é uma combinação de três cepas bacterianas que desempenham papel na fixação biológica de nitrogênio e na promoção do crescimento das plantas: BR 29 ( Bradyrhizobium elkanii ), BR 10788 ( Bacillus subtilis ) e BR 10141 ( Paraburkholderia nodosa ). “O diferencial desse inoculante é que incluímos bactérias que realizam diversos mecanismos estimulantes e que também protegem as sementes na fase em que emergem do solo, evitando ataques de fungos oportunistas”, detalha o pesquisador Jerri Zilli , da  Embrapa Agrobiologia , um deles. responsável pela pesquisa.

    Testes de campo realizados pela Innova Agrotecnologia revelaram aumento de 10% no rendimento de grãos. Nem mesmo a forte estiagem ocorrida na safra 2020/2021 impediu o efeito satisfatório do bioinsumo. No Paraná, enquanto uma safra sem inoculante teve rendimento de 61 sacas por hectare, outra com coinoculação tradicional rendeu 63 sacas e a área com Combio teve rendimento de 66 sacas. “Nossa intenção não é confrontar os inoculantes que existem no mercado. O objetivo é incentivar um manejo que evite os fungicidas químicos, considerados agressivos às bactérias rizóbios”, ressalta Zilli.

    O produto resultou da prospecção de centenas de bactérias com o objetivo de encontrar microrganismos antagônicos a fungos que interferem na germinação e emergência de plântulas de soja no campo. Atualmente, para garantir uma boa densidade populacional de plantas, praticamente 100% das áreas cultivadas com soja no Brasil recebem sementes tratadas com fungicidas químicos, que na maioria dos casos são prejudiciais ao  Bradyrhizobium . “Durante o estudo, observamos que  Bacillus subtilis e  Paraburkholderia nodosa além de apresentarem excelente potencial antifúngico, estimularam as plantas por diferentes mecanismos, resultando em plântulas mais uniformes e vigorosas”, explica Zilli.

    Verificada a característica de promoção do crescimento das plantas de soja, as bactérias foram combinadas com  Bradyrhizobium , essencial para o fornecimento de nitrogênio à cultura. Após testes em estufas e em campo, constatou-se que as plantas inoculadas com Combio tiveram melhor desenvolvimento do que com a inoculação padrão  de Bradyrhizobium  e apresentaram ampla nodulação e sanidade.

    O pesquisador da Embrapa  Luís Henrique Soares de Barros acredita que o Combio pode substituir com vantagem o tradicional inoculante de soja, que contém apenas o microrganismo voltado especificamente para a fixação biológica de nitrogênio. “Além do microrganismo simbiótico,  a Combio possui outras duas cepas, que promovem o crescimento e conferem mais vigor à cultura por meio de ação bioquímica complementar”, revela.

    Os testes de validação do efeito antagonismo fúngico para fins de registro como fungicida biológico estão em andamento e atendem à legislação vigente. Os pesquisadores esperam que essa vantagem seja plenamente comprovada e que em breve o produto possa ser oferecido como o primeiro bioinsumo multifuncional para a soja. “Combinamos duas funções em um único produto, o que proporciona maior praticidade. Com uma etapa a menos no campo, o agricultor tem menos trabalho”, afirma Barros.

    O produto atualmente possui registro temporário especial e está sendo oferecido como inoculante que atua tanto na fixação biológica de nitrogênio quanto na promoção do crescimento das plantas de soja. para ser comercializado como biofungicida, ainda precisa atender a alguns requisitos da legislação brasileira vigente. A expectativa é que esta nova tecnologia esteja disponível nas próximas safras.

    Ação da Combio

    O bioiput Combio é um inoculante líquido para ser aplicado via tratamento de sementes ou em sulcos. A cepa  BR 29 (Bradyrhizobium) atua na formação de nódulos e na fixação de nitrogênio. As cepas BR 10788 (Bacillus) e BR 10141 (Paraburkholderia) ajudam a estimular o crescimento das plantas e a proteger as sementes através de sua capacidade antagônica.

    O desenvolvimento de um insumo biológico multifuncional para a soja vai ao encontro das perspectivas do mercado, que vem buscando cada vez mais soluções tecnológicas sustentáveis ​​para controlar pragas e doenças e aumentar a produtividade. A vantagem reside na redução da utilização de fertilizantes azotados e de produtos químicos para controlo de pragas e doenças, o que implica uma agricultura mais amiga do ambiente.

    Para outras informações comerciais sobre a Combio, os sojicultores podem entrar em contato com  a Innova Agrotecnologia.

    Prospecção de bactérias

    As pesquisas para o desenvolvimento do Combio começaram em 2020 e utilizaram a coleção de microrganismos mantida no Centro de Recursos Biológicos Johanna Döbereiner (CRB-JD), localizado na Embrapa Agrobiologia em Seropédica, no Rio de Janeiro. Para formular o produto, foram prospectadas mais de 700 bactérias no acervo do CRB-JD. Inicialmente, foram testadas combinações de microrganismos para combinar a fixação biológica de nitrogênio com a promoção do crescimento. A partir da avaliação das cepas, os pesquisadores passaram a considerar seu potencial no combate a fungos prejudiciais à cultura da soja – o que implicaria no desenvolvimento de um produto ainda mais abrangente e inovador.

    Com cerca de 7 mil microrganismos, entre bactérias e fungos, o acervo do CRB-JD foi formado ao longo de anos de pesquisas realizando coletas na natureza, em diversas regiões do país. Cada uma das bactérias ali contidas foi estudada e avaliada quanto ao seu potencial para uso como insumo biológico na agricultura brasileira.

    Esse trabalho específico teve início na década de 1950, quando a pesquisadora Johanna Döbereiner isolou as primeiras bactérias fixadoras de nitrogênio. Desde então, o acervo se multiplicou e mais de 50 cepas já foram autorizadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil ( Mapa ) para uso em inoculantes comerciais.

    Até 2012, apenas as características fenotípicas e morfológicas (aparência e forma) dos microrganismos do CRB-JD eram conhecidas, o que limitou o desenvolvimento das pesquisas. Porém, nos últimos anos, a utilização de ferramentas moleculares tem permitido uma melhor compreensão da sua taxonomia (classificação); além disso, um banco de DNA foi estruturado e está à disposição dos pesquisadores.

    Atualmente cerca de 80% dos microrganismos do acervo foram caracterizados por meio de sequenciamento de DNA. Isso significa que se alguém precisar realizar novos estudos para trabalhos biotecnológicos, não precisará cultivar a bactéria; eles podem simplesmente usar o DNA armazenado. Além disso, a utilização do DNA permite aos pesquisadores realizar o sequenciamento genômico de bactérias e identificar genes com potencial agrobiotecnológico.

  • Plantio Direto e integração lavoura-pecuária aumentam diversidade microbiana do solo e protegem as plantas

    Plantio Direto e integração lavoura-pecuária aumentam diversidade microbiana do solo e protegem as plantas

    Pesquisas da Embrapa realizadas em campo experimental e lavoura comercial avaliaram a microbiota em solo do Cerrado sob Sistema Plantio Direto (SPD) durante cinco anos e em integração lavoura-pecuária (ILP), após 15 anos de implantação do sistema. Os resultados em áreas diferentes apontaram mudanças benéficas na composição de fungos e bactérias do solo, com funções importantes associadas ao controle biológico natural de doenças. Em um estudo conduzido na Fazenda Capivara da Embrapa Arroz e Feijão em Santo Antônio de Goiás (GO), foi observado que a diversidade de fungos aumentou na ILP, quando comparada com o ambiente de referência que foi uma área de floresta nativa vizinha. Isso posiciona mais uma vez a ILP como uma das tecnologias capazes de melhorar a saúde do solo não apenas por ajudar a preservar microrganismos que lá vivem, mas também por incentivar o aumento dessa biodiversidade.

    O estudo ocorreu em uma área subdividida em dez parcelas, seis em sequeiro e quatro quadrantes irrigados por pivô central, abrangendo cerca de 95 hectares. O local, que já estava sob cultivo em plantio direto, foi incorporado à ILP com rotação entre as culturas do arroz, milho, soja e capim; ou ainda em consórcio entre milho e capim no chamado Sistema Santa Fé.

    A equipe de pesquisa coletou, por dois anos seguidos, amostras do solo próximo às raízes, as quais foram submetidas a procedimento de extração de DNA para análise molecular. O foco foi a obtenção do material genético de fungos e de bactérias para se entender a estrutura dessas populações e sua resposta ao manejo da áreas de integração sob sequeiro e sob irrigação por pivô central. Também fez parte do estudo avaliar as populações de fungos que habitam o solo e atacam as raízes; e de nematoides nestas áreas, procurando entender as cadeias alimentares que ajudam a evitar que essas populações saiam do controle e causem perdas às culturas.

    Os resultados dessas análises em laboratório passaram por análise de dados e, após a avaliação de especialistas, mostraram que fungos e bactérias respondem de forma diferente pelo sistema ILP. Foi possível constatar aumento da diversidade de fungos de solo, o que não foi detectado em relação às bactérias. Para o caso de fungos de solo benéficos, de acordo o pesquisador da Embrapa Murillo Lobo Júnior, os dados evidenciam que o manejo ILP, seja sequeiro ou irrigado, aumentou também a diversidade fúngica em comparação com a vegetação nativa.

    “Os resultados revelaram uma maior diversidade de fungos em parcelas de integração lavoura e pecuária em comparação com a floresta nativa adjacente, demonstrando a capacidade de resposta desses microrganismos à rotação de plantas e de cultivos; e à umidade do solo. Em contraste, as bactérias não responderam em termos de diversidade à rotação de culturas anuais com pastagem, com alterações menos discerníveis”, declara Lobo. Segundo o pesquisador, uma hipótese para tal constatação é a de que as bactérias sofrem menos influência da rotação de culturas e da pastagem; e que outros elementos, como a umidade do solo, diferente em sequeiro da sob irrigação, interferem significativamente nesses resultados.

    Lobo acrescentou que as análises constataram ainda muitas diferenças entre espécies de fungos em ambos os ambientes: ILP e vegetação nativa do Cerrado, ou seja, após muitos anos de manejo, as espécie que estavam na vegetação nativa eram bem diferentes das presentes em ILP. Isso aponta que o ambiente agrícola com práticas sustentáveis modifica ao longo do tempo as espécies que compõe os agroecossistemas.

    Presença de fungos benéficos e agricultura regenerativa

    Em outra investigação, foi conduzido um ensaio de cinco anos de duração em Planaltina (DF), para avaliar o efeito de plantas de cobertura implementadas na segunda safra, no outono, sobre a diversidade de microrganismos do solo e sua relação com fungos de solo causadores de doenças. Este ensaio foi conduzido em pesquisa colaborativa com a Associação Brasileira de Consultores de Feijão (ABC Feijão). A partir dos resultados obtidos, cinco anos não aumentaram a diversidade de fungos e de bactérias no solo, porém as plantas de cobertura mudaram os gêneros de microrganismos mais frequentes no solo, vários deles ligados à supressividade de fungos de solo causadores de doenças. Além disso, um outro ponto destacado por Lobo é que as redes de microrganismos formadas ao redor das raízes mudaram, de acordo com as plantas de cobertura cultivadas.

    Esse tipo de pesquisa traz discussões de temas atuais como a agricultura regenerativa, que busca manter a qualidade e a vida no solo para a produção de alimentos. “Nós passamos a entender melhor as funções de alguns microrganismos que são incentivados com o manejo correto, e que deixam um efeito benéfico que se estende ao feijão sob irrigação no inverno até a soja, conduzida na primavera e verão”, comenta Lobo.

    Conforme o pesquisador, estudos como o realizado levantam dados que ainda são escassos sobre sistemas como o plantio direto sobre a palha e a ILP e podem incentivar a disseminação dessas tecnologias. “Entendendo como o Sistema Plantio Direto e suas várias formas de condução incentivam a comunidade microbiana do solo, conseguimos informações que podem aumentar a adoção ou melhoria dos sistemas, com benefícios para a atividade em relação ao manejo tradicional com pouca diversidade das lavouras. O ideal é que esses efeitos benéficos sejam entendidos também em outras áreas, para aperfeiçoar os serviços no agroecossistema que as plantas de cobertura proporcionam”, complementa.