Tag: combate ao racismo

  • Ministério do Esporte diz que combate ao racismo é prioridade

    Ministério do Esporte diz que combate ao racismo é prioridade

    O Ministério do Esporte respondeu nessa quinta-feira (20), por meio de nota, aos questionamentos do Ministério Público Federal (MPF) que instaurou um inquérito civil para acompanhar a atuação do estado brasileiro e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no caso de racismo sofrido pelo jogador do Palmeiras, do time sub 20, Luighi Hanri Souza Santos, de 20 anos (foto). No dia 6 deste mês, no estádio Cerro Porteño, em partida contra o Paraguai, ele foi agredido por torcedores paraguaios por gestos que imitavam macaco.

    A nota informa que “o combate ao racismo é pauta prioritária para o Ministério do Esporte, que tem manifestado com veemência o repúdio aos atos e vê com bons olhos a iniciativa do Ministério Público Federal, que está em absoluta sintonia com o posicionamento da pasta no trato dessa questão”, avaliou.

    Em outro trecho, o Ministério do Esporte explicou que “recentemente, levamos ao ar – em nível nacional – por meio de variadas mídias, uma campanha publicitária de caráter educativo cujo tema central foi o combate à violência, em suas mais diversas formas, incluindo o preconceito e o racismo”.

    Os dados resultantes do alcance da campanha “Cadeiras Vazias – um movimento de ocupação pela paz no futebol” demonstram que “o impacto foi extremamente positivo na medida em que houve a adesão de clubes, federações e confederações esportivas, emissoras de rádio e TV, torcidas organizadas, sites especializados e órgãos públicos”.

    O ministério informou ainda, na nota, que propôs mudança na Lei Geral do Esporte diante do crescimento de casos de racismo nos estádios.

    “Além disso, diante do inegável crescimento dos episódios de racismo registrados nos últimos tempos, principalmente nos estádios de futebol, nossa equipe técnica propôs a mudança da Lei Geral do Esporte, criando um requisito que obriga clubes, federações e confederações a adotarem medidas práticas contra os casos de racismo. Quem deixar de atender a este novo requisito ficará impedido de receber recursos públicos federais.”

    Inclusão da Lei Geral do Esporte

    A proposta foi encaminhada à Casa Civil e à Presidência da República. Após a análise nessas duas instâncias deverá ser encaminhada ao Congresso Nacional que decidirá sobre a sua inclusão na Lei Geral do Esporte.

    “É importante observar que a própria Lei Geral do Esporte já considera a existência do crime de racismo, o que assegura aos órgãos competentes a adoção de ações penais sempre que julgar pertinente, diante do registro de um novo caso de racismo”, explicou o Ministério do Esporte.

    Na ação, o Ministério Público Federal enviou ofício ao Ministério do Esporte para que preste informações, no prazo de 10 dias, sobre as medidas públicas que têm adotado ou pretende adotar neste campo. Outro ofício foi encaminhado para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). É para que informe no mesmo prazo as medidas adotadas para prevenir e enfrentar o racismo no futebol.

  • Ministério Público de Mato Grosso adere a campanha nacional de combate ao racismo

    Ministério Público de Mato Grosso adere a campanha nacional de combate ao racismo

    Quantas pessoas negras em cargos de liderança você conhece? Essa pergunta, direta e reflexiva, é o ponto de partida de uma importante campanha de combate ao racismo institucional promovida pelo Ministério Público Brasileiro, lançada no dia 19 de novembro.

    A iniciativa, articulada pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), conta com a participação de estados como Bahia e Mato Grosso, destacando a urgência do debate sobre desigualdade racial no Brasil.

    De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mercado de trabalho brasileiro ainda reflete profundas desigualdades étnico-raciais, funcionando muitas vezes como um espaço de reprodução da exclusão.

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    A campanha, que se insere nas atividades do “Novembro Negro”, reforça que “não existe igualdade sem oportunidade” e busca conscientizar a sociedade sobre a importância da diversidade étnico-racial nos espaços de decisão e poder. Por meio de peças publicitárias como VTs, spots e outdoors, a ação também visa mobilizar a população contra a “violência silenciosa” que impede a ascensão de pessoas negras a posições de liderança e melhores salários.

    Até o dia 30 de novembro, a campanha será amplamente divulgada em plataformas digitais, rádios, TVs e outros meios, reforçando a mensagem de que a diversidade é um elemento indispensável para uma sociedade mais justa e igualitária. Confira abaixo a realidade de Mato Grosso, estado que lidera em concentração de pessoas negras no Centro-Oeste, e como a campanha contribui para o combate ao racismo.

    Realidade de Mato Grosso e combate ao racismo institucional

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    Mato Grosso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui a maior concentração de pessoas negras na região Centro-Oeste, representando 65,9% da população estadual. No entanto, apesar de sua representatividade, os dados refletem a desigualdade nos espaços de poder.

    No Ministério Público Estadual de Mato Grosso (MPMT), apenas 27,69% dos integrantes se autodeclaram negros, sendo 2,89% pretos e 24,80% pardos.

    Entre os membros do Ministério Público, como promotores e procuradores de Justiça, o cenário é ainda mais restrito: dos 96 profissionais que se autodeclaram negros, 34,58% são pardos e apenas 1,50% são pretos.

    Esse levantamento, realizado em agosto do ano passado, reforça a importância de ações como a campanha do Ministério Público Brasileiro para ampliar a diversidade racial nos cargos de liderança.

    Diversidade étnico-racial e igualdade de oportunidades

    A campanha promovida pelo Ministério Público não apenas chama atenção para as desigualdades estruturais, mas também busca fomentar o debate sobre a necessidade de igualdade de oportunidades.

    A frase “não existe igualdade sem oportunidade” evidencia que a luta contra o racismo institucional passa por garantir acesso e inclusão em todos os níveis da sociedade.

    Com a participação de estados como Mato Grosso, a campanha destaca que a mudança começa com a conscientização e a mobilização coletiva.

    Além disso, ela incentiva instituições públicas e privadas a reverem suas práticas, promovendo ambientes mais inclusivos e representativos. A valorização da diversidade é essencial para o avanço social e econômico, contribuindo para a construção de um país mais justo para todos.

  • Final da Copa do Brasil terá campanha de combate ao racismo

    Final da Copa do Brasil terá campanha de combate ao racismo

    Antes da bola rolar na final da Copa do Brasil, disputada entre Flamengo e São Paulo, neste domingo (24), os torcedorespresentes no estádio do Morumbi e os que vão acompanhar o jogo pela televisão terão sua atenção voltada para uma campanha para enfrentar o racismo nos campos de futebol. Batizada de Com Racismo Não Tem Jogo, a ação divulgará canal de denúncias para enfrentamento ao racismo no cenário esportivo.

    Campanha contra racismo no futebolCampanha contra racismo no futebol

    Governo federal aproveitará visibilidade da final da Copa do Brasilpara divulgar campanha contra o racismo -Ministério dos Direitos Humanos/Divulgação

    A ação contará com as presenças dos ministros Silvio Almeida (Direitos Humanos e da Cidadania), Anielle Franco (Igualdade Racial) e André Fufuca (Esporte). Na ocasião, haverá a exibição de um balão inflável do Disque 100 – Disque Direitos Humanos, canal pelo qual a população pode fazer denúncias contra a violação de direitos humanos, dentre elas o racismo durante as partidas de futebol.

    No centro do gramado do Morumbi, os ministros também entregarão camisetas aos jogadores com mensagem contra o racismo. A campanha faz parte das ações do governo federal para combater o racismo.

    “O governo federal está empenhado em promover ações para coibir e reprimir atos de intolerância, discriminação e preconceito racial em arenas esportivas tanto no Brasil quanto no exterior”, disse o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania em nota.

    A pasta lembra ainda os episódios de racismo, na Espanha, envolvendo o jogador Vinicius Jr., atacante do Real Madri e convocado para a seleção brasileira. Em maio, Vinicius Jr. foi alvo, mais uma vez, de racismo, durante uma partida do seu time contra o Valencia.

    No episódio, torcedores do Valencia chamaram Vinicius de macaco desde a chegada do ônibus no estádio. O comportamento foi repetido ao longo do jogo, fazendo com que a partida fosse interrompida quando o atacante apontou torcedores imitando sons e fazendo gestos de macacos.

    Em resposta, o Itamaraty, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e o Ministério da Igualdade Racial, em conjunto com outras Pastas, divulgaram uma nota convocando as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem providências para punir os autores dos atos e evitar repetições.

    Edição: Denise Griesinger
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  • Livro sobre Barbosa mostra racismo enraizado no futebol brasileiro

    Livro sobre Barbosa mostra racismo enraizado no futebol brasileiro

    O atacante Vinícius Júnior, astro do Real Madrid (Espanha) e da seleção brasileira que enfrenta Guiné neste sábado (17), a partir das 16h30 (horário de Brasília), no Estádio Cornellà-El Prat, em Barcelona (Espanha), tem reagido às ofensas racistas das quais é vítima no país europeu desde 2021, pelo menos. Contudo, não foram poucas as oportunidades nas quais o jogador foi apontado como responsável pelas manifestações a ele direcionadas, seja pelas danças ao comemorar gols ou supostamente provocar adversários em campo.

    Culpar a pessoa negra, porém, não é um fenômeno inédito no futebol ou na sociedade (inclusive a brasileira). Em 1950, quando a seleção brasileira perdeu o título da Copa do Mundo, ao ser superada pelo Uruguai por 2 a 1, de virada, no Maracanã, não demorou para o goleiro Moacyr Barbosa Nascimento ser escolhido como vilão do vice-campeonato. O episódio é resgatado no livro “Desculpas, Meu Ídolo Barbosa”, de autoria do historiador e doutor em Ciências Sociais Jorge Santana, e que foi lançado em Brasília no fim de maio.

    “O Barbosa foi vítima de um grande cancelamento, antes mesmo de surgir o termo, mas também vítima de racismo. Não só ele, mas o Juvenal e o Bigode, toda a parte esquerda da defesa brasileira, que era negra. O livro é um pouco da tentativa de se pedir desculpas ao Barbosa, porque ele não foi culpado pela derrota, mas sentiu na pele essa culpa, que foi muito deletéria a ele e aos goleiros negros que vieram depois”, disse Santana à Agência Brasil.

    Segundo o historiador, o tratamento destinado a Barbosa pode ser considerado um marco de que, sim, havia preconceito racial no Brasil. Condição salientada com a criação da Lei Afonso Arinos, a primeira a criminalizar o racismo no Brasil, aprovada após o caso, também em 1950, envolvendo a artista norte-americana Katherine Dunham, negra, que teve a hospedagem negada em um hotel cinco estrelas de São Paulo. Na literatura, o jornalista Mário Filho (que dá nome ao Maracanã) viria a publicar, em 1964, uma segunda edição de “O Negro no Futebol Brasileiro”, livro cuja versão original é de 1947, três anos antes da fatídica decisão.

    “Esse livro [do Mário Filho] traz todo o racismo no futebol brasileiro até as décadas de 1930 e 1940, quando ele fala que há uma virada, na qual, a partir de negros como Leônidas da Silva e Domingos da Guia, você teria a pacificação do racismo no futebol. Só que, quando vem a tragédia de 1950, ele tem a necessidade de fazer uma nova edição, na qual fala: há racismo aqui, de forma muito evidente”, analisa o pesquisador.

    Setenta e três anos se passaram desde o Maracanazo (como ficou conhecida a derrota brasileira na Copa de 1950), mas o preconceito racial não abandonou a modalidade mais popular do país. Segundo o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, foram comprovadas 90 situações de racismo em arquibancadas e gramados brasileiros no ano passado, 40% a mais que os 64 episódios de 2021.

    O caso recente mais emblemático ocorreu em 2014, quando o hoje ex-goleiro Aranha, então no Santos, foi chamado de macaco por torcedores do Grêmio na partida de ida entre as duas equipes, em Porto Alegre, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Em decisão inédita, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) excluiu o Tricolor gaúcho da competição, mesmo com o jogo de volta por fazer.

    O Regulamento Geral de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) passou a indicar, para este ano, punição a casos de discriminação, que pode variar de advertência a perda de pontos. Além disso, a nova Lei Geral do Esporte, sancionada na última quarta-feira (14) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê multa de R$ 500 a R$ 2 milhões em episódios de racismo, homofobia, sexismo e xenofobia em eventos esportivos.

    “O racismo é um problema contemporâneo e atual no Brasil e o futebol não é uma área isolada. Tivemos avanços importantes nos últimos anos. Primeiro, pela CBF assumir que há racismo no futebol, criar mecanismos para combatê-lo em campo. Infelizmente, o racismo é tão estrutural na sociedade que, mesmo com ações, o caso do Aranha mostra o tamanho deste desafio”, afirma Santana.

    “Punição é importante, mas também a conscientização das novas gerações, de uma pedagogia que, de fato, seja antirracista, que leve informação aos jogadores da base, com palestras sobre racismo, e que os clubes atuem junto aos torcedores. Precisamos de políticas permanentes de luta contra o racismo, o machismo e a LGBTfobia”, completou o historiador.

    Mas, afinal, Barbosa recebeu um pedido de desculpas? Para Santana, o reconhecimento em vida foi menor do que merecia o goleiro, ídolo do Vasco, que faleceu em 7 de abril de 2000, aos 79 anos, em Praia Grande (SP), por conta de uma parada cardiorrespiratória.

    “Acredito que um dia ele teve figuras, teve pessoas, que buscaram trazer um outro olhar sobre 1950, mas acho que [ficou aquém] no sentido macro, de instituições que poderiam cumprir esse papel, e aí falo da CBF, do Governo brasileiro, de instituições que poderiam fazer ações com o Barbosa e todos os vice-campeões, de valorizar a primeira vez que o Brasil esteve perto de conquistar uma Copa do Mundo. [O Mundial de] 2014, talvez, seja o que chegou mais perto [de um pedido de desculpas]. O Diário de Pernambuco fez uma capa [com a manchete ‘Descanse em paz, Barbosa’] depois de o Brasil tomar de 7 a 1 da Alemanha”, concluiu o escritor.

    Edição: Fábio Lisboa