Tag: Donald Trump

  • Sem vetos, Lula sanciona Lei da Reciprocidade Comercial

    Sem vetos, Lula sanciona Lei da Reciprocidade Comercial

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta sexta-feira (11) o projeto de lei que cria a Lei da Reciprocidade Comercial, autorizando o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras unilaterais aos produtos do Brasil no mercado global. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto.

    O texto, que será publicado no Diário Oficial da União (DOU) da próxima segunda-feira (14), foi aprovado pelo Congresso Nacional há cerca de 10 dias e aguardava a sanção presidencial para entrar em vigor. Não houve vetos.

    A nova lei é uma resposta à escalada da guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a maioria dos países do mundo, mas que se intensificou nos últimos dias de forma mais específica contra a China.

    No caso do Brasil, a tarifa imposta pelos EUA foi de 10% sobre todos os produtos exportados para o mercado norte-americano. A exceção nessa margem de tarifas são o aço e o alumínio, cuja sobretaxa imposta pelos norte-americanos foi de 25%, afetando de forma significativa empresas brasileiras, que constituem os terceiros maiores exportadores desses metais para os EUA.

    Em discurso durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Honduras, na última quarta-feira (9), Lula voltou a criticar a adoção de tarifas comerciais. No mesmo dia, ele também disse que usará todas as formas de negociação possíveis, incluindo abertura de processo na Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar reverter as tarifas, antes de adotar ações comerciais retaliatórias.

    Nova Lei

    A Lei da Reciprocidade Comercial estabelece critérios para respostas a ações, políticas ou práticas unilaterais de país ou bloco econômico que “impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”. A norma valerá para países ou blocos que “interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil”.

    No Artigo 3º do texto da lei, por exemplo, fica autorizado o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligado ao Executivo, a “adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços”, prevendo ainda medidas de negociação entre as partes antes de qualquer decisão.

  • Guerra tarifária: riscos e oportunidades para o Brasil

    Guerra tarifária: riscos e oportunidades para o Brasil

    O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta quinta-feira (10) que a guerra de tarifas comerciais desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, traz “riscos e oportunidades” para o Brasil.

    A agropecuária e a indústria são setores que podem colher oportunidades provocadas pelas medidas protecionistas dos EUA, que taxaram a entrada de produtos importados no país, como forma de – ao menos de acordo com o governo americano – proteger a maior economia do mundo.

    Trump suspendeu por 90 dias a cobrança adicional para a maior parte dos países, mas manteve a sobretaxação de produtos chineses em mais de 100%.

    Mercadante conversou com jornalistas nesta quinta-feira, na saída de um seminário sobre cooperativismo, na sede do banco público de fomento, no Rio de Janeiro.

    Na visão dele, a economia precisa de previsibilidade e o tarifaço, como estão sendo chamadas as decisões de Trump, foi unilateral e sem negociação prévia ou consideração das instituições multilaterais de comércio. “Então gerou uma grande instabilidade econômica e financeira”, apontou.

    “É seguro que esse processo vai trazer alguma pressão inflacionária para todos os países, um choque externo global e vai atrasar investimentos”, destacou Mercadante.

    Na visão do presidente do BNDES, a guerra comercial vai trazer “muitas sequelas” para Estados Unidos e China, as duas maiores economia do mundo. “A América Latina foi relativamente preservada nesse primeiro momento. Vamos ver como é que essas coisas evoluem”, disse.

    “Esse cenário de instabilidade traz riscos, nós temos que estar muito atentos, mas traz também oportunidades”, completou, citando a agricultura e a pecuária.

    “O presidente do BNDES observa que os Estados Unidos são um concorrente nesse segmento que o Brasil vai ter mercados que vão se abrir. “Já vinham se abrindo e vão se abrir com muito mais velocidade”, confia.

    Mercadante diz acreditar também que o fato de o Brasil ser um país de paz, com boa relação com todos os integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), pode ser um ponto a favor para atrair investimentos externos.

    “Vai ter mais diversificação e há uma grande demanda por segurança alimentar no mundo. O Brasil é uma solução para esse problema. Então há muito interesse em investir nesse segmento em novas formas de parceria”, declarou, lembrando da projeção de supersafra no país.

    Ao falar da indústria, o economista relembrou o feito de o Brasil retomar à 25ª posição em ranking internacional de desempenho industrial. “A indústria de alto valor agregado, por exemplo, aviões, veículos, carros híbridos, muitos centros de P&D [pesquisa e desenvolvimento] vindo para cá”.

    Mercado local

    Mercadante apontou a importância também do poderio do mercado interno. “Temos um mercado interno muito forte, que é o principal fator de crescimento. Isso também é um diferencial nesse mundo em que o protecionismo vai crescer e que os mercados internos vão ter mecanismos de defesa comercial”, assinalou.

    Ao reforçar que o Brasil precisa explorar oportunidades, Mercadante citou aproximação de parceiros que também estão sofrendo impactos protecionistas americanos, como México e Canadá.

    “Nós temos que nos aproximar. A União Europeia vai se aproximar do Sul Global, dos Brics”, pontuou.

    O Sul Global é um grupo teórico formado, principalmente, por países pobres e emergentes. O Brasil tem se posicionado no cenário internacional como um dos líderes do grupo, assim como nos Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã.

    Em 2025, o encontro anual dos Brics será nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro.

  • Entenda: tarifaço de Trump é capaz de reindustrializar Estados Unidos?

    Entenda: tarifaço de Trump é capaz de reindustrializar Estados Unidos?

    A guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos (EUA) por meio do tarifaço contra todos os parceiros comerciais é capaz de reindustrializar o país norte-americano, como promete Donaldo Trump?

    Para especialistas em economia política e desenvolvimento econômico consultados pela Agência Brasil, é improvável que a política de tarifas de Trump possa reverter um processo que começou na década de 1970. Por outro lado, apontam que alguns objetivos de Trump podem ser alcançados devido ao controle que Washington ainda exerce sobre a economia do planeta.

    O professor de sociologia econômica Edemilson Paraná, da LUT University da Finlândia, avalia que a sociedade norte-americana não tem unidade política e ideológica, nem coordenação estatal suficiente para reindustrializar o país.

    “O governo Trump não tem um programa de investimentos em infraestrutura, não tem política industrial coordenada, não tem política racional para os preços macroeconômicos, taxa de juros, câmbio, não tem política fiscal consequente, e você não tem regulações. Uma industrialização precisa de alta mobilização social e esforço político brutal. Não por acaso, muitas vezes, os processos de industrialização são feitos no contexto de unificação, de guerra e de ditadura”, explicou.

    Edemilson afirma que a desindustrialização dos EUA foi consequência das políticas neoliberais do republicano Ronald Reagan de desregulamentação dos mercados, avanço da globalização e financeirização da economia, políticas essas aprofundadas pelos demais presidentes.

    Entre 2001 e 2023, a produção industrial dos EUA caiu de 28,4% para 17,4% da produção industrial global, segundo dados da Casa Branca.

    O especialista em sociologia econômica destaca que a intervenção do Estado é fundamental para qualquer industrialização, mas diz que a contradição ideológica do governo com setores ultraliberais limita a capacidade do Estado de coordenar esse processo. “É muita contradição. Como é que você vai fazer isso com Elon Musk [bilionário e chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos], falando que tem que privatizar o Estado?”, questionou Paraná.

    Imprevisibilidade

    O professor associado de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Pedro Paulo Zaluth Bastos disse que não está certo de que as tarifas vão se manter no médio ou longo prazo, o que inibe decisões empresariais.

    “As decisões de investimento precisam de um horizonte muito mais amplo de estabilidade, de previsão, e é muito pouco provável que essas decisões sejam tomadas em função dessa grande imprevisibilidade da política dos EUA”, afirmou.

    Bastos avalia que as tarifas terão um efeito inflacionário de curto prazo que pode corroer o apoio político de Trump, trazendo de volta os democratas ao poder no Parlamento, nas eleições de novembro de 2026.

    “Ele está taxando produtos que os Estados Unidos não têm sequer capacidade de produzir internamente, como o café, o abacate, frutas e legumes. O país importa 60% das frutas e 40% dos legumes. As roupas também não vão ser substituídas em curto prazo porque os EUA perderam a indústria têxtil”, destacou Pedro Paulo.

    Para Bastos, ainda que a política das tarifas se mantenha no longo prazo, o efeito de reindustrializar os EUA vai ter relativamente limitado. Talvez setores intensivos em capital, como e de automóveis e alumínio, tenham alguma reindustrialização, disse o professores. Nos setores de semicondutores [chips], porém, vai ser complicado por causa da mão de obra insuficiente nos EUA. “Na China, tem muitos mais engenheiros do que nos EUA. Para formar um conjunto grande de engenheiros, vai levar uns seis anos. Não é de uma hora para outra”, ponderou.

    No mês passado, Trump esvaziou o Departamento de Educação e tem promovido demissões em massa de funcionários públicos.

    O professor da Unicamp cita ainda obstáculos para reindustrialização de produtos baratos, como os da indústria têxtil. “Os imigrantes estão sendo expulsos. Isso vai aumentar o preço da mão de obra. E o trabalhador branco não quer trabalhar em indústria têxtil”, disse.

    Não é estúpido

    O professor Edemison Paraná pondera, por outro lado, que a estratégia de Trump “não é completamente estúpida” e que eles esperam conquistar alguns objetivos com o tarifaço.

    “As pessoas não são tão burras assim no governo dele. A ideia é botar essas tarifas para fazer os países sentarem-se à mesa para negociar país a país. Ele está usando o poder enorme de vantagem dos EUA, do mercado americano, que todo mundo quer acessar, e do poder do dólar, para dobrar os países a fazerem o que ele quer”, analisou.

    De acordo com o professor, Trump calcula que ganha de toda forma porque, se o país não aceitar suas demandas, ele vai arrecadar impostos com as tarifas. “A tarifa tem um efeito fiscal na cabeça do Trump. Ele abaixa o imposto para empresas e corporações, de um lado, e arrecada com tarifas, do outro lado. Equilibra-se o déficit fiscal”, afirmou;

    Edemilson destacou ainda que é muito alta uma tarifa de 30%, ou até mais, para acessar o mercado americano. “É muita coisa. Às vezes, compensa abrir uma fábrica nos EUA.”

    Energia e inflação

    Trump espera impulsionar a reindustrialização ainda por meio da redução do valor da energia com a expansão da produção de combustíveis fósseis, que causam o aquecimento da Terra, além da redução de impostos de empresas, como ocorreu em seu primeiro mandato do republicano, diz Pedro Paulo Bastos, da Unicamp.

    “Isso não significa que elas [empresas] vão investir. Se as empresas tiverem mais lucros com redução de impostos, podem simplesmente aumentar a distribuição de dividendos. Para investir, é preciso previsibilidade de longo prazo e do crescimento da demanda. No momento de recessão, não vai ter ninguém investindo”, destacou.

    Sobre a inflação causada pelas tarifas, Edemilson Paraná diz que o governo americano espera reverter isso com crescimento industrial. “Eles estão dizendo: olha, vai atrair investimento, vai gerar emprego, vai gerar produção, vai gerar demanda, e isso vai segurar a lógica dos preços porque é um choque momentâneo que vai se pagar no médio e longo prazos”, analisou.

    Dólar

    Outro objetivo da política de Trump para reindustrializar os Estados Unidos é desvalorizar o dólar frente a outras moedas para tornar as exportações do país mais baratas e, por isso, mais competitivas. Para o professor Pedro Paulo Bastos, no entanto, será muito difícil para os EUA executarem uma política que, de fato, reduza o valor do dólar de forma permanente e sustentada para favorecer suas exportações.

    “A desvalorização do dólar prejudica os interesses de Wall Street, que poderia deixar de ser o centro do sistema financeiro internacional. Trump não é uma pessoa contrária aos banqueiros. Pelo contrário, ele é muito próximo desse pessoal”, avaliou.

    Já o professor Edemilson Paraná explicou que, como o dólar é a moeda padrão do comércio internacional e usada para acumular riqueza, dá enorme poder aos EUA, mas, ao mesmo tempo, traz prejuízos para exportações do país.

    “Com isso, o mercado consumidor dos Estados Unidos fica enorme. É uma máquina de comer o mundo. Afinal, consome-se tudo, inclusive a poupança global que flui para os EUA. Estava tudo indo muito bem, até que a China começou a aumentar o controle em todos os setores de tecnologia de ponta”, afirmou.

    Para Paraná, uma coisa é dominar as finanças e a tecnologia, e os outros países produzirem bens materiais; “outra coisa é perder o monopólio sobre essas tecnologias. Isso ameaça o poder econômico dos EUA”.

    China

    Edemilson Paraná diz que faltam aos EUA a unidade e a capacidade de gestão do Estado chinês, mais estável e previsível e com capacidade ampla de coordenar inúmeras políticas, o que explica o sucesso da industrialização do gigante asiático.

    “A China consegue fazer o que os Estados Unidos não vão conseguir. Os Estados Unidos acharam que iam continuar para sempre tendo a China como um sócio menor, que ela seria apenas produtora de bugigangas. Porém, os chineses foram se utilizando dessa posição para ir subindo nas cadeias globais de valor.”

    Edemilson pondera que o Estado chinês tem um elevado grau de integração da política industrial, fiscal, macroeconômica, controlando as principais variáveis dos preços macroeconômicos, como salários, juros, renda da terra e câmbio, que não é flutuante na China, mas regulado para justamente privilegiar as exportações.

    “O plano de Trump não considera que a economia contemporânea é mais complexa, de um lado, e de outro, que os Estados Unidos já passaram por um processo de desindustrialização de 40 anos. Na década de 70, um a cada cinco empregos americanos eram industriais. Hoje é um em doze”, finalizou.

  • Haddad: Brasil está melhor posicionado diante do tarifaço de Trump

    Haddad: Brasil está melhor posicionado diante do tarifaço de Trump

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (8), em São Paulo, que o Brasil está melhor posicionado que os demais países da América Latina para enfrentar as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

    “O Brasil tem reservas cambiais, tem um saldo comercial bastante robusto, está colhendo uma super safra. E está com uma taxa de juros alta e crescendo”, defendeu o ministro

    Para Haddad, os graus de liberdade que as autoridades econômicas têm no Brasil não são comuns. “Não é este o caso de nenhum outro país latino-americano, por exemplo, incluindo o México”, completou.

    Segundo o ministro, esse “movimento brusco” tomado por Trump vai provocar algum desarranjo global, já que se trata de um “solavanco grande demais para não ter consequência”.

    “Mas diante do incêndio, nós (do Brasil) estamos mais perto da porta de saída do que outros países”, comentou, ao participar do 11 Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI, na capital paulista.

    De acordo com Haddad, com essa guerra comercial, os bens produzidos no Brasil podem chegar mais baratos nos Estados Unidos, se comparados a produtos de outros países. Isso, segundo ele, pode fazer com que o país avance “no que eles importam hoje”.

    No entanto, ressaltou,  o Brasil não está imune aos impactos dessa guerra comercial principalmente porque a China é o principal parceiro comercial do Brasil.

    Para o ministro, ainda é cedo para fazer qualquer previsão sobre as consequências desse tarifaço. Por isso, ele ainda defende que o Brasil tenha prudência.

    “Essa escalada vai ter um momento de muita incerteza, mas a pior coisa que o Brasil pode fazer nesse momento é sair a campo sem a prudência diplomática que nós sempre tivemos de mediação e também de consideração da nossa situação frente a parceiros que estão comprando cada vez mais no Brasil”, ponderou.

    “A sociedade vai ter que pensar como se portar diante desse fato disruptivo. Mas não é o momento de anunciar medidas”, concluiu. 

  • Brasil não descarta recurso a OMC contra tarifaço dos Estados Unidos

    Brasil não descarta recurso a OMC contra tarifaço dos Estados Unidos

    O Brasil não descarta a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço dos Estados Unidos, informaram agora à noite os ministérios das Relações Exteriores (Itamaraty) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). No entanto, a prioridade do governo brasileiro neste momento é negociar a reversão das medidas anunciadas nesta quarta-feira (2) pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

    “Ao mesmo tempo em que se mantém aberto ao aprofundamento do diálogo estabelecido ao longo das últimas semanas com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas e contrarrestar seus efeitos nocivos o quanto antes, o governo brasileiro avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive recurso à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais”, destacaram as duas pastas, em nota conjunta.

    O comunicado lembrou que as medidas de Trump violam as regras da OMC. O texto também ressaltou a aprovação pelo Congresso Nacional, em caráter de urgência, do projeto de lei que autoriza o Brasil a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos do Brasil, a chamada Lei da Reciprocidade

    Segundo o Mdic e o MRE, a sobretaxação de 10% para os produtos brasileiros impactará todas as exportações do país para os Estados Unidos, o segundo maior parceiro comercial do Brasil. O governo pretende atuar em conjunto com as empresas dos setores afetados para defender os interesses comerciais do país.

    “Em defesa dos trabalhadores e das empresas brasileiros, à luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo do Brasil buscará, em consulta com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos”, informou a nota.

    Estatísticas

    Os dois ministérios relembraram as estatísticas comerciais do próprio governo norte-americano. A balança comercial é mais vantajosa para os norte-americanos porque o Brasil mais importa do que exporta para os Estados Unidos.

    “Segundo dados do governo norte-americano, o superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens. Somados bens e serviços, o superávit chegou a US$ 28,6 bilhões no ano passado. Trata-se do terceiro maior superávit comercial daquele país em todo o mundo”, mencionou o comunicado.

    Nos últimos 15 anos, o superávit comercial dos Estados Unidos com o Brasil ultrapassa os US$ 400 bilhões. Dessa forma, o governo brasileiro considera que a medida unilateral de Trump não representa a realidade.

    “Uma vez que os EUA registram recorrentes e expressivos superávits comerciais em bens e serviços com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões, a imposição unilateral de tarifa linear adicional de 10% ao Brasil com a alegação da necessidade de se restabelecer o equilíbrio e a ‘reciprocidade comercial’ não reflete a realidade”, acrescentou a nota conjunta.

  • Para CNI, momento é de detalhar impactos e reforçar diálogo com os EUA

    Para CNI, momento é de detalhar impactos e reforçar diálogo com os EUA

    A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou nesta quarta-feira (2) que o Brasil deve fazer uma análise detalhada das medidas divulgadas pelo presidente americano, Donald Trump, e insistir no diálogo para preservar uma relação bilateral histórica e complementar entre o Brasil e os Estados Unidos.

    “Claro que nos preocupamos com qualquer medida que dificulte a entrada dos nossos produtos em um mercado tão importante quanto os EUA, o principal para as exportações da indústria brasileira. No entanto, precisamos fazer uma análise completa do ato. É preciso insistir e intensificar o diálogo para encontrar saídas que reduzam os eventuais impactos das medidas”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban, em nota.

    Trump, anunciou na tarde de hoje um “tarifaço” global sobre impostos de importação e confirmou uma taxa de 10% para os produtos brasileiros.

    A CNI confirmou ainda que levará um grupo de empresários brasileiros aos Estados Unidos na primeira quinzena de maio. Segundo a entidade, a comitiva deverá se reunir com representantes da indústria e do governo norte-americano para discutir agendas de facilitação de comércio e “abertura de mercados de forma equilibrada”.

    “Reiteramos a disposição da indústria de contribuir com as negociações com os parceiros americanos. A missão empresarial estratégica para os EUA tem justamente o objetivo de aprofundar o relacionamento e discutir caminhos para fortalecer a cooperação e o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, disse Ricardo Alban.

    Mercado

    De acordo com a CNI, os Estados Unidos são o principal destino das exportações brasileiras da indústria de transformação, especialmente de produtos de maior intensidade tecnológica, além de liderarem o comércio de serviços e os investimentos bilaterais.

    Em 2024, a indústria de transformação brasileira exportou US$ 31,6 bilhões em produtos para os EUA. Nesse ano, a cada R$ 1 bilhão exportado para os EUA, foram criados 24,3 mil empregos no Brasil, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,6 bilhões em produção.

    FercomercioSP

    A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) afirmou que a decisão dos Estados Unidos poderá se tornar uma oportunidade para a expansão do comércio brasileiro. Segundo a entidade, o Brasil deverá aproveitar da conjuntura para fechar acordos bilaterais.

    “Já que muitas nações terão dificuldades em levar seus produtos aos EUA, por conta das tarifas, esse é o momento ideal para o Brasil reforçar sua participação nesses mercados. Sobretudo no Japão, na China e na União Europeia, para citar alguns”, disse a entidade, em nota.

    Segundo a FecomercioSP, o governo brasileiro deve se valer da conjuntura tarifária vinda dos Estados Unidos para assinar acordos bilaterais, diminuir tarifas e facilitar mecanismos aduaneiros.

  • Governo brasileiro espera ser poupado de tarifaço de Trump

    Governo brasileiro espera ser poupado de tarifaço de Trump

    O governo brasileiro espera ser poupado do tarifaço prometido pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, que deve ser anunciado nesta quarta-feira (2). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que causará estranheza caso o Brasil sofra alguma retaliação comercial.

    “Os EUA têm uma posição muito confortável em relação ao Brasil até porque é superavitário tanto em relação aos bens, quanto em relação aos serviços”, disse Haddad, em viagem a Paris, nesta terça-feira (1º).

    O comércio bilateral é superavitário para os EUA uma vez que o Brasil importa mais do que exporta para o país norte-americano. Por isso, Haddad considera que não haveria motivos para taxação dos produtos brasileiros.

    “Causaria até certa estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retaliação injustificada, uma vez que nós estamos na mesa de negociação desde sempre com aquele país justamente para que a nossa cooperação seja cada vez mais forte”, completou o ministro da Fazenda.

    Às vésperas do anúncio de novo tarifaço prometido por Trump, um relatório de órgão ligado ao governo dos EUA fez críticas ao modelo de tarifas que o Brasil impõe a suas importações em setores como etanol, filmes, bebidas alcoólicas, máquinas e equipamentos, carne suína, entre outros.

    Nesse contexto, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, por unanimidade nesta terça, projeto de lei da reciprocidade comercial, que permite ao governo retaliar medidas unilaterais comerciais que prejudiquem a competitividade das exportações do Brasil. O texto agora segue para análise da Câmara dos Deputados.

    >> Tarifas de Trump sobre aço e alumínio entram em vigor nesta quarta

    Lei da reciprocidade

    Brasília (DF), 06/03/2025 - Vice Presidente da República Geraldo Alckmin durante anúncio de medidas para redução do preço dos alimentos, no Palácio do Planalto. Foto: Cadu Gomes/VPR
    Vice Presidente da República Geraldo Alckmin. Foto: Cadu Gomes/VPR

    O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, elogiou a iniciativa do Legislativo, mas ressaltou que o caminho deve ser o do diálogo.

    “Você ter um arcabouço jurídico legal é positivo, louvo a iniciativa do Congresso Nacional, nesse caso do Senado, que procura preservar o interesse do Brasil, mas quero dizer que o caminho é o diálogo e procurar ter uma complementariedade econômica”, comentou Alckmin nessa terça-feira.

    Assim como Haddad, o vice-presidente avalia que, como os EUA têm superávit com o Brasil, o país deve ser poupado do tarifaço.

    “[São] US$ 25 bilhões de superávit para os Estados Unidos. Dos dez produtos que eles mais exportam para o Brasil, oito são de tarifa zero, não tem imposto de importação. E a tarifa média final de todos os produtos e serviços é 2,7%. Então, o Brasil não é problema para os EUA”, justificou o ministro.

  • “Chance boa de acabar a guerra” diz Donald Trump

    “Chance boa de acabar a guerra” diz Donald Trump

    Ex-presidente dos EUA busca apoio de Putin para proposta de cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia

    O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (16/3) que pretende conversar com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira (18/3), com o objetivo de discutir o fim da guerra na Ucrânia. Segundo Trump, as negociações entre representantes dos dois países já avançaram e envolveram até conversas sobre a divisão de certos ativos.

    “Falarei com o presidente Putin na terça-feira. Muito trabalho foi feito no fim de semana”, declarou Trump a repórteres a bordo do Air Force One, enquanto retornava à capital Washington, vindo da Flórida.

    De acordo com informações do jornal The Guardian, Trump está buscando o apoio de Putin para um cessar-fogo de 30 dias, que já foi aceito pela Ucrânia na última semana. No entanto, apesar da trégua proposta, os confrontos continuam intensos, com ataques aéreos sendo trocados entre os dois lados. Além disso, a Rússia tem avançado estrategicamente para consolidar sua posição na região de Kursk, localizada no oeste do território russo.

    Negociações incluem terras e usinas de energia

    Durante a coletiva de imprensa, Trump foi questionado sobre possíveis concessões e destacou que as discussões envolvem territórios e infraestrutura energética.

    “Falaremos sobre terras. Falaremos sobre usinas de energia. Já houve conversas significativas entre Ucrânia e Rússia sobre a divisão de certos bens”, afirmou o ex-presidente.

    O desdobramento dessas negociações é aguardado com atenção pela comunidade internacional, que espera avanços concretos para encerrar o conflito que já dura mais de três anos.

  • Indústria brasileira acredita em diálogo para reverter taxação do aço

    Indústria brasileira acredita em diálogo para reverter taxação do aço

    O Instituto Aço Brasil e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) acreditam em um diálogo para reverter a decisão dos Estados Unidos de estabelecer uma alíquota de importação de 25% para o aço, independentemente da origem. A decisão afeta bastante o Brasil, porque os EUA são o principal mercado externo para o aço brasileiro.

    O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas que fabricam o metal, informou ter recebido com surpresa a decisão estadunidense, mas disse estar confiante na abertura do diálogo entre os governos dos dois países para restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases do acordo firmado em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump.

    Segundo o instituto, o acordo definiu o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado norte-americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados.

    “Tal medida flexibilizou decisão anterior do presidente Donald Trump que havia estabelecido alíquota de importação de aço para 25%. Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras”, diz a nota do Instituto Aço Brasil.

    De acordo com o instituto, a taxação do produto impacta não apenas a indústria brasileira, como também a própria economia estadunidense, uma vez que ela depende da importação do produto.

    “A taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes”, avalia.

    O Brasil supriu 60,7% da demanda de importação de placas de aço dos Estados Unidos em 2024, segundo a entidade. No ano passado, os EUA precisaram importar 5,6 milhões de toneladas do produto por não ter oferta interna suficiente. Desse total, 3,4 milhões de toneladas foram exportadas pelo Brasil.

    De acordo com o instituto, o mercado brasileiro também “vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China”.

    “Assim, ao contrário do alegado na proclamação do governo americano de 10 de fevereiro, inexiste qualquer possibilidade de ocorrer, no Brasil, circunvenção para os Estados Unidos de produtos de aço oriundos de terceiros países”, diz o instituto.

    A entidade informa ainda que, na balança comercial dos principais itens da cadeia do aço – carvão, aço, máquinas e equipamentos -, no valor de US$ 7,6 bilhões, os EUA são superavitários em US$ 3 bilhões, ou seja, vendem mais que o dobro do que compram do Brasil.

    CNI

    A CNI, que representa as indústrias brasileiras como um todo, informou que continua buscando diálogo para reverter a decisão. A confederação destaca que os EUA são o destino de 54% das exportações de ferro e aço brasileiros, sendo o quarto maior fornecedor desses produtos para os estadunidenses.

    Para a CNI, a decisão de taxar o aço é ruim tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. A confederação informou que segue trabalhando para fortalecer as relações entre os dois países e que acredita em alternativas consensuais para preservar esse relacionamento comercial.

  • Alckmin recebe senador americano aliado de Trump

    Alckmin recebe senador americano aliado de Trump

    O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, recebeu nesta sexta-feira (14), no Palácio do Planalto, a visita do senador americano Steve Daines. Integrante do Partido Republicano, eleito pelo estado de Montana, Daines é aliado do presidente Donald Trump.

    “Tivemos um encontro muito proveitoso. Este ano completam 200 anos da parceria, da amizade Brasil e Estados Unidos, e vamos comemorar fortalecendo ainda mais esses laços”, afirmou Alckmin em rápida declaração a jornalistas, após o encontro.

    O vice-presidente disse ainda que o senador trouxe um abraço do presidente Trump, do vice-presidente JD Vance e do secretário de Estado Marco Rubio.

    “Esta é nossa primeira visita ao Brasil. Que maneira maravilhosa aproveitar esse tempo com o vice-presidente [Alckmin]. Temos muitos valores em comum, compartilhamos muitas crenças sobre liberdade e autodeterminação”, afirmou o senador dos EUA, que estava acompanhado da esposa.

    A visita do senador norte-americano ocorre em meio a um ambiente de acirramento de disputas comerciais dos Estados Unidos com diversos países, incluindo o Brasil. Na última segunda-feira (10), o recém-empossado presidente dos EUA confirmou a taxação em 25% das importações de aço e de alumínio, que afetará a indústria do setor no Brasil, que é um dos principais fornecedores dessas matérias-primas para o país norte-americano. A medida deve entrar em vigor em março.

    Mais cedo, em entrevista à Rádio Clube do Pará, em Belém, onde cumpriu uma série de agendas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que o Brasil vai aplicar o princípio da reciprocidade, caso o presidente Donald Trump cumpra com a promessa de elevar as tarifas de importação do país, que pode incluir outros setores além do aço e alumínio, como o de etanol, por exemplo.