O setor produtivo mato-grossense está trabalhando para incluir os produtores rurais no mercado de crédito de carbono, para que eles sejam remunerados pela preservação do meio ambiente e captura de carbono na atmosfera. O assunto foi levado à COP 28, em Dubai, pelo Instituto Ação Verde (IAV), que é presidido pelo produtor de Gaúcha do Norte, Luiz Pedro Bier.
De acordo com Bier, que também é vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), o objetivo do setor é estar pronto para quando esse novo mercado de fato se concretizar. Para isso, o IAV desenvolve diversas ferramentas para que os produtores possam identificar os potenciais de suas propriedades.
Uma dessas ferramentas é a plataforma de créditos de carbono InovaCPR. Segundo Bier, essa plataforma utiliza imagens de diversos satélites e mapas, além do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que possibilita ao produtor fazer uma previsão de quanto carbono sua propriedade pode capturar, além de avaliar outros recursos naturais na propriedade.
“Essa plataforma é uma maneira de o produtor ter uma previsibilidade de quanto carbono ele captura e facilitar ele a fazer esses projetos de crédito de carbono”, destaca Luiz Bier. O presidente do IAV também destacou a criação de um “Fundo Verde”, que deverá compensar quem faz ações de descarbonização da economia.
Ainda de acordo com Bier, o cálculo da captura de carbono leva em consideração o todo o ecossistema da propriedade, como as reservas legais. Porém, há estudos que indicam que as culturas da soja e milho segunda safra também podem capturar carbono da atmosfera, em especial do carbono que fica na palhada do milho, que é retido no solo.
“A agricultura mato-grossense tem um lugar especial e ela não pode ficar fora da discussão quando se envolve o meio ambiente. Temos grande importância na parte de sustentabilidade e também na segurança alimentar. O produtor de Mato Grosso joga a favor do meio ambiente, pois somos os mais eficientes do mundo”, conclui Luiz Pedro Bier.
O IAV
O Instituto Ação Verde é uma “ONG do setor produtivo” com mais de 15 anos de fundação, que atua no fomento, implementação e certificação de ações ambientais e sociais do setor produtivo mato-grossense. A Aprosoja-MT, Federação das Indústrias de MT (Fiemt) e as Indústrias de Bioenergia de MT (Bioind-MT) são parceiros do Ação Verde.
A Conferência das Nações Unidades sobre as Mudanças do Clima (COP28), que acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, chega ao fim nesta terça-feira (12) com a inédita participação da agricultura no centro da agenda, com debates e fóruns de ampla participação sobre agricultura regenerativa, solos e água. É o que revelam os participantes da Embrapa que integram a missão oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária: a presidente Silvia Massruhá, a diretora de Negócios, Ana Euler, o chefe da Assessoria de Relações Internacionais (Arin), Marcelo Morandi, e os pesquisadores da Arin Gustavo Mozzer e Jane Simone Almeida.
No Pavilhão Brasil a Embrapa manteve vários contatos com organismos internacionais, ministérios, organizações não governamentais, além de participar de diversos painéis temáticos com foco na sustentabilidade ambiental.
A presidente Silvia destacou a importância de participar dos painéis, mas principalmente discutir projetos em parceria com os organismos internacionais, como o IICA e FAO, entre outras instituições, bem como participar de discussões com vários ministérios, como o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ministério da Ciéncia, Tecnologia e Inovação (MCTI) e secretarias estaduais de agricultura de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Silvia também participou de reunião com ministros da América do Sul mostrando o papel da Embrapa na produção de alimentos e da agropecuária sustentável.
“Estamos mostrando ao mundo o que o Brasil vem desenvolvendo, através da Embrapa, de tecnologias sustentáveis, para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas, a importância de gerar dados e informações para desenvolvermos os indicadores tropicalizados e métricas para medir a sustentabilidade da agricultura brasileira. Apresentamos várias experiências no bioma Amazônia como a fixação biológica do nitrogênio, o plantio direto e os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta”, explicou a presidente. “Também mostramos os resultados do consórcio de gramíneas e leguminosas na região Amazônica, que apontaram como resultados a conversão de 55 mil hectares e trouxe a redução de gases de efeito estufa de aproximadamente 36%. O que mostra a importância das práticas sustentáveis na agropecuária brasileira e a necessidade de se fazer um cálculo do ciclo de vida. A agricultura emite, mas tem condição de sequestrar carbono, por exemplo, no ILPF e muitas vezes gerar até um balanço positivo”, complementou.
Outro destaque foi a nova proposta do governo federal de recuperação de áreas degradadas, onde a Embrapa é participante ativa mapeando as áreas de pastagens e fazendo o cruzamento com o ZARC, para mostrar a aptidão de cada uma dessas áreas. “Muitas vezes podemos mudar de áreas de pastagens para agricultura ou sistema agroflorestal, sempre baseado na execução de políticas públicas voltadas para a recuperação de áreas degradadas”. Ao todo, destacou Sílvia, são 160 milhões de hectares de pastagens, sendo 40 milhões com aptidão agrícola.
Silvia destacou a importância da presença da Embrapa na reunião que engloba todos os ministros da Agricultura da América do Sul, Paraguai, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai e o Brasil. “Tivemos a oportunidade de mostrar o papel da pesquisa agropecuária para subsidiar as políticas públicas no Brasil e a Transferência de Tecnologia para outros países da América do Sul”, salientou.
A diretora de Negócios, Ana Euler, participou de painéis internacionais, bem como discutiu projetos no âmbito da biodiversidade e da bioeconomia, com várias áreas de interface, entre elas a atuação da Embrapa em territórios indígenas para promoção de segurança alimentar e conservação da agrobiodiversidade.
“Destaco aqui a importância da coalização entre pesquisa, inovação e transferência de tecnologia entre os estados membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), organização intergovernamental, formada por oito países amazônicos: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, que assinaram o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), tornando-se o único bloco socioambiental da América Latina”, explicou a gestora. Entre os compromissos institucionais, a diretora reuniu-se com o coordenador da Unidade de Projetos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Daniel Hincapie, coordenador da Unidade de Projetos do BID Amazônia.
Nessa mesma direção, Ana Euler reuniu-se com a ministra brasileira dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara para tratar da construção de projetos em parceria com as comunidades indígenas brasileiras visando o fortalecimento do empreendedorismo feminino e a ampliação da atuação em parceria com o respectivo ministério em temas considerados prioritários para a atual agenda da Embrapa: segurança alimentar e nutricional, conservação da agrobiodiversidade, agregação de valor às cadeias da sociobiodiversidade (foto à direita).
Outro tema que ganhou destaque na agenda foi a parceria da Embrapa e a organização não governamental internacional ITC (International Trade Centre). Junto com a representante do Ministério das Mulheres, Joci Aguiar, a diretora de Negócios discutiu o desenvolvimento de um projeto para ações de apoio à promoção de inovação em negócios e exportação voltado para pequenas empresas relacionadas às cadeias da bioeconomia na Amazônia.
Com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), os representantes da Embrapa realizaram importante reunião na qual firmaram o compromisso de desenvolverem parceria estratégica para gerar e monitorar dados em apoio ao inventário nacional de emissões do setor agropecuário do setor agropecuário. O tema tratado foi “Dados, Metodologia e Estruturação de Equipes”.
Representantes do MCTI e grupo da Embrapa durante o evento em Dubai (Foto: Divulgação)
No dia 6, a equipe da Embrapa participou de evento promovido pelo Governo do Estado do Pará, onde reuniu-se com o governador Helder Barbalho, parlamentares, representantes de organismos internacionais para discutir a COP 30, em Belém, e a participação da Embrapa. “Tratamos do planejamento da COP 30 em parceria com o Governo Federal, que será a primeira COP realizada no coração da floresta tropical.
Nos dias 9 e 10, Ana Euler participou de vários painéis promovidos pelo Ministério do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário, FAO, ITC e Instituto Sociedade, População e Natureza. A presidente Silvia e a diretora Ana também se reuniram com a vice-diretora da FAO mundial, Maria Helena Semedo.
Reuniões de alto nível e apoio a grupo de negociadores brasileiros
Marcelo Morandi, como membro convidado pelo Mapa para missão oficial, participou de diversas reuniões de alto nível. “As discussões ocorreram em diversas sessões desde o dia 29 de novembro, incluindo com a coordenação dos grupos negociadores (no caso do Brasil, o ABU e o G77+China), reuniões bilaterais entre as Partes e grupos e nas convocações para as reuniões de instrução e de negociação (Informal Consultations, Contact Group, Inf Inf Meetings). Foram obtidos avanços na construção dos diferentes elementos dos seis pontos de negociação, com a elaboração de um texto base, por parte do Brasil (Informal Note, sem status) para negociações.
São esses os seis pontos: (1) Criação de um ‘roadmap’ até a COP31 (2026), com foco em ações que promovam a implementação de projetos e políticas públicas para adaptação da agricultura às mudanças climáticas e garantia da segurança alimentar; (2) Estabelecimento das bases para elaboração de um relatório síntese anual (Synthesis Report) pelo Secretariado da UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Clima), relatando os avanços alcançados e os ‘gaps’ que devem ser solucionados para implementação das ações, incluindo financiamento; (3) Estabelecimento de um calendário de workshops anuais com temas relativos aos objetivos do SSH-JW (Sharm el-Sheikh), com foco na busca de mecanismos para superar os gaps relatados, assim como a discussão de novos temas e compartilhamento de experiências em implementação de ações climáticas para adaptação e resiliência da agricultura frente às mudanças climáticas; (4) Operacionalização de um Portal online para acompanhamento das ações, compartilhamento de experiências e negociação de financiamento para iniciativas nacionais das Partes (países membros) em implementação de ações climáticas para adaptação e resiliência da agricultura; (5) Elaboração das recomendações dos órgãos subsidiários para tomada de decisões na COP; (6) Definições relativas ao modelo de governança do SSH-JW.
Programa de conversão de pastagens degradadas
No sábado (9), em Dubai, o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Roberto Perosa, liderou importantes reuniões representando o Mapa. Em um encontro com Martien van Nieuwkoop, diretor global de Agricultura e Alimentos do Banco Mundial, foram discutidos detalhes do programa de conversão de pastagens degradadas. O secretário enfatizou a importância do recente decreto presidencial que estrutura o programa e estabelece um comitê gestor interministerial.
Durante a conversa, Nieuwkoop manifestou interesse em estabelecer uma linha de crédito em parceria com o Banco do Brasil para projetos de descarbonização, incluindo a conversão de pastagens e se prontificou a colaborar na criação de um mecanismo financeiro para atrair investidores privados.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobras vão investir R$ 42 milhões no apoio a projetos de restauração ecológica em áreas de, no mínimo, 200 hectares, sem precisar que sejam contínuas, para conservação dos biomas Cerrado e Pantanal, nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. O prazo de execução dos projetos é de até quatro anos.
De acordo com a Petrobras, as áreas podem estar localizadas em qualquer parte de dez corredores de biodiversidade dos dois biomas, em regiões como Bacia do rio Jauru, Chapada dos Guimarães, Emas-Taquari, Figueirão-Rio Negro-Jaraguari, Miranda-Bodoquena, Veadeiros-Pouso Alto-Kalungas, Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE DF) -Paranaíba-Abaeté, Serra da Canastra, Sertão Veredas-Peruaçu e Serra do Espinhaço.
Ao todo serão beneficiados até nove projetos a serem implementados em corredores de biodiversidade, que unem fragmentos florestais remanescentes de vegetação nativa. O objetivo é contribuir para o deslocamento de animais e a dispersão de espécies vegetais pela propagação de sementes. Também está prevista a originação de créditos de carbono, ampliando os benefícios dos projetos”, informou o BNDES.
A aplicação dos recursos está prevista no novo edital da iniciativa Floresta Viva, lançado, no sábado (9), durante a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. “A iniciativa Floresta Viva prevê a originação de créditos de carbono, ampliando os benefícios do projeto”, completou a Petrobras.
A seleção pública está restrita a projetos que devem ser propostos por instituições sem fins lucrativos, como associações civis, fundações privadas ou cooperativas. O envio das propostas deve ser feito até meados de março de 2024. Quem quiser pode consultar o edital no Portal de Chamadas do FUNBIO no link: Floresta Viva – Corredores de Biodiversidade.
Para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, com a participação no Floresta Viva, a empresa reforça o compromisso com a transição energética justa e o desenvolvimento de iniciativas socioambientais que contribuem para a conservação do meio ambiente e a redução de emissões de gases do efeito estufa.
“Recentemente selecionamos por meio do Floresta Viva 8 projetos que vão ter investimento de mais de R$ 47 milhões para ações de recuperação em manguezais. Agora, ampliamos nossa atuação para dois dos biomas mais ameaçados no Brasil, o Cerrado e o Pantanal, contribuindo para transformar nosso investimento em retorno socioambiental para o País, com benefícios para a segurança hídrica, a biodiversidade e o clima”, informou na nota da Petrobras.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o banco está apostando na restauração ecológica dos biomas brasileiros, por entender que é uma das formas mais eficientes e econômicas do Brasil responder à crise climática extrema, além de provocar impacto socioeconômico e resultar na conservação da biodiversidade.
“O Floresta Viva é um caso de sucesso, que já inspirou outras ações, como o recém lançado Arco de Restauração da Amazônia, uma iniciativa construída pelo BNDES, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), que destinará R$ 1 bilhão para a reconstrução da floresta”, disse, em nota do BNDES.
O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) está responsável pela gestão operacional e a condução do edital. A instituição é uma organização da sociedade civil de interesse público (oscip), criada com o objetivo de estimular ações estratégicas relacionadas à conservação e o uso sustentável da diversidade biológica no Brasil.
Na avaliação da secretária-geral do FUNBIO, Rosa Lemos de Sá, o trabalho do Floresta Viva na restauração ecológica em corredores de biodiversidade para conservação dos biomas Cerrado e Pantanal é fundamental para que o Brasil possa garantir a proteção da sua biodiversidade e, dessa forma, contribua para o equilíbrio climático.
“É parte da missão do FUNBIO trabalhar em rede para que os benefícios socioambientais da restauração ecológica impactem local, nacional e globalmente toda a população”, afirmou.
Cerrado e Pantanal
Segundo a Petrobras, um dos biomas com a maior biodiversidade do planeta, o Cerrado abriga 5% de todas as espécies no mundo e 30% das espécies do país, muitas delas endêmicas, que só existem nesse ambiente. Além disso, é também um dos biomas mais ameaçados pelo desmatamento. Cerca de 30% de toda a área desmatada no Brasil em 2022 foi em regiões de Cerrado.
“Reconhecido como o ‘berço das águas’, por abrigar as cabeceiras de alguns dos maiores rios brasileiros, o Cerrado tem uma relação próxima com o Pantanal, pois é onde nasce o Rio Paraguai, que abastece a planície inundada pantaneira. Assim como o Cerrado, o Pantanal também apresenta uma rica biodiversidade, com mais de 4.700 espécies catalogadas, e encontra-se ameaçado sobretudo pelo desmatamento e pelas queimadas”, completou a companhia.
Floresta Viva
A Floresta Viva é uma iniciativa desenvolvida pelo BNDES, que conta com 20 apoiadores, entre empresas privadas e governos.
O desafio de conciliar segurança alimentar, energética e climática foi o tema que abriu os debates do Dia do Agro na COP 28, no domingo (28) em Dubai, realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na programação do setor.
O vice-presidente de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira, foi o moderador do debate e abordou o papel chave do Brasil em garantir a segurança alimentar no mundo no futuro, em um cenário em que grande parte da população mundial nas próximas décadas viverá em países importadores de alimentos. Nesse contexto, ele ressaltou que o Brasil se tornará a maior agricultura do mundo em 2035.
Pereira lembrou o crescimento da atividade agropecuária brasileira graças à tecnologia adotada nas propriedades, em que a produção aumentou muito acima da abertura de novas áreas, especialmente nas últimas décadas, reforçando o compromisso do produtor rural com a sustentabilidade. “Não há como se discutir meio ambiente sem segurança alimentar”, destacou.
Pereira lembrou, também, que a área preservada no Brasil, contabilizando propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR), área militares, terras indígenas, terras da União, entre outras áreas, supera grande parte dos países da União Europeia juntos. O vice-presidente frisou, ainda, a contribuição social da agricultura brasileira, que tem contribuído para reduzir a inflação no mundo.
A produtora rural Ana Carolina Zimmermann, representante da Comissão Nacional de Novas Lideranças da CNA, falou sobre o posicionamento dos jovens da agropecuária brasileira para COP 28, abordando os desafios dos novos líderes para contribuir com soluções para as três crises: energética, climática e segurança alimentar. Neste contexto, ela defendeu maior inserção da juventude rural nas construção de políticas públicas.
Sobre esta questão, ela também falou que o documento procura informar e mostrar que produtores rurais são aliados na preservação ambiental e cumprem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, o Código Florestal. Ela também destacou que a sustentabilidade deve ser fundamentada igualmente em seus três pilares: social, ambiental e econômico.
“Precisamos cada vez mais de representatividade, diante da nossa capacidade de inovação e de dedicação ao campo, dentro de um compromisso com a sustentabilidade. Hoje vivemos o movimento inverso. Antes os jovens queriam ir para a cidade e agora nós estudamos para voltar ao campo e nosso esforço precisa ser reconhecido nos fóruns de discussão para mostrarmos o que fazemos de bom”.
Já o coordenador-geral de Mudanças Climáticas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura, Adriano Santhiago, afirmou que a agropecuária é parte da solução para as questões de mitigação e adaptação às alterações do clima, e falou sobre as tecnologias implantadas no campo e as políticas públicas voltadas para esta finalidade, como a agricultura de baixa emissão de carbono, por meio do programa ABC+.
Contudo, ele avaliou que as discussões não devem se limitar apenas à questão do aumento da temperatura do planeta. Em sua opinião, são necessárias ações de financiamento e apoio dos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento.
O diretor executivo da National Farmers Federation (NFF), Tony Maher, apresentou a realidade da Austrália e reconheceu que o setor agropecuário no país pode avançar mais na questão do combate às mudanças climáticas, a partir de políticas governamentais que incentivem o produtor a adotar boas práticas.
“A agricultura é um setor importante e precisamos criar parcerias para a questão da redução das emissões”.
Mercado de carbono
No segundo painel do dia, especialistas debateram o mercado de carbono. O embaixador Roberto Azevedo, presidente da Iniciativa Internacional para o Agronegócio Brasileiro, destacou que o mercado de carbono é uma realidade mundial e não Brasil não será diferente.
“O mercado vai acontecer. A questão é quando. Até porque será uma forma de harmonizar a relação entre os países e no esforço de descarbonização. Mas é um tema complexo que exige muita conversa, muita base científica e estamos aqui conversando com peritos para dar uma direção certa para o produtor”.
Azevedo também destacou o papel do Brasil como um grande gerador de crédito, com métodos produtivos avançados. “Tudo que fizermos aqui pode gerar uma ideia, um conceito, uma inovação que pode ser aproveitada globalmente”.
O professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), reconheceu que há muitos desafios para o crédito de carbono, mas afirmou que também há muitas oportunidades diante das particularidades do Brasil.
“Seria uma valorização da atividade agropecuária, que produz alimentos, fibras e energia que são parte da solução quando se trata de aquecimento global, e não o problema. Aqui podemos ousar outras formas de energia que não sejam fósseis”.
A vice-presidente de sustentabilidade e relações institucionais da Syngenta, Grazielle Parenti, disse que outras questões devem acompanhar a implantação do mercado de carbono, como a regularização fundiária. Neste contexto, ela falou do conceito ESG (Ambiental, Social e Governança) como ferramenta para esse processo.
“O G precisa funcionar para fazer o E e o S acontecerem, para os créditos de carbono deem os retornos esperados para o produtor”.
O coordenador do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Daniel Vargas, disse que o desafio prioritário é valorizar o potencial verde do Brasil e que a implantação de um mercado regulado de carbono no Brasil precisa levar em conta as virtudes do país e não implantar mecanismos fora da realidade brasileira.
“Deve-se olhar para o agro como prioridade e como um setor estratégico que gera serviços ambientais para acelerar esse processo. Temos um estoque verde dentro e fora da propriedade e não podemos perder competitividade”.
Eduardo Bastos, diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), destacou que, assim como o Brasil tem potencial para produção de alimentos, poderá ter também um dos países com mais potencial de geração de crédito de carbono e atração de financiamentos para esta finalidade.
Mato Grosso e China seguem unidos em uma única pauta: garantir a continuidade do fornecimento de carne, mas uma “Carne Verde” que conserve a biodiversidade e seja de baixas emissões de gases do efeito estufa. Estas e outras ações do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) foram apresentadas pelo presidente Caio Penido na 28ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes.
De acordo com o presidente, “considerando a totalidade da carne bovina produzida no estado de Mato Grosso, aproximadamente 50% da produção é destinada ao mercado interno e 50% é exportada. De tudo que se exporta, 55,6% é enviado para a China e 3,7% vão para a União Europeia”.
Penido participou, na terça-feira (05.12) pela manhã, do painel sobre Agricultura Sustentável e Cadeia de Fornecimento Verde e pela tarde palestrou no Pavilhão da China, mostrando ser possível romper a bolha e dialogar com outros países na COP. No debate, o presidente do Imac falou da sustentabilidade da pecuária mato-grossense e sobre os dois principais eixos de atuação do instituto: conformidade legal monitorada e potencial de melhora no balanço de carbono, gerando desenvolvimento econômico.
O painel contou com a participação de representantes do Consórcio dos Estados da Amazônia Legal Brasileira e de representantes da ONG chinesa parceira do IMAC, a GEI (Global Environmental Institute).
“O Brasil, a China e a União Europeia estão alinhados na preocupação com a situação climática global. No nosso eixo que trata de conformidade ambiental tratamos de inclusão, monitoramento e rastreabilidade. Tanto a China, quanto a União Europeia querem uma carne bovina sustentável, com a diferença de que a China é uma grande compradora da nossa carne e também se preocupa com a segurança alimentar de seus habitantes, temos interesses em comum. Já a Europa é nossa concorrente, importa cada vez menos nossa carne e coloca sempre, mas restrições, parecendo estar mais preocupada em proteger seus produtores pouco competitivos a aumentar as importações do Brasil”, destacou Penido.
Também no eixo “Desenvolvimento Econômico”, existe grande interesse dos chineses nas ações do IMAC, que desenvolveu um observatório para promover a intensificação dos aproximadamente 14 milhões de hectares com algum estágio de degradação no estado.
“Podemos produzir mais carne, atendendo ao anseio de segurança alimentar mundial, fixando carbono no solo e reduzindo a idade de abate do nosso gado, melhorando assim o balanço de carbono por arroba produzida em MT”, garantiu Penido.
Imac na Cop 28
O Imac está na COP 28 para mostrar que a carne de Mato Grosso tem qualidade e é sustentável. No domingo (10.12), o instituto também fará parte das discussões “Para além das Florestas: sistemas alimentares e agricultura na Amazônia e as soluções climáticas baseadas na natureza”.
Além disso, Caio Penido também participará das agendas do governador Mauro Mendes como “Contribuição da Agropecuária nas questões climáticas”, “Construindo o amanhã sustentável: Agenda 2030”, Restauração Florestal e Pagamento por Serviços Ambientais na Agenda de Carbono, Biocombustíveis na agenda de sustentabilidade, dentre outros.
O presidente do Instituto Ação Verde (IAV), Luiz Pedro Bier, participa nesta quarta-feira (06) da Conferência das Partes, a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Bier, que também é vice-presidente Leste da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), defenderá a agropecuária brasileira no evento.
“O setor produtivo brasileiro é alvo frequente de ataques. Somos, muitas vezes, atacados com inverdades e temos que ocupar esses espaços para mostrar que a agricultura brasileira é sustentável, mostrar as atitudes que o agricultor faz, que não tem igual”, pontua Bier, que também é vice-presidente eleito da Aprosoja-MT.
Diversos projetos serão apresentados ao público da COP, mostrando as ações dos agricultores brasileiros em prol da sustentabilidade e diversidade, além da captura de carbono feita pela agricultura, que contribui para a descarbonização do planeta. Por lá, Luiz Bier também vai buscar parceiros dispostos a pagarem pelos serviços ambientais brasileiros.
“Esse é um tema muito importante e a gente acredita que quem preserva, quem tira carbono do meio ambiente deve ser remunerado por isso. O intuito é encontrar parceiros para que a preservação ambiental, a descarbonização seja remunerada financeiramente, que o mundo pague o serviço ambiental que o produtor brasileiro presta”, reforça.
De acordo com Bier, dentre os projetos que serão apresentados estão o MAPADOCAR, Guardião das Águas, Soja Legal, Inova CPR e a plataforma PNBSAE.
Essa é a primeira vez que um representante do setor da produção de soja e milho de Mato Grosso participa da Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas (ONU), levando o trabalho feito pelo produtor “da porteira para dentro” em prol da sustentabilidade.
De acordo com o presidente eleito da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, a entidade continuará levando de forma ainda mais intensa as informações da sustentabilidade do agro para o mundo.
“Essa pegada de sustentabilidade, de meio ambiente, é um foco que a gente tem que ter hoje, até por conta dos mercados internacionais, precisamos fazer uma maior divulgação. Ou seja, a gente pretende expandir, não só aqui no Brasil, mas mundialmente, a divulgação das boas práticas feitas pelos produtores do Mato Grosso”, disse Lucas Costa Beber.
Projetos que serão apresentados:
MAPADOCAR: É um projeto para solucionar a questão de sobreposição de áreas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), principal motivo para devolução do cadastro. O MAPADOCAR tem uma ampla base de dados, como imagens de Satélites, Bases Mundiais e Federais, Cartas Topográficas, Bases Estaduais, Base Geográfica 1:25.000 da FBDS, Mapa dos Biomas, Mapa Político Administrativo e Rodoviário, dentre outras.
Inova CPR: É uma ferramenta que busca incluir o produtor rural no mercado de crédito de carbono, além de ajuda-lo a identificar as potencialidades dos ativos ambientais em suas propriedades. Ademais, também busca conectar parceiros para financiar os projetos de crédito de carbono.
PNBSAE: A Plataforma de Negócios em Bens e Serviços Ambientais e Ecossistêmicos de Mato Grosso é uma ferramenta que facilita o acesso das empresas aos projetos desenvolvidos para mitigação de mudanças climáticas, fornecendo um serviço que garante transparência, confiabilidade, rastreabilidade e credibilidade para os créditos de carbono transacionados.
Soja Legal: É um programa de melhoria contínua da Aprosoja-MT, que busca orientar o produtor por meio de um diagnóstico de sua propriedade, com a aplicação de um questionário com mais de 200 perguntas sobre o Código Florestal, direitos trabalhistas, previdência, segurança, saúde, uso da terra e água, fontes de energias, saneamento, boas práticas agrícolas, edificações rurais, regularização agrícola, dentre outros temas. O programa está presente em mais de 3,2 milhões de hectares, em 1,6 mil propriedades, com capacidade de produzir 11,6 milhões de toneladas da oleaginosa.
Guardião das Águas: É um projeto que faz levantamento e cataloga nascentes dentro das propriedades que produzem soja e milho em Mato Grosso. O projeto iniciou em 2017, no município de Tapurah, identificando mais de 800 nascentes e hoje está presente em 57 municípios do estado e tem mais de 105 mil nascentes identificadas e catalogadas. Desse total, mais de 95% das nascentes estão em bom estado de conservação.
O Instituto Ação Verde
O Instituto Ação Verde é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), atuando no fomento, implementação e certificação de ações ambientais e sociais do setor produtivo mato-grossense. A Aprosoja-MT, Federação das Indústrias de MT (Fiemt) e as Indústrias de Bioenergia de MT (Bioind-MT) são parceiros do Ação Verde.
O presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Caio Penido, faz parte da comitiva liderada pelo governador Mauro Mendes para participar da 28ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes, e vai promover a produção sustentável da carne bovina de Mato Grosso. O evento será de 30 de novembro a 12 de dezembro.
O Imac vai participar do painel no dia 5 de dezembro, que vai discutir a rastreabilidade da cadeia da pecuária. O objetivo é mostrar ao mundo, que com rebanho de 34,4 milhões de cabeças, com uma pecuária é uma indústria de larga escala, que exportou 424 mil toneladas de carne bovina somente no ano de 2022, é possível associar a preservação do meio ambiente.
Conforme os dados do Centro de Dados Econômicos de Mato Grosso (DataHub MT), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), atualmente, o Estado produz 3,5% de alimentos consumidos pela população mundial – entre grãos e carne bovina exportada, isso significa, que Mato Grosso alimenta 275 milhões de pessoas. Aliado a isso, 62% do território estadual é conservado.
“Temos uma pecuária e agricultura de larga escala, que alimenta o mundo, um código florestal rígido e seguido pelos produtores rurais. Nós conseguimos produzir carne de qualidade, com baixo carbono e conservando a biodiversidade”, disse o presidente do Imac.
Também no dia 5 de dezembro, o Imac participará do painel sobre Agricultura Sustentável e Cadeia de Fornecimento Verde. No domingo (10.12), o instituto também fará parte das discussões “Para além das Florestas: sistemas alimentares e agricultura na Amazônia e as soluções climáticas baseadas na natureza”.
Além disso, Caio Penido também participará das agendas do governador Mauro Mendes como “Contribuição da Agropecuária nas questões climáticas”, “Construindo o amanhã sustentável: Agenda 2030”, Restauração Florestal e Pagamento por Serviços Ambientais na Agenda de Carbono, Biocombustíveis na agenda de sustentabilidade, dentre outros.