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  • Ronaldo Fenômeno prepara candidatura à presidência da CBF

    Ronaldo Fenômeno prepara candidatura à presidência da CBF

    O ex-jogador Ronaldo Fenômeno confirmou sua intenção de se candidatar à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2025. O pontapé inicial de sua campanha está previsto para janeiro, com uma estratégia que inclui viagens pelo Brasil para dialogar diretamente com os dirigentes das federações estaduais, que possuem peso significativo no processo eleitoral.

    O mandato do atual presidente, Ednaldo Rodrigues, encerra em março de 2026. Para oficializar sua candidatura, Ronaldo precisará do apoio de pelo menos quatro federações e quatro clubes, conforme as regras da entidade. Apesar das insatisfações pontuais com a gestão de Ednaldo, nenhuma federação se declarou como oposição aberta, o que reforça a necessidade de articulação do ex-jogador.

    O desafio do apoio das federações

    O sistema de votos da CBF atribui maior peso às federações estaduais, que possuem três votos cada, enquanto os clubes da Série A têm dois votos e os da Série B, apenas um. Isso torna crucial o apoio das federações para uma candidatura vitoriosa.

    Ronaldo busca se diferenciar por meio de um projeto de modernização da gestão, utilizando sua experiência internacional e prestígio como ex-jogador da Seleção Brasileira. Apesar disso, ele evita associações com figuras controversas do passado da CBF, como Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, que podem trazer mais prejuízos do que benefícios à sua campanha.

    Relacionamento com clubes e desvinculação do Valladolid

    Com a venda iminente do Valladolid, clube espanhol que pertence ao Fenômeno, Ronaldo se aproxima de uma condição indispensável para concorrer à presidência da CBF. A legislação do futebol brasileiro é clara ao proibir que o presidente da entidade tenha vínculos diretos com clubes.

    Além disso, seu histórico como proprietário da SAF do Cruzeiro permite um relacionamento mais próximo com os dirigentes dos clubes, o que pode facilitar a construção de alianças. O ex-jogador vê na atual fase da Seleção Brasileira e na necessidade de modernização do futebol nacional uma oportunidade para consolidar sua candidatura.

    A mensagem de Ronaldo Fenômeno

    “O momento ajuda, é uma oportunidade. Me sinto preparado para novos desafios. Vamos ver no que vai dar. Se eu tiver a chance, oportunidade de concorrer em uma eleição justa, estarei preparado para assumir esse desafio”, declarou Ronaldo durante um evento recente no Maracanã.

    O Fenômeno se coloca como um candidato disposto a trazer evolução ao sistema, mas sem adotar uma postura de ruptura, reconhecendo a necessidade de manter o equilíbrio político para conquistar apoio e viabilizar sua campanha.

     

  • Futebol: gramado nos estádios vira tema de debate no Brasil e no mundo

    Futebol: gramado nos estádios vira tema de debate no Brasil e no mundo

    Três notícias chamaram a atenção nos últimos dias. A primeira foi a decisão da Eridivisie CV, entidade que comanda o futebol nos Países Baixos, de banir do Campeonato Holandês os gramados sintéticos a partir de 2025.

    A segunda surgiu em Belo Horizonte: o gramado da nova arena do Atlético-MG, possivelmente, será sintético. E a terceira veio embalada pela onda de calor no Rio de Janeiro: o Flamengo mediu a temperatura em quatro campos de futebol no seu Centro de Treinamento (CT) – o Ninho do Urubu, em Vargem Grande, na zona oeste.

    Os termômetros nos dois campos de grama sintética chegaram a marcar 70 graus Celsius.

    Palmeiras vira favorito ao título do Brasileirão

    campos de grama sintética do CT do Flamengo - onda de calor - 70 graus Celsius - em 17/11/2023
    O Flamengo mediu a temperatura no CT do NInho do Urubu na última sexta (17). Enquanto nos campos de grama natural (2 e 3) a temperatura não passou dos 45 graus, nos demais os termômetros chegaram a 70 graus – Pedro Queiroz/Flamengo/Direitos Reservados

    Não é de hoje que o futebol brasileiro se envolve nessa discussão. E tudo começou em 2016, quando o Athletico Paranaense adotou o gramado sintético na Arena da Baixada, Naquele ano, com mais de 80% de aproveitamento nos jogos disputados em casa, o Furacão garantiu vaga na Copa Libertadores do ano seguinte.

    O desempenho incomodou e, então, teve início um movimento entre os clubes, liderados pelo então presidente do Vasco Eurico Miranda, para que todos os gramados da Série A fossem naturais. No entanto, na reunião do Conselho Técnico de Clubes, em fevereiro de 2018, o clube paranaense conseguiu a adesão de outros times participantes do Brasileirão e garantiu votos suficientes para que a grama sintética fosse aceita.

    Atualmente, há mais dois gramados sintéticos no país e, curiosamente, diferentes entre si. No Allianz Parque o Palmeiras mudou o piso em 2020 e, na primeira temporada, teve aproveitamento superior a 70% em casa, faturando os títulos estadual e o da Copa Libertadores. Este ano, a mudança aconteceu no estádio Nílton Santos, casa do Botafogo. O Alvinegro carioca venceu todos os adversários em casa, no primeiro turno do Brasileirão, o que lhe deu, então, uma vantagem inédita na liderança do campeonato.

    Ligga Arena, Athletico-PR, grama sintética, gramado - estádio
    O Athletico-PR foi o primeiro clube do país a trocar a grama natural pela sintética na Arena da Baixada, em 2016 – José Tramonlin/Athletico-PR/Direitos Reservados

    Mas além da disparidade de desempenho em casa dos times que adotaram o gramado sintético, duas outras questões são debatidas: o jogador fica mais suscetível à lesão? E por que as principais ligas europeias não permitem o gramado sintético em seus jogos? Além disso, vale ressaltar que a Fifa, entidade que regula o futebol no mundo, até autoriza jogos em grama artificial, mas nas competições por ela organizadas, o gramado precisa ser, no mínimo, 90% natural.

    Segundo o fisiatra Robson de Bem, especialista em Medicina do Exercício e do Esporte, nenhum estudo europeu ou americano mostra diferenças significativas entre os dois tipos de gramados. Mas ele ressalta que, nos dois últimos anos, nos três gramados sintéticos na Série A, houve sete jogadores com lesões graves, enquanto nos outros 17 (gramados naturais ou híbridos) foram 16.

    “É sabido que na grama sintética o impacto nas articulações é maior, a bola corre mais rápido e isso exige mais do atleta, nos aspectos metabólico e físico. Por conta disso, a recuperação no pós-jogo demanda mais tempo”, ressalta o médico.

    Já o fisioterapeuta Antonio Ricardo, que trabalhou na Copa da Alemanha (2006) com a seleção do Japão, faz uma alerta.

    “O atleta precisa adequar o treinamento ao piso, para se adaptar ao máximo ao controle da bola e à velocidade da partida. Com isso, ele minimiza a possibilidade da lesão”.

    O jornalista Tim Vickey, da BBC de Londres, lembra que, quando jovem, viu muitos jogos da Premier League, o Campeonato inglês, serem disputados em “lama total”.

    “Era lastimável, principalmente no período de novembro a março”, recorda Vickey.

    Mesmo assim, os ingleses não buscaram a solução na adoção da grama sintética, mas sim na profissionalização do cuidado com os gramados.

    “Bastou contratarem profissionais, adotar tecnologia, e os campos viraram tapetes. Se lá foi possível, porque não aqui, com condições climáticas bem mais favoráveis? Basta que se adote o bom estado do gramado como uma prioridade para o espetáculo”, defende o jornalista britânico.

    Luis Suárez - RS - FUTEBOL/CAMPEONATO BRASILEIRO 2023/GREMIO X BAHIA - em 04/11/2023
    O atacante Luis Suárez revelou em entrevista que “não entra em campo quando o gramado é sintético”. Lucas Uebel/Grêmio/Direitos

    E o jogador não precisa estar lesionado para deixar de jogar na Série A. Uma das principais contratações do futebol brasileiro na atual temporada, o uruguaio Luis Suárez, do Grêmio, não entra em campo quando o gramado é sintético. Em coletiva, ele mesmo confessou evitar esse encontro.

    “Todos sabem do problema que tenho no joelho e jogar no campo sintético, para mim, é muito difícil, eu sofreria muito e, por isso, procuro sempre evitar”, atacante uruguaio, deixando bem claro que jamais pediu qualquer privilégio no clube, nem tratamento diferenciado.

    A tecnologia tem sido a arma mais utilizada pelos clubes para fazer de seus estádios arenas multiuso sem prejuízo ao campo de futebol. O Schalke 04 (Alemanha) foi o primeiro a inovar, apresentando um gramado que desliza para fora do estádio, que é coberto, para receber a luz do sol. A novidade foi adotada pelo Saporo Dome (Japão). Na Inglaterra, o Tottenham guarda o gramado no subsolo e, com isso, consegue receber jogos da NFL (liga de futebol americano) em um piso sintético. O novo estádio do Real Madrid (Espanha) também resguarda a grama natural para realizar show no Santiago Bernabéu.

    Maracanã - estádio - novo gramado
    Em tese, o campo do Maracanã possui 90% de gramado natural e 10% de fibras sintéticas, mas esse percentual varia de acordo com o crescimento da grama – CBF/Divulgação/Maracanã

    O Maracanã adota a grama híbrida. Em tese, o campo possui 90% de gramado natural e 10% de fibras sintéticas, mas esse percentual varia de acordo com o crescimento da grama. No processo de mudança do piso, foram colocados 30 centímetros de areia e neles foram plantados os estolões (tipo de caule) de grama natural, da variedade Bermuda Celebration (espécie com tolerância a ser pisoteada e rápida regeneração), já cultivada em fazendas na Região dos Lagos, no estado do Rio. Após 50 dias de adubação, irrigação e corte, com o campo já todo verde, uma máquina holandesa foi adquirida para “costurar” o gramado. As 180 agulhas injetaram a fibra sintética, a cada dois centímetros de extensão e a 18cm de profundidade, o que garante mais resistência ao campo.

    O ortopedista José Luiz Runco, campeão do mundo com a seleção no Mundial do Japão e da Coreia do Sul (2002), acredita que o gramado híbrido é melhor alternativa.

    “Para mim, o gramado híbrido será a grande solução para o futebol, pois ele permite um futebol de qualidade, com menos exposição do atleta às lesões”.

    Insatisfeito com o atual cenário, o goleiro Romero, do Boca Juniors ( Argentina), não vê a hora de uma solução definitiva ..

    “É lamentável que a essa altura da vida eu tenha de me preocupar em jogar em gramado sintético. A Conmebol e a Fifa deveriam definir : ou se joga em gramado natural ou em híbrido. Gramado sintético é para hóquei”, sintetiza.

     
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  • Série A Campeonato Brasileiro: após queda nas receitas, analista vê recuperação em 2022

    Série A Campeonato Brasileiro: após queda nas receitas, analista vê recuperação em 2022

    Impactados pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), os times que integraram a Série A do Campeonato Brasileiro na última temporada tiveram queda de 9,1% nas receitas entre 2019 e 2020. É o que mostra o estudo anual da consultoria financeira BDO sobre as finanças dos clubes de futebol do país. O levantamento é feito desde 2010. Em entrevista à Agência Brasil, o analista Carlos Aragaki, da BDO, avaliou que as perdas podem ser recuperadas “no curto e médio prazo”, com o advento das vacinas e a reabertura dos estádios, prevista por ele para 2022.

    O especialista destacou que a pandemia ainda afetará o mercado de transferências, que tem peso cada vez mais significativo no orçamento dos clubes. Segundo o estudo, as negociações de atletas equivaliam a 14% da fonte de receita média das equipes da Série A nacional em 2016. No ano passado, elas já representavam 29%.

    “No que diz respeito às receitas, neste ‘novo normal’, elas podem ser retomadas no curto e médio prazo. A partir do momento em que a população estiver vacinada, a torcida retorna ao estádio e voltam as receitas de bilheteria. Agora, sobre negociação de atletas, acho que temos de esperar um pouco. Os grandes investidores [do futebol] no momento são mecenas, chineses ou árabes. Eles também sentiram impacto nos negócios [com a pandemia], não só no futebol”, argumentou Aragaki.

    “A Europa freou as negociações, não em quantidade, mas em valores pagos. Por um tempo, não se conseguirá ter o mesmo ganho em negociações – acredito fortemente nisso – que se tinha no passado. Pode ser que o Brasil continue exportando muito, mas não nos valores de antes. [A receita de transferências] Será ainda uma significativa, mas isso vai pesar”, completou.

    Conforme Aragaki, a pandemia impactou de maneira mais significativa três formas de receita: bilheteria, patrocínios e programas de sócios-torcedores.

    “É tudo aquilo que envolve, vamos dizer assim, o público. A bilheteria foi fortemente afetada [pela impossibilidade dos torcedores irem ao estádio]. Clubes como Flamengo, Corinthians e Palmeiras vinham de bilheterias muito fortes, com média [de arrecadação] de R$ 60 milhões/ano. Transformando em números, a bilheteria deles seria praticamente a receita total de Coritiba, Fortaleza, Ceará, Atlético-GO e Goiás”, descreveu o analista.

    “Muitos clubes perderam patrocínio. Em alguns casos, pacotes de pay-per-view foram cancelados. Ainda que, por exemplo, na pandemia, o Campeonato Paulista tenha sido retomado após dois meses parado, muita gente cancelou os pacotes e demorou a voltar e alguns sequer voltaram. O torcedor, muitas vezes, quer o [programa de] sócio-torcedor para ir ao jogo e ter privilégio na compra dos ingressos. Ainda não é a massa no Brasil que vira sócio-torcedor para visitar o clube ou trocar a camisa”, emendou.


    Entre 19 dos 20 clubes da última Série A, cinco apresentaram variação positiva de receita: os três que subiram da Série B de 2019 (Red Bull Bragantino, Atlético-GO e Coritiba) e receberam mais recursos em direitos de transmissão, o Atlético-MG pela venda parcial do Shopping Center Diamond Mall, em Belo Horizonte; e o Corinthians. No caso do Massa Bruta, há ainda o início da gestão da empresa de energéticos Red Bull em 2019. O balanço do Sport não foi concluído à tempo de ser incluído na análise, finalizada em abril.

    “Diria que [a pandemia] impactou 80% dos clubes da Série A. É uma preocupação das gestões para 2021, pois temos a percepção que esse aspecto negativo continuará. Os aumentos de receita foram questões pontuais. Se você as desconsidera, diria que 100% dos clubes perderam receita na fonte”, afirmou Aragaki.

    Santos (40%), Internacional (36%), Fortaleza (34%), Bahia (31%) e Flamengo (30%) foram os cinco clubes com maior variação negativa de receitas entre 2019 e 2020. Na outra ponta, Ceará (1%), Grêmio (6%), Goiás (9%) e São Paulo (10%) são os que tiveram menor queda.

    O estudo também analisou as receitas recorrentes – que não levam em conta arrecadações consideradas “extraordinárias”, como negociação de jogadores ou premiações. Neste recorte, o Corinthians passou a ter variação negativa (24%) e o Goiás foi a equipe mais impactada entre um ano e outro, com redução de 56%, seguido por Athletico-PR, Fortaleza (ambos 42%), Flamengo (31%) e Ceará (29%). Destes cinco, Furacão e Vozão conseguiram fechar 2020 no azul.

    “A conta básica é: para fechar no azul, você tem que ter mais receita do que custo. É possível, mesmo não sendo top dez de torcida ou exposição de mídia na Série A, fazer uma gestão proativa e razoável. Por outro lado, há clubes que fecharam o ano com déficit. A saída para estes é: se não consigo aumentar a receita, terei que trabalhar para, pelo menos, reduzir custos e dívidas, porque se você tem um passivo menor, tem menos variação monetária para pagar”, concluiu Aragaki.