Tag: Doenças

  • Em alerta, Paraná se une contra o greening

    Em alerta, Paraná se une contra o greening

    Desde 2021, quando voltou a acometer os pomares paranaenses com maior incidência, o greening vem colocando o setor produtivo em estado de alerta. A doença, com potencial para dizimar plantas de citros, se alastrou por polos de cultivo de laranja, principalmente nas regiões Norte e Noroeste do Paraná. No entanto, a reação foi imediata. Produtores rurais, entidades, incluindo o Sistema FAEP, e o poder público se uniram para barrar o avanço do greening no Estado.

    Também conhecido como Huanglongbing (HLB), o greening é causado por uma bactéria, a Candidatus liberibacter. Ela é disseminada pelo psilídeo Diaphorina citri, um inseto milimétrico (mede entre dois e três milímetros), que se alimenta de brotos novos ou da parte de trás das folhas de plantas cítricas. Como é uma doença silenciosa e sem tratamento, quando os sintomas do greening se manifestam, com as folhas amareladas na copa das árvores e frutos manchados, a contaminação já está em um estado irreversível. As árvores deixam de produzir.

    “O greening é um problema que coloca em risco a citricultura do Paraná. Por isso, o Sistema FAEP, com outras entidades dos setores público e privado, tem trabalhado para combater a doença, auxiliando os produtores rurais com a orientação das medidas que precisam ser tomadas”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.

    Desde o fim de dezembro de 2023, por decreto do governador Carlos Massa Junior, o Paraná está em estado de emergência fitossanitária, em razão da infestação por HLB. A medida contempla uma série de esforços conjuntos de monitoramento e controle da doença. Segundo o mapeamento da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) , o greening está presente em pomares de mais de 150 municípios paranaenses. Uma das preocupações é manter a praga restrita às regiões onde ela se encontra hoje e conter o avanço para outras áreas de produção.

    “A planta contaminada pode demorar um ano para começar a expressar os sintomas. Então, quando aparecem, já não há o que fazer”, diz Caroline Garbuio, responsável pelo Programa de Sanidade da Citricultura, da Adapar. “É preciso focar em métodos de controle, para evitar a disseminação da doença”, acrescenta.

    União

    No início deste ano, a Resolução 4 da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) instituiu a Câmara Setorial da Cadeia da Citricultura do Paraná. Formado por entidades públicas como a Adapar e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) , além de empresas, associações, cooperativas, consultorias e instituições como o Sistema FAEP, o colegiado tem por objetivo monitorar e propor ações contra o greening em todo o Estado.

    “Houve uma integração entre produtores, fiscalização, prefeituras e técnicos, todos cooperando para que se avance no combate à doença”, diz a técnica Elisangeles Souza, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP. “Esse trabalho conjunto é fundamental. Qualquer ação isolada seria ineficaz. Todos precisamos estar em sincronia”, completa.

    As ações desenvolvidas estão alinhadas ao Programa Nacional de Prevenção e Controle do HLB, instituído pela Portaria 317/2021 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) . Entre as medidas estabelecidas, está a eliminação das plantas hospedeiras com sintomas de greening, “mediante corte rente ao solo, com manejo para evitar brotações”.

    A erradicação é obrigatória a plantas de citros que tenham até oito anos. “Diante da emergência fitossanitária, com o objetivo de proteger as áreas de produção comercial, a Adapar vem erradicando todas as plantas hospedeiras de greening num raio de 4 km ao redor destas áreas. Reduzimos, assim, o inóculo da doença e a população do inseto vetor”, aponta Caroline. “Temos desenvolvido inúmeras ações junto a prefeituras e secretarias municipais de Agricultura, para tornar as ações mais efetivas”, ressalta.

    Tudo isso já vem provocando impacto positivo no campo. Foram promovidas operações denominadas Baixo Índice de Greening (BIG) Citrus em 24 municípios, nas regiões de Paranavaí, Maringá e Umuarama. Nessas ações, foram fiscalizados mais de 300 pomares comerciais e 376 domésticos. No total, 57,1 mil plantas foram erradicadas. Além disso, houve fiscalizações em 254 comerciantes de mudas cítricas.

    A expertise do Paraná também vai servir de exemplo a Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Estados em que ainda não há registro do greening. As secretarias de Agricultura de lá solicitaram um intercâmbio técnico, por meio do qual vão enviar técnicos ao Paraná, para aprender com as políticas de combate e controle estabelecidas por aqui.

    “Ações são um caminho sem volta”, defende produtora

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    A família da engenheira agrônoma Marlene Fátima Calzavara é uma das pioneiras na citricultura do Paraná. O pai dela plantou os primeiros pés de laranja em 1991, dando início ao cultivo comercial da fruta, em Cruzeiro do Sul, no Noroeste do Paraná. Em 2006, ela assistiu à chegada do greening no Paraná. Inicialmente, a doença acometeu pomares em municípios vizinhos, até chegar à propriedade da família. “Foi difícil, mas com esforço coletivo todos fizemos o que precisava ser feito”, conta Marlene. A partir de 2021, no entanto, os produtores viram a ameaça voltar.

    “É muito grave. Chegamos a perceber revoadas de insetos nos pomares. Foi um desespero total”, diz Marlene, que também é instrutora de citricultura do Sistema FAEP há 18 anos e coordenadora da comissão de mulheres do Sindicato Rural de Paranavaí. “Nossa família tem acompanhado todo esse processo de combate e controle, que está sendo conduzido pela Adapar com as empresas e entidades”, enfatiza.

    Marlene avalia que as ações conjuntas têm obtido êxito em controlar o greening e em evitar o avanço da doença. Ela destaca a parceria com as prefeituras para a fiscalização e erradicação das plantas contaminadas, como forma de combater o HLB. Além disso, ela aponta o monitoramento do número de psilídeos nas propriedades e a adoção de técnicas de manejo, com pulverizações de inseticidas concentradas nas áreas contaminadas.

    “Nem nos meus melhores sonhos eu achei que fôssemos chegar a um patamar de combate [ao greening] em que estamos hoje, com todos unidos. As ações são um caminho sem volta”, ressalta. “Graças a esse trabalho de reação, estamos conseguindo respirar. Mas jamais vamos deixar de fazer o que está sendo feito, para conter o avanço da doença”, conclui.

    Folder leva informação a citricultores

    Para levar orientação aos produtores rurais, o Sistema FAEP e a Adapar produziram um material gráfico com informações técnicas relacionadas ao greening. Distribuído a citricultores, técnicos e servidores de prefeituras, a publicação ensina a identificar o psilídeo e a reconhecer os sintomas nas plantas infectadas. Intitulado “Todos contra o greening”, o folder também está disponível no site do Sistema FAEP.

    “A unificação de esforços entre todos os elos da cadeia proporciona resultados assertivos. No caso do combate ao greening, não é diferente. Nesse sentido, além de trabalhar em conjunto com outras entidades, o Sistema FAEP aposta na disseminação de informações qualificadas, por meio desse material gráfico”, exemplifica o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.

    O folder também elenca estratégicas de controle do HLB e uma lista de boas práticas, que ajudam a manter o greening longe dos pomares. Em outra seção, a publicação traz os endereços de Unidades Regionais de Sanidade (URS) da Adapar, que podem receber denúncias relacionadas à doença.

  • Doenças em lavouras devem se intensificar com as mudanças climáticas, alerta Embrapa

    Doenças em lavouras devem se intensificar com as mudanças climáticas, alerta Embrapa

    A crise climática terá sérios efeitos no campo: doenças de plantas mais severas, resistentes e difíceis de controlar. Um estudo conduzido por pesquisadores da Embrapa indica que cerca de 46% das doenças agrícolas que ocorrem no Brasil devem se tornar mais severas até o ano de 2100, com impacto direto sobre culturas estratégicas como arroz, milho, soja, café, cana-de-açúcar, hortaliças e frutas. O aumento da temperatura e as alterações no regime de chuvas devem favorecer fungos, vírus e vetores, exigindo do País uma reestruturação nos sistemas de monitoramento e controle fitossanitário.

    A projeção vem de uma ampla revisão científica que avaliou 304 patossistemas (conjunto formado por patógeno e planta hospedeira) relacionados a 32 das principais culturas agrícolas brasileiras. O levantamento mostra que os fungos são os patógenos mais recorrentes, presentes em quase 80% dos casos avaliados.

    Mais calor, mais doenças

    As mudanças climáticas devem tornar o ambiente ainda mais propício à disseminação de patógenos. O estudo destaca que o aumento médio da temperatura pode ultrapassar os 4,5°C em algumas regiões brasileiras até o fim do século, se o mundo não tomar medidas para frear as mudanças climáticas. Para doenças causadas por fungos, como antracnose e oídio, esse cenário cria condições ideais para a proliferação. Alterações nas chuvas, com períodos mais secos ou intensamente úmidos, também interferem na dinâmica das doenças.

    “A previsão de doenças em um cenário de mudança climática é um desafio complexo que exige a continuidade das pesquisas e implementação de novas estratégias de adaptação”, afirma a pesquisadora Francislene Angelotti, da Embrapa Semiárido (PE). Ela ainda enfatiza a importância de investimentos para fortalecer os sistemas e estruturas fitossanitários nacionais e promover a inovação científica para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

    Vetores em expansão

    Não são apenas os fungos que preocupam. As doenças transmitidas por vetores, como pulgões, cochonilhas, tripes, moscas-brancas e ácaros, também devem aumentar de importância em todo o território nacional. Segundo o pesquisador Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente (SP), o ciclo de vida desses insetos se torna mais curto com o calor, e a sua longevidade tende a aumentar. Isso significa populações maiores, mais ativas e por mais tempo durante o ano. A consequência é um risco elevado para culturas como batata, banana, tomate, citros e milho, que já são afetados por essas pragas.

    Impacto sobre defensivos agrícolas

    Pesquisas apontam que as mudanças climáticas podem afetar a eficácia dos defensivos agrícolas, exigindo ajustes nas estratégias de controle fitossanitário. Toda a dinâmica dos fungicidas nas plantas (a maneira como eles são absorvidos, transportados e degradados) pode se alterar com o novo cenário climático o qual também provocará alterações morfológicas e fisiológicas nas plantas.

    Com isso, o uso de produtos químicos pode se tornar menos eficiente ou exigir mais aplicações, o que aumenta custos e riscos ambientais. Esse cenário já impulsiona a busca por alternativas, especialmente os chamados agentes biológicos de controle, como os biopesticidas.

    Brasil é líder em biocontrole, mas precisa avançar

    O Brasil é hoje o maior produtor e consumidor de biopesticidas no mundo e tem a maior área agrícola sob controle biológico. Segundo projeção da consultoria Research and Markets, o mercado global desses produtos deve atingir 19,49 bilhões de dólares até 2030.

    Apesar do protagonismo, pesquisadores alertam que o País precisa reforçar a adaptação desses bioagentes às novas condições climáticas. “Precisamos desenvolver, com urgência, bioherbicidas e produtos biológicos que aumentem a eficiência do uso de nitrogênio e reduzam o estresse abiótico das plantas”, defende Bettiol. Ele também defende o avanço na criação de soluções biológicas para o controle de doenças estratégicas como a ferrugem asiática da soja e a ferrugem do cafeeiro, além da seleção de agentes de biocontrole adaptados ao novo clima.

    Monitoramento e ação coordenada

    Diante do cenário projetado, os especialistas recomendam uma combinação de ações para proteger os campos brasileiros como análise de risco, prevenção, adaptação, fortalecimento da vigilância fitossanitária, ampliação de investimentos em pesquisa e incentivo à cooperação internacional. Entre as medidas de curto prazo estão o uso de sistemas de cultivo diversificados, a integração de diferentes tecnologias de manejo, o emprego de agentes biológicos e a adoção de modelos de previsão e alerta de epidemias.

    “O enfrentamento desses desafios exige políticas públicas eficazes e um esforço coordenado entre agricultores, cientistas e governos para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor agrícola”, reforça Angelotti. Ela destaca que a adaptação às mudanças climáticas no campo não pode depender apenas dos agricultores: é preciso uma articulação entre ciência, governo e setor produtivo.

    Risco fitossanitário é estratégico para o País

    O estudo também aponta para a ampla gama de patógenos vegetais do Brasil, em função de sua diversidade agrícola que se estende por um vasto território com climas variados, abrangendo plantas tropicais e temperadas. Essas características reforçam a necessidade da realização de avaliações regionalizadas com base na dinâmica dos problemas fitossanitários nas diferentes áreas produtoras e em cenários futuros.

    A pesquisadora Emília Hamada, da Embrapa Meio Ambiente, enfatiza a importância de estudos sobre a distribuição espacial e temporal de patógenos nos cenários de risco às mudanças climáticas. Para ela, é necessário que eles contenham experimentações em condições de campo para identificar a vulnerabilidade e adotar medidas de proteção aos sistemas de cultivo.

    Ela conta que as projeções climáticas indicam aumentos de temperatura no Brasil de até 4,5°C até 2100, em determinadas regiões e estações do ano. Além disso, Hamada explica, que os resultados indicam agravamento do risco de doenças fúngicas, como antracnose e oídio, em função dos aumentos de temperatura e alterações no regime de chuvas, a depender da região do País.

    Os cenários de risco são cruciais para identificar a vulnerabilidade dos sistemas de cultivo a doenças em cenários de mudanças climáticas e mais avanços científicos são necessários para prevenir efetivamente danos econômicos e ambientais, complementa Hamada.

    Ciência e adaptação como caminhos

    O estudo da Embrapa destaca que as mudanças climáticas já estão moldando o futuro da agricultura brasileira. Se nada for feito, os prejuízos econômicos e ambientais podem ser severos. Mas, com planejamento, inovação e ações coordenadas, o País pode transformar o desafio em oportunidade para modernizar seu sistema de defesa vegetal.

  • Produtor já pode testar aplicativo que usa registro de ondas cerebrais de especialistas para detectar doenças da soja

    Produtor já pode testar aplicativo que usa registro de ondas cerebrais de especialistas para detectar doenças da soja

    A ferramenta que detecta doenças da soja, resultante da parceria Embrapa, Macnica DHW e InnerEye, está disponível para ser testada nesta safra. Técnicos e produtores, que lidam com a cultura no País, já podem acessar o aplicativo PlantCheck ID, gratuitamente, para os sistemas Android e iOS nas lojas de aplicativo. Em breve, também estará disponível para detecção de doenças do  milho.

    A parceria começou em 2022 com o treinamento do sistema para o reconhecimento de plantas doentes e não doentes, depois para doenças de relevância econômica e avança, agora, para a oferta da ferramenta para teste em larga escala. O aplicativo tem interface simplificada, segundo Jayme Barbedo, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital e líder do projeto.

    “O usuário observa um sintoma na lavoura para o qual gostaria de ter um diagnóstico. Tira uma fotografia e transmite, via celular ou computador, aos servidores da InnerEye, em Israel. Lá, o modelo é rodado e uma resposta é produzida para o usuário. O processo não demora mais que alguns segundos”, detalha Barbedo.

    “Uma das grandes vantagens do aplicativo é tornar o processo de identificação de doenças mais rápido e assertivo, facilitando a vida do produtor. Além disso, ele também incluirá, em breve, alguns Apps da própria Embrapa, como o ClimaAPI e o Agrotermos, possibilitando ao usuário acessar todas essas informações a partir de uma única plataforma”, reforça Fábio Petrassem de Sousa, presidente da Macnica DHW.

    Ferrugem asiática, oídio e mancha alvo estão entre as principais doenças que afetam as plantas da soja que o aplicativo, treinado por meio de inteligência artificial (IA), a partir de análises de especialistas da Embrapa Soja, consegue identificar em estágio inicial.

    Doenças com características parecidas dificultam a distinção de sintomas. “As doenças ocorrem em fases diferentes da cultura, necessitando de  manejo específico de acordo com o patógeno para garantir eficiência na aplicação de fungicidas”, explica a pesquisadora Dagma da Silva Araújo, da Embrapa Milho e Sorgo.

    A utilização de IA para criar mecanismos de identificação de doenças vai oferecer maior segurança à tomada de decisão, diz. Sem controle, a ferrugem asiática pode provocar perdas de até 90% de produtividade, segundo o Consórcio Antiferrugem. Os números evidenciam o valor da prevenção, especialmente em tempos de eventos climáticos extremos a favorecer o surgimento e a expansão de novos fungos.

    Bons motivos para o setor produtivo participar do aperfeiçoamento da solução tecnológica que confere autonomia e agilidade na identificação de fitopatologias em estágio inicial e assertividade na tomada de decisão, aponta a equipe de especialistas. Práticas agrícolas sustentáveis também são favorecidas pelo uso da tecnologia, otimizando o uso de defensivos e reduzindo impactos ambientais.

    Sinais neurais

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    A iniciativa pioneira de captura de sinais neurais de fitopatologistas da Embrapa Soja e Embrapa Milho e Sorgo para detecção de doenças é feita a partir de um dispositivo ECG, uma espécie de capacete com eletrodos (foto/Macnica) que capturam as ondas cerebrais. Então, os sinais cerebrais são enviados ao software da InnerEye, que faz o processamento das imagens e traz os resultados, diz Sousa. “Esse sistema serviu de base para especialistas da Macnica conceberem o aplicativo”, completa.

    O sistema simula o funcionamento cerebral no momento em que especialistas visualizam imagens de plantas doentes, automatizando a rotulagem e tornando a etapa mais rápida e eficiente. O pesquisador Jayme Barbedo, destaca que as ferramentas de IA evoluíram muito, mas carecem de grande volume de dados para um crescente aprimoramento.

    Desafio que a equipe desenvolvedora do aplicativo pretende vencer com a participação dos produtores. “Quanto mais retornos obtivermos nessa etapa de teste em larga escala, mais ampliaremos o banco de dados e a acurácia da ferramenta”, diz Barbedo. O pesquisador ressalta ainda o papel educativo da tecnologia na disseminação de informações sobre as doenças. A gratuidade no acesso ao aplicativo será mantida após a fase de testes.

    Validação

    Depois da prova de conceito, em 2023, que atestou a acurácia do método de identificação de doenças em soja por meio da IA e o modelo foi concluído, a primeira fase de validação da tecnologia para a cultura teve início este ano, junto a um grupo restrito de cerca de 20 produtores.

    As sugestões foram aproveitadas no melhoramento da ferramenta, que chega, de maneira gratuita, às mãos de profissionais da agronomia, da extensão rural e do setor produtivo para a etapa ampliada de testes. Veja vídeo aqui e faça o download do App na loja pelo link: plantcheckid.embrapa.mdhw.dev/home a partir de março  de 2025. O email de suporte para dúvidas de usuários junto à Macnica é: suporte@plantcheckid.com .

    “As doenças possuem características muito específicas quanto aos sintomas e também podem ser confundidas com sintomas de outras doenças e sintomas causados por fatores abióticos (que não resultam da ação de seres vivos), informa Dagma Araújo. No futuro, outras doenças deverão ser inseridas ampliando o potencial e funcionalidades do aplicativo, voltado à tomada de decisão.

    Na fase atual, o objetivo é validar se o uso de ondas cerebrais como metodologia pode ter aplicabilidade segura. Os demais passos virão com as sugestões dos produtores que estão testando a ferramenta no aplicativo, diz a pesquisadora.

    O aperfeiçoamento do aplicativo deve resultar numa versão a ser entregue no segundo  semestre de 2025, mas o aprimoramento será contínuo, visando acompanhar a dinâmica da atividade agrícola.

    Milho

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    Foto: Sandra Brito

    A cultura do milho, que comumente sucede à da soja, será a próxima a contar com o suporte do aplicativo. De acordo com estudo da Embrapa, o consumo do grão na alimentação humana é pouco representativo do ponto de vista de mercado, embora relevante em regiões de baixa renda. De 60% a 80% do consumo do grão, no Brasil, vai para a alimentação animal.

    O complexo dos enfezamentos, a mancha branca do milho e a mancha de turcicum são as doenças a serem inseridas no sistema, inicialmente. A escolha das doenças para entrarem na fase de testes do aplicativo é justificado por serem economicamente importantes para a cultura no País.

  • Falta de saneamento provocou mais de 340 mil internações em 2024

    Falta de saneamento provocou mais de 340 mil internações em 2024

    O Brasil registrou mais de 344 mil internações por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado em 2024, sendo que 168,7 mil estão relacionadas a alguma infecção propagada por um inseto-vetor, principalmente a dengue.

    Em segundo lugar, vêm as doenças de transmissão feco-oral (transmitidas peles fezes de um indivíduo infectado), como as gastroenterites causadas por vírus, bactérias ou parasitas, com 163,8 mil casos.

    Os dados são de pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil, nesta quarta-feira (19), antecipando o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março.

    Apesar do grande número absoluto – que representa quase 950 internações por dia – desde 2008, os registros têm caído, em média, 3,6% ao ano.

    Situação nas regiões

    A situação em algumas regiões é mais preocupante. No ano passado, a incidência de internações na Região Centro-Oeste foi a maior do Brasil – 25,5 – por causa do surto de dengue. Já a Região Norte registrou 14,5 internações a cada dez mil habitantes por doenças de transmissão feco-oral, o dobro da taxa brasileira.

    Os estados em pior situação foram o Amapá, com incidência de 24,6 internações e Rondônia, com 22,2 internações por dez mil habitantes.

    A Região Nordeste registrou uma taxa geral próxima da média brasileira, mas também se destacou negativamente na análise de transmissões feco-orais. Além da região ter a segunda maior taxa de incidência do país, com 12,6 internações a cada dez mil habitantes, no estado do Maranhão, essa taxa chegou a 42,5, seis vezes mais do que a média brasileira.

    Apesar de não ser a única causa, essas doenças estão bastante relacionadas à falta de saneamento, já que são resultado da infecção por vírus, bactérias ou parasitas eliminados nas fezes de uma pessoa doente, e que são transmitidas para outras pessoas principalmente pelo consumo de água e alimentos contaminados e pela falta de higienização das mãos.

    As doenças transmitidas por insetos também têm relação com o saneamento, porque o acúmulo de lixo favorece a proliferação desses animais.

    Mais afetados

    Por causa disso, o Instituto Trata Brasil ressalta que elas afetam com maior intensidade as populações de menor status socioeconômico.

    Em 2024, 64,8% do total de internações foram de pessoas pretas ou pardas. Apesar dos indígenas responderem por apenas 0,8% do total, a incidência entre eles ficou em 27,4 casos a cada dez mil habitantes.

    As crianças e os idosos são os que costumam adoecer com mais gravidade, necessitando de internação. Entre as pessoas hospitalizadas em 2024, cerca de 70 mil eram crianças de até 4 anos, ou 20% do total. Nessa faixa etária, a incidência foi de 53,7 casos a casa dez mil pessoas, três vezes mais do que a média de todas as idades.

    Já entre as pessoas com mais de 60 anos, a incidência foi 23,6, com cerca de 80 mil internações, ou 23,5% do total.

    O Instituto Trata Brasil estima que o avanço da oferta de água tratada e da coleta e tratamento de esgoto pode reduzir em quase 70% a taxa de internações do país e promover uma economia de R$ 43,9 milhões por ano.

    Mortalidade

    O estudo também analisa a mortalidade associada a essas doenças, em comparação com dados de 2023. Neste ano, foram registradas 11.544 óbitos por doenças relacionadas ao saneamento ambiental, a maioria – 5.673 casos – por infecções feco-oral, e outras 5.394 causadas por doenças transmitidas por insetos.

    Os óbitos caíram entre 2008 e 2023 no país. No entanto, na maior parte dos municípios brasileiros, esse indicador ficou estagnado e em 1.748 cidades, a taxa de mortalidade cresceu neste período.

    As mortes, em 2023, foram bastante superiores entre os idosos, com 8830 ocorrências, ou 76% do total. Já o recorte por etnia mostra que a taxa de óbitos entre os indígenas foi quatro vezes superior à da população em geral, apesar da quantidade absoluta de casos ser bem menor do que entre as pessoas brancas ou negras.

  • Enfermidades de Caprinos e Ovinos: ocorrências e movimentação mundial

    Enfermidades de Caprinos e Ovinos: ocorrências e movimentação mundial

    As ações contínuas de identificação (diagnóstico), frequência, distribuição geográfica local, regional e mundial das enfermidades têm como finalidade conhecer para atuar antecipando-se à problemática com o objetivo da tomada de decisão quanto às medidas de controle e prevenção. A ocorrência e a dinâmica de disseminação de doenças em populações animais são influenciadas por uma combinação de fatores, incluindo o contexto epidemiológico, a execução de pesquisas científicas direcionadas, análises detalhadas sobre a magnitude das enfermidades e seu potencial de transmissão, avaliações de risco e a implementação de sistemas de monitoramento contínuo. É fundamental considerar as características específicas da população-alvo, incluindo espécies animais envolvidas, fatores ambientais e biológicos, bem como a delimitação de áreas geográficas e períodos temporais que possam influenciar os padrões de ocorrência e propagação.

    O monitoramento da ocorrência das doenças visa fornecer dados de notificações e movimentações com intuito de recomendar ações de prevenção aplicadas para os animais domésticos, aquáticos, silvestres e para os seres humanos. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) disponibiliza, por meio de seu portal oficial, o Sistema Mundial de Informação sobre Saúde Animal (WAHIS). Este sistema constitui uma base de dados abrangente, integrando informações provenientes de países membros e não membros, relacionadas às notificações e comunicações realizadas pelos Serviços Veterinários Oficiais. O WAHIS reúne dados epidemiológicos sobre a ocorrência de enfermidades incluídas nas listas terrestre e aquática, abrangendo tanto animais domésticos quanto silvestres. Além disso, contempla informações sobre doenças emergentes, zoonoses de relevância para a saúde pública, bem como enfermidades específicas que afetam caprinos e ovinos.

    No Brasil, o Sistema de Informação em Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) envia semestralmente informes a OMSA sobre a ocorrência de doenças animais no país. De acordo com esses dados, no ano de 2023, as enfermidades diagnosticadas em caprinos e ovinos incluíram o aborto enzoótico das ovelhas (clamidiose, uma zoonose), a agalaxia contagiosa, a artrite-encefalite caprina, a epididimite ovina e a maedi-visna. Destaca-se que as seguintes doenças nunca foram registradas no país: doença de Nairobi, peste dos pequenos ruminantes (PPR), pleuropneumonia contagiosa caprina e varíola ovina e caprina.

    Essas doenças de caprinos e ovinos, conforme seu agente causal, têm particularidades e características distintas de transmissibilidade, patogenicidade, capacidade de disseminação entre espécies e de manutenção em hospedeiros e vetores.  De acordo com as condições encontradas nos ambientes pelo agente, culmina-se com a sua permanência e a facilidade ou não do seu potencial de mobilidade.

    Vale lembrar, que outras doenças apresentam características semelhantes às citadas anteriormente e afetam múltiplas espécies, incluindo os caprinos e ovinos, tais como: febre aftosa, febre do Vale Rift, raiva, febre do Q, língua azul, paratuberculose e toxoplasmose, algumas consideradas zoonoses.

    Três dessas enfermidades, que não são encontradas no Brasil, causam um grande impacto na produção, ocasionando um alerta as instituições, a PPR, a varíola caprina e a febre do Vale Rift. Segundo a WAHIS, estas enfermidades estão se disseminando por vários países, sendo a PPR notificada na África, Equador, Oriente Médio, Índia, Ásia, Tibete, Marrocos. E em 2024, na Grécia, Romênia, China, Geórgia, Tunísia, Turquia, Serra Leoa e Uganda. Enquanto a varíola caprina, na Grécia; e a febre do Vale Rift, no continente africano, em 2024.

    Brasil, um país tropical, apresenta alta complexidade quanto ao contexto de clima e ambiência pelos diferentes biomas.  A presença de vetores e hospedeiros frente à quebra de barreiras entre animais e humanos é um risco constante, considerando a movimentação de pessoas e a presença de animais silvestres e selvagens, além do comércio de produtos e alimentos, entre os países. Portanto, é necessário adotar estratégias de vigilância interna e externa, em relação à ocorrência e movimentação dessas enfermidades, como fator e desafios sanitários para a caprinocultura e ovinocultura brasileiras.

    As mudanças climáticas globais estão provocando elevação nas temperaturas terrestres e aquáticas, resultando em perturbações significativas na biodiversidade e impactando negativamente os setores da agricultura, pecuária e a saúde única (One Health). As alterações nos padrões de precipitação, seja por aumento ou diminuição, contribuem para a contaminação dos recursos hídricos e promovem a proliferação de vetores de doenças infecciosas. Esses fatores levam ao surgimento e à reemergência de enfermidades em diversos países, incluindo, mais recentemente, a ocorrência da febre do Oropouche no Brasil.

    Diante dessa realidade, faz-se urgente a realização de pesquisas relacionadas à saúde única sobre os temas:  desenvolvimento e validação de métodos rápidos e sensíveis de diagnóstico das enfermidades entre os animais e o ser humano; e produção de vacinas, de fármacos e de matéria prima refinada para insumos.

    Antecipar o reconhecimento das enfermidades requer atenção e foco na ocorrência e movimentação delas no país e no mundo. Conhecer as doenças dos caprinos e ovinos, reunir informações e dados identificando países, animais envolvidos e diagnósticos utilizados, servirá como subsídio para oferecer, em tempo rápido, as respostas e ações coordenadas em saúde única envolvendo a educação sanitária para diferentes públicos.

  • Sorriso vai receber o selo prata de erradicação da transmissão vertical do HIV e tratamento da sífilis

    Sorriso vai receber o selo prata de erradicação da transmissão vertical do HIV e tratamento da sífilis

    Erradicar a transmissão vertical de HIV, de mãe para filho. Parece um sonho, né? Mas um sonho que virou realidade ontem, 04 de novembro, para Sorriso. O Município consta no Relatório Técnico da Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical de HIV e/ou Sífilis nos Estados e Municípios Brasileiros – 2022 e 2023 divulgado pelo Ministério da Saúde (MS); a comissão esteve no Município para avaliação entre os dias 22 a 26 de julho. Na prática, Sorriso vai receber o selo prata para eliminação vertical de HIV e selo prata de boas práticas para tratamento da sífilis. A entrega oficial do selo será em Brasília no dia 29 de novembro.

    Hoje, o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) de Sorriso atende 610 pacientes positivos para HIV e em tratamento; há ainda 36 pacientes em uso regular da profilaxia pré-exposição (PREP); 316 pacientes tratam a hepatite B e outros 33 realizam tratamento para hepatite C. Há 12 anos o Município não tem registro de casos de transmissão vertical – de mãe para filho – de HIV.

    A coordenadora do SAE, Michelle Saldanha, pontua que os selos foram muito comemorados por toda a equipe. “É um reconhecimento que nos emociona muito, em relação ao HIV, por exemplo, a certificação reflete a qualidade da assistência no acompanhamento pré-natal, no parto, no puerpério e no seguimento da criança, é um trabalho complexo que envolve muitas etapas, muitas equipes e serviços diversos de saúde”, diz.

    Michelle destaca que o trabalho até o recebimento do selo foi longo. “Lidamos com pessoas, com vidas e esse é um processo diário”, frisa. E todo esse acompanhamento é feito com muito carinho. “Nossa equipe preza muito pelo bem-estar do paciente; da família; nossa missão é propiciar cuidado e apoio”, completa.

    Já o selo prata de boas práticas de tratamento da sífilis é fruto do trabalho realizado por todos os serviços de saúde. “O selo de boas práticas em relação ao tratamento da sífilis é o resultado da qualidade do serviço prestado e do comprometimento de toda a rede de saúde”, salienta a coordenadora de Atenção Primária, Cátia Luciano.

    “Na ponta estão os PSFs que são a porta para diagnósticos e atendimentos; temos também a equipe do SAE acompanhando a evolução de cada paciente; a equipe da Vigilância em Saúde que realiza a parte documental; e, especialmente o atendimento hospitalar que é um grande diferencial nesses casos”, frisa.

    “O trabalho desenvolvido no ambiente hospitalar é essencial para esse sucesso; hoje nossa referência para partos de mães positivas, por exemplo, é o Hospital Regional de Sorriso, e o atendimento no momento do parto para mulheres com HIV com a imediata realização dos testes no recém-nascido constituem um reforço no diagnóstico e tratamento desses pacientes”, explica Cátia.

    Para o secretário de Saúde e Saneamento, Luis Fábio Marchioro, a notícia reflete  o engajamento da saúde. “São profissionais dedicados em todos os setores, que atuam com muito amor e profissionalismo; essa conquista é mérito de cada servidor da saúde”, ressalta. Enfim, por trás desse selo existe uma rede de colaboração entre os serviço municipais, hospitais públicos, particulares, laboratórios de exames, medicamentos disponíveis… existe muita gente trabalhando para ofertar saúde e qualidade de vida”, detalha o gestor.

    Ontem ainda, quando da divulgação do resultado, a coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (Cgist) do Ministério da Saúde, Pâmela Gaspar, apontou que o processo de certificação reforça o compromisso brasileiro com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

    “Seguimos no caminho para a eliminação das infecções transmitidas verticalmente no nosso país. Com o Programa Brasil Saudável, estamos unindo forças com municípios, estados e demais parcerias importantes para alcançar esses objetivos até 2030”, detalhou.

    A estratégia da certificação subnacional da eliminação da transmissão vertical e concessão de selos de boas práticas rumo à eliminação da transmissão vertical, vem sendo concedida pelo Ministério da Saúde desde 2017. A prática é adaptada de iniciativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

  • Manejo correto e escolha de boas cultivares são essenciais para evitar abortamento no algodoeiro, diz pesquisador

    Manejo correto e escolha de boas cultivares são essenciais para evitar abortamento no algodoeiro, diz pesquisador

    Com quase dois milhões de hectares cultivados, o Brasil ocupa o terceiro lugar como produtor mundial de pluma de algodão. Apesar do otimismo, doenças e pragas exigiram mais atenção dos produtores nesta safra 2023/24. As mudanças climáticas trouxeram os grandes desafios, principalmente em Mato Grosso, estado que produz cerca de 70% do algodão brasileiro.

    O aumento de 2 a 3 graus na temperatura criou condições favoráveis para o desenvolvimento de fungos causadores de doenças como a ramulária e a mancha-alvo. Fungos que ocasionam severa desfolha das plantas e, em casos mais graves, levam ao abortamento de partes reprodutivas do algodoeiro.

    A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) conduz ensaios que avaliam a eficácia de fungicidas indicados para o controle tanto da mancha alvo, como de ramulária. De acordo com João Paulo Ascari, fitopatologista e pesquisador da Fundação MT, as plantas atingidas por condições ambientais desfavoráveis e a alta intensidade de mancha alvo apresentaram maior abortamento das estruturas produtivas.

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    Foto: Joabe Amorim – Fundação MT

    “Com o manejo regulador da população aplicado no campo, o fungo teve condições climáticas muito favoráveis ao seu desenvolvimento, o que levou a produzir uma alta quantidade de inóculo e a doença avançou de uma forma muito rápida. A consequência foi uma desfolha de certa forma intensa. A planta perdeu baixeiro, perdeu o terço médio, teve abortamento e a desfolha precoce, o que causa ainda um estresse na planta”, afirmou.

    O pesquisador orienta que para as próximas safras, os produtores devem começar as ações preventivas com a escolha de boas cultivares. “A partir do momento que o agricultor opta por uma cultivar já conhecida por ser sensível à doença, este material ele já terá que ser trabalhado com programas de fungicidas diferenciados, onde terá uma força maior direcionada a mancha alvo nos períodos mais críticos de aumento de doenças, entre 60 a 100 dias do ciclo da cultura após a semeadura. É uma questão de manejo correto de produtos em algumas áreas”, afirmou.

    Influência climática

    O clima apresentou influência direta na ocorrência de abortamento e no potencial produtivo do algodão. De acordo com o pós-doutor em fisiologia do algodoeiro e coordenador do programa de pós-graduação em agronomia da Unoeste, Fábio Rafael Echer, o planejamento agrícola deve ser conduzido conforme o cenário climático vigente.

    “O produtor precisa tomar cuidados com o encharcamento no início do ciclo. Trabalhar com solos descompactados é importante para permitir uma infiltração da água mais rápida e para o algodão não ficar alagado, porque isso no início do cultivo, causa um atraso no desenvolvimento”, disse.

    Ajustar o manejo é fundamental para a produção se adaptar ao ambiente, ressalta Fábio. “Trazendo isso para o planejamento o produtor precisa pensar em trabalhar com populações de plantas um pouco menores para sofrer menos abortamento. E tomar cuidados com o excesso de fitotoxidez de herbicidas. Todos esses cuidados com o intuito de deixar a planta fotossinteticamente ativa mais tempo, para permitir um bom enchimento dos frutos e um bom ganho de peso dos capulhos”, afirmou.

    Análise da safra

    A retrospectiva da safra 2023/24 do algodão, resultados das vitrines de cultivares e a análise do clima foram pautas apresentadas durante o XIV Encontro Técnico Algodão, promovido pela Fundação MT, realizado entre os dias 31 de julho, 1 e 2 de agosto, em Cuiabá-MT.  No segundo dia, o painel contou com relatos da safra dos produtores das regiões Norte e Médio Norte, Sul e Oeste de Mato Grosso e da Bahia.

    “A dinâmica climática foi extremamente desafiadora na safra 2023/24. Foi de muito aprendizado com desafios climáticos nunca visto antes, surtos de pragas que há tempos não aconteciam, resultados abaixo da expectativa em algumas regiões. A qualidade do algodão será um fator muito importante na hora da comercialização. Para a próxima safra, será momento de fazer o “dever de casa”, e assim se planejar com os pés no chão”, relatou o engenheiro agrônomo em Primavera do Leste, Lucas Daltrozo.

    Márcio Souza, coordenador de Projetos e Difusão de Tecnologias do Imamt (Instituto Mato-grossense do Algodão), destacou que a construção do algodão em Mato Grosso já começa na safra da soja, onde houve algumas adversidades climáticas que impediu a forma eficiente do controle de população culturais do algodão. Márcio reforçou que isso ocasionou maior índice de doenças, o que gera 10% de perda da produtividade.

    “Tivemos uma safra desafiadora. A expectativa é que o clima favoreça mais na próxima, mas para isso nós temos que trabalhar com todas as técnicas disponíveis. Apesar das pesquisas serem essenciais para as tomadas de decisões no campo, os produtores devem se preparar, trabalhar de uma forma preventiva, buscando as melhores técnicas para se ter uma produção bem satisfatória”, pontuou.

  • Crianças Xavantes morrem por doenças evitáveis em Mato Grosso: o que podemos fazer?

    Crianças Xavantes morrem por doenças evitáveis em Mato Grosso: o que podemos fazer?

    Em 2023, 58 crianças Xavantes em Mato Grosso perderam suas vidas para doenças evitáveis como desnutrição, anemia, diarreia e pneumonia.

    Essa triste realidade, revelada por dados do Ministério da Saúde, acende um alerta sobre a situação precária da saúde indígena no Brasil e a necessidade urgente de ações efetivas para garantir o direito à vida e à saúde das crianças Xavantes.

    A pediatra Natasha Slhessarenko, da UFMT, reforça que as doenças que causaram a morte dessas crianças são, em grande parte, preveníveis com medidas básicas de saúde pública e acesso à atenção médica adequada. A falta de saneamento básico, acesso à água potável e alimentação nutritiva, além de condições precárias de moradia, contribuem significativamente para a proliferação dessas doenças.

    Desnutrição, anemia, diarreia e pneumonia: os principais vilões

    Entre as principais causas de morte das crianças Xavantes em 2023, destaca-se a pneumonia e broncopneumonia, com 10 casos registrados. A desnutrição e a diarreia também ceifaram a vida de 3 crianças cada uma. O documento do Ministério da Saúde aponta ainda 2 casos de morte registrados como “sem assistência”.

    É importante esclarecer que a classificação “morte sem assistência” não necessariamente indica a ausência de cuidados médicos no momento do falecimento. Segundo o Ministério da Saúde, essa classificação se refere à falta de acompanhamento da doença que levou à morte, não à falta de atendimento médico imediato.

    O Ministério da Saúde afirma que as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) priorizam a remoção imediata de casos graves, especialmente de crianças menores de cinco anos, para que recebam atendimento urgente e especializado em hospitais.

    Embora a remoção de casos graves seja crucial, medidas de prevenção e promoção da saúde são essenciais para evitar que essas doenças atinjam um nível que requeiram internação hospitalar. Garantir o acesso à água potável, saneamento básico, alimentação nutritiva e moradia digna são medidas básicas para proteger a saúde das crianças Xavantes.

  • Bezerro sem focinho intriga fazendeiro e especialistas: o que pode ter causado a anomalia?

    Bezerro sem focinho intriga fazendeiro e especialistas: o que pode ter causado a anomalia?

    Nascido em uma fazenda no interior do Brasil, um bezerro sem focinho viralizou nas redes sociais após seu dono registrar imagens do animal. Veja mais em Mundo Animal.

    A rara anomalia, que impede o bezerro de se alimentar normalmente, levanta questões sobre as possíveis causas e o futuro do animal.

    Moo-louco! Bezerro ‘Duas Caras’ Vira Estrela da Fazenda e das Redes Sociais

    Nasce bezerro sem focinho e intriga fazendeiro e especialistas: veja o vídeo

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    Uma publicação compartilhada por AGRO BRUTTA ® (@agrobrutta)

    Rara anomalia: bezerro nasce sem focinho e comove a web

    O vídeo, publicado nas redes sociais, mostra o bezerro com uma abertura no local onde deveria estar o focinho, mas sem as narinas e a boca. O animal tenta mamar, mas não consegue se alimentar properly.

    Causas e anomalias em bezerros

    Especialistas em reprodução animal ainda não sabem o que causou a anomalia no bezerro. Algumas possibilidades incluem:

    Doenças congênitas: Infecções virais, como a BVD (Diarreia Viral Bovina), podem causar malformações em bezerros.

    Problemas genéticos: Mutações genéticas hereditárias ou esporádicas podem levar a anomalias congênitas.

    Fatores ambientais: Exposição a toxinas ou radiação durante a gestação pode causar malformações.

    Geralmente, os bebês ou animais que nascem com ictiose arlequim morrem poucas semanas após o nascimento ou sobrevivem no máximo até os 3 anos de idade.
    Geralmente, os bebês ou animais que nascem com ictiose arlequim morrem poucas semanas após o nascimento ou sobrevivem no máximo até os 3 anos de idade.

    Outras anomalias já registradas em bezerros

    Ciclopia: Bezerro nasce com um único olho.

    Anencefalia: Ausência de parte do cérebro.

    Fenda palatina: Abertura no céu da boca.

    Patas deformadas: Bezerro nasce com patas tortas ou ausentes.

    Prognóstico e futuro do bezerro

    O prognóstico para o bezerro sem focinho é reservado. Sem a capacidade de se alimentar normalmente, o animal depende de cuidados especiais para sobreviver.

  • Brasil é o primeiro país a lançar programa para reduzir incidência de doenças que atingem mais as populações vulneráveis

    Brasil é o primeiro país a lançar programa para reduzir incidência de doenças que atingem mais as populações vulneráveis

    O Brasil é o primeiro país do mundo a lançar uma política governamental para eliminar ou reduzir, como problemas de saúde pública, 14 doenças e infecções que acometem, de forma mais intensa, as populações em situação de maior vulnerabilidade social. Essa é a proposta do Brasil Saudável, programa do governo federal, lançado nesta quarta-feira (7), após assinatura de decreto pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante a recepção do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, ao Brasil. Com a iniciativa, o país estabelece um marco internacional, alinhado à OMS, às metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 e à iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a eliminação de doenças nas Américas.

    Entre 2017 e 2021, as doenças determinadas socialmente foram responsáveis pela morte de mais de 59 mil pessoas no Brasil. A meta é que a maioria das doenças sejam eliminadas como problema de saúde pública: malária, doença de Chagas, tracoma, filariose linfática, esquistossomose, oncocercose, geo-helmintíase, além de cinco infecções de transmissão vertical (sífilis, hepatite B, doença de Chagas, HIV e HTLV). Também o cumprimento das metas da OMS para diagnóstico, tratamento e redução da transmissão da tuberculose, hanseníase, hepatites virais e HIV/aids.

    O Brasil Saudável surgiu da criação do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDDS), uma ação inédita que, desde a sua instituição, em abril de 2023, reforça o compromisso do governo brasileiro com o fim de doenças e infecções determinadas e perpetuadas pelos ciclos da pobreza, da fome e das desigualdades sociais no país. A instalação dessas medidas é parte da premissa que garantir o acesso apenas ao tratamento em saúde não é suficiente para atingir essas metas. É preciso propor políticas públicas intersetoriais que sejam voltadas para a equidade em saúde e para a redução das iniquidades, fator diretamente ligado às causas do problema.

    Nesse sentido, por meio do novo programa, o Ministério da Saúde e outros 13 ministérios do governo federal vão atuar em diversas frentes, com foco no enfrentamento à fome e à pobreza; ampliação dos direitos humanos e proteção social para populações e territórios prioritários; qualificação de trabalhadores, movimentos sociais e sociedade civil; incentivo à inovação científica e tecnológica para diagnóstico e tratamento; e ampliação das ações de infraestrutura e de saneamento básico e ambiental.

    A partir dessas diretrizes, a expectativa é que os grupos mais vulnerabilizados tenham menos risco de adoecimento e que as pessoas atingidas pelas doenças e infecções possam realizar o tratamento de forma adequada, com menos custos e melhores resultados na rede de profissionais e serviços de saúde. O CIEDDS identificou 175 cidades que são consideradas prioritárias por possuírem altas cargas de duas ou mais doenças ou infecções determinadas socialmente e, por isso, fundamentais para a pauta da eliminação enquanto problema de saúde pública.

    Corroborando a pauta, em 2023, o Ministério da Saúde incorporou importantes medicamentos e tecnologias ao Sistema Único de Saúde (SUS), fortalecendo e ampliando o acesso à saúde. Entre as conquistas, estão a pretomanida para tratamento mais rápido da tuberculose resistente, com economia de R$ 100 milhões em cinco anos para o SUS; da tafenoquina para tratamento da malária, com a vantagem de que o medicamento antigo é administrado por 14 dias e a tafenoquina é tomada uma única vez, facilitando a adesão dos pacientes; do duo teste para identificação simultânea de sífilis e HIV, inclusão que fortalece o rastreio e o tratamento mais ágil para a população; e da lamivudina/dolutegravir para terapia do HIV, uma combinação inédita de dois medicamentos, agora em comprimido único, que facilita a vida do usuário, evita efeitos colaterais e mantém a carga viral controlada.

    O Brasil Saudável será coordenado pelo Ministério da Saúde, por meio do CIEDDS, com ações articuladas entre as pastas da Ciência, Tecnologia e Inovação; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; dos Direitos Humanos e da Cidadania; da Educação; da Igualdade Racial; da Integração e do Desenvolvimento Regional; da Previdência Social; do Trabalho e Emprego; da Justiça e Segurança Pública; das Cidades; das Mulheres; do Meio Ambiente e Mudança do Clima; e dos Povos Indígenas. Também está previsto o estabelecimento de parcerias com movimentos sociais e organizações da sociedade civil para potencializar a implementação das ações nos municípios prioritários.

    Entenda as metas de eliminação ou redução das doenças socialmente determinadas:

    Eliminar Doenças Alcançar Metas da OMS Eliminar a Transmissão Verical Doença de Chagas Tuberculose HIV Malária HIV Sífilis Tracoma Hanseníase Hepatite B Filariose Hepatites Virais Doença de Chagas Esquistossomose HTLV Oncocercose Geo-helmintíases

    Metas Operacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS)

    Tuberculose Reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e as mortes para menos de 230 por ano HIV Ter 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas, destas 95% em tratamento e das em tratamento 95% com carga viral controlada Hepatites Virais Diagnosticar 90% das pessoas, tratar 80% das pessoas diagnosticadas, reduzir em 90% as novas infecções e reduzir em 65% a mortalidade Hanseníase Reduzir a prevalência para menos de um caso por 10 mil habitantes

    Por: Ministério da Saúde (MS)
    Edição: Yara Aquino

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