Tag: Cenário Agro

  • Mapa apoia iniciativa que vai conectar cidades paulistas e estimular pesquisas no setor agropecuário

    Mapa apoia iniciativa que vai conectar cidades paulistas e estimular pesquisas no setor agropecuário

    O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) formalizou apoio ao Corredor de Inovação Agropecuária do Estado de São Paulo, uma iniciativa que vai integrar instituições de pesquisa, de ciência e tecnologia, universidades e empreendedores do agro no interior de São Paulo.

    A ideia é estimular o desenvolvimento estratégico de empresas em âmbito regional, envolvendo o estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico, à inovação e ao surgimento de novos negócios voltados à agropecuária brasileira, contribuindo para o incremento da renda e bem-estar social.

    O protocolo de intenções para a promoção do Corredor de Inovação foi assinado durante a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), na última segunda-feira (25). Representando o ministro Marcos Montes, a superintendente federal de Agricultura de São Paulo, Andréa Moura, assinou o documento. O acompanhamento será por meio da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação (SDI) do Mapa.

    O conceito que fortalece os ecossistemas regionais de inovação agropecuária do estado envolve a Secretaria de Estado de Agricultura de São Paulo, a Embrapa e o Sebrae. Participam as principais cidades do eixo Piracicaba, Jaguariúna, São Carlos, Campinas e Ribeirão Preto. São 250 quilômetros onde ficam concentradas 112 instituições de ensino e pesquisa (32 diretamente ligadas ao agro), 168 startups do agro (chamadas de agtechs), 52 ambientes de inovação e cinco unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

    Nesse corredor vivem mais de 3 milhões de pessoas e se formam em ciências agrárias todos os anos mais de mil profissionais. Nesses polos, se destacam tecnologias ligadas à bioenergia, agricultura, saúde animal, biologia, meio ambiente, alimentos, agricultura digital, engenharia e produção animal, de acordo com diagnóstico preliminar realizado pelo Mapa e pela Embrapa em 2020.

    Vitor Mondo, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agricultura Digital (Campinas, SP), explica que o corredor ainda passará pela fase de implementação. “Estamos escrevendo um convênio formal entre as instituições que dará base à governança. O convênio terá algumas partes importantes para estudo e implementação:  modelo de governança, estratégia de relacionamento, ações de comunicação interna e externa e sustentação econômica”, disse.

    Segundo ele, que está à frente do projeto, existem vários cases de corredores mundialmente estabelecidos e diferentes modelos de governança. “Por isso será importante nos próximos meses o aprofundamento e a identificação de boas práticas para serem adequadas ao Brasil.”

    Participaram da cerimônia de lançamento do corredor o presidente da Embrapa, Celso Moretti, o secretário em exercício de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Francisco Matturro, o subsecretário de Agricultura, Orlando Castro, o presidente do Sebrae-SP, Tirso Meirelles, a superintendente Andréa Moura, o coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Sergio Tutui, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, entre outras autoridades.

  • Em feira global, Mapa amplia tratativas para retomar exportação de pescado para a União Europeia

    Em feira global, Mapa amplia tratativas para retomar exportação de pescado para a União Europeia

    O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) participa da maior feira de pescado do mundo, a Seafood Expo Global, que acontece até quinta-feira (28) em Barcelona, na Espanha, com o objetivo de aprofundar as tratativas para a retomada das exportações de pescado brasileiro para a União Europeia. Além de visitar os estandes dos mais de 100 países presentes na feira, a equipe do Mapa está se reunindo com empresários e representantes de governos para ampliar a articulação comercial.

    “A ideia é que possamos avançar e sensibilizar para que a gente possa retomar as exportações para o mercado europeu. Sonhamos que no próximo ano a gente possa ter um estande do Brasil, com vários empresários, e possamos consolidar todo esse trabalho que fazemos desde 2019”, ressaltou o secretário de Aquicultura e Pesca do Mapa, Jairo Gund.

    Também foram realizadas reuniões com autoridades do Reino Unido para tratar da abertura daquele mercado, que segue as mesmas regras que a União Europeia. A Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa também participou da Seafood.

    As exportações de pescado do Brasil para a União Europeia estão suspensas desde 2017, após questionamentos apresentados por autoridades do bloco depois de uma missão de auditoria. A Secretaria de Aquicultura e Pesca vem trabalhando em conjunto com a Secretaria de Defesa Agropecuária na elaboração e implementação de medidas para o controle higiênico-sanitário da cadeia produtiva de pescado nacional, em atendimento aos requisitos da comunidade europeia.

    O presidente da Câmara Setorial de Produção e Indústria de Pescados, Eduardo Lobo Nasvlasky, que também participa da Seafood, destacou a importância do mercado para o setor pesqueiro brasileiro. “O Brasil tem que participar desse mercado comum europeu, tem que voltar a exportar, e a missão brasileira tem tratado isso fortemente aqui”.

  • Mapa e ABDE estabelecem parceria para o desenvolvimento sustentável da agropecuária no semiárido e norte do país

    Mapa e ABDE estabelecem parceria para o desenvolvimento sustentável da agropecuária no semiárido e norte do país

    Com a finalidade de promover ações que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico e a inclusão produtiva de agricultores atendidos pelo AgroNordeste e, em breve, pelo Plano Norte+Sustentável, foi firmado, nesta terça-feira (3), um Protocolo de Intenções entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).  O ato ocorreu na sede da pasta, com a presença do Secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, e da presidente da ABDE, Jeanette Lontra.

    Sob coordenação do Departamento de Programas Territoriais Rurais (Deproter) do Mapa, a parceria visa a realização de oficinas territoriais de planejamento, o apoio à governança territorial, a elaboração de estudos estratégicos e a captação de recursos para financiamento de programas e projetos com viés de sustentabilidade.

    “O protocolo de intenções é uma parceria estratégica com bancos de fomento para a estruturação de projetos de desenvolvimento de longo prazo de cadeias produtivas relevantes, especialmente nos territórios atendidos pelo Norte+Sustentável e pelo AgroNordeste”, destacou o secretário Fernando Camargo.

    A presidente da ABDE vê com grande satisfação a interlocução entre a Associação e o Mapa. “O financiamento à agricultura é um dos pilares do Sistema Nacional de Fomento e peça importante do Plano ABDE 2030 de Desenvolvimento Sustentável, lançado por nós neste ano. Demos hoje apenas um primeiro passo de um caminho fundamental para o Brasil, com a construção de uma agenda conjunta para o financiamento sustentável do setor”, disse Jeanette Lontra.

    Dentre as estratégias prioritárias previstas no acordo, estão o incentivo à agregação de valor e o acesso a novos mercados; a promoção do financiamento à agroindústria sustentável; e a implementação de estratégias, técnicas e processos produtivos ambientalmente sustentáveis, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (IFPL), os sistemas agroflorestais, a descarbonização da agricultura e a redução de metano, entre outros.

    Segundo a diretora do Deproter, Adriana Melo, a cooperação com a ABDE sinaliza para o Mapa, parceiros e beneficiários dos dois planos a prioridade regional do Sistema Nacional de Fomento. “O financiamento da agropecuária sustentável nessas regiões é vetor primordial para melhoria da renda dos pequenos e médios produtores”, completou.

    Planos de Desenvolvimento Territoriais Rurais

    AgroNordeste

    O Plano AgroNordeste foi lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2019, para impulsionar, por meio da integração de ações e políticas públicas, o desenvolvimento econômico, social e sustentável da Região Nordeste e do norte de Minas Gerais e Espírito Santo. Com o apoio de uma importante rede de parceiros, conjuga ações que visam o fortalecimento das cadeias produtivas, ampliando o potencial de sucesso dos agricultores familiares de 16 territórios.

    Norte+Sustentável

    O Plano Norte+Sustentável está em formulação pelo Mapa, em parceria com estados e instituições, com o intuito de promover a convergência das políticas públicas agropecuárias e o ordenamento do território da Amazônia Legal, por meio da regularização fundiária, adequação ambiental e da produção, a partir de arranjos produtivos locais. Visa, ainda, contribuir para a geração de renda, ampliando os canais de comercialização, com equilíbrio entre eficiência produtiva, benefício social e conservação ambiental.

  • Com apoio do Mapa, agricultores familiares levam tradição em forma de produtos para a Feira de Gastronomia da  87ªExpoZebu

    Com apoio do Mapa, agricultores familiares levam tradição em forma de produtos para a Feira de Gastronomia da 87ªExpoZebu

    Até o dia 4 de maio, agricultores familiares de Minas Gerais irão participar da Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas da 87ª ExpoZebu, em Uberaba. Dentre os estandes do espaço, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reuniu produtores de doces, carnes, farinhas, vinhos, azeites, espumantes, café, mel, e, é claro, de queijos.

    A tradição do modo de fazer dos queijos mineiros é predominantemente familiar. Ao longo do tempo, a comercialização do produto expandiu-se para além dos núcleos regionais, garantindo espaço de destaque como iguaria nacional.

    Passada de pai para filho, a tradição à beira do Córrego do Rolim chegou à Feira de Gastronomia em Uberaba pelo produtor Paulo Sérgio de Resende. Ele aprendeu o ofício de queijeiro com o pai na região de Desemboque, zona rural do município mineiro de Sacramento.

    Um queijo mais forte ao paladar e com a casca mais amarelada ficou cerca de 30 dias maturando e o mais suave e de coloração mais clara teve 15 dias de cura, explica Paulo Resende. No estande, estão 115 peças produzidas pela família para a venda até a próxima quarta-feira no espaço gastronômico da ExpoZebu.

    Para ele, a oportunidade de estar representando a história do patriarca traz o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido ao longo das gerações. “Antes, o pessoal chegava lá na roça e pegava os queijos e agora a gente tem confiança no nosso produto. Nós trabalhamos sem medo e tem mais valor no nosso queijo”, conta Paulo, ao demonstrar o avanço na forma de comercialização da produção artesanal.

    Tradicional pelo modo único de se fazer, os queijos da Canastra também estão presentes na feira gastronômica. A Indicação de Procedência dessa região é um diferencial do produto que traz sabores distintos para a mesma receita, que reúne apenas leite cru, sal e pingo.

    “Todos os queijos são produzidos da mesma forma e com os mesmos ingredientes. Então, o que vai variar são as características dos produtores, das propriedades, do tipo de rebanho e da alimentação do gado”, explica a gerente Técnica da Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), Brenda Macedo.

    Brenda Macedo ainda destacou que as características da casca amarela e firme por fora e a massa macia e saborosa por dentro decorrem do desenvolvimento da produção familiar para a comercialização do queijo.

    Antigamente, os patriarcas e matriarcas produziam o queijo apenas para o consumo familiar, aos poucos começaram a vender localmente para o sustento da família. Mais para frente, com o queijo chegando a destinos cada vez mais distantes, era preciso maturar o produto para não amassar durante o trajeto. Então, o produto só podia viajar com mais de 30 dias de cura, quando já estava mais firme e amarelado.

    Além de trazer o reconhecimento como Indicação Geográfica, o queijo da Canastra em seu modo de fazer também é patrimônio cultural imaterial brasileiro desde 2008, reconhecimento concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

    Feira de Gastronomia

    Realizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas é uma das atrações da 87ª edição da ExpoZebu, maior feira da raça zebuíno do mundo.

    “Para nós, a Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas é muito gratificante, pois temos aqui hoje 80 expositores da agricultura familiar, gente que produz da porteira para dentro e traz o que tem de melhor para expor aqui”, destaca o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rivaldo Júnior.

    Além do cardápio variado, a feira traz workshops e treinamentos com objetivo de apresentar soluções para os alimentos embutidos, assim como, debates sobre questões legais para os produtores. A Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas ocorre entre os dias 30 de abril a 4 de maio, das 10 às 22h. O espaço é aberto ao público, que pode consumir as iguarias em mesas no local.

  • Papel da cana-de-açúcar como fator ambiental, gerador de renda e empregos é destaque em abertura de safra

    Papel da cana-de-açúcar como fator ambiental, gerador de renda e empregos é destaque em abertura de safra

    Insumo para o açúcar, o etanol e a geração de energia elétrica, a cana-de-açúcar é destaque na produção agrícola nacional não apenas pelo valor da produção, mas como importante fator de sustentabilidade ambiental, gerador de emprego e renda. Esses foram os destaques apresentados na abertura da safra mineira de cana-de-açúcar nesta sexta-feira (29), em Uberaba (MG).

    “Começamos uma safra positiva, otimista, mostrando que esse setor é o setor que tem contribuindo tanto para o Brasil na questão da sustentabilidade, emprego e renda”, declarou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes na cerimônia, realizada na fazenda Santa Vitória.

    Para a safra 2022/23, são estimadas 596 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A previsão nacional é 2,9% maior do que o período anterior. A produção de açúcar para a safra atual está prevista em 40,3 milhões de toneladas, enquanto que para etanol são esperados 24,8 bilhões de litros.

    Além desses produtos, a cana-de-açúcar também produz energia, sendo uma fonte limpa. A cadeia de usos da cana-de-açúcar apresenta relevantes oportunidades de aumento da sua eficiência energética com agregação de valor, custos decrescentes e forte desenvolvimento econômico destacou o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.

    “Somos exemplo de sustentabilidade e aplicação de economia circular. Tudo nesse parque energético tem valor. Produzimos açúcar, etanol, bioeletricidade. O setor ainda já está produzindo e biometano e biogás. Nosso país tem opções e podemos fazer escolhas”, disse Campos ao destacar a importância de se manter a segurança energética nacional a partir do que o mundo tem vivdo com a guerra na Ucrânia.

    O estado de Minas Gerais deve atingir 67 milhões de toneladas na produção da safra 2022/23 (incremento de 4,8%), sendo Uberaba a maior cidade produtora. O município processou 12,4% da cana-de-açúcar produzida no estado na safra 2021/22 e, segundo previsão da Conab, deve processar 11,4% na safra atual.

    “O agro é a moeda forte do Brasil. Não parou na pandemia, ao contrário, avançou para sustentar a população e também a nossa economia, frisou a prefeita de Uberaba, Elisa Araújo.

    A cerimônia ainda contou com a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e do ex-ministro da Agricultura Allyson Paolinelli, que recebeu homenagem de Marcos Montes.

     

  • Governo abre crédito suplementar para equalizar dívidas de Planos Safras de anos anteriores

    Governo abre crédito suplementar para equalizar dívidas de Planos Safras de anos anteriores

    A Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia publicou nesta terça-feira (20) uma Portaria abrindo crédito suplementar no valor de R$ 1,52 bilhão para suportar a equalização de operações de crédito rural do estoque de dívidas do crédito rural. Os recursos serão utilizados para o pagamento da equalização de dívidas contratadas em Planos Safras de anos anteriores, tanto para custeio, investimento ou no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

    Os recursos liberados hoje não estão relacionados com a suspensão das novas contratações com recursos equalizáveis pelo Tesouro Nacional, correspondentes ao Plano Safra 2021/2022, que ainda dependem da aprovação pelo Congresso Nacional do PLN 1/2022, que prevê R$ 868 milhões para essa finalidade.

    “Essa aprovação é crucial para a reabertura das linhas do Plano Safra 2021/2022 que estão suspensas. Nós temos represados cerca de R$ 24 bilhões em linhas de crédito que dependem desse PLN”, diz Wilson Vaz de Araujo, Diretor de Políticas de Financiamento ao Setor Agropecuário, da SPA/Mapa.

     

  • Esclarecimentos sobre a regulamentação da pesca de arrasto de praia em Santa Catarina

    Esclarecimentos sobre a regulamentação da pesca de arrasto de praia em Santa Catarina

    A Secretaria de Aquicultura e Pesca, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP/Mapa), publicou no dia 8 de março de 2022 a Portaria SAP/MAPA nº 617, que estabelece as medidas de ordenamento, registro e monitoramento da pesca de arrasto de praia no Mar Territorial no Estado de Santa Catarina.

    As regras estabelecidas tiveram por objetivo regulamentar as embarcações de pesca que praticam essa atividade centenária no litoral catarinense e realizar o monitoramento dessa importante pescaria.

    Ressalta-se que qualquer atividade de pesca que utiliza embarcações deve estar autorizada pela SAP/Mapa ao exercício de suas atividades. O governo federal apresenta, desde 2011, uma matriz de permissionamento das embarcações de pesca, na qual a prática de arrasto de praia não havia sido inserida e há mais de uma década existem demandas para que o órgão gestor da pesca regularizasse a situação dessa modalidade de permissionamento, trazendo segurança jurídica aos pescadores e a todos os envolvidos

    A partir de 2019, os trabalhos foram realizados de forma mais efetiva para que esta Secretaria pudesse realizar o processo de permissionamento dessa atividade de forma sustentável e que garantisse a continuidade do modo de vida dos pescadores artesanais de Santa Catarina. Sendo assim, houve coleta de informações sobre a atividade por meio da contratação de um estudo técnico em 2020 e colaboração da Secretaria de Agricultura do Estado de Santa Catarina, que promoveu discussões pertinentes na base. Esse trabalho em conjunto foi realizado porque a SAP/Mapa entende que as peculiaridades locais devem ser consideradas, a partir do diálogo com o setor pesqueiro, para o estabelecimento de um modelo efetivo de gestão.

    Como fruto desse processo, foi publicada a Portaria SAP/Mapa nº 617/ 2022 no início de março de 2022, buscando regularizar todos os pescadores que exercem a atividade de pesca de arrasto de praia no litoral de Santa Catarina. A norma foi desenhada para o arrasto de praia em geral, seguindo os moldes do processo de permissionamento atual, devendo obedecer a documentação exigida para qualquer frota e com a validade da autorização de 5 anos.

    A normativa busca retirar essa atividade da invisibilidade, a partir da regularização dos pescadores que tradicionalmente exercem a pesca de arrasto de praia. Para confirmar essa tradicionalidade na pescaria, foram definidos como documentos comprobatórios:

    I – autodeclaração de pescador validada por dois pescadores, ambos inscritos e licenciados como pescador profissional artesanal no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP); ou

    II – relatório de produção emitido pelo Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Estado de Santa Catarina (PMAP-SC), de qualquer ano anterior a 2022.

    Outro ponto de atenção da norma foi buscando atender o fato de que os pescadores que exercem a atividade de arrasto de praia também praticam outros tipos de pescaria, especialmente a pesca de emalhe. Dessa forma, a SAP/Mapa desenhou os tipos de autorização para contemplar a atividade já exercida na base. Assim, os pescadores têm quatro opções de modalidade de permissionamento para serem autorizados de acordo com a modalidade de permissionamento em que estavam enquadrados, estas:

    1.   Autorização do arrasto de praia que apresenta como complementar o emalhe de superfície;

    2.   Autorização do arrasto de praia que apresenta como complementar o emalhe de fundo;

    3.   Autorização do arrasto de praia que apresenta como complementar a modalidade de pesca diversificada costeira; e

    4.   Autorização de arrasto de praia única, para aqueles que praticavam tradicionalmente esta pescaria e ainda não possuíam nenhuma autorização.

    Cabe destacar que a norma prevê que a modalidade seja exercida com embarcações a remo e com uso de motor, sendo que as embarcações a motor podem operar apenas entre os municípios de Passo de Torres e Imbituba e possuir potência máxima de até 90 HP.

    A autorização abrange ainda todas as espécies capturadas na modalidade, de acordo com dados de monitoramento da região, e deve obedecer ao ordenamento específico de cada recurso.

    É sabido que o recurso mais importante dessa modalidade é a tainha, que inicia sua temporada de pesca em 1° de maio. Desta forma, todos os pescadores de tainha devem se regularizar por meio das regras dispostas na Portaria SAP/Mapa nº 617, de 8 de março de 2022.

    A norma traz as regras gerais para o exercício da atividade, e algumas regras específicas para o exercício da pesca da tainha já são conhecidas , estando previstas na Portaria SEAP-PR/MMA nº 24/2018.

    Assim, os pescadores de tainha devem ser autorizados por meio da Portaria SAP/Mapa nº 617, de 8 de março de 2022, e poderão continuar exercendo a atividade na área e praia que sempre exerceram. A norma não traz restrições quanto a essas questões.

    Em relação à definição dos pontos de pesca, a SAP/Mapa não alcançou, junto ao setor pesqueiro da região, embasamento legal e subsídios suficientes para definir espaços territoriais nas praias dos municípios específicos para pescadores. Portanto, para garantir a segurança jurídica da atividade em relação à possibilidade de fixação de pontos de pesca, é necessária uma discussão jurídica aprofundada, além de uma maior discussão na base, com dados de monitoramento consolidados e confiáveis, levando em consideração ainda a Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011.

    A regularização da atividade representa um grande avanço e possibilitará a obtenção de informações sobre os pescadores de arrasto de praia de tainha, além de conhecer o quanto produzem, garantir a continuidade da atividade com segurança jurídica e permissionamento adequado, ainda mais tendo em vista o processo já avançado da política de cotas de tainha para a modalidade de emalhe anilhado e de cerco traineira.

    A SAP/Mapa destaca a importância de o pescador encaminhar o seu requerimento para garantir a sua autorização de Pesca com a documentação completa solicitada na normativa para não ter atrasos na emissão das autorizações.

  • Inseticida fisiológico inédito é registrado para o controle de lagartas

    Inseticida fisiológico inédito é registrado para o controle de lagartas

    Ato n° 18 do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária, publicado nesta terça-feira (19), no Diário Oficial da União, traz o registro de 28 defensivos agrícolas formulados, ou seja, produtos que efetivamente estarão disponíveis para uso pelos agricultores. Desses, dois são de ingredientes ativos inéditos, sendo um deles considerado de baixo impacto.

    Entre os produtos químicos registrados, pela primeira vez um produto formulado à base do ingrediente ativo Bistriflurom será ofertado aos agricultores. Trata-se de um inseticida fisiológico para o controle de lagartas importantes, com indicação de uso nas culturas do algodão, citros, milho e soja. Segundo a classificação da Anvisa, este é um produto Classe V, ou seja, improvável de causar dano agudo.

    Para o controle da ferrugem-asiática e da mancha-alvo na soja, novamente será ofertado um fungicida à base de Impirfluxam, o terceiro registrado em 2022.

    A novidade dos biológicos fica por conta do primeiro registro da vespinha Trichospilus diatraeae com uso aprovado para a agricultura orgânica. As larvas dessa vespinha parasitam as pupas das lagartas, sendo nesse registro específico, indicada para controle da lagarta dos eucaliptos e da broca da cana-de-açúcar.

    Além disso, outros quatro produtos foram registrados com uso aprovado para a agricultura orgânica. Uma vespinha, Palmistichus elaeisis, um isolado de Beauveria bassiana, um Metarhizium anisopliae e um outro com o óleo de neem.

    Outros três produtos de baixo impacto divulgados no Ato são hormônios vegetais, que embora não tenham efeito tóxico para pragas são registrados com base na mesma Lei dos Agrotóxicos.

    Os produtos de baixo impacto são importantes para a agricultura não apenas pelos aspectos toxicológico e ambiental, mas também por beneficiar as culturas de suporte fitossanitário insuficiente, uma vez que esses produtos são aprovados por pragas-alvo e podem ser recomendados em qualquer cultura.

    Os demais produtos utilizam ingredientes ativos já registrados anteriormente no país. O registro de defensivos genéricos é importante para diminuir a concentração do mercado e aumentar a concorrência, o que resulta em um comércio mais justo e em menores custos de produção para a agricultura brasileira.

    Todos os produtos registrados foram analisados e aprovados pelos órgãos responsáveis pela saúde, meio ambiente e agricultura, de acordo com critérios científicos e alinhados às melhores práticas internacionais.

     

  • Com o título da terra nas mãos, famílias assentadas de Minas Gerais planejam futuro com segurança e acesso ao crédito rural

    Com o título da terra nas mãos, famílias assentadas de Minas Gerais planejam futuro com segurança e acesso ao crédito rural

    Após mais de 18 anos de espera, a família Oliveira recebeu o título da propriedade rural nesta quinta-feira (14) e, agora, planeja o futuro com mais segurança. O terreno do Sítio Velho Sonho, do casal Sebastião Oliveira, de 64 anos, e Ilma Oliveira, de 59 anos, fica no Assentamento Itatiaia, localizado a 29 km do município de João Pinheiro, em Minas Gerais.

    “Essa terra significa tudo para a gente. Nós praticamente ganhamos na loteria, porque isso aqui é tudo para nós, que moramos aqui esse tempo todo sem documento e, agora, a gente vê o documento na mão da gente”, comemora Ilma.

    No local, eles cultivam milho, laranja, mandioca, abóbora e batata. Também criam suínos, galinha e gado leiteiro. É desse último que vem grande parte da renda da família. Produzem, em média, 1.500 litros de leite por mês, mas já fazem planos para aumentar essa quantidade e, ainda, diversificar as atividades produtivas desenvolvidas dentro da propriedade rural.

    “Meu plano mais o dele é, primeiro, de aumentar mais o gado de leite, para a gente ter um ganho melhor, e também ver se dá conta de colocar um pivô (sistema de irrigação) para plantar uma horta, jiló, tomate e banana”, revela a agricultora.

    O casal tem dois filhos, um de 35 anos e outro de 33 anos, que saíram de casa em busca de oportunidades. Agora, com a segurança trazida pelo título da terra, a família quer ficar unida outra vez. “A gente sonha em trazer os filhos para cá, junto com os netos. E eles querem vir trabalhar aqui, plantar e desenvolver na terra, mas a gente pedia para não investirem, porque a gente não sabia se ia conseguir o título. Agora, que temos o título, os filhos e os netos vão poder vir para perto. Isso aí vai ser uma vitória”, conta Ilma, emocionada.

    Ao mostrar a foto dos netos no celular e descrever a felicidade das crianças quando chegam no sítio, Sebastião revela que o planejamento em família já começou e que combinou algumas ações com os filhos. “Eu estava conversando com eles que, assim que nós pegarmos a documentação da terra, vamos ver se a gente consegue colocar um pivô, pode ser pequeno, que aí a gente consegue plantar e colher na entressafra. E aí, tem como os meninos virem para perto”.

    Apoio financeiro

    Para auxiliar o pequeno produtor a dar o pontapé inicial e colocar em prática todos os planos e projetos, ao receber o título da terra, as famílias passam a ter acesso a linhas de crédito para investimento em infraestrutura e custeio da atividade produtiva.

    Buscar uma linha de crédito que possibilite a conclusão do sistema de irrigação e a compra de animais está nos planos de outro casal que estava à espera do documento da terra desde 2003 e já pode se intitular proprietário rural. Onilda Gonçalves, de 66 anos, e José Osvaldo Pereira, de 55 anos, também são do assentamento Itatiaia e receberam o título.

    “Com o título em mãos, você tem um rumo certo, né? Conforme vai dando certo a gente pode aumentar, e, com o dinheiro do crédito, pode terminar o projeto de irrigação e pode comprar umas vacas, umas galinhas”, diz José Osvaldo.

    No local, onde está sendo instalado o novo sistema de irrigação por aspersão, a família planeja começar o plantio de milho, abóbora e mandioca, o que vai diversificar a produção. Atualmente, o casal cria suínos, gado e galinha e cultiva frutas utilizadas na produção de polpas, que são comercializadas na região. “Faço polpa de tudo quanto é fruta, na época de cada uma. É acerola, maracujá e graviola, tudo plantado aqui na nossa terra”, afirma Onilda.

    Ao contar sobre os próximos planos, a produtora familiar ressalta o sentimento de segurança trazido pela titulação.

    “É o sonho da gente pensar assim, que agora eu sou dona mesmo e tenho que cuidar de uma propriedade que é minha. Porque, até hoje, a gente se considerava dono, mas com um pé atrás. Acreditamos que com o título vai melhorar muito e em tudo. Vai valorizar a terra e vai valorizar a gente com os nossos serviços. A gente vai trabalhar com mais confiança”.

    No Assentamento Barreiro do Cedro, distante 70 km da sede do município de João Pinheiro, o casal Cecília Castro, de 53 anos, e José Francisco Torres, de 64 anos, também tem produção de polpa de frutas e vê na titulação a possibilidade de fortalecer os negócios.

    A família produz cerca de 60 toneladas de polpa por ano e vende direto para o consumidor final. Agora, eles pretendem contratar um profissional para elaborar o projeto de uma minifábrica de polpa de frutas, totalmente adequada às exigências para obtenção do selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF).

    “É tentar se adequar para conseguir o selo de inspeção, porque todos os armazéns aqui ao redor querem o nosso produto. Produzimos polpa de acerola, manga, graviola, tamarindo, goiaba. São 20 tipos diferentes”, conta Cecília.

    Em 30 hectares de propriedade, além do cultivo de frutas, o casal cria 250 cabeças de gado. Eles contam que também fazem planos para instalar um sistema de irrigação para pastagem.

    “O que vem de bom com a titulação é você poder negociar diretamente com o banco e discutir o seu projeto de vida. No meu caso, seria também irrigar a pastagem para poder ter a criação de gado o ano todo com o desenvolvimento do animal. Se eu conseguir colocar a irrigação, eu consigo colocar aqui em torno de 600 cabeças de gado”, afirma.

    Melhoramento genético

    A família de Josemar da Costa, que aguardava o tão sonhado título, hoje está com o documento na mão. Ele conta que vai buscar o crédito rural para estruturar a propriedade e investir no melhoramento genético do rebanho. A principal atividade desenvolvida no local é a pecuária leiteira, com a produção de, aproximadamente, 8 mil litros de leite por mês.

    “Daqui para a frente é uma nova etapa. A gente consegue mais financiamento. E vão abrir muitas portas para investir e melhorar a estrutura da propriedade, o curral e a genética do gado, para produzir mais leite”, explica Josemar, que mora na propriedade com o pai e a esposa, Elva da Costa.

    Outro foco da família é a ampliação da criação de peixe para aumentar a renda. “A ideia é também investir na piscicultura, fazer mais tanques, fazer o processo de filtrar a água, comprar aerador, para oxigenar a água, e a ração. Tudo para ter uma água de qualidade e não faltar comida”, diz o produtor familiar.

    Em Minas Gerais, desde 2019, 8.225 famílias receberam documentos titulatórios, definitivos ou provisórios, concedidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

    A regularização fundiária é uma das prioridades do Governo Federal. Em todo o Brasil, desde 2019, foram entregues mais de 340 mil títulos a beneficiários da reforma agrária e ocupantes de áreas públicas federais, que aguardavam há décadas pelo documento.

  • Conheça a história do café no mundo e como o Brasil se tornou o maior produtor e exportador da bebida

    Conheça a história do café no mundo e como o Brasil se tornou o maior produtor e exportador da bebida

    Desde que cabras da região da Abissínia, atual Etiópia, comeram os frutos amarelo-avermelhados de uma planta até então desconhecida, o café vem conquistando as civilizações e ganhando preparos diversos de forma a atender os mais diferentes gostos. No Brasil, o consumo do café quente é o maior do mundo. Se considerada também a versão extraída a frio, o chamado cold brew, o país ocupa a segunda posição, precedido pelos Estados Unidos. Já a liderança na produção e exportação, essas são imbatíveis, e o Brasil responde por cerca de um terço da produção mundial de café.

    O ano era 800, quando as propriedades estimulantes do café, seja pelo consumo direto do fruto ou pela infusão em água, foram observadas pelas primeiras vezes. Por volta do século XV, então, a espécie chegara ao Norte da África e entrara no mundo árabe. Como os maiores produtores de café à época, os árabes tomaram medidas para manter o domínio da comercialização do produto como, por exemplo, vendê-lo apenas torrado.

    Café CenárioMT

    Mas as barreiras protetivas foram quebradas por holandeses que conseguiram contrabandear os frutos frescos para as suas colônias asiáticas (Java, Ceilão e Sumatra) e, depois, para as Antilhas Holandesas, na América Central. Na Europa, inicialmente, o café era consumido como remédio para combater vários males e, só a partir do século XVII, começou a ser adotado como bebida.

    Do velho continente para a América do Sul, o café chegou às colônias europeias. Militares holandeses levaram mudas para o Suriname e, depois, a França para o seu território da Guiana Francesa. Conta-se, inclusive, que as primeiras plantas brasileiras tiveram como origem o Palácio de Versailles.

    Teria sido da seguinte forma: depois de plantadas por Luis XIV em Paris, as mudas de café foram levadas para território guianês pelo governo francês. Quando em visita ao país vizinho, o brasileiro Sargento-Mor Francisco e Mello, sob pretexto de resolver litígios territoriais, trouxe as primeiras mudas e sementes de café para Belém, no Pará, por volta do ano de 1720.

    Devido às circunstâncias climáticas, de relevo e solo, em meados do século XIX a cultura cafeeira se estabeleceu mais fortemente no Vale do Rio Paraíba, nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, iniciando um novo ciclo econômico no Brasil. Com a inserção da produção no mercado internacional, o café se tornou o principal produto das exportações brasileiras, sendo por quase um século a principal riqueza nacional. Suas divisas fomentaram o desenvolvimento do país, com criação de cidades e ampliação de outros centros urbanos no interior do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais e do Paraná. Em 1850, o Brasil já era o maior produtor mundial com 40% da produção total. A cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, era considerada capital do café do mundo.

    Por mais de 150 anos, o status brasileiro de maior produtor de café do mundo se mantém. Em volume total, dados do Sumário Executivo do Café registram 47,7 milhões de sacas beneficiadas de café na safra 2020/21. Para o período produtivo de 2021/22, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 55,7 milhões de sacas de 60kg cada. Isso significa um aumento de 16,8% em relação ao período anterior em decorrência, principalmente, da bienalidade do café arábica – fenômeno fisiológico do cafeeiro que alterna maior produção numa safra com menor na seguinte.

    O café arábica (Coffea arabica L.) permite ao consumidor degustar um produto mais fino, requintado e de melhor qualidade. Esse tipo de café é cultivado em altitudes acima de 800 metros. Predomina nas lavouras de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e em parte do Espírito Santo.

    O café robusta ou conilon (Coffea Canephora) é usado principalmente para a fabricação de cafés solúveis e em algumas misturas com o arábica. Apresenta um sabor único, menos acidez e teor de cafeína maior. Predomina nas lavouras do Espírito Santo, em Rondônia e em parte da Bahia e de Minas Gerais.

    Do café commodity ao café especial

    O bom desempenho das lavouras encontra um mercado, cada vez mais exigente. Pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo interno de café no país registrou crescimento em 2021. Foram 21,5 milhões de sacas consumidas entre novembro de 2020 e outubro de 2021, alta de 1,71% em relação ao período anterior (de novembro de 2019 a outubro de 2020). Esse volume representa 45,3% da safra daquele ano.

    Se considerarmos uma base mais ampla, de 1997 a 2021, o consumo interno brasileiro passou de 11,5 milhões de sacas para 21 milhões de sacas, conforme o Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café e que reúne 50 instituições de ensino, pesquisa e extensão rural para fomentar a pesquisa cafeeira no país.

    Vale ressaltar que o Brasil é o maior consumidor dos cafés nacionais. Quando analisado o consumo per capita, observa-se que, em 2021, o brasileiro consumiu 6,06 kg de café cru por ano e 4,84 kg de café torrado.

    O diretor de Comercialização e Abastecimento do Mapa, Sílvio Farnese, avalia que o mercado consumidor, tanto brasileiro quanto internacional, apresenta ainda perspectiva de crescimento, influenciado pelos cafés especiais e pelo advento dos cafés em cápsula.

    “Nos anos 1990, começou esse movimento de que era importante fazer café com essa agregação de valor porque o mercado ficou exigente. Apesar de o café tradicional, passado no coador ser o método mais tradicional de consumo, as cápsulas e até a porção individual estão ganhando mercado pela sua praticidade”, explica.

    De 15% a 16% do café exportado atualmente pelo Brasil já é uma bebida especial. Para além da melhor qualidade, aroma e sabor diferenciados, há ainda uma valorização exponencial na comercialização do produto. Histórico recente do mercado registra que uma saca de café especial, com 60 quilos, chegou a ser vendida por um valor 1.300% mais caro do que uma saca de café commodity, que gira em torno de R$ 1.200.

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    Café sustentável

    O Brasil possui aproximadamente 300 mil estabelecimentos produtores de café distribuídos ao longo de 17 estados, dos quais 70% são considerados da agricultura familiar. Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Rondônia são os maiores estados produtores.

    “Então socialmente, o café tem um papel muito forte. Nos estados que mais produzem, como em Minas Gerais, a gente vê isso muito claro. Quando chega o período da colheita do café, a cidade está bem de vida, os supermercados estão cheios, pois gera dinheiro, o que não ocorre com nenhuma outra cultura. E além disso, temos a questão ambiental muito forte no Brasil, que não tem em nenhum outro país do mundo, conseguindo cumprir todas as exigências legais, ambientais e trabalhistas de forma integrada”, destacou Farnese.

    A atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais, que prevêem preservação de florestas e fauna nativa, controle da erosão e proteção das fontes de água. A busca do equilíbrio ambiental entre flora, fauna e o café é uma constante e assegura a preservação de uma das maiores biodiversidades do mundo.  As leis trabalhistas e ambientais brasileiras estão entre as mais rigorosas entre os países produtores de café.

    Como critério de sustentabilidade, ainda foi observado desde 1997 o aumento da produtividade em uma área ainda menor, reforçando o efeito poupa-terra. O Consórcio Pesquisa Café registra que, no fim dos anos 1990, área produtiva era de 2,4 milhões de hectares e a produção de 18,9 milhões de sacas de 60 kg, com produtividade de 8,0 sacas/hectare. Passados 25 anos, houve redução da área para 1,82 milhão de hectares, e o País deve produzir 55,7 milhões de sacas de 60kg em 2022, com produtividade de 31 sacas/ha.

    “O mundo está cada vez mais exigente com as questões ambientais. O trabalho se dá agora com a rastreabilidade do café, desde o plantio, como ele é feito, quais insumos são utilizados, até chegar na mesa do consumidor. Isso tudo permitindo que o mercado produtor acesse os selos de compliance”, destaca o diretor de Comercialização e Abastecimento. Ele ainda complementa que a produção e comercialização nacionais são aderentes às certificações de sustentabilidade e de comércio justo.

    Essa acreditação mundial da produção nacional se destaca como oportunidade para fortalecer relações comerciais e abrir mais mercados para a exportação do café, que já tem os Estados Unidos e a Europa como os principais destinos. O produto é o 5º na pauta de exportação brasileira, tendo movimentado US$ 6,4 bilhões em 2021, o que representou 8,28% de participação dentre os produtos nacionais exportados.

    Até 2030 a projeção é de que a demanda mundial de café no período tenha um crescimento médio anual próximo de 2%, o que elevará as atuais 169 milhões de sacas para aproximadamente 209 milhões (ponto médio da projeção), de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

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