No dia 28 de maio, às 14h, o Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) promoverá um debate crucial sobre o impacto das moratórias da soja e da carne nas desigualdades regionais. O evento reunirá representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de líderes do setor produtivo, em um seminário a ser realizado no Hotel Gran Odara.
No último mês, o presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo, e o conselheiro Antonio Joaquim, especialista na matéria e relator do processo de auditoria operacional instaurada para avaliar a gestão da receita tributária do Estado, reuniram-se com representantes de prefeituras, câmaras e do setor agrícola. Nesses encontros, foram expostos uma série de prejuízos socioeconômicos causados pela norma, corroborados por uma solicitação assinada por 127 municípios.
Diante da gravidade da situação, o conselheiro-presidente classifica as tratativas do seminário como urgentes, destacando a importância da discussão e seus impactos na ampliação das desigualdades regionais, uma questão que o Tribunal tem combatido firmemente.
O presidente salienta a necessidade de um debate profundo sobre a moratória, seus efeitos e a complexidade de seus impactos, a fim de mitigá-los. Além disso, o encontro buscará promover o desenvolvimento sustentável em conformidade com a implementação efetiva do Código Florestal Brasileiro.
“É fato que há observância ao direito de compra e ao livre mercado, mas as consequências de protocolos e obrigações específicas em compras pode afetar municípios, produtores, a produtividade agropecuária, o comércio, o setor de serviços e até a indústria, portanto, pode impactar sobremaneira o desenvolvimento regional e a economia”, diz Sérgio Ricardo.
Outro ponto de destaque no seminário será a discussão sobre a manutenção dos aspectos fiscais e dos impostos relacionados à moratória, considerando os protocolos de compra estabelecidos por associações, empresas, instituições do terceiro setor e órgãos do Governo Federal.
O evento conta com a parceria da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Fórum Agro MT e União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT).
O mês de abril de 2024 foi marcado por um marco histórico para a pecuária de Mato Grosso: o estado atingiu o maior volume de abate de bovinos já registrado, segundo dados do Indea-MT. Foram abatidas 619.68 mil cabeças, um aumento de 37,8% em relação ao mesmo período em 2023. Esse resultado expressivo é reflexo de um cenário favorável no mercado, impulsionado pela alta demanda, principalmente por parte da China, principal destino das exportações mato-grossenses de carne bovina.
Fêmeas impulsionam crescimento
Destaca-se no cenário o aumento significativo no abate de fêmeas, que representaram 55,49% do total abatido em abril, alcançando também um recorde histórico. Esse incremento se deve à atratividade dos preços no mercado, que estimularam a venda de animais por parte dos produtores.
Exportações em alta impulsionadas pela China
As exportações de carne bovina de Mato Grosso também bateram recorde em abril, com 74.99 mil toneladas em equivalente carcaça (TEC) embarcadas, segundo o Imea. Esse volume representa um aumento de 32,97% em relação ao mês anterior e configura-se como o maior já observado na história do estado. A China se manteve como principal destino, adquirindo 29.79 mil TEC, um aumento de 32,97% em relação ao mês anterior.
Mato Grosso: líder em agronegócio
Esse cenário positivo coloca Mato Grosso em posição de liderança no agronegócio nacional, consolidando o estado como um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do país. O recorde histórico nos abates e exportações demonstra a pujança do setor e a capacidade do estado em atender à alta demanda do mercado internacional por proteína de qualidade.
Governo de Mato Grosso: estratégico para o sucesso do setor
O Governo de Mato Grosso tem desempenhado um papel fundamental no sucesso do setor agropecuário, especialmente na promoção da carne bovina em mercados internacionais. As parcerias estratégicas com países asiáticos, especialmente com a China, através de missões comerciais e habilitação de novos frigoríficos para exportar, têm sido cruciais para a expansão das vendas e a conquista de novos mercados.
Perspectivas otimistas para o futuro
As perspectivas para o futuro do setor de carne bovina em Mato Grosso são otimistas. A expectativa é que o padrão de aumento no volume de exportações se mantenha no segundo semestre, especialmente para a China, impulsionando ainda mais a economia do estado.
Além disso, ajustes na lotação das pastagens, esperados para ocorrer em maio, podem resultar em um aumento sazonal da disponibilidade de animais nas indústrias, potencialmente mantendo os abates em patamares elevados.
Mato Grosso: referência em qualidade e excelência
Com o maior rebanho bovino do país e a qualidade incomparável de sua carne, Mato Grosso se consolida como referência no agronegócio nacional e internacional. O compromisso do Governo do Estado com o setor, aliado à dedicação dos produtores e à excelência dos produtos, garante que Mato Grosso continue desempenhando um papel fundamental na segurança alimentar e no desenvolvimento socioeconômico do Brasil.
O pecuarista José Neves Ferreira, inaugura no próximo dia 14 de maio (terça-feira) o frigorífico Frigoelo, na fazenda Arinos, em Diamantino, médio norte de Mato Grosso.
A empresa fica no mesmo espaço onde há quase 40 anos ele começou a melhorar uma raça quase extinta, o Caracu. José Neves, criou o projeto Taurino Tropical, uma tentativa de sucesso, proposta para adaptar animais taurinos adaptados aos trópicos.
“O Caracu é uma raça brasileira, tem 500 anos de evolução. Foi trazido pelos europeus e melhorado aqui. Inicialmente usado para tração, carga, leite e alimentação. Vários tipos foram se misturando, cruzando e selecionando os melhores, pelos meios naturais. Com a chegada do Nelore, o Caracu foi deixado de lado, por várias razões. Independente das questões envolvidas nessa escolha, a raça indiana (Nelore) abriu o cerrado brasileiro, a Amazônia e hoje muita gente tem acesso à carne por causa disso. Mas esqueceram que o Caracu é superior em vários aspectos e o principal é carne de qualidade. Eu sempre acreditei e invisto nisso,” conta o pecuarista.
Hoje, a fazenda Arinos tem uma base com fêmeas Caracu, altamente selecionadas que geram touros disponibilizados anualmente.
Os animais não utilizados ou vendidos como reprodutores, são comercializados com frigoríficos parceiros. Mas a empresa de José Neves não se contentou em entregar animais com carne superior, para serem vendidos ao preço da média geral.
“Eu como a carne que produzo e não quero isso só para mim. Quem vem aqui, elogia, sente que tem algo diferente. E eu explico: é a raça, o manejo, o tempo de criação e outros aspectos que aguçam o paladar dos curiosos, o prazer de comer algo único que reúne sabor, maciez e suculência e que merece um lugar especial, na prateleira de cima. Os frigoríficos convencionais, parceiros nossos, têm escalas de abate, sistemas de trabalho e entrega que nem sempre me agradam. Por isso, continuo parceiro deles em algumas operações, mas a carne que eu faço e quero dividir, a partir de agora, tem outro tratamento,” detalha José Neves.
A carne do Frigoelo, não será encontrada em supermercados. A venda será direta ao consumidor ou para restaurantes parceiros, dentro de Mato Grosso, inicialmente.
“Contamos com uma empresa de logística parceira, que levará a carne do frigorífico e deixará na casa do consumidor. A compra deve ser programada, para ajustarmos os abates e a entrega. Estou lidando com algo complexo que é oferecer o produto e a comodidade, mas é um esforço que vale a pena porque estamos entregando algo diferente, único e que certamente terá recompra,” argumenta o criador.
A Fazenda Arinos
Localizada em Diamantino, médio norte de MT, a propriedade segue rigorosos protocolos que passam pela parte ambiental. Além das reservas obrigatórias, são mantidas outras áreas de conservação em respeito ao meio ambiente, com corredores ecológicos que permitem a movimentação de animais presentes nas matas.
Embora seja de baixo impacto, os resíduos produzidos na colônia da fazenda (habitações dos funcionários), na sede e no escritório, têm coleta seletiva e destinação correta.
Boas práticas de manejo, em respeito a vida e a função do rebanho, foram adotadas e são aplicadas no dia-a-dia da equipe. Um grande diferencial é o fato de não haver transporte rodoviário, uma vez que todos os animais são de origem única e exclusiva da fazenda. Com isso, o processo torna-se menos estressante.
“Na forma habitual, os animais são manejados, carregados e transportados por longas distâncias. Ainda pela maneira convencional, são deixados em jejum (24 horas), um processo necessário e importante no pós-abate, porém muito estressante e determinante para o resultado final, uma vez que os animais sofrem com o ambiente restrito dos currais de espera. Fatores que influenciam de maneira importante na qualidade da carne e que aqui, simplesmente, não existem,” aponta José Neves Ferreira
A fazenda Arinos é referência no controle da Brucelose, sob tutela do INDEA, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso. Com laboratório próprio, a propriedade cumpre essa função e ao mesmo tempo usa a estrutura para oferecer condições de trabalho aos pesquisadores da EMBRAPA que trabalham no melhoramento genético do rebanho Taurino Tropical.
Todo o trabalho é certificado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, uma vez que a fazenda tem o CEIP – Certificado Especial de Identificação e Produção.
A inauguração do Frigoelo, na fazenda Arinos, está programada para o dia 14 de maio de 2024 (terça-feira) às 8h da manhã e tem como convidados, autoridades políticas, profissionais ligados às áreas da medicina veterinária, zootecnistas, técnicos e funcionários públicos ligados ao agronegócio.
As principais pautas relacionadas ao setor produtivo agropecuário são debatidas pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a maior da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e que conta com 18 dos 24 deputados do Poder Legislativo. No primeiro quadrimestre deste ano, foram realizadas quatro reuniões ordinárias para discutir temas como fundo de apoio à agricultura familiar, conservação e desmatamento ilegal no Pantanal, sistema de inspeção sanitária e, mais recentemente a chamada “moratória da soja e da carne”, que poderá restringir o mercado dos produtos mato-grossenses, mesmo quando produzidos de forma legal.
Na última reunião da FPA-MT, realizada na penúltima terça-feira de abril, os parlamentares se comprometeram em propor uma intervenção do Estado para reverter o boicote de empresas à produção agropecuária oriundo de áreas abertas, mesmo que de forma legal, na Amazônia Legal. As “moratória da soja” e “moratória da carne” visam combater o desmatamento, porém não distingue o legal do ilegal, bloqueando toda produção de áreas desmatadas, mesmo que em acordo com o Código Florestal Brasileiro. A medida poderá causar prejuízos econômicos e ainda induzir outros compradores a restringir o comércio com o país.
O deputado Dilmar Dal Bosco (União), coordenador da Frente, afirmou que os deputados vão levar o assunto para Brasília para pedir apoio da Câmara para impedir o boicote aos produtos. “O impedimento da moratória trata de todas as áreas abertas, mesmo que em acordo com a legislação, a partir de 2008. Nós vamos promover um debate com o governo do Estado, envolver a Frente Parlamentar da Agropecuária nacional, o Parlamento Amazônico, no intuito de evitar um problema ainda maior para nosso estado e para nossa produção”.
A deputada Janaina Riva (MDB) explica que o pacto comercial é superior a legislação federal e estadual no intuito de atender países, principalmente da União Europeia, que buscam frear a produção brasileira, com interesse econômico. “Nós vamos analisar quais são as empresas signatárias para que o governo apresente os prejuízos comerciais e sociais que poderão causar a Mato Grosso. Outra iniciativa seria pedir para o governo suspender os incentivos fiscais concedidos a essas empresas como forma de fazê-las reverem a adesão”.
Outro assunto debatido no último encontro foi o desmatamento ilegal cometido por um produtor rural na região do Pantanal. O infrator utilizou agentes químicos, causando prejuízos à flora e à fauna da região. O deputado, Carlos Avallone, que compõe a FPA-MT, destacou que a utilização desse tipo de produto é proibida pela Lei 11.861/2022, a Lei do Pantanal, e que a ALMT vai discutir com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) métodos e ferramentas que possam identificar esse tipo de ação e agir de forma mais rápida para evitar danos como o registrado recentemente. “Vamos debater sobre o uso de imagens de satélite para visualizar crimes como esses”.
A próxima reunião da FPA deve ocorrer no dia 21 de maio, no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), em Cuiabá. Além da bancada parlamentar, também participam das reuniões representantes do setor produtivo que compõem o Fórum Agro-MT.
Mato Grosso registra um aumento de 30,88% no abate de bovinos no primeiro trimestre de 2024, impulsionado principalmente pelo abate de fêmeas e condições climáticas favoráveis.
O estado atingiu o recorde histórico de 1,76 milhão de cabeças abatidas entre janeiro e março, segundo dados do INDEA e Imea. Esse número representa um salto significativo em relação ao mesmo período em 2023, quando foram abatidas 1,34 milhão de cabeças.
O crescimento foi impulsionado por diversos fatores, incluindo:
Mato Grosso atinge recorde histórico no volume de abate bovinos no 1º trimestre, segundo o Imea – Fotos do Canva
Chuvas favoráveis: As chuvas abundantes nos últimos meses propiciaram o crescimento dos pastos, melhorando a nutrição e a saúde do rebanho.
Abate de fêmeas: O abate de fêmeas aumentou em quase 10% em comparação com janeiro de 2023, devido à retenção de vacas e à queda nos preços dos bezerros.
Mercado aquecido: Tanto o mercado interno quanto o externo para a carne bovina estão em alta, impulsionando a demanda por abate.
As projeções para o setor pecuário em Mato Grosso são positivas, com a expectativa de que o crescimento continue ao longo do ano. O estado deve abater ainda mais animais do que em 2023, com a possibilidade de novos recordes de abate.
Pontos importantes:
O abate de fêmeas foi o principal motor do crescimento no primeiro trimestre.
As condições climáticas favoráveis melhoraram a saúde do rebanho.
O mercado interno e externo para carne bovina está aquecido.
A expectativa é de que o crescimento no setor continue ao longo do ano.
O recorde histórico de abate de bovinos no primeiro trimestre em Mato Grosso é um indicador positivo para o setor pecuário do estado. O crescimento foi impulsionado por diversos fatores, e as projeções para o futuro são promissoras.
A carne bovina de Mato Grosso alcançou boa participação no mercado internacional em 2023, com um volume exportado de 589,19 mil toneladas em equivalente carcaça. Com este resultado, o ano que passou teve o segundo maior volume exportado, ficando atrás apenas de 2022, quando a exportação foi cerca de 3% maior. Além de atender o consumo da população brasileira, a carne mato-grossense chega a outros 83 destinos, sendo diferentes países e continentes. Essa aproximação comercial é resultado das atividades desenvolvidas pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), que vem promovendo informações sobre a sustentabilidade e qualidade da carne de Mato Grosso pelo mundo.
“O Imac tem participado de discussões internacionais e feiras de negócios em diversos países. O intuito é apresentar a cadeia produtiva da carne sustentável de Mato Grosso e ampliar novos mercados. Mato Grosso possui inúmeras garantias de exportação valorizadas por diversos mercados, como a sanidade animal, qualidade da carne e controles rígidos socioambientais”, ressaltou o diretor técnico operacional do Imac, Bruno Andrade.
Países que aumentaram a compra de carne bovina de Mato estão na rota das missões internacionais do Imac, há alguns anos. O Egito e os Emirados Árabes Unidos, visitados por representantes do Imac em 2022, se apresentaram como protagonistas e aumentaram seus volumes negociados em 8,39% e 61,39%, respectivamente, ocupando o segundo e terceiro lugares como maiores importadores de carne bovina mato-grossense, em 2023. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), mostram que a China permanece como a principal compradora da carne bovina do estado, mesmo tendo reduzido suas aquisições em mais de 18% no comparativo anual com 2022.
Na avaliação de Bruno Andrade é necessário Mato Grosso diversificar e ampliar o número de clientes para não ficar na dependência de um único mercado comprador. “A China é e continuará sendo um dos principais mercados para o Brasil e Mato Grosso. Atualmente o país asiático tem comprado um pouco menos que nos últimos anos devido a sua economia, que desacelerou, além da uma certa proteção à sua produção doméstica, pois muita carne importada pode se refletir em preços mais baixos na cadeia produtiva local deles. É necessário diversificar para não ficarmos reféns de um único mercado, dessa forma evitamos os mesmos problemas que tivemos no passado com a União Europeia e Rússia. É importante buscar vender mais carne também para outros países”, afirmou o diretor técnico operacional do Imac.
Mato Grosso ajuda a alimentar o mundo
Cálculo feito pelo Centro de Dados Econômicos de Mato Grosso (DataHub MT) da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec) aponta um crescimento de rebanho bovino de 2% ao ano, atingindo a marca de 36 milhões de cabeças de gado até 2026, em território mato-grossense.
A expectativa para 2024 é de um cenário promissor. Bruno Andrade apontou que o ano será de bons números para exportação, repetindo o recorde dos últimos anos.
“Mato Grosso tem uma oferta alta na produção de animais jovens, que oferecem carne de boa qualidade. Muitas indústrias amplas, que possuem grande capacidade de processamento e já habilitadas para a abertura de novos mercados”, afirmou.
Missões internacionais
Ações internacionais promovidas pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) tendem a fortalecer ainda mais os laços entre parceiros comerciais. Há anos, o Imac tem participado de diversas missões internacionais ampliando o mercado da carne bovina sustentável do Estado.
A comitiva do Imac já percorreu países como a China, além de outros no Oriente Médio e Europa. Segundo Bruno Andrade, a meta para os próximos anos é aumentar a participação de Mato Grosso em eventos que proporcionem abertura, diversificação e consolidação da carne mato-grossense no mercado internacional.
“Cada país tem sua pauta específica. Ásia e Oriente Médio tratamos sobre a segurança alimentar e a qualidade da carne. Na Europa, focamos na sustentabilidade. E para 2025, estamos nos organizando para receber o Congresso Mundial da Carne, quando a capital de Mato Grosso será o local das discussões internacionais sobre a produção de carne bovina “, garantiu.
A aplicação dos protocolos Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC) em uma área comercial demonstrou que os sistemas reduzem em 12% e 15%, respectivamente, a emissão de metano entérico pelos animais durante a fase de recria a pasto. O metano entérico é um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa, que provoca o aquecimento global. Além desse benefício, os protocolos permitiram ganhos superiores de peso dos animais, entre 2% a 5% em relação ao manejo tradicional. Essa é a primeira vez que esses protocolos são aplicados em um rebanho de alto padrão genético. O estudo foi realizado na Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Jr., em Uberaba (MG), em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
“Comprovamos que a atividade pecuária, com recria a pasto e terminação em confinamento, seguindo as práticas corretas, proporciona a redução das emissões e tem viabilidade. O sistema, no caso da Carne Carbono Neutro, não é capaz de neutralizar todas as emissões, mas a redução é significativa. E o que é muito importante para o pecuarista, o desempenho animal é muito bom”, afirma a pesquisadora da Embrapa Cerrados (DF) Giovana Maciel, responsável pela condução do experimento.
Considerando as fases de recria e terminação, o uso dos protocolos CCN e CBC promoveu a redução na emissão de metano entérico, de 2% a 5%, e o aumento na produtividade, de 4% a 8%, respectivamente, em relação ao manejo tradicional.
Com esses resultados, o pesquisador Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte (MS), ressalta a importância do manejo de pastagem, com a aplicação dos protocolos CCN e CBC, e que mesmo em rebanhos de alto padrão genético se mostrou eficiente, com melhoria na produtividade e redução das emissões de metano entérico no pasto.
Ao final de 385 dias de prova, o ganho de peso final do rebanho foi elevado: 346 quilos para os animais na área de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), dentro do protocolo Carne Carbono Neutro; 359 quilos para os animais na área de ILP, no protocolo Carne Baixo Carbono, aos 21,5 meses de idade – um aumento de 4,2% e 8,1%, respectivamente, em relação ao rebanho em manejo padrão da ABCZ. “O maior benefício dos dois protocolos é, sem dúvida, a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e, ainda, com um aumento no desempenho individual. Apesar de não ter árvores no sistema ILP, o ganho de peso foi ligeiramente superior ao alcançado no sistema ILPF e os dois foram superiores ao rebanho-testemunha que mantivemos nas outras áreas de pastagens da fazenda”, afirma a pesquisadora.
Lauro Almeida, gerente de melhoramento da ABCZ, conta que, no período em que ocorreram os testes, a média de idade de abate no Brasil ainda era de quatro anos. “Nesse programa, obtivemos o peso ideal antes de 22 meses, o que mostra que é possível reduzir esse prazo para menos da metade em relação ao que se emprega no País”, complementa.
Da entrada no pasto às avaliações de carcaça
As avaliações dos rebanhos fizeram parte do Programa Zebu Carne de Qualidade (PZCQ), desenvolvido pela ABCZ desde 2020. Na terceira edição da prova, realizada entre 2022 e 2023, foi acrescentada a mensuração da emissão do metano entérico. Os cálculos foram feitos seguindo a equação desenvolvida pela Rede Pecus, da Embrapa, utilizada para os protocolos CCN e CBC. Para estimar a emissão de metano entérico, são considerados a qualidade da dieta (pasto + ração), a ingestão de alimento e o ganho médio diário dos animais.
Para a prova, foram recebidos 147 animais, todos resultados de cruzamentos entre Nelore e outras raças: 32 Brahmanel (Brahman/Nelore); 32 Guzonel (Guzerá/Nelore); 25 Sindinel (Sindi/Nelore); 26 Tabanel (Tabapuã/Nelore), adquiridos por sua excelência genética. “Seguimos as diretrizes dos dois protocolos: CCN e CBC. Apenas as etapas que não interferem no sistema de produção, como a rastreabilidade do produto, não foram realizadas”, explica Maciel.
Desses animais, foram selecionados 32, oito de cada cruzamento, e divididos em dois grupos – um para a área de ILPF e outro para a de ILP. A fazenda, com 20,3 hectares de pasto de braquiária brizantha BRS Paiaguás, foi dividida em oito piquetes. A área de lavoura e pecuária foi implantada com milho para silagem consorciado com capim. Já a área de integração lavoura-pecuária-floresta foi composta por quatro espécies arbóreas: teca, eucalipto, mogno e nim. Os demais animais continuaram nas áreas comuns, seguindo o manejo rotineiro da ABCZ e os dados gerados a partir de seu desempenho foram utilizados para comparação dos resultados.
Os animais entraram no sistema com idade entre seis e oito meses, logo após a desmama. No início da estação seca, em maio de 2022, foram iniciadas as avaliações no pasto, onde ficaram por 280 dias, sendo metade desse tempo no período da seca e, a outra metade, no período das águas.
Após esse período no pasto em recria, os animais seguiram para a etapa de confinamento, com duração de 105 dias. Os bovinos foram alojados em currais de confinamento compostos por cochos eletrônicos e balanças de pesagem. Todo o período do teste durou 385 dias.
Para Almeida, os resultados foram muito positivos: “Os trabalhos científicos da ABCZ mostram ao mundo a eficiência e a sustentabilidade da genética zebuína para a pecuária tropical. Conseguimos bons resultados em uma fazenda eficiente. Esse modelo se mostra viável economicamente e pode ser replicado em todo o Brasil.”
O técnico da ABCZ enfatiza que o principal ponto para melhorar a eficiência produtiva da atividade pecuária é um bom planejamento que garanta a suplementação da dieta do rebanho no período da seca. “O pecuarista tem que trabalhar com a previsão de volumoso para seca, que pode ser silagem de milho, sorgo, cana-de-açúcar ou capim, além de animais com boa genética. Durante os três anos do programa, conseguimos resultados muito positivos. Os criadores podem adotar um manejo na fase de pasto e outro em confinamento para obter 1 kg de ganho de peso por dia, o que já é um excelente resultado”, explica.
Avaliação completa dos sistemas
O Programa Zebu Carne de Qualidade (PZCQ) também contou com a implantação de um sistema de gestão de custos da produção. “Durante os três anos do programa, foi feito o controle dos custos e das receitas, com o intuito de, além do resultado global, obter o resultado econômico, para saber quanto foi o custo por arroba produzida, a receita obtida e, consequentemente, o lucro”, conta Ricardo Brumatti, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), responsável pela atividade.
Na análise, foram computados os seguintes desembolsos: nutrição animal, entre silagem e suplementos minerais e proteicos; adubação dos pastos; sanidade dos animais; energia e combustível; folha de pagamento; e consultoria técnica.
Os resultados mostram que os sistemas CBC e CCN apresentam menores custos por arroba para o pecuarista, de R$ 252,44 e R$ 255,48, respectivamente, quando comparados ao rebanho-testemunha, com manejo adotado pela ABCZ, com custo de R$ 261,08. “Essa diferença se deve, basicamente, ao melhor desempenho produtivo do rebanho no CBC, uma vez que os animais foram mais eficientes no uso dos insumos, que foram os mesmos para todos os rebanhos”, informa o professor. Os animais no regime CCN sentiram mais desconforto térmico na fase de confinamento (com sombreamento artificial) em relação à fase de pasto, pois durante a recria estavam em condição mais favorável em sistema ILPF (com sombreamento das árvores), conforme esclarece Giolo, o que se refletiu no custo de produção e no peso vivo final.
Foto: Giovana Maciel
Brumatti destaca a abrangência do programa, visto que engloba a avaliação de diversos aspectos, como da genética, essencialmente zebuína, do sistema produtivo mais intensivo em pequena área, da questão econômica e, agora, da emissão de carbono: “Nós temos um pacote tecnológico com aspectos técnicos e a confrontação econômica muito próxima da realidade do produtor rural”, defende.
Após o abate, os animais foram avaliados em relação aos indicadores de qualidade da carcaça e da carne. Amostras de contrafilé foram analisadas pelo professor Sergio Pflanzer, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA/Unicamp). Os resultados comprovaram o bom rendimento da carcaça, 56,1% (55% é considerado um bom índice); cobertura de gordura desejada pela indústria; bom desenvolvimento muscular; bom índice para carne aproveitável total, além da idade de abate – todos animais jovens.
A avaliação considerou a quantidade e a qualidade dos produtos. Como indicadores de quantidade, foram utilizados peso vivo do animal sem jejum; peso da carcaça quente; espessura de gordura subcutânea; área do olho do lombo; e carne aproveitável total. Já em relação à qualidade, os parâmetros se referem à idade de abate do animal, ao acabamento de cobertura, à gordura intramuscular e à maciez.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO) se reuniram nesta terça e quarta-feira (09 e 10/01) para discutir o processo de indicação geográfica da carne do Pantanal. Em busca do reconhecimento oficial, as entidades iniciaram o trabalho de revisão de normas e protocolos relacionados ao sistema de produção da pecuária pantaneira.
A indicação de procedência da carne do Pantanal será um selo utilizado para identificar a carne bovina proveniente do rebanho nascido, criado e engordado na região do Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense.
O selo de indicação geográfica representa a valorização e o reconhecimento dos mais de 300 anos de história e tradição na produção de carne pantaneira, o processo visa destacar a autenticidade e origem do produto, ressaltando seu sabor único.
Esse reconhecimento representará um pontapé inicial para estimular ainda mais a pecuária sustentável na região, e paralelamente os produtores pantaneiros aguardam ansiosamente a regulamentação da Lei do Pantanal, visando segurança jurídica para continuação da atividade de pecuária de corte no bioma Pantanal.
O selo de controle será implementado após deferimento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e conta com o envolvimento da Famato, ABPO, Senar, Famasul, Sebrae, sindicatos rurais pantaneiros, Embrapa e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A união dessas organizações demonstra o compromisso com a conservação do bioma, destacando a pecuária pantaneira como referência.
As exportações brasileiras de carne bovina devem continuar firmes em 2024, e a demanda interna deve ter alguma recuperação. Diante disso, a oferta é que deve influenciar possíveis altas ou quedas dos preços da arroba e da carne no correr de 2024.
Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a contribuição das vendas externas para o desenvolvimento da pecuária brasileira e sustentação dos preços domésticos está consolidada. A indústria brasileira se profissionalizou no atendimento a clientes em diferentes partes do mundo e encontra nos pecuaristas fornecedores de animais ao gosto dos variados mercados.
Quanto ao mercado doméstico, a inflação tende a estar mais controlada, e o PIB deve ter pequena expansão. Tais condições macroeconômicas podem resultar em um aumento modesto da demanda pela carne bovina – cálculos do Cepea apontam que o consumo de carne bovina in natura cresceria 1,79% em 2024.
Apesar de pequeno, o avanço é positivo, sobretudo diante do encolhimento do consumo interno em anos anteriores.
Há de se considerar, ainda, que reduções dos preços elevam as vendas no varejo, ou seja, se a arroba se desvaloriza, o consumo pode melhorar.
Em relação à oferta, a sazonalidade anual mostra que, a partir de março, costuma aumentar o volume disponibilizado, o que gera pressão sobre os valores. E o volume de animais para abate no primeiro semestre de 2024 pode ser reforçado por vacas que não emprenharam no ano passado.
Você gosta de churrasco, mas não tem churrasqueira em casa? Não se preocupe, pois existe uma forma de fazer carne suculenta e macia na panela de pressão, sem precisar de carvão ou fogo. Essa é a receita de churrasco de panela, uma opção fácil e rápida para quem quer saborear uma boa carne sem sair de casa.
A receita de churrasco de panela é feita com costela bovina e linguiça toscana, temperados com sal grosso, colorau e cheiro verde. A carne fica cozida no próprio caldo que se forma na panela, sem necessidade de adicionar água ou óleo.
Receita de churrasco de panela – Foto: Canva
O resultado é uma carne que se desmancha na boca, com um sabor incrível e uma textura perfeita. Quer aprender como fazer essa receita de churrasco de panela? Então continue lendo e siga o passo a passo que eu preparei para você!
Ingredientes
Para fazer essa receita de churrasco de panela, você vai precisar dos seguintes ingredientes:
1 kg de costela bovina sem gordura
1 kg de linguiça toscana (ou outra de sua preferência)
Sal grosso a gosto (batido no liquidificador até ficar fininho)
Colorau a gosto
Cheiro verde desidratado a gosto
Modo de preparo
O modo de preparo dessa receita de churrasco de panela é muito simples e fácil. Veja só:
Lave bem a costela e corte-a em pedaços médios.
Faça o mesmo com a linguiça, cortando-a em pedaços grandes.
Em uma panela de pressão, arrume os pedaços de costela e de linguiça, alternando as camadas.
Coloque o sal grosso, o colorau e o cheiro verde por cima de cada camada, espalhando bem.
Tampe a panela e leve ao fogo médio.
Quando começar a chiar, abaixe o fogo e deixe cozinhar por 40 minutos.
Desligue o fogo e espere a pressão sair naturalmente.
Abra a panela e verifique se a carne está macia e soltando do osso.
Se necessário, deixe cozinhar por mais alguns minutos, sem a tampa, até secar o caldo que se formou na panela.
Dicas e variações da receita de churrasco de panela
Receita de churrasco de panela – Foto: Canva
Essa receita de churrasco de panela é muito versátil e pode ser adaptada ao seu gosto. Veja algumas dicas e variações que você pode experimentar:
Se você quiser um churrasco mais picante, adicione pimenta calabresa ou pimenta do reino à carne antes de levar ao fogo. Você também pode usar linguiça apimentada ou misturar outros tipos de linguiça, como calabresa, paio ou pernil.
Se você quiser um churrasco mais aromático, adicione folhas de louro, alho picado ou cebola em rodelas à carne antes de levar ao fogo. Você também pode usar ervas frescas, como salsinha, cebolinha ou coentro, no lugar do cheiro verde desidratado.
Se você quiser um churrasco mais suculento, adicione uma lata de cerveja ou de refrigerante de cola à carne antes de levar ao fogo. Isso vai deixar a carne mais macia e com um sabor diferente.
Agora que você aprendeu como fazer essa receita de churrasco de panela, que tal colocar em prática e surpreender a sua família e os seus amigos? Essa é uma receita que não tem erro, é fácil de fazer e fica uma delícia. Você pode servir com arroz branco, farofa, vinagrete, salada verde ou o que mais você gostar. O churrasco de panela é uma ótima opção para o almoço de domingo, para o dia a dia ou para qualquer ocasião especial. Experimente essa receita e depois me conte o que achou!