Tag: Depressão

  • Encerramento do Programa SER Família Fé e Vida é realizado em Nova Marilândia com padre Fábio de Melo

    Encerramento do Programa SER Família Fé e Vida é realizado em Nova Marilândia com padre Fábio de Melo

    A primeira edição do Programa SER Família Fé e Vida, idealizado pela primeira-dama de Mato Grosso, Virginia Mendes, encerrou sua turnê com uma palestra-show do padre Fábio de Melo em Nova Marilândia. O programa já passou por cidades como Cuiabá, Sorriso, Campo Novo do Parecis, Tangará da Serra e Campo Verde.

    Autoridades como o prefeito Jefferson Nogueira, a primeira-dama Amanda Chuzs, o Bispo Dom Vital, além de padres e líderes locais, prestigiaram o evento. Segundo Virginia Mendes, o programa nasceu da necessidade de apoiar pessoas com depressão, e novas edições estão planejadas para o próximo ano.

    Durante o evento, Virginia agradeceu a parceria de Wener Santos, presidente da MT Par, e outros colaboradores. Ela destacou a importância de abordar questões de saúde mental com apoio de líderes religiosos e profissionais.

    Saúde mental em foco no Mato Grosso

    O padre Fábio de Melo compartilhou reflexões sobre tristeza e a importância de acalmar a mente, enquanto o presidente da MT Par emocionou-se ao relatar a jornada do programa. Prefeitos e autoridades ressaltaram a relevância do projeto para conscientizar sobre depressão e levar serviços de saúde e cidadania às comunidades.

    O programa contou com o apoio do Governo do Estado e de secretarias como Setasc e SES-MT, promovendo ações conjuntas com prefeituras locais.

    Expansão do programa SER Família Fé e Vida

    Virginia Mendes anunciou que prefeitos de outros municípios já demonstraram interesse em receber o programa em suas localidades. Com a parceria de líderes como Cidinho Santos, o projeto deve se expandir em 2025, levando apoio espiritual e social para mais cidades do Mato Grosso.

    Fonte: Secom Mato Grosso

  • Sobrecarga de trabalho eleva risco de depressão entre mães cientistas

    Sobrecarga de trabalho eleva risco de depressão entre mães cientistas

    A porcentagem de mães cientistas com sintomas de depressão foi quase o dobro da verificada entre pais com a mesma carreira, segundo pesquisa apresentada como dissertação de mestrado em Ciências Biomédicas da Universidade Federal Fluminense. Entre as mães entrevistadas, 42% apresentaram sinais da doença, em comparação a 22% dos pais.

    A pesquisadora Sarah Rocha Alves acredita que esse adoecimento está relacionado com a sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidado.

    “Historicamente, as mães têm assumido uma responsabilidade desproporcional na criação dos filhos, e os resultados da pesquisa confirmaram o que já era esperado”, avalia.

    Dados complementares da pesquisa reforçam essa conclusão, ao mostrar, por exemplo, que a proporção de mães solo com sintomas foi cerca de 11 pontos percentuais maior do que a daquelas que dividem a criação dos filhos. A diferença foi semelhante entre as mães sem rede de apoio e as que contam com alguma ajuda. Além disso, quase 60% das mães de crianças com deficiência apresentaram alta probabilidade de ter depressão, assim como mais de 54% das mães negras.

    De acordo com Sarah, os entrevistados responderam a um questionário chamado PHQ-9, amplamente utilizado para diagnosticar sintomas de depressão. A pesquisa foi realizada em março e junho de 2022, período de arrefecimento da pandemia da covid-19 no Brasil.

    “Já estávamos no retorno parcial das atividades, mas essas mulheres ainda estavam sobrecarregadas, conciliando trabalho doméstico, cuidados das crianças e atividades acadêmicas, o que acabou sendo mais complicado para elas. Mas a pandemia só exacerbou o que já era esperado”, argumenta a pesquisadora.

    Carreira

    Além das consequências para a saúde mental, Sarah acredita que essa sobrecarga também impacta a carreira dessas pesquisadoras. “As mulheres são maioria na graduação e pós-graduação, mas a medida que elas vão avançando, têm uma limitação porque elas não têm políticas de apoio para serem aceitas e conquistarem cargos superiores”.

    Levantamento do movimento Parent in Science estima que as mulheres vivenciam uma queda na produtividade que pode durar até 6 anos, após o nascimento dos filhos, o que não acontece com os homens que se tornam pais. Isso provoca um efeito conhecido como “teto de vidro”, que descreve a maior dificuldade que as mulheres têm de ascender em suas carreiras.

    Por isso, a pesquisadora defende mudanças na cultura acadêmica e cita como bons exemplos uma iniciativa da própria Universidade Federal Fluminense, que dá créditos a pessoas com filhos nas suas seleções acadêmicas, e os editais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro exclusivo para cientistas mães. Ela também considera um avanço a lei sancionada em em julho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que prorroga o prazos de conclusão na educação superior para pessoas que tiverem filhos.

  • Pobreza eleva em 3 vezes risco de surgimento de ansiedade e depressão

    Pobreza eleva em 3 vezes risco de surgimento de ansiedade e depressão

    Um relatório das Nações Unidas aponta que pessoas em situação de pobreza têm três vezes mais chances de desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. É o que aponta o relatório “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”. Cerca de 11% da população mundial sofre com algum transtorno mental.

    De acordo com o relator especial da Organização das Nações Unidas e autor do relatório, Olivier De Schutter, esse cenário está relacionado à obsessão pelo crescimento da economia e busca de riqueza, levando as pessoas a se submeterem a jornadas exaustivas de trabalho e condições de trabalho precárias.

    “Quanto mais desigual é uma sociedade, mais as pessoas da classe média temem cair na pobreza e com isso desenvolvem quadros de estresse, depressão e ansiedade”, afirmou o relator.

    Jornada de 24 horas por dia

    Segundo o relator, o principal fator de risco é jornada de 24 horas por dia, 7 dias por semana, quando o trabalhador fica disponível sob demanda, e cita como exemplos os trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais

    De Schutter afirma que essa lógica “resulta em horários muito variáveis de trabalho, o que torna muito difícil manter um equilíbrio adequado entre a vida familiar e a vida profissional”. A incerteza quanto ao horário de trabalho e quantidade de horas a trabalhar tornam-se grandes motivadores de depressão e ansiedade.

    Outro fator gerador de transtornos é a ansiedade climática. Estudos apontam que inundações, secas extremas, temporais destroem as fontes de renda da população, provocando insegurança financeira e ansiedade.

    Ações

    O estudo propõe que os governos adotem medidas que reduzam as desigualdades e inseguranças, como políticas de renda básica universal (valor mínimo a que todos teriam direito para afastar a ameaça da pobreza), apoio a economia social e solidária e alterações do mundo do trabalho.

    O relator informou que organizações não governamentais, sindicatos, movimentos sociais e acadêmicos trabalham na apresentação de alternativas ao crescimento econômico em consonância com a erradicação da pobreza, previstas para serem apresentadas em 2025.

  • Insônia pode ser sintoma de depressão, diz estudo

    Insônia pode ser sintoma de depressão, diz estudo

    Um estudo inédito feito por pesquisadores do Instituto do Sono revelou que a insônia não é apenas um sintoma secundário da depressão, mas parte integrante da doença mental. A conclusão veio depois de os pesquisadores examinarem a relação entre o risco genético para problemas de sono e sintomas de depressão em uma amostra do Estudo Epidemiológico do Sono de São Paulo, com pessoas entre 20 e 80 anos.

    Os participantes foram submetidos a avaliação clínica, polissonografia noturna completa e responderam a um conjunto de questionários sobre sono. Houve também coleta de amostras de sangue para extração de DNA e genotipagem dos voluntários, com o objetivo de calcular o risco genético dessas pessoas para problemas de sono e sintomas depressivos. Os resultados do estudo foram apresentados no Sleep 2024, durante a 38ª Reunião Anual das Sociedades Profissionais Associadas de Sono, no início de junho, nos Estados Unidos.

    “A privação de sono de forma pontual não potencializa o desenvolvimento da depressão, mas a insônia, como um problema de sono crônico, sim. Já foi descrito que, em pessoas com sintomas depressivos graves, o fato de ter insônia estava relacionado com a falta de resposta aos tratamentos para depressão. Também já foi provado que pessoas com insônia correm mais risco de ter depressão no futuro”, disse uma das responsáveis pelo estudo, a pesquisadora Mariana Moysés Oliveira.

    Segundo Mariana, as descobertas são inéditas. A insônia e os sintomas depressivos partem de origens genéticas muito parecidas e, por isso, os problemas de sono não podem ser tratados como algo secundário em pessoas com depressão, já que está demonstrado que são parte central da doença. Para chegar ao resultado, foi aplicado um modelo estatístico, chamado escore poligênico, que permite prever o risco para doenças complexas ao considerar milhares de variantes genéticas, o que permitiu estabelecer essa interrelação.

    “A análise foi baseada em estudos de associação do genoma completo para depressão e insônia. Os resultados indicam que os escores poligênicos foram eficazes em alocar os indivíduos em grupos de alto e baixo risco para problemas de sono e depressão. Pessoas com má qualidade de sono tendiam a apresentar sintomas depressivos mais graves. Quanto maior o risco genético para queixas de sono, aumentava o risco genético para sintomas depressivos. Os genes que contribuíram para os escores poligênicos se sobrepuseram, indicando uma correlação genética forte entre essas condições”, destacou Mariana.

    De acordo com Mariana, os resultados podem ser úteis para a saúde pública, pois, por meio deles, é possível estabelecer políticas que promovam a identificação precoce e o tratamento integrado podem ser mais eficazes na redução da carga dessas condições na sociedade.

    “Acredito que as pesquisas podem levar a novos protocolos clínicos que abordem de forma integrada a saúde mental e a qualidade de sono, abrindo caminhos para a pesquisa científica e permitindo uma compreensão mais profunda das causas desses problemas de saúde. Além disso, usar dados genéticos para prever a predisposição permite identificar pessoas em risco antes mesmo que os sintomas se manifestem”, afirmou a pesquisadora.

    Segundo a pesquisadora, a as doenças se manifestam geralmente por fatores genéticos, que não mudam desde a concepção, e ambientais aos quais as pessoas são expostas ao longo da vida. A pesquisa conseguiu calcular os riscos genéticos para prever os riscos maiores ou menores para o desenvolvimento de uma doença. “Para doenças comuns, não conseguimos atribuir um único gene. Não existe o gene da depressão, da insônia ou do câncer. O risco genético é determinado por diversas, muitas vezes milhares de variações genéticas. Apenas quando avaliamos o conjunto dessas variações genéticas podemos calcular o risco genético”, salientou Mariana.

    De acordo com a responsável pelo estudo, com uma amostra epidemiológica é possível identificar variações genéticas que podem ser usados como biomarcadores de risco e, entendendo as conexões genéticas, é possível desenvolver tratamentos que atacam as causas das doenças, não apenas os sintomas, reduzindo a chance de recaídas.

    Edição: Nádia Franco

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  • Justiça reconhece depressão de motorista como doença ocupacional

    Justiça reconhece depressão de motorista como doença ocupacional

    O transporte diário de carga viva e frágil pela BR 163, uma das rodovias mais perigosas do Centro Oeste, contribuiu para que um motorista desenvolvesse depressão recorrente. Com a confirmação do quadro pela perícia médica, a Justiça do Trabalho condenou a transportadora a pagar indenização pelos danos causados e a cobrir os custos do tratamento.

    Ao apresentar reclamação trabalhista na Vara de Nova Mutum, o motorista, que transportava pintinhos retirados da incubadora, disse ter desenvolvido Síndrome de Burnout e ansiedade generalizada devido à jornada exaustiva e à pressão relacionada aos horários de carga e descarga. Empregado da transportadora desde 2016, afirmou que os primeiros sintomas surgiram quatro anos depois, afetando sua capacidade de trabalho.

    A empresa contestou as alegações, negando a origem ocupacional das enfermidades e argumentando que fornecia informações sobre os horários de carregamento com antecedência, proporcionando ao empregado “tranquilidade” quanto aos procedimentos.

    A juíza Cláudia Servilha concluiu que as atividades exercidas pelo trabalhador em favor da transportadora atuaram como concausa no desenvolvimento de depressão. A magistrada considerou que a natureza da profissão de motorista, sendo que neste caso atuava diariamente no transporte de carga frágil na rodovia 163, envolve riscos superiores aos enfrentados pelo homem médio, cabendo ao caso a aplicação da responsabilidade objetiva. “Embora a reclamada [transportadora] não seja responsável pelas condições de segurança da rodovia, beneficiava-se com a exploração da atividade econômica exercida pelo autor [motorista], pelo que deve ser responsabilizada”, explicou a magistrada.

    Com base na perícia médica, a decisão estabelece que o motorista não desenvolveu Síndrome de Burnout, mas sim transtorno depressivo recorrente, uma doença de origem multicausal. O trabalho como motorista foi identificado como um dos gatilhos para o desencadeamento da doença, agravando um quadro pré-existente. O laudo médico indicou incapacidade laboral parcial e temporária, estimada em 25%, atribuindo metade da responsabilidade (12,5%) à empresa.

    Dano moral e lucros cessantes

    A transportadora foi condenada a pagar 5 mil reais em reparação, considerando a extensão do dano ao longo do tempo, o grau de culpa da empresa e a capacidade econômica das partes envolvidas.

    Por fim, a decisão aponta a determinação prevista na legislação de se pagar as despesas com tratamento e indenização do dano material, na modalidade lucros cessantes, quando há redução da capacidade de trabalho. Desta forma, a transportadora foi condenada a pagar o equivalente a 12,5% do salário do motorista, por um ano, conforme tempo de recuperação estimado na perícia.

    Tratamento médico

    A empresa também foi obrigada a disponibilizar tratamento médico por um ano, com o ônus do motorista comprovar os gastos relacionados a remédios, acompanhamento psicológico e consultas médicas. A determinação, conforme salientou a juíza, tem como objetivo garantir que se cumpra a  prioridade em casos como esses, que é possibilitar a volta da plena capacidade de trabalho do empregado, “o que lhe acarretaria satisfação pessoal, vez que a lesão não dificulta somente de exercer as atividades laborativas, mas de realizar atividades rotineiras”, concluiu a magistrada.

    Por se tratar de decisão de 1ª instância, cabe recurso ao Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT/MT).

    Janeiro Branco

    Esta publicação é parte da campanha Janeiro Branco, que visa chamar a atenção para os cuidados com a saúde mental e emocional, com a prevenção das doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e outros transtornos mentais.

  • Roda de conversa aborda ansiedade e depressão nesta sexta-feira (24) na sede da AMEC

    Roda de conversa aborda ansiedade e depressão nesta sexta-feira (24) na sede da AMEC

    A Associação de Mulheres em Busca de Cidadania (AMEC), em Lucas do Rio Verde, realiza nesta sexta-feira (24) uma roda de conversa. Na ocasião, a psicóloga Ana Muniz vai abordar duas doenças que afetam grande parte da população mundial: ansiedade e depressão.

    A realização da roda de conversa faz parte da programação desenvolvida em comemoração ao mês da mulher. Além disso, faz parte do projeto ‘Mulher, você é linda!’, desenvolvida pela entidade, que está sediada no bairro Rio Verde.

    A roda de conversa inicia às 19 horas e será realizada na sede da AMEC, na Rua Sarandi, ao lado da Guarda Civil Municipal.

    Depressão e ansiedade

    Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil é o país com a maior prevalência de depressão da América Latina. Além disso, tem os maiores índices de ansiedade do mundo.

    Especialistas dizem que é muito frequente que os dois transtornos estejam presentes ao mesmo tempo.

  • O que causa a depressão?

    O que causa a depressão?

    Apesar de ser uma das patologias mentais mais comuns e das mais incapacitantes em todo o mundo, a depressão continua a ser alvo teorias nada corretas. Afinal, o que é depressão?

    Historicamente, ela é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo do tempo. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa auto-estima, entre outros detalhes que acompanham a pessoa.

    Leia também: Banho quente ajuda a combater a depressão

    De acordo com algumas pesquisas, há alterações químicas no cérebro do indivíduo com depressão, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos.

    Quais são os mitos?

    • Só há um tipo de depressão
    • Ter uma depressão significa estar triste
    • Os médicos sabem o que causa a depressão
    • As pessoas sentem-se deprimidas por uma razão específica
    • Os antidepressivos são a resposta mais fácil
    • É fácil perceber quando alguém tem uma depressão
    • É possível curar a depressão de um momento para o outro

    Quais são os tratamentos?

    Entre os diferentes tratamentos psicológicos a serem considerados estão os individuais ou em grupo, realizados por profissionais ou terapeutas leigos supervisionados.

    Os tratamentos psicossociais também são efetivos para depressão leve. Os antidepressivos podem ser eficazes no caso de depressão moderada-grave, mas não são a primeira linha de tratamento para os casos mais brandos.

    Esses medicamentos não devem ser usados para tratar depressão em crianças e não são, também, a primeira linha de tratamento para adolescentes. É preciso utilizá-los com cautela.

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  • O que devemos comer (e o que não devemos) para prevenir a depressão

    O que devemos comer (e o que não devemos) para prevenir a depressão

    Diz-se que as doenças mentais estão atingindo níveis pandêmicos, agravadas pelos últimos dois anos da luta contra o coronavírus. Especialmente a depressão, que neste momento é um dos problemas mentais mais comuns no mundo. Que papel nossa dieta desempenha em sua prevenção? Vamos ver.

    É bem sabido que a má nutrição é um fator de risco fundamental para as chamadas doenças não transmissíveis. Eles são responsáveis por 7 em cada 10 mortes no mundo. Destes, doenças cardiovasculares e câncer são os principais.

    Mas a coisa não para por aí. Os nutrientes participam de todas as funções biológicas e, como tal, estão envolvidos no funcionamento do sistema imunológico, do sistema nervoso, da produção de energia e assim por diante.

    É por isso que, embora a priori possa nos surpreender, a comida também afeta nossa saúde mental. Já em 2014, havia indicações de que uma dieta saudável estava associada a um menor risco de depressão. Em 2018, novos estudos confirmaram essa relação. Naquela ocasião, foi baseado no acompanhamento dos pacientes por vários meses ou até anos.

    Não só isso, mas melhorar a dieta reduz os sintomas depressivos, de acordo com um conjunto de ensaios clínicos com um número mais do que significativo de participantes. É interessante que os resultados pareçam ser melhores em mulheres.

    Entre as dietas saudáveis que mostraram associação com depressão está a dieta mediterrânea. A adesão a essa dieta parece conferir alguma proteção contra a depressão, de acordo com uma revisão de 2019. Naquela época, os resultados pareciam depender do tipo de estudo.

    Desde então, vários estudos confirmaram a relação positiva da dieta mediterrânea com um menor risco de depressão. Um deles realizado pela Universidade de Navarra em 2019. E outro, menor, na Holanda em 2020.

    Frutas e peixes como “antidepressivos”

    A dieta mediterrânea é baseada em frutas, vegetais, azeite, legumes, nozes, peixe/frutos do mar e carne branca. O estudo desses grupos de alimentos indica que o consumo de alguns deles está associado a um menor risco de depressão (frutas, nozes, vegetais e grãos integrais, bem como peixe).

    Em contraste, alimentos ultraprocessados estão associados a um risco aumentado de sintomas depressivos, de acordo com um estudo na França. Outros trabalhos no Brasil os associam a um aumento no estresse.

    De acordo com a classificação NOVA, alimentos ultraprocessados são alimentos feitos através do uso de vários processos industriais, que geralmente carregam combinações de açúcar de adição, óleos/gorduras ou sal. Além disso, eles contêm aditivos para prolongar sua duração ou torná-los mais atraentes. Alguns exemplos são bebidas refrescantes ou de suco, lanches, margarina, cereais matinais, doces industriais, pratos preparados, biscoitos ou barras energéticas.

    Foi demonstrado que dietas ricas em frituras, carne processada, laticínios ricos em gordura, cereais refinados e sobremesas doces estão relacionadas ao aumento dos sintomas depressivos. E algo semelhante acontece com fast food e doces industriais.

    Ácidos graxos ômega 3, EPA e DHA

    Quanto aos nutrientes, os que foram mais amplamente estudados são ácidos graxos ômega 3, EPA e DHA. Estes são obtidos principalmente de peixes e frutos do mar, com uma concentração maior em peixes gordurosos.

    Os níveis de ambos foram vistos como diminuídos em pacientes com depressão. Além disso, o tratamento com ômega 3 em pacientes melhora os sintomas de depressão, incluindo insônia, ansiedade, sentimentos de culpa ou pensamentos suicidas.

    Outro nutriente relacionado à depressão é o zinco, que está presente principalmente em leguminosas, nozes, grãos integrais e carne. Pacientes com depressão mostraram ter níveis mais baixos desse mineral no sangue. Além disso, uma associação entre o grau de deficiência de zinco e a gravidade da depressão tem sido descrita.

    Algumas vitaminas também estão relacionadas à depressão, especialmente devido ao seu déficit. Estas são vitaminas B3, B6, B8, C e ácido fólico. A vitamina C pode ser encontrada em frutas e vegetais frescos; enquanto o ácido fólico pode ser encontrado em vegetais e também em legumes, grãos integrais, nozes e ovos.

    Quanto às vitaminas B3, B6 e B8, podemos obtê-las a partir de ovos, carne, peixe e grãos integrais.

    Dieta saudável para um cérebro saudável

    Temos muitas razões para tornar a alimentação saudável uma de nossas prioridades. O mais conhecido é um menor risco de mortalidade, diabetes ou alguns tipos de câncer.

    Mas também é importante ter em mente seu efeito protetor contra a depressão. Isso é especialmente importante se levarmos em conta que a OMS estima que isso afeta 264 milhões de pessoas no mundo.

    Ana Belén Ropero Lara, Professora de Nutrição e Bromatologia – Diretora do projeto BADALI, site de Nutrição. Instituto de Bioengenharia, Universidade Miguel Hernández

    Este artigo foi publicado originalmente em The Conversation.

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  • Pandemia: Senado aprova criação de programa contra depressão

    Pandemia: Senado aprova criação de programa contra depressão

    O Senado aprovou um projeto de lei (PL) que cria um programa de atenção à saúde mental com foco na pandemia. O programa, de acordo com o texto, é voltado a pessoas com problemas psicológicos gerados pelo longo período de distanciamento social durante a pandemia. O texto segue para a Câmara.

    O projeto não detalha o programa, mas confere ao Sistema Único de Saúde (SUS) a competência de adotar um programa específico por meio da sua rede de atenção psicossocial e das unidades básicas de Saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) também poderá firmar parcerias com órgãos da administração pública e com serviços privados para atuação no programa.

    Segundo o relator do PL, Humberto Costa (PT-PE), afirmou em seu parecer que os transtornos mentais decorrentes da pandemia “estão ocorrendo em maior escala devido ao distanciamento social e ao temor causado pela possibilidade de infecção pelo vírus causador da doença”. Costa também citou “o sofrimento de parcela significativa da população decorrente das preocupações com a sobrevivência, em um momento de agravamento da crise econômica”.

    O programa deverá ter a duração de 730 dias após o fim da pandemia de covid-19 no país, conforme reconhecido oficialmente pela autoridade sanitária federal. E deverá, ainda, priorizar o atendimento a profissionais de saúde que atuam diretamente na assistência aos pacientes com covid-19. O projeto teve apoio de todos os senadores. Foram 73 votos favoráveis, nenhum contrário.

    “Este programa é muito importante neste momento. Houve o crescimento com relação à questão da saúde mental, da violência doméstica. Hoje, 40% da população que está em casa está com depressão, com medo, preocupada”, afirmou Izalci Lucas (PSDB-DF).

    O dado mencionado pelo senador foi divulgado no fim do ano passado pela professora titular de epidemiologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marilisa Barros, em um evento sobre saúde mental promovido pelo Instituto do Legislativo Paulista da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

    Além disso, uma pesquisa feita no ano passado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) revelou que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa na pandemia do novo coronavírus.

    Edição: Fábio Massalli

  • Um em cada seis profissionais de saúde apresenta sinais de burnout

    Um em cada seis profissionais de saúde apresenta sinais de burnout

    Ao menos um em cada seis profissionais de saúde apresentam sinais de burnout, de acordo com estudo realizado por pesquisadores do Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino (IDOR). O burnout, que em tradução livre significa esgotamento, é definido como um distúrbio psíquico de estresse físico e mental crônico relacionado a condições de trabalho desgastantes. Entre os sintomas da chamada Síndrome de Burnout estão exaustão, sentimento de ineficácia e de falta de realização pessoal e profissional.

    A pesquisa foi feita com 715 profissionais de saúde – médicos, enfermeiras, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas – de 36 hospitais públicos e privados do Brasil. Todos eles trabalham em unidades de terapia intensiva (UTIs) por pelo menos 20 horas semanais.

    Entre os participantes do estudo, 125 indicaram exaustão emocional, 120 despersonalização e 107 falta de realização profissional – todos sintomas indicativos de burnout. Como um mesmo profissional poderia marcar mais de uma opção no questionário, o estudo conclui que, pelo menos, 125 deles sofriam com o esgotamento no trabalho.

    O estudo mostra ainda que 134 profissionais apresentam sintomas de ansiedade e 80, de depressão – que podem ou não estar associados ao burnout. A pesquisa foi conduzida antes da pandemia de covid-19, entre abril de 2017 e julho de 2018.

    Diferenciando o burnout

    Para diferenciar burnout, depressão e ansiedade, os pesquisadores aplicaram questionários de autoavaliação reconhecidos internacionalmente. A partir das respostas, foi possível identificar a formação de três diferentes grupos, um para cada problema de saúde mental, concluindo que o burnout e os sintomas clínicos de depressão e ansiedade são empiricamente distintos.

    De acordo com o psicólogo e pesquisador do IDOR Ronald Fischer, na pesquisa, um dos principais indicativos de burnout referia-se ao sentimento de esgotamento no trabalho. Já um dos principais tópicos que indicava ansiedade era ter muitos pensamentos e muitas preocupações a todo tempo. Para identificar a depressão, os pesquisadores atentaram-se a quem não dizia estar muito feliz com a própria vida.

    Segundo a pesquisa, a Síndrome de Burnout tem sido associada a um aumento de erros médicos e de custos para os profissionais de saúde além de desfechos adversos, de longo prazo, para a saúde. Os profissionais que trabalham em UTIs estão particularmente mais expostos a situações de alto estresse e burnout, o que, potencialmente, traz consequências dramáticas para a saúde e o tratamento de pacientes.

    O estudo foi descrito no artigo Association of Burnout With Depression and Anxiety in Critical Care Clinicians in Brazil [Associação de Burnout com depressão e ansiedade em clínicas de terapia intensiva no Brasil] publicado no Jama – Journal of the American Medical Association.

    “É muito importante identificar [o burnout] mesmo que não seja uma condição que está classificada como doença”, diz o psicólogo e pesquisador do IDOR Ronald Fischer.

    Ele explica que a intenção do estudo foi proporcionar um melhor diagnóstico dessa síndrome com intervenções e tratamentos mais assertivos.

    “Burnout não é classificado como doença, mas uma síndrome de estresse dentro do trabalho”, explica, Fischer. “Temos medicamentos e terapias que são indicados para depressão e ansiedade. Se não olharmos o nível do burnout, talvez, diagnostiquemos uma pessoa com ansiedade, que na verdade não é ansiedade, mas apresenta alguns sintomas que parecem. Por outro lado, se olharmos só o burnout e não a ansiedade e a depressão, não identificaremos os sintomas que podem ser tratados com medicamentos e terapias”.

    De acordo com definição do Ministério da Saúde, transtornos de ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do corpo e às experiências de vida, podendo causar sensações extremamente desconfortáveis. Estão entre os sintomas medos e preocupações exageradas, sensações contínuas de que um desastre ou algo ruim vai acontecer, falta de controle sobre os pensamentos, entre outros.

    Já a depressão, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela perda de interesse em atividades que normalmente são prazerosas, acompanhadas da incapacidade de realizar atividades diárias, durante pelo menos duas semanas.

    Mudanças no trabalho

    Se medicamentos e terapias são eficientes para casos de depressão e ansiedade, segundo Fischer, os casos de burnout mostram a necessidade de se realizar mudanças no ambiente de trabalho. Condições de sobrecarga de trabalho, rotinas corridas, pressão por resultados e entregas, conflitos emocionais dentro da equipe podem gerar quadros de burnout.

    “Dentro das empresas, em geral, as pessoas têm que se cuidar, cuidar uns dos outros, têm que pensar o que é possível mudar dentro desse contexto que estamos vivendo nesse momento, para humanizar um pouco o nosso trabalho”, diz. O pesquisador acrescenta que o burnout pode ser um primeiro passo para depressão e ansiedade. “É muito importante identificar porque se não se muda o contexto [no trabalho], a pessoa pode depois entrar em uma depressão ou ansiedade e pode ser afastada do trabalho por causa disso. Tem que ser uma lógica para as empresas o cuidado com os trabalhadores para evitar essas situações”.