Tag: Ciência

  • Proposta direciona verbas da publicidade de utilidade pública para combate à Covid-19

    Proposta direciona verbas da publicidade de utilidade pública para combate à Covid-19

    O Projeto de Lei 925/20 determina que todas as verbas destinadas à publicidade de utilidade pública deverão ser aplicadas no combate do Covid-19 enquanto perdurar a situação de calamidade pública. O texto tramita na Câmara dos Deputados.

    A proposta é do ex-deputado Assis Carvalho (PI), falecido em julho do ano passado. “Todos os mecanismos possíveis devem ser usados a serviço do combate à pandemia do coronavírus. A situação é grave e merece toda a atenção”, disse Carvalho na época da apresentação do projeto.

    Publicidade de utilidade pública é um dos tipos de publicidade permitidos no setor público. A justificação do explica que se destina a “divulgar temas de interesse social, com o objetivo de informar, educar, orientar, mobilizar, prevenir ou alertar a população para a adoção de comportamentos que gerem benefícios individuais e/ou coletivos”. Alguns exemplos são as campanhas de vacinação e de prevenção de doenças.

    O texto determina ainda a divulgação detalhada, em site oficial, das despesas efetuadas com as verbas de publicidade de utilidade pública.

    Tramitação
    O projeto será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

    Reportagem – Janary Júnior
    Edição – Cláudia Lemos

  • Projeto exige que redes sociais identifiquem notícias falsas em parceria com verificadores de fatos

    Projeto exige que redes sociais identifiquem notícias falsas em parceria com verificadores de fatos

    O Projeto de Lei 865/21 exige que redes sociais mantenham a funcionalidade de identificação de notícias fraudulentas em parceria com entidades independentes verificadoras de fatos.

    Pela proposta em análise na Câmara dos Deputados, no momento de compartilhamento e de exibição aos usuários de redes sociais, as notícias deverão ser claramente identificadas de acordo com seu nível de imprecisão. As notícias deverão ser classificadas em, pelo menos, cinco níveis de imprecisão.

    “Essa é uma medida relativamente simples, que tem o potencial de mitigar significativamente o dano causado pelas fake news”, defende o deputado Ronaldo Carletto (PP-BA), autor da proposta.

    O texto também veda o impulsionamento de notícias fraudulentas, classificadas como conteúdo identificado por entidades verificadoras de fatos com grau significativo de imprecisões e que poderiam levar a desinformação coletiva.

    Sanções
    Conforme o projeto, as medidas valerão para todos os provedores de redes sociais que exerçam essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos. O descumprimento delas sujeitará o infrator a sanções previstas no marco civil da internet, que vão de advertência a proibição das atividades.

    Segundo o parlamentar, o intuito do projeto é de que “as redes sociais exerçam sua atividade de forma profissional e possam fornecer informações mais precisas, de modo a mitigar o ciclo pernicioso da disseminação de notícias fraudulentas”.​

    Reportagem – Lara Haje
    Edição – Pierre Triboli

  • Presidente sanciona, com vetos, projeto sobre uso de recursos do FNDCT

    Presidente sanciona, com vetos, projeto sobre uso de recursos do FNDCT

    O presidente Jair Bolsonaro sancionou, com dois vetos, o projeto de lei complementar que veda a limitação de empenho e movimentação financeira das despesas relativas à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico.

    A medida vai beneficiar atividades voltadas à inovação, possibilitando que recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) – arrecadados pelo setor industrial e gerenciado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – atendam também programas desenvolvidos por organizações sociais. Para que isso seja possível, o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 135/2020, que havia sido aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro, faz alterações na Lei Complementar nº 101, de 2000, e na Lei nº 11.540, de 12 de novembro de 2007.

    “Com a proposição, pretendeu-se incluir, no rol das despesas que não serão objeto de limitação de empenho e movimentação financeira, as despesas relativas à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico custeadas por fundo criado para essa finalidade. Esse rol, até então, somente excetuava as despesas que constituíssem obrigações constitucionais e legais, inclusive as destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias”, informou, em nota o Palácio do Planalto.

    O governo aponta, como “alterações positivas”, a inclusão de um trecho que possibilita a aplicação dos recursos do FNDCT em programas, projetos e atividades de ciência, tecnologia e inovação “destinados à neutralização das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, e também à promoção do desenvolvimento do setor de bioeconomia”.

    As novas regras elevam para 50% o limite do montante das operações a serem consignadas na Lei Orçamentária Anual para recursos reembolsáveis destinados a projetos de desenvolvimento tecnológico de empresas, sob a forma de empréstimo à Finep. Além disso, limitam em 25% os recursos do FNDCT destinados a operações não reembolsáveis, a cada exercício.

    Vetos

    Bolsonaro, no entanto, vetou o parágrafo 3º do Artigo 11 da Lei nº 11.540/2007, “tendo em vista que colide com disposições legais já existentes, além de poder configurar, em tese, aumento não calculado de despesas, com impacto significativo nas contas públicas, de cerca de R$ 4,8 bilhões no PLOA 2021, e o risco do rompimento do teto de gastos instituído pela EC nº 95/2016”, justificou o Planalto.

    Na avaliação do governo federal, o dispositivo reduzia o espaço do Executivo e do Legislativo para alocação de recursos, conforme as prioridades identificadas para cada exercício, “o que poderia prejudicar outras políticas públicas desenvolvidas pela União, por terem o espaço fiscal para seu atendimento reduzido”.

    Bolsonaro vetou também o Artigo 3, que previa que a alocação dos recursos do FNDCT em reserva de contingência na Lei Orçamentária de 2020 seria disponibilizado integralmente para execução orçamentária e financeira após a entrada em vigor da lei complementar aprovada.

    “Tal dispositivo contrariava interesse público, pois obrigava a imediata execução orçamentária dos recursos do FNDCT, de aproximadamente R$ 4,3 bilhões, que estavam alocados em reserva de contingência. Sendo assim, forçaria o cancelamento das dotações orçamentárias das demais pastas, que já estavam programadas para o exercício. Além disso, a medida atrapalharia a execução de projetos e ações já planejadas pelas demais áreas do governo federal, além de elevar a rigidez orçamentária”, informou o Planalto em sua justificativa ao veto.

    Edição: Graça Adjuto

  • Cientistas falam sobre perspectivas astronômicas para 2021

    Cientistas falam sobre perspectivas astronômicas para 2021

    O ano de 2021 traz perspectivas animadoras para a astronomia, como a contagem regressiva para uma missão com destino à Lua e o lançamento de um supertelescópio que fará imagens inéditas do espaço.

    Quem perdeu a oportunidade de observar os eventos ocorridos em 2020 terá a chance de observar novos fenômenos a partir de 27 de abril, com uma Superlua.

    Em maio, um eclipse total da Lua será a atração nos céus brasileiros. Novembro terá outro eclipse, desta vez parcial.

    Em dezembro será possível conferir a famosa chuva de meteoros Geminídeas.

    Começa este ano também a contagem regressiva para a missão Artemis, da Nasa, que deve levar a primeira mulher à Lua em 2024, com parceria brasileira. Os testes não tripulados começam este ano, segundo a agência espacial norte-americana.

    A missão ganhou novo fôlego após a descoberta de moléculas de água na Lua, detectada pelo telescópio Sofia.

    Telescópios

    O lançamento do super telescópio James Web é o destaque de Duilia de Mello, astrônoma, pesquisadora em projetos da Nasa e vice-reitora da Universidade Católica da América.

    “Eu acho que vai ser absolutamente incrível toda expectativa que vai se tornar ao redor deste lançamento deste telescópio [James Web], que estamos esperando há tanto tempo e vai revelar os confins do universo. A gente vai poder ver as primeiras galáxias. Além disso, [o telescópio] vai confirmar também alguns planetas ao redor de outras estrelas. Vai ser uma missão de impacto na nossa visão de universo.”

    O astrofísico do Observatório Nacional Ricardo Ogando destaca que as imagens em alta resolução que serão capturadas em 2021 também serão destaque no campo astronômico.

    “A astronomia é a ciência do acaso. A gente nunca sabe o que vai descobrir. É muito difícil prever o que será destaque em 2021. Por exemplo, matéria escura e energia escura. São dois ingredientes importantes do universo que ninguém sabe o que são e surpreenderam a todos quando foram descobertos”, explica.

    Matéria escura

    O cientista explica que a matéria escura é uma matéria invisível, não detectável fisicamente e apenas teorizada devido à sua ação gravitacional. A energia escura, por sua vez, é o nome que se dá ao ”combustível” que acelera a expansão do universo.

    “Vários projetos estão tentando descobrir mais detalhes sobre este setor escuro do universo. Um deles é o LSST (Legacy Survey of Space and Time), no Observatório Vera Rubin, no Chile, vai usar um telescópio de 8 metros para fazer uma espécie de filme em altíssima resolução do céu usando uma câmera de 3,2 mil megapixels”, revela o astrofísico.

    Leonardo Andrade, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, destaca o uso de dados dos telescópios para detecção de bioassinaturas.

    ”Para 2021, teremos possivelmente a confirmação de alguns estudos, como o que trata da descoberta de um planeta ao redor de duas estrelas – uma viva e outra morta, usando dois métodos de detecção diferentes”, afirmou.

    Para Hélio Jaques Rocha-Pinto, diretor do Observatório do Valongo, 2021 será uma oportunidade para ampliar o conhecimento humano sobre a Via Láctea com a liberação de dados do satélite Gaia.

    “Eu espero grandes descobertas na área da astronomia galáctica em função da liberação de dados do satélite Gaia, que está disponibilizando aos pesquisadores uma quantidade de informações sem precedentes em termos de precisão das posições estelares e do movimento das estrelas na esfera celeste”, concluiu.

    Edição: Pedro Ivo de Oliveira

  • Projeto destina 20% dos recursos de publicidade do governo para emissoras comunitárias e educativas

    Projeto destina 20% dos recursos de publicidade do governo para emissoras comunitárias e educativas

    A proposta também altera a legislação para permitir a veiculação de campanhas institucionais do governo nessas emissoras e canais. Hoje a publicidade é vedada nesses meios, exceto sob a forma de apoio cultural.

    São modificadas a Lei de Radiodifusão Comunitária, a Lei do Serviço de Acesso Condicionado e o Decreto-Lei 236/67, que regulamenta o Código Brasileiro de Telecomunicações.

    Alcance do público
    Autor do projeto, o deputado Bacelar (Pode-BA) afirma que “os veículos comunitários e educativos são eficazes no alcance ao público, em especial das classes de menor renda, em vista da sua capilaridade e da natureza dos serviços de comunicação de caráter local que prestam ao bairro ou comunidade atendida”.

    Porém, conforme o parlamentar, “nas campanhas conduzidas pelo governo, esse segmento da comunicação social é usualmente menosprezado”.​

  • Projeto tipifica como crime de responsabilidade divulgação de fake news por político

    Projeto tipifica como crime de responsabilidade divulgação de fake news por político

    Os crimes de responsabilidade são passíveis da pena de perda do cargo com inabilitação, por até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública. A imposição da pena não exclui o processo e julgamento do acusado por crime comum, na Justiça ordinária.

    A proposta foi apresentada pela deputada Marília Arraes (PT-PE) à Câmara dos Deputados.

    Ela se diz preocupada com a disseminação de notícias falsas entre as pessoas, principalmente em situações delicadas, como a da pandemia de Covid-19, e especialmente por figuras públicas. Cargos públicos, avalia, exigem discernimento de que se está trabalhando para toda a população.

    “Quase que diariamente o presidente da República promove ataques às medidas tomadas pelos governadores frente à pandemia de Covid-19”, afirma. “A cada nova declaração, o detentor do cargo máximo do País desmoraliza não só os governos estaduais e municipais, como seu próprio ministério, contradizendo e distorcendo tudo o que o resto do mundo adotou. Faltar com a verdade e distorcer informações viola os princípios que orientam a administração pública quanto a impessoalidade e a moralidade e distorce os princípios da legalidade e da publicidade.”

    Leis alteradas
    O texto inclui a nova tipificação na Lei dos Crimes de Responsabilidade e na Lei da Improbidade Administrativa.

    Atualmente, configuram-se como crimes de responsabilidade contra a probidade na administração, entre outros, infringir as normas legais no provimento dos cargos públicos e ameaçar funcionário público para coagi-lo a proceder ilegalmente.

    Tramitação
    O projeto será analisado pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania e também pelo Plenário.

    Saiba mais sobre a tramitação dos projetos de lei

    Reportagem – Noéli Nobre
    Edição – Ana Chalub

  • Cientistas pedem apoio de parlamentares para a liberação de recursos para ciência no Brasil

    Cientistas pedem apoio de parlamentares para a liberação de recursos para ciência no Brasil

    Representantes da comunidade científica brasileira defenderam nesta segunda-feira (17) investimentos maiores em ciência, tecnologia e inovação no País. A avaliação dos participantes de uma videoconferência promovida pela comissão mista que acompanha os gastos públicos com a pandemia de Covid-19 é a de que o Brasil gasta pouco, especialmente se comparado a outros países.

    O pedido é para que se liberem totalmente os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para superar as crises sanitária, humanitária e econômica que assolam o País.

    O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, fez um apelo pela liberação dos recursos do fundo. “É nossa luta permanente, não só neste momento. Estamos preocupados com o orçamento do ano que vem. Os discursos sobre a importância da ciência, da tecnologia e da educação são fáceis de serem feitos, mas é mais difícil colocar mais recursos para essa área, mas é fundamental que seja feito.”

    Recentemente, o Senado aprovou projeto de lei complementar (PLP 135/20) que proíbe o contingenciamento de recursos do FNDCT. Autor da proposta, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) defendeu a aprovação da matéria pela Câmara dos Deputados o mais rapidamente possível e sem alterações, para que o texto não retorne ao Senado antes de ir à sanção.

    O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, criticou a alocação de apenas R$ 600 milhões, em 2020, provenientes do fundo, embora sua arrecadação tenha sido de R$ 5,2 bilhões. Entre 2006 e 2020, cerca de R$ 25 bilhões foram contingenciados, segundo os dados compilados pelos cientistas.

    Também Glauco Arbix, ex-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), lamentou que a ciência e a tecnologia não sejam prioridade no Brasil e criticou editais recentes.

    “São recursos que foram colocados à disposição para editais do CNPq, editais da Capes e de várias outras instituições, menos de R$ 500 milhões. A nossa avaliação, no começo de julho, é que desses 500 milhões de reais, cerca de 100 milhões chegaram efetivamente na mão de quem faz pesquisa.”

    Para o deputado Felício Laterça (PSL-RJ), os investimentos em ciência se justificam também para segurar os melhores cientistas brasileiros no País. “A gente não tem como fazer algo maior, de longo prazo, se você não sabe os recursos que você vai poder utilizar.”

    Os debatedores chamaram ainda atenção para a falta de investimento em pesquisa científica na Amazônia e o desmatamento do bioma. Foi o alerta de Luiz Davidovich, da Academia Brasileira de Ciências. “Exemplos de recursos que são dados de graça para nós e estão sendo destruídos pelo desmatamento da Amazônia, que não só prejudica o clima, mas prejudica também o estoque de riqueza do País, que está na biodiversidade e vale mais que o ouro.”

    Davidovich também alertou para os riscos sanitários do desmatamento ao liberar novos vírus para a civilização urbana. “Cerca de 500 vírus já foram classificados e identificados na região amazônica. Calcula-se que algumas dezenas de vírus podem ter impacto sobre o ser humano. Fonte de uma nova pandemia? Espero que não. Mas veja que é um sistema complexo e, para dominar esse sistema e colocá-lo a serviço do País, precisamos de ciência, tecnologia e inovação.”

    O deputado General Peternelli (PSL-SP) acredita que tal assunto deva se vincular ao estímulo da indústria.

    Pesquisa da Covid-19
    Apesar das críticas aos investimentos em ciência, os debatedores ressaltaram o trabalho das universidades brasileiras durante a pandemia de Covid-19, que, com poucos recursos, atuaram na produção e na realização de testes, e na produção de equipamentos hospitalares (como respiradores) e de proteção individual.

    Diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Américo Pacheco lembrou que a entidade, por exemplo, passou a redirecionar recursos durante a pandemia, sem lançar mão de novos gastos. Mais de 150 grupos de pesquisas e startups, nos quais a Fapesp já havia investido R$ 260 milhões em laboratórios e pessoal qualificado, se dispuseram a focar suas pesquisas para o enfrentamento da Covid-19.

    Reportagem – Noéli Nobre
    Edição – Geórgia Moraes

  • Participantes de videoconferência defendem projeto que regulamenta pesquisas clínicas no Brasil

    Participantes de videoconferência defendem projeto que regulamenta pesquisas clínicas no Brasil

    “Hoje todos os países têm dois estágios de pesquisa: um ético e um técnico. No projeto, pareamos o marco legal com esses outros países. Estabelecemos prazos adequados, prazos de pós-estudo, transparência na pesquisa, biossegurança nos candidatos”, comentou. “Quem pesquisa, quem financia, quem utiliza, está todo mundo de acordo. O que falta para a nossa Casa dar essa resposta à sociedade?”, questionou Gonçalves.

    Relatora da comissão externa, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) ressaltou que a proposta já foi suficientemente discutida. “Se há algo a ser acrescentado, que a gente o faça no Plenário.”

    Mesmo o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que discorda de pontos do texto, pediu sua votação. Ele defende, por exemplo, que a empresa privada que fizer pesquisa clínica tenha o compromisso de fornecer o medicamento ao participante que necessite dele. “A gente pode fazer esse debate”, ressaltou.

    Mãe de um jovem portador de uma doença metabólica chamada mucopolissacaridose, a vice-presidente do Instituto Vidas Raras, Regina Próspero, enxerga no projeto de lei uma oportunidade de proporcionar o direito à vida a todas as pessoas que precisam de pesquisa. “Gostaria que vocês, deputados, dessem prioridade porque temos crianças morrendo por falta de pesquisa clínica”, declarou.

    Legado da pandemia
    Representantes da área de pesquisa chamaram a atenção para o fato de que a pandemia de Covid-19 acelerou estudos clínicos sobre a doença e esperam agora que isso fique como legado para o Brasil.

    “De repente, a gente viu o protagonismo da pesquisa clínica em função da pandemia. Ela sai do meio acadêmico e passa a fazer parte do noticiário. Não é raro a gente ligar a televisão e estar se falando de ‘fase 1’, de ‘fase 2’, de ‘fase 3’”, observou a diretora da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, Solange Nappo. “E a sociedade muito orgulhosa de o Brasil ter sido escolhido para o desenvolvimento de algumas vacinas, o que mostra um status diferente da pesquisa clínica.”

    Ela lamentou, por outro lado, a atual falta de estabilidade, previsibilidade e transparência para o setor, o que também afugenta estudos no País. “Em 2018, foram feitos no mundo mais de 11 mil estudos clínicos e, no Brasil, apenas 245. O Brasil tem a quinta maior população, é o sétimo mercado farmacêutico no mundo, tem o nono PIB mundial, mas é só o 24º em pesquisa clínica”, disse Nappo. “Ou seja, o ambiente regulatório não é atrativo.”

    O presidente da Aliança Pesquisa Clínica Brasil, Fábio Franke, acredita que o País tem condições de fazer as pesquisas clínicas, precisando para isso de regras claras e prazos competitivos. “Infelizmente, o Brasil não tem prazos previsíveis. A demora de aprovação faz com que a gente perca estudos todos os dias”, reclamou. “Precisamos de uma aprovação que seja de dois a três meses.”

    Os processos hoje podem ser superiores a seis meses, de sua concepção até a chegada do produto investigacional para o participante da pesquisa.

    Na audiência, a diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Camile Sachetti, informou que desde 2018 a pasta vem atuando fortemente para que a pesquisa clínica no Brasil se desenvolva, e o País atraia ensaios clínicos.

    “Estamos trabalhando há mais de um ano, qualificando o sistema, para que as análises sejam de qualidade. Estamos também com processo para apoiar comitês de ética e pesquisa, a questão da acreditação dos comitês de ética”, destacou a representante do ministério.

    Covid-19
    Especificamente sobre a Covid-19, Camile Sachetti informou que o Ministério da Saúde possui uma chamada pública para contratação de pesquisas e está atento às publicações institucionais sobre tratamentos e vacinas no Brasil e no mundo. “A nossa posição é dar o acesso a toda a população brasileira à primeira vacina que se mostrar eficaz”, declarou.

    Em relação à anunciada vacina russa, a diretora afirmou que as informações de que a pasta dispõe são as mesmas que estão na mídia, mas que relatórios já foram solicitados sobre o produto.

    Reportagem – Noéli Nobre
    Edição – Marcelo Oliveira

  • Deputados citam pontos polêmicos a serem analisados durante votação do projeto de combate a fake news

    Deputados citam pontos polêmicos a serem analisados durante votação do projeto de combate a fake news

    Margarete Coelho acredita que o grande dissenso no tema são as regras previstas para a moderação pelas redes sociais

    Na última rodada do ciclo de debates sobre o projeto das fake news (PL 2630/20), deputados indicaram os pontos polêmicos a serem analisados durante a votação da proposta, já aprovada no Senado e em análise na Câmara dos Deputados.

    A mediadora do debate, deputada Margarete Coelho (PP-PI), resumiu questões a serem pensadas pelos deputados, a partir dos debates feitos.”Eu percebo que o grande dissenso que nós temos no tema é sobre as regras previstas para a moderação pelas redes sociais, qual a melhor forma de fazer. Autorregulação regulada, dar mais poder, ou garantir que a porta de entrada seja o poder Judiciário ou se o poder Judiciário deve ficar apenas naqueles momentos dos interesses resistidos, nas omissões das plataformas?”, indagou.

    O coordenador da discussão, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), sugeriu que os deputados discutam também não apenas o projeto das fake news, mas a criação de normas infralegais para que a lei não precise entrar em um grau elevado de detalhamento, mas possa inibir condutas. Segundo o parlamentar, é preciso impedir as “engenharias criadas nas redes para assassinar reputações”.

    No debate realizado nesta sexta (7), cujo tema foi desinformação e discurso de ódio,  especialistas apontaram a necessidade de melhorias no projeto. A jornalista Bianca Santana, da Uneafro Brasil, disse que a proposta precisa ser aprimorada. Um dos pontos levantados por ela é possibilidade de que a futura lei possa abrir brecha para a remoção de conteúdos, uma vez que, apesar das evidências estatísticas, parte da imprensa não usa a palavra genocídio ao se referir à morte de pessoas negras no Brasil. O uso da palavra poderia, portanto, ser considerado notícia falsa.

    “Apesar de sabermos que a cada 23 minutos um jovem negro é exterminado no Brasil, que 75,5 % das pessoas assassinadas no Brasil são negras, que 91% das crianças mortas pelas ditas balas perdidas no Rio de Janeiro são negras, que o feminicídio entre mulheres brancas caiu 9,8% em dez anos e aumentou 54% entre mulheres negras, parte da imprensa brasileira não utiliza a palavra genocídio, e há quem questione os dados, afirmando que genocídio é uma palavra inadequada.”

    Segundo a jornalista, também faz falta na proposta a exigência de que as plataformas tenham seus algoritmos auditados, para que seja verificada a possibilidade de “racismo algorítmico”.

    Em sentido similar, Evorah Cardoso, co-diretora da ONG #MeRepresenta e integrante do coletivo #VoteLGBT, sugeriu alterações no artigo 13 do projeto de lei, que trata de transparência e estabelece, por exemplo, que provedores produzam relatórios sobre moderações de conteúdos, com dados quantitativos, motivações, metodologia empregada.

    Gustavo Sales/Câmara dos Deputados
    Lei de combate às Fake News. Dep. Orlando Silva(PCdoB - SP)