Tag: Commodities

  • Mato Grosso fortalece parcerias comerciais em eventos na China e Índia

    Mato Grosso fortalece parcerias comerciais em eventos na China e Índia

    A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) representou o Governo de Mato Grosso em dois eventos internacionais, na China e na Índia, para apresentar as potencialidades do estado e promover parcerias comerciais.

    A assessora internacional da Sedec, Ariana Guedes de Oliveira, participou do Fórum Internacional sobre o Desenvolvimento de Zonas de Livre Comércio 2024, em Sanya, na China, e da Conferência e Expo Mundial de Grãos 2024, em Nova Déli, na Índia.

    Participação de Mato Grosso em evento na China

    O evento na China contou com 400 participantes, entre autoridades, especialistas e empresários, para discutir inovação em Zonas de Livre Comércio e cooperação econômica global. Durante o painel “Criando um sistema de cooperação aberto para benefícios mútuos e desenvolvimento em que todos saem ganhando”, Ariana destacou a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres e os esforços para fortalecer parcerias estratégicas com a China.

    O evento na China reuniu cerca de 400 participantes para discutir a inovação em Zonas de Livre Comércio e oportunidades de cooperação econômica global

    “Este evento é mais uma oportunidade para apresentar as potencialidades do nosso Estado e reforçar a posição estratégica de Mato Grosso no cenário internacional”, afirmou Ariana.

    Conferência global na Índia

    Em Nova Déli, Ariana destacou a importância do mercado indiano para Mato Grosso. Ela lembrou a missão oficial liderada pelo governador Mauro Mendes em 2023, que abriu caminho para oportunidades de exportação de commodities como soja, milho e gergelim, além de tecnologias e insumos.

    “A Índia é um mercado de inúmeras oportunidades. Esperamos construir parcerias sólidas que tragam delegações indianas ao Mato Grosso futuramente”, afirmou a assessora.

    Durante o evento, foram abordadas questões como o crescimento da indústria de etanol de milho na Índia e a possível abertura do mercado para importações de milho transgênico, criando uma nova oportunidade para os produtores de Mato Grosso.

    A conferência na Índia abordou o futuro das exportações e sinergias comerciais entre Mato Grosso e a Índia

    A conferência também tratou do crescimento do mercado de óleos vegetais para biodiesel e as possibilidades de importação de soja transgênica, fortalecendo as relações comerciais com o Mato Grosso.

    Fonte: Secom Mato Grosso

  • Desvalorização de commodities faz superávit comercial cair em outubro

    Desvalorização de commodities faz superávit comercial cair em outubro

    A desvalorização de diversas commodities (bens primários com cotação internacional) e o aumento das importações decorrentes da recuperação da economia fizeram o superávit da balança comercial (exportações menos importações) despencar em outubro. No mês passado, o país exportou US$ 4,343 bilhões a mais do que importou, queda de 52,7% em relação ao mesmo mês de 2023 e o pior resultado para outubro desde 2017 (superávit de US$ 4,095 bilhões).

    Com o resultado de outubro, o superávit comercial nos dez primeiros meses do ano atinge US$ 63,022 bilhões. O montante é 22% inferior ao do mesmo período de 2023, mas é o segundo melhor para o período na série histórica, que mede as estatísticas do comércio externo desde 1989.

    Em relação ao resultado mensal, as exportações caíram, enquanto as importações dispararam, impulsionadas por gás natural e bens de capital (bens usados na produção). Em outubro, o Brasil vendeu US$ 29,461 bilhões para o exterior, recuo de 0,7% em relação ao mesmo mês de 2023. As compras do exterior somaram US$ 20,501 bilhões, alta de 22,5%.

    Do lado das exportações, a queda no preço internacional da soja, do milho, do ferro, do aço e do açúcar foram os principais fatores que provocaram a queda no valor vendido. As vendas de alguns produtos, como café, celulose e carne bovina, subiram no mês passado, compensando a diminuição de preço dos demais produtos.

    Do lado das importações, as aquisições de medicamentos, motores, máquinas, adubos e fertilizantes químicos subiram. A maior alta, no entanto, foi relacionada ao gás natural, cujo valor comprado aumentou 306,6% em outubro na comparação com outubro do ano passado. O Brasil importou 187,3% a mais em volume do combustível, com preço 41,5% mais alto na mesma comparação.

    No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu 6,6%, puxado pelo café, pela carne bovina e pela celulose, enquanto os preços caíram 6,7% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada subiu 34,2%, mas os preços médios recuaram 8,5%, indicando o aumento das compras externas decorrentes da recuperação da economia.

    Setores

    No setor agropecuário, a queda no preço pesou mais na redução das exportações. O volume de mercadorias embarcadas caiu 5,3% em outubro na comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto o preço médio caiu 7%.

    A indústria de transformação foi a exceção, com a quantidade exportada subindo 9,2%, com o preço médio avançando 0,8%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 10,3%, enquanto os preços médios recuaram 22,2%.

    Estimativa

    Em outubro, o governo tinha revisado para baixo a projeção de superávit comercial para 2024. A estimativa caiu US$ 79,2 bilhões para US$ 70 bilhões, queda de 28,9% em relação a 2023. Na previsão anterior, de julho, a queda estava estimada em 19,9%. Essa foi a última projeção do ano.

    Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as exportações devem cair 1,2% em 2024 na comparação com 2023, encerrando o ano em US$ 335,7 bilhões. As importações subirão 10,2% e fecharão o ano em US$ 264,3 bilhões. As compras do exterior deverão subir por causa da recuperação da economia, que aumenta o consumo.

    As previsões estão mais pessimistas que as do mercado financeiro. O Boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 77,78 bilhões neste ano.

  • Mato Grosso: Desafios e oportunidades no agronegócio brasileiro

    Mato Grosso: Desafios e oportunidades no agronegócio brasileiro

    Mato Grosso, o celeiro do Brasil, viu sua produção agrícola crescer em 2023, mas enfrentou desafios com a queda nos preços das commodities. Apesar do estado ter registrado um aumento significativo na produção de grãos, o valor total da produção agrícola nacional sofreu uma retração.

    A combinação de uma oferta abundante e a valorização do real frente ao dólar pressionou os preços pagos aos produtores, impactando diretamente a renda do setor.

    Mesmo assim, municípios mato-grossenses como Sorriso, Sapezal, Diamantino, Nova Ubiratã, Campo Novo do Parecis e Nova Mutum se destacaram no ranking nacional, demonstrando a força do agronegócio no estado.

    Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam a complexidade do setor. Segundo Winicius Wagner, supervisor da pesquisa, o excesso de oferta de produtos, a correção dos preços das commodities no mercado internacional e o fortalecimento do real frente ao dólar pressionaram os valores pagos aos produtores, impactando diretamente o valor total da produção.

  • Índice de Commodities do Brasil registra crescimento em 2024, impulsionado pela agropecuária

    Índice de Commodities do Brasil registra crescimento em 2024, impulsionado pela agropecuária

    O Índice de Commodities do Brasil (IC-Br) registrou um aumento significativo entre 2023 e 2024, impulsionado principalmente pelo setor agropecuário. Esse índice, que mede a média mensal dos preços das commodities exportadas pelo país, é composto por três subíndices: agropecuária, metais e energia. No período de agosto de 2023 a agosto de 2024, o índice geral teve uma alta de 12,69%, enquanto o subíndice da agropecuária subiu 10,93%, refletindo a importância deste setor na economia nacional.

    A alta nos preços das commodities agropecuárias foi atribuída a dois fatores internos principais. Primeiro, o aumento da taxa de câmbio influenciou diretamente as cotações de preços no mercado internacional, tornando as exportações brasileiras mais competitivas. Além disso, a oferta reduzida de milho e soja, duas das principais commodities do país, também contribuiu para a elevação dos preços. Essa diminuição na oferta foi causada por questões climáticas adversas que afetaram a safra de 2023, resultando em maior demanda e consequente aumento nos preços.

    Apesar da tendência de alta observada durante o ano, o cenário começou a mudar em agosto de 2024, quando o índice composto apresentou sinais de recuo. Essa inversão indica que, após um período de valorização acentuada, os preços das commodities podem estar se estabilizando, refletindo um possível ajuste nas condições de oferta e demanda. Mesmo assim, o crescimento do IC-Br ao longo do último ano reafirma o peso da agropecuária nas exportações brasileiras e sua sensibilidade a fatores econômicos e climáticos.

  • Dólar sobe para R$ 5,28 e Ibovespa cai pela quinta vez seguida

    Dólar sobe para R$ 5,28 e Ibovespa cai pela quinta vez seguida

    Em um dia de turbulências no mercado, o dólar comercial fechou em alta de 0,96%, a R$ 5,285, o maior nível em quase um ano e meio. A cotação subiu impulsionada pela queda das commodities no mercado internacional, principalmente petróleo, ferro e soja.

    No mercado de ações, o Ibovespa fechou em queda de 0,17%, a 121.802 pontos, o menor nível desde novembro do ano passado. A queda foi puxada pelas ações de petroleiras e mineradoras, as mais negociadas na bolsa.

    Apesar da divulgação de um crescimento de 0,8% do PIB no primeiro trimestre, o mercado se mostrou apreensivo com as incertezas em torno do projeto de compensação da desoneração da folha de pagamento. A medida, que limita o uso de compensações do PIS/Cofins, é vista como crucial para o ajuste fiscal do governo, mas enfrenta resistência no Congresso.

    Com a quinta queda consecutiva, o Ibovespa acumula perdas de 1,6% na semana. Já o dólar acumula alta de 2,2% no mesmo período.

    As perspectivas para o mercado no curto prazo são incertas. A queda das commodities e as incertezas políticas podem continuar pressionando o dólar e o Ibovespa.

    Investidores devem acompanhar de perto os desdobramentos do debate sobre a desoneração da folha de pagamento, bem como as negociações entre o governo e o Congresso.

    — news —

  • Balança comercial tem superávit de US$ 6,527 bilhões em janeiro

    Balança comercial tem superávit de US$ 6,527 bilhões em janeiro

    Beneficiada pela queda nas importações de combustíveis, compostos químicos e pela safra recorde de soja e de café, a balança comercial – diferença entre exportações e importações – fechou janeiro com superávit de US$ 6,527 bilhões, divulgou nesta quarta-feira (7) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado é o melhor para meses de janeiro, e representa alta de 185,6% em relação ao mesmo mês do ano passado.

    Em relação ao resultado mensal, as exportações subiram, enquanto as importações ficaram estáveis em janeiro. No mês passado, o Brasil vendeu US$ 27,016 bilhões para o exterior, alta de 18,5% em relação ao mesmo mês de 2023. Esse é o maior valor exportado para meses de janeiro desde o início da série histórica. As compras do exterior somaram US$ 20,49 bilhões, recuo de apenas 0,1%.

    Do lado das exportações, a safra recorde de grãos e a recuperação do preço do açúcar e do minério de ferro compensaram a queda internacional no preço de algumas commodities – bens primários com cotação internacional. Do lado das importações, o recuo nas compras de petróleo, de derivados e de compostos químicos foi o principal responsável pela retração.

    Após baterem recorde em 2022, depois do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, as commodities recuam desde a metade de 2023. A principal exceção é o minério de ferro, cuja cotação vem reagindo por causa dos estímulos econômicos da China, a principal compradora do produto.

    No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu 22,1%, enquanto os preços caíram 3,1% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada subiu 13%, mas os preços médios recuaram 12,6%.

    Setores

    No setor agropecuário, a safra recorde de grãos pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas subiu 42,3% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto o preço médio caiu 13,9%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 6,9%, com o preço médio recuando 2,3%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 44,3%, enquanto os preços médios aumentaram 6,1%.

    Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram soja (191,1%), algodão bruto (106,5%) e café não torrado (17,9%). Em valores absolutos, o destaque positivo é a soja, cujas exportações subiram US$ 956,4 milhões em relação a janeiro do ano passado. A safra recorde fez o volume de embarques de soja aumentar 240%, mesmo com o preço médio tendo caído 14,4%.

    Na indústria extrativa, as principais altas foram registradas em minério de ferro (56,9%), minérios de cobre (100,9%) e óleos brutos de petróleo (53,4%). No caso do ferro, a quantidade exportada aumentou 20%, e o preço médio subiu 30,8%.

    Em relação aos óleos brutos de petróleo, também classificados dentro da indústria extrativa, as exportações subiram 53,4%. Os preços médios recuaram 5,2% em relação a janeiro do ano passado, enquanto a quantidade embarcada aumentou 61,8%.

    Na indústria de transformação, as maiores altas ocorreram em açúcares e melaços (88,5%), farelos de soja e outros alimentos para animais (30,7%) e óleos combustíveis de petróleo (20,6%). A crise econômica na Argentina, principal destino das manufaturas brasileiras, também influenciou no crescimento das exportações dessa categoria. As vendas para o país vizinho caíram 25,4% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado.

    Em relação às importações, os principais recuos foram registrados na cevada não moída (55,6%), milho não moído, exceto milho doce (35,3%) e cacau bruto ou torrado (47,1%), na agropecuária; minérios de cobre (100%), carvão não aglomerado (13,4%) e óleos brutos de petróleo (41,8%), na indústria extrativa; compostos organo-inorgânicos (32,5%), medicamentos e produtos farmacêuticos (16,3%) e adubos ou fertilizantes químicos (27,5%), na indústria de transformação.

    Em relação aos fertilizantes, cujas compras do exterior ainda são impactadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços médios caíram 37%, mas a quantidade importada subiu 15,1%.

    Estimativa

    Apesar da desvalorização das commodities, o governo projeta superávit de US$ 94,4 bilhões este ano, com queda de 4,5% em relação a 2023. A próxima projeção será divulgada em abril.

    Segundo o MDIC, as exportações subirão 2,5% em 2024, encerrando o ano em US$ 348,2 bilhões. As importações avançarão 5,4% e fecharão o ano em US$ 253,8 bilhões. As compras do exterior deverão subir por causa da recuperação da economia, que aumenta o consumo, num cenário de preços internacionais menos voláteis do que no início do conflito entre Rússia e Ucrânia.

    As previsões estão um pouco mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 76,9 bilhões neste ano.

  • Dólar cai para R$ 4,87 após anúncios de estímulos econômicos na China

    Dólar cai para R$ 4,87 após anúncios de estímulos econômicos na China

    Beneficiado pelo anúncio de medidas de estímulo econômico na China, o mercado financeiro teve um dia de ganhos. O dólar fechou abaixo de R$ 4,90 pela primeira vez em setembro. A bolsa de valores superou os 119 mil pontos e atingiu o maior nível desde o início de agosto.

    O dólar comercial encerrou esta quinta-feira (14) vendido a R$ 4,873, com recuo de R$ 0,036 (-0,91%). A cotação chegou a abrir estável, mas passou a despencar ainda na primeira hora de negociação. Na mínima do dia, por volta das 13h, a moeda chegou a ser vendida a R$ 4,86.

    A divisa está no menor nível desde 30 de agosto, quando tinha fechado em R$ 4,869. Com o desempenho desta quinta, o dólar praticamente zerou a alta no mês, acumulando valorização de apenas 0,08% em setembro. Em 2023, a divisa cai 7,71%.

    No mercado de ações, o dia também foi marcado pela euforia. O índice Ibovespa, da B3, emendou a quarta alta seguida e fechou aos 119.392 pontos, com avanço de 1,93%. A bolsa brasileira foi beneficiada por ações de petroleiras e mineradoras, que subiram após o governo chinês, grande comprador de commodities (bens primários com cotação internacional), anunciar novas medidas de estímulo. O indicador está no maior nível desde 4 de agosto.

    Em desaceleração há vários meses, a economia chinesa tem enfrentado ameaças de crise no mercado imobiliário, o que tem trazido turbulência para o mercado financeiro de países emergentes, como o Brasil. No entanto, a tensão foi contida nos últimos dias, com medidas para impulsionar o consumo e reduzir os juros de hipotecas na segunda maior economia do planeta. Os juros altos no Brasil também continuam atraindo capitais estrangeiros.

    A Agência Brasil está divulgando matérias sobre o fechamento do mercado financeiro apenas em ocasiões extraordinárias. A cotação do dólar e o nível da bolsa de valores não são mais informados todos os dias.

    *Com informações da Reuters

    Edição: Nádia Franco
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  • Setor produtivo espera crescimento maior do PIB em 2023

    Setor produtivo espera crescimento maior do PIB em 2023

    O comportamento da economia brasileira, que cresceu 0,9% no segundo trimestre desteano na comparação com os três meses anteriores, era esperado por analistas do setor produtivo ouvidos pela Agência Brasil, que mantêm uma visão de otimismo para os próximos meses.

    O Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país,apresentou alta de 3,7% no primeiro semestre, informou hoje (1°) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Serviços

    O economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), atribui três pontos principais ao crescimento de 0,6% do setor de serviços no trimestre. A influência do setor é grande porque responde por 70% da dinâmica econômica brasileira.

    O primeiro ponto é o fato de não ser tão impactado pelo aperto monetário – alto nível da taxa de juros – diferentemente da indústria e do comércio de consumos duráveis, como automóveis.

    O segundo é um reflexo pós-pandemia:“houve uma demanda reprimida no setor de serviços durante a pandemia, um setor que sofreu muito, principalmente no turismo. Ao que tudo indica, essa demanda reprimida ainda não se esgotou, então tem havido um aumento de atividade acima dos demais setores”, avalia.

    A valorização do real ante o dólar é o terceiro fator citado pelo economista porque “faz com que a indústria tenha mais dificuldade em competir com produtos estrangeiros, que ficam relativamente mais barato. Isso vale para o comércio também”.

    No primeiro semestre, a moeda americana recuou 9,4% em relação ao real. O analista da CNC pontua que o setor de serviços não sofre com a desvalorização. “Pelo contrário, a queda do dólar contribui para que a inflação seja menor, o setor de serviços depende muito do nível geral de preços”, detalha.

    Fabio Bentes espera que, se a inflação seguir controlada, mesmo que um pouco mais alta, e haja novos cortes na taxa de juros por parte do Banco Central, os serviços e o consumo no comércio tendem a ter um aquecimento maior no segundo semestre de 2023, se mantendo como locomotiva do PIB.

    Indústria otimista

    Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a maior entidade de classe da indústria brasileira, que representa 130 mil indústrias, o resultado do PIB do segundo trimestre veio acima do esperado.

    “A Fiesp estava com uma projeção de 0,8%. O que surpreendeu mesmo foi o agro. O mercado esperava uma queda de 3,4%, mas veio só de 0,9%. No todo foi positivo”, aponta o economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, que deve rever a expectativa de crescimento da economia ao fim de 2023.

    “A gente projetava 2,6% de crescimento, que já era acima do consenso do mercado, que estava entre 2,1% e 2,3%. Já era otimista,mas, na verdade, não se tratava de otimismo, se tratava de dados. Se não tiver nenhuma surpresa negativa, devemos ter um crescimento de 3% em 2023.”

    Agropecuária

    Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a queda de 0,9% do setor agropecuário era esperada por causa do fator sazonalidade, ou seja, o comportamento cíclico das safras. Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da CNA, explica que o desempenho do agro funciona em uma espécie de gráfico em V: tem um bom primeiro semestre, quedas de desempenho nos segundo e terceiro trimestres, e volta a subir no fim do ano.

    “A gente sugere que a análise seja feita comparando com o mesmo trimestre do ano anterior, porque daí essa questão da sazonalidade é reduzida, então a gente vê um crescimento de 17%”, explica. “Outra análise que a gente gosta é o acumulado dos últimos quatro trimestres, quando o agro cresceu 11,2%”, completa.

    Segundo Conchon, o ano tem sido coroado por boas safras de culturas que têm grande produção em volume, como a soja, o milho, algodão e atividades da pecuária. Desempenho que são resultado de estímulos do ano passado, que têm trazidos bons frutos para a safra corrente.

    “Estímulos promovidos pelos altos preços das commodities no mercado internacional e aqui no Brasil também”.

    Preocupação

    O patamar de preços das commodities (produtos primários negociados no mercado internacional) que animou os produtores no plantio da atual safra pode ter um impacto negativo para a próxima safra, uma vez que os valores têm apresentado quedas.

    “Com menos renda, o produtor investe em um pacote tecnológico mais barato e, com isso, a produtividade cai”, explica Conchon.

    Como exemplo da quede de preços, o analista da CNA cita o valor de negociação da saca de soja nos últimos doze meses, que recuou 16,6% em dólar. No caso da arroba do boi, a queda foi 32,1% em dólar.

    A importância de analisar o comportamento dos valores em dólares se dá pelo fato degrande parte da produção ser negociada no mercado internacional, ou seja, vendida para outros países.

    Outra preocupação que pode afetar a colheita do fim deste ano e do começo de 2024 é algo que foge totalmente do controle dos produtores: o El Niño, aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico.

    “A nossa preocupação é que o El Niño prejudique o início do plantio da safra 23/24, ou seja, na colheita do trigo, agora no final do ano, e principalmente no início do plantio a partir de setembro”, finaliza.

    Edição: Denise Griesinger

  • Dólar fecha em R$ 5,20, em dia de visita de Lula à Argentina

    Dólar fecha em R$ 5,20, em dia de visita de Lula à Argentina

    Mercado financeiro teve um dia relativamente estável. O dólar comercial encerrou esta segunda-feira (23) vendido a R$ 5,20, com recuo de 0,15%. A cotação chegou a R$ 5,22 por volta das 11h30, caiu para R$ 5,16 por volta das 13h, mas acelerou durante a tarde, até fechar estável. Com o desempenho de hoje, a moeda norte-americana acumula queda de 1,52% em 2023.

    O mercado financeiro atuou com base na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Argentina, em meio a ruídos sobre a criação de uma moeda única.

    O governo brasileiro desmentiu a ideia e informou que o que está em discussão é a criação de um grupo de trabalho para analisar a viabilidade de uma moeda comum digital, que serviria apenas para transações comerciais.

  • Guerra na Ucrânia afeta preços de commodities agrícolas, segundo Ipea

    Guerra na Ucrânia afeta preços de commodities agrícolas, segundo Ipea

    A guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe incertezas e oscilações significativas nos preços internacionais das principais commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior) agropecuárias, aponta nota elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP).

    A nota destaca que a Rússia é, atualmente, a maior produtora mundial de petróleo e gás e que, nas últimas safras, se tornou a maior exportadora de trigo do mundo e importante fornecedora de alimentos para a Europa e Ásia. Na outra ponta, a Ucrânia é uma das principais fornecedoras de milho e óleo de girassol. Os dois países têm peso relevante no mercado internacional de insumos agrícolas. Com o conflito bilateral, grãos e oleaginosas em geral, influenciados pelo trigo e pelo óleo de soja, tiveram altas e atingiram patamares acima dos verificados antes da guerra. “Esse choque negativo de oferta somou-se à elevação dos custos de produção, devido às altas dos insumos exportados pelos países em guerra”, analisa a publicação.

    Os pesquisadores avaliam que as sanções econômicas impostas por diversos países ao mercado russo e algumas quedas na produção em decorrência dos efeitos climáticos, que afetaram as safras de grãos na América do Sul, em especial no Brasil, Argentina e Paraguai, podem fazer com que o mercado mundial de commodities agropecuárias experimente novas altas, nos próximos meses, com reflexos nos preços domésticos.

    Trigo e milho

    A pesquisadora associada do Ipea, Ana Cecília Kreter, uma das coordenadoras da publicação, indicou que as commodities extraídas da natureza que precisam ser cultivadas e não mineradas, como açúcar, café e até mesmo a carne bovina, interromperam a sequência de alta e apresentaram queda “devido às consequências da guerra sobre a expectativa de crescimento econômico mundial e à sua menor essencialidade em um cenário de conflitos”. Observou, entretanto, que como a Rússia e a Ucrânia não têm peso relevante nos mercados dessas commodities, os preços voltaram aos patamares pré-conflito.

    O documento aponta que o trigo foi o cereal mais afetado pela guerra no Leste Europeu, porque a Rússia representou 19,3% das exportações mundiais na safra 2020-2021, constituindo o segundo maior produtor mundial, depois da China, cuja produção está direcionada ao atendimento do mercado doméstico. A Ucrânia também está entre os principais exportadores desse grão, com participações que variam de 8% a 10% das exportações mundiais. A queda na oferta dos dois países vem impactando os preços internacionais e, em especial, o setor de panificados na Europa. “Os preços internacionais do grão romperam as máximas históricas em março, chegando a apresentar cotações 76% acima da média no mês de fevereiro de 2022, antes do início do conflito”, destacou a nota.

    O superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira, lembrou que o primeiro trimestre de 2022 foi importante para a definição da produção de soja e arroz. “Para as duas culturas, houve uma redução das estimativas de produção em relação às estimativas de dezembro. Esse fato contribuiu para o aumento da instabilidade dos preços nos mercados de arroz e de soja, dada a redução dos estoques finais esperados para as duas culturas”. Em relação ao milho, disse que, “por outro lado, houve uma melhor consolidação em relação à área de milho de 2º safra no Brasil, que deve ter um aumento de 7% em relação à safra 2020-2021. Isso é muito importante, considerando o cenário de conflito na Ucrânia e o ambiente de incerteza sobre a real oferta de milho ucraniano para a próxima safra”.

    Carnes

    Outro produto que mereceu destaque na publicação foi a carne suína, cujas vendas abaixo do esperado no último trimestre de 2021 fizeram com que o setor registrasse, no início de 2022, elevados estoques de carne e de animais e que contribuíram para a queda nos preços domésticos. Além da alta oferta, o início do ano verifica, historicamente, menor volume de vendas. Somado a isso, a queda nas exportações de carne entre janeiro e fevereiro também reforçou o aumento da oferta doméstica.

    No caso da carne bovina, a baixa oferta de animais para o abate e o desempenho recorde das exportações da proteína, especialmente para a China, elevaram o preço doméstico da carne. A demanda internacional continua aquecida devido ao avanço das importações chinesas, aponta a publicação.

    Nicole Rennó, pesquisadora da área de Macroeconomia do Cepea, informou que os preços agropecuários se mantiveram em patamares muito elevados no primeiro trimestre de 2022, refletindo as sucessivas altas verificadas a partir de 2020, com a situação agravada recentemente pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Para os próximos meses, Nicole destacou que ainda há grande indefinição, mas as condições de oferta e demanda e o cenário macroeconômico, em geral, apontam para a manutenção de patamares elevados para os preços. “O comportamento da taxa de câmbio, a velocidade de reação da demanda doméstica e os efeitos da guerra serão determinantes para os ajustes positivos ou negativos nos preços dos diferentes mercados, nos próximos meses”, afirmou a pesquisadora.