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  • Comissão do Senado aprova nomes para duas diretorias do Banco Central

    Comissão do Senado aprova nomes para duas diretorias do Banco Central

    A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, no fim da manhã desta terça-feira (28), os nomes de Rodrigues Alves e Paulo Picchetti para a diretoria do Banco Central (BC). As indicações ainda precisam ser aprovados pelo plenário da Casa para serem efetivadas.

    Rodrigues Alves, aprovado por 22 votos a favor e um contra, foi indicado para a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta; e Picchetti, com 20 votos a favor, um contra e uma abstenção, para a de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos.

    Funcionário de carreira do BC, Alves é graduado, mestre e doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), tendo também já trabalhado como professor do Departamento de Economia da USP; diretor adjunto da Diretoria de Relações Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na Assessoria Econômica do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão; no gabinete da Secretaria do Orçamento Federal no Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão.

    Brasília (DF) 28/11/2023 Sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) dos indicados pelo atual governo para exercerem cargos na diretoria do Banco Central. Rodrigues Alves Teixeira e Paulo Picchetti, Foto Lula Marques/ Agência Brasil
    Brasília (DF) 28/11/2023 Sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) dos indicados pelo atual governo para exercerem cargos na diretoria do Banco Central. Rodrigues Alves Teixeira e Paulo Picchetti, Foto Lula Marques/ Agência Brasil

    Durante a sabatina, Alves disse que a autonomia do Banco Central não retirou o seu compromisso com a sociedade e democracia. Ele afirmou que vai atuar para recompor a carreira dos servidores do BC, que enfrenta redução no quadro funcional, ao mesmo tempo em que ocorre aumento nas tarefas e responsabilidades.

    “Ainda que os mandatos de diretores não coincidam com aquele do governo eleito, a autonomia do Banco Central não afasta a possibilidade de um diálogo democrático entre ambos para que se possa ter uma coordenação entre a política monetária e fiscal, uma vez que existem importantes interações entre ambas”, disse Alves, observando que a política fiscal tem impactos na inflação e a política monetária, sobre serviços da dívida pública e a sua evolução.

    Ele afirmou ainda que a autonomia do BC não isenta a instituição de críticas dos diferentes atores sociais e ressaltou que a instituição precisa estar aberta para debater as diferentes posições a respeito do debate macroeconômico, feitas a partir de análises críticas das teorias e instrumentos que embasam a atuação da instituição.

    “Entretanto, é preciso cautela, mudanças no campo da política macroeconômica e, em especial, da política monetária, devem ser feitas com serenidade e transparência, com embasamento técnico e fazendo uso de uma comunicação eficaz com a sociedade”, defendeu.

    Para Alves, que atualmente é secretário especial adjunto de Análise Governamental na Casa Civil da Presidência da República, essa atuação do BC contribui para a manutenção da estabilidade macroeconômica no país. “A estabilidade, bem como um sistema financeiro que permita o direcionamento de recursos com volume, prazos e taxas de juros adequadas para financiar a atividade produtiva, é fundamental para garantir um ambiente favorável aos investimentos, permitindo a retomada do desenvolvimento econômico e social sustentável, garantindo o objetivo último do Banco que é a melhoria de vida das condições do povo brasileiro.”

    Arcabouço fiscal

    Brasília (DF) 28/11/2023 Sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) dos indicados pelo atual governo para exercerem cargos na diretoria do Banco Central. Rodrigues Alves Teixeira e Paulo Picchetti, Foto Lula Marques/ Agência Brasil
    Indicado para uma diretoria do BC, Paulo Picchetti tem nome aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado – Lula Marques/Agência Brasil

     

    Professor pesquisador da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Picchetti tem mestrado em Economia pela USP e doutorado em Economics pela University of Illinois-System. Já desenvolveu pesquisas para o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), especialmente em métodos quantitativos em economia, trabalhando há mais de 20 anos na produção de estatísticas econômicas.

    Na sabatina, Pichetti destacou que, em razão de seu trabalho com econometria, já teve a oportunidade de interagir com funcionários do BC e de publicar artigos científicos com alguns deles.

    Ao analisar o cenário macroeconômico, Picchetti disse que a política monetária tem várias restrições e condicionantes e que uma das mais importantes é a situação fiscal do país. Na avaliação do professor, o arcabouço fiscal aprovado este ano é positivo por prever uma trajetória para a evolução da dívida pública.

    “Aprendemos que não é possível ter uma política monetária que não preste atenção a desequilíbrios intertemporais do setor publico no país”, afirmou. “O arcabouço fiscal tem o grande mérito de apontar uma trajetória de sustentabilidade da dívida, e ela [a sustentabilidade] garante que a política monetária possa ter o papel de estabilizar os preços, com níveis de juros que sejam condizentes com um nível de atividade que garanta emprego para a população e desenvolvimento econômico.” Segundo Pichetti, isso precisa ser preservado e deve-se ter em mente que essas variáveis estão interligadas e que cabe ao Banco Central avaliar a evolução do cenário fiscal para implementar a política monetária adequada para garantir a estabilidade da moeda.

    Para o professor, o Banco Central independente consegue desempenhar a sua função básica de controle da inflação e de controle da saúde do sistema financeiro de forma mais eficaz. “Um banco central independente não é um banco central que não dialoga, que não presta contas, pelo contrário, é um banco central que tem liberdade de tomar decisões puramente técnicas, independentes de pressões políticas externas, mas tomando essas decisões de forma a honrar essa concessão de autonomia e entregando os melhores resultados possíveis para o país”, argumentou.

    Edição: Nádia Franco
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  • Votação do arcabouço fiscal na CAE é adiada para quarta-feira

    Votação do arcabouço fiscal na CAE é adiada para quarta-feira

    Após pedido de vista, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou para esta quarta-feira (21), a partir das 8h30, a votação do projeto de lei que estabelece o novo arcabouço fiscal do país com regras para limitar as despesas da União. Se aprovado na CAE, o texto segue para o plenário do Senado.  

    O relator Omar Aziz (PSD-AM) apresentou seu parecer nesta terça-feira (20) e propôs uma série de alterações em relação ao texto aprovado na Câmara dos Deputados. Apesar de elogiar a “essência do projeto”, Aziz argumentou que “toda lei complexa como esta tem sempre necessidade de correções ou melhorias, mesmo mantendo o eixo principal. Existem pontos que precisam de correção, não muitos, mas existem”.

    Além de retirar o Fundeb e o Fundo Constitucional do Distrito Federal das regras fiscais do arcabouço, Omar Aziz acatou emenda que retirou do arcabouço os gastos com ciência, tecnologia e inovação.

    Também foi acatada emenda do senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) para criação do Comitê de Modernização Fiscal, composto por representantes dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, da Câmara dos Deputados, do Senado e do Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo o relatório, o órgão será de caráter consultivo com objetivo de “aprimorar a governança das finanças federais e tornar as etapas de planejamento, execução e controle do ciclo orçamentários mais transparentes e eficientes para o financiamento de políticas públicas”.

    Das 74 emendas apresentadas, Aziz acatou, total ou parcialmente, 19. Durante as discussões no colegiado, o relator acatou emenda do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) que permite ao governo usar receitas da venda ou privatização de empresas, ou de outros ativos, como mecanismo de ajuste fiscal.

    Volta à Câmara

    Com as mudanças feitas, o projeto, se aprovado, precisará passar por nova análise dos deputados federais, que terão a palavra final sobre a matéria. Questionado se as mudanças foram todas acordadas com os deputados, o relator disse que não. “Alguns pontos estão pacificados, outros não, mas eu não tenho como não acatar nenhuma emenda de senador se entendo que a emenda é pertinente”, justificou.

    O Executivo, por sua vez, vinha defendendo a manutenção do texto que veio da Câmara. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o importante é votar o relatório o quanto antes, seja o texto da Câmara ou o do Senado. Randolfe espera que o tema seja encerrado com a votação da Câmara entre os dias 2 e 4 de julho.

    Piso da Enfermagem

    O relator manteve dentro dos limites de gastos do arcabouço as transferências da União para estados, Distrito Federal e municípios que tenham como objetivo custear o piso nacional da enfermagem.

    A senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO) lembrou que o projeto original do Executivo excluía os recursos para pagar o piso da categoria. Segundo a senadora, a inclusão dessas despesas no arcabouço “implicará concorrência com as demais despesas sujeitas ao teto de gastos, dificultando eventuais correções de valores do chamado piso da enfermagem”.

    Em resposta, Omar Aziz argumentou que as exceções ao teto precisam ser limitadas a circunstâncias excepcionais. “Se vamos ter que tirar tudo, aí não tem mais arcabouço”, disse o relator.

    Em mensagem enviada à Agência Brasil, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), Valdirlei Castagna, considerou a medida “totalmente descabida” e disse que mais parece uma manobra para criar dificuldades para implantar o piso salarial da enfermagem.

    Críticas e elogios

    Apesar de criticarem pontos do projeto, representantes da oposição anteciparam voto favorável ao texto, a exemplo dos senadores Oriovisto Guimarães e Izalci Lucas (PSDB-DF). “O ótimo é inimigo do bom”, ponderou Izalci. Já Oriovisto afirmou que “o arcabouço é falho, é frouxo, mas é melhor do que nada. Por isso, o mercado comemora”.

    No parecer, Omar Aziz ressalta é a regra fiscal possível. “Todos nós temos críticas a um ponto ou outro, mas a lei que vai sair deste projeto certamente nos parece a melhor que as forças políticas no Executivo e aqui no Congresso permitem.”

    Edição: Nádia Franco