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  • PIB do Brics segue superior à média mundial e representa 40% da economia global

    PIB do Brics segue superior à média mundial e representa 40% da economia global

    A média do Produto Interno Bruto (PIB) dos onze países-membros do Brics está maior que a mundial, neste ano, segundo projeção do relatório Perspectivas Econômicas Mundiais, divulgado em abril pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dados preveem que o agrupamento alcance 3,4% no PIB, enquanto a média mundial chegaria a 2,8%.

    O Brics também obteve crescimento no acumulado de 2024, quando o PIB chegou a 4%. No mundo todo, esse valor ficou em 3,3%. As mesmas informações do FMI mostram que a participação do Brics já representava 40% na economia mundial no ano passado, segundo o PIB com base na participação da paridade do poder de compra (PPC). A projeção é que, neste ano, o agrupamento some 41% da economia global.

    O avanço dos países do Sul Global pode ser explicado pela diversidade característica do agrupamento, como explica Rodrigo Cezar, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), especialista em economia política internacional.

    “É importante falar aqui de uma heterogeneidade, uma diferença interna nos países do Brics. Isso gera desafios e oportunidades porque no caso do Brasil e da Índia, por exemplo, o fato de estarem mais afastados das frentes de instabilidade geopolítica gera uma oportunidade atrelada ao desvio de comércio”, inicia o internacionalista. Um exemplo dessa nova rota comercial é o aumento das exportações do setor agrícola brasileiro, nos últimos anos, principalmente, no setor de grãos.

    “Já países que são peças centrais nessa instabilidade possuem uma necessidade de estímulo fiscal muito grande internamente, eles precisam injetar dinheiro na economia para reduzir as fontes de instabilidade. Então, farão mais investimento em infraestrutura, indústria. Isso também vai gerar crescimento nesses países”, acrescenta Cezar sobre conflitos e guerras tarifárias do cenário global.

    Proporção

    Um fator essencial para a grande participação do Brics na economia mundial é a dimensão dos países membros. Atualmente, as onze nações representam mais de 40% da população mundial.

    “Não tem como o Brics não ser relevante, por conta desse tamanho da sua população. E tem aí também países que são chave no fornecimento de commodities, como o Brasil, a Rússia, que fornecem energia, alimentos e até minerais estratégicos muito relevantes. Então, os países do Brics vão ser muito relevantes para até mesmo ditar ou dar uma direção para os preços dessas matérias”, explica o especialista em economia política internacional.

    Cezar ainda acrescenta que a dimensão dos países e as características comerciais faz com que o Brics tenha uma “maior capacidade de absorver alguns choques externos”. Os países que lideram a projeção de crescimento do PIB do Brics para 2025 são: Etiópia (6,6%), Índia (6,2%), Indonésia (4,7%), Emirados Árabes (4%) e China (4%). Quanto à projeção deste ano da participação no mercado internacional, a China ocupa a maior fatia, representando 19,6% da economia global. Na sequência estão a Índia (8,5%), a Rússia (3,4%), a Indonésia (2,4%) e o Brasil (2,3%).

    “Se você pegar a média do grupo, você vai ter alguns países que vão puxar o crescimento para cima, enquanto outros vão estar com crescimento um pouco mais lento. É muito provável que pelo menos um dos países do grupo esteja em um crescimento considerável por conta dos seus fatores estruturais, investimentos, da demanda da China, por exemplo, de fazer investimentos domésticos para conseguir manter o seu nível de crescimento e isso vai puxar a média do grupo inteiro para cima”, resume o internacionalista.

    Os dados do FMI também mostram que os onze países-membros do agrupamento estão se consolidando como mais relevantes na economia mundial do que os do chamado G7, que reúne as nações mais desenvolvidas da União Europeia e América do Norte. Na participação da economia global, os países desenvolvidos somam, aproximadamente, 28%, no ano passado na projeção deste ano, enquanto o Brics está com 40%. A diferença da média do PIB é ainda maior – o G7 teve média de 1,7%, em 2024, e projeção de 1,2%, neste ano – enquanto o Brics teve média de 4% e 3,4%, respectivamente.

    “É uma importância econômica, mas também política, por ser um contraponto à hegemonia dos Estados Unidos. É um ator que mostra uma alternativa em relação ao G7 – os países mais desenvolvidos da União Europeia e da América do Norte”, finaliza Cezar.

    Veja o resumo dos dados apresentados pelo FMI

    tabela pib brics

  • Fávaro destaca liderança do Brasil em segurança alimentar e sustentabilidade durante reunião do Brics em Brasília

    Fávaro destaca liderança do Brasil em segurança alimentar e sustentabilidade durante reunião do Brics em Brasília

    O ministro Carlos Fávaro conduziu a abertura da Reunião Ministerial do Grupo de Trabalho de Agricultura (AWG) do Brics realizada nesta quinta-feira (17), no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

    Coordenado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o encontro reúne representantes dos 11 países que compõem atualmente o grupo de países com economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Indonésia, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) , com o objetivo de debater ações conjuntas para enfrentar desafios agrícolas globais e promover práticas sustentáveis no setor.

    Com 30% das terras agrícolas do mundo, 30% da pesca extrativa, 70% da produção aquícola e aproximadamente 50% da população mundial, os países do Brics ocupam posição estratégica na segurança alimentar global. Juntos, abrigam mais da metade dos 550 milhões de estabelecimentos familiares agrícolas do planeta, responsáveis por cerca de 80% da produção de alimentos em termos de valor. O ministro Carlos Fávaro destacou que o bloco tem a responsabilidade de liderar uma agenda internacional voltada à produção sustentável de alimentos, à justiça social no campo e à inovação tecnológica adaptada às realidades do Sul Global.

    “O futuro da agricultura está diretamente ligado à capacidade de nossos países de inovar com equidade, produzir com responsabilidade e cooperar com confiança”, destacou Fávaro. “O Brics tem uma responsabilidade crescente na arquitetura da segurança alimentar mundial. Somos líderes na produção de grãos, carnes, fertilizantes e fibras”, completou.

    Durante a reunião, os países firmaram uma série de compromissos que compõem a base da nova Declaração Ministerial de Agricultura do Brics, fortalecendo a cooperação entre os países em temas estratégicos. Entre os principais avanços, estão:

    Fortalecimento da Segurança Alimentar e Nutricional – Os países reafirmaram o compromisso com a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, promovendo a cooperação internacional e políticas públicas voltadas à redução da insegurança alimentar.

    Valorização da Agricultura Familiar – Houve destaque ao papel dos agricultores familiares, povos indígenas e comunidades locais na produção de alimentos, geração de renda no meio rural e manejo sustentável dos recursos naturais. Os países se comprometeram a fortalecer políticas públicas e ampliar a cooperação técnica no âmbito da Década da Agricultura Familiar da ONU (2019–2028).

    Criação da Parceria dos Brics para a Restauração de Terras – Foi lançada uma iniciativa conjunta para promover a recuperação de áreas degradadas com foco em agricultura sustentável, florestas plantadas e segurança alimentar. A parceria também visa fortalecer a pesquisa sobre degradação do solo e soluções técnicas, além de estimular o financiamento por bancos de desenvolvimento e setor privado.

    Pesca e Aquicultura Sustentáveis – Foi criado um Diálogo sobre Pesca e Aquicultura para promover práticas sustentáveis, fortalecer cadeias de valor, apoiar pescadores artesanais e integrar fontes de energia renovável. A pesca artesanal foi valorizada como patrimônio cultural, com atenção à inclusão social e segurança alimentar.

    Promoção da Participação de Mulheres e Jovens – Os ministros firmaram compromissos com a igualdade de gênero nos setores agrícola e aquícola, garantindo acesso de mulheres a recursos, crédito e inovação. Também foi reforçado o apoio à permanência de jovens no meio rural por meio de políticas de acesso à terra, educação, crédito e tecnologias.

    Sustentabilidade e Inovação – O encontro reforçou o foco em uma agricultura sustentável e resiliente ao clima, com práticas agroecológicas, uso de bioinsumos, manejo eficiente da água e conservação da biodiversidade. Também foi defendido o fortalecimento da Plataforma de Pesquisa Agrícola dos BRICS (BARP) e o intercâmbio de tecnologias e inovações.

    Mecanização e Tecnologia para Pequenos Produtores – Os países destacaram a importância de ampliar a produção e a difusão de máquinas e equipamentos adaptados à realidade da agricultura familiar, com estímulo à organização coletiva por meio de cooperativas e associações.

    Comércio Agrícola Sustentável – Avançaram as discussões sobre a criação de um Mecanismo de Financiamento de Importações de Alimentos, inspirado na FAO, como forma de apoiar países em desenvolvimento. Também foi apoiada a proposta de criação de uma Bolsa de Grãos dos BRICS, para facilitar o comércio intrabloco, com base em práticas sustentáveis, justas e alinhadas às metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

    Facilitação do Comércio com Certificação Eletrônica – Foi promovido o uso de certificados eletrônicos fitossanitários e veterinários para tornar o comércio de produtos agrícolas, animais e pescados mais seguro e eficiente. Os países também apoiaram a adoção de normas da ONU/CEFACT e a interconexão entre plataformas nacionais de certificação.

    Compromisso com o Plano de Ação 2025-2028 – Foi iniciado o processo de negociação do novo Plano de Ação para Cooperação Agrícola dos BRICS, que irá consolidar e operacionalizar os compromissos assumidos durante a reunião.

    Ao final do encontro, o ministro Carlos Fávaro reforçou o convite aos países do Brics para participarem da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em novembro, na cidade de Belém (PA), na região amazônica. Segundo ele, a COP será uma oportunidade histórica de integração entre as agendas de agricultura, clima e desenvolvimento sustentável, com protagonismo dos países do Sul global.

  • Marina Silva e ministro da China estreitam cooperação ambiental e climática entre países

    Marina Silva e ministro da China estreitam cooperação ambiental e climática entre países

    A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o ministro de Ecologia e Meio Ambiente da República Popular da China, Huang Runqiu, se reuniram na quarta-feira (2/4) em Brasília (DF). O encontro ocorreu no contexto da 11ª Reunião de Ministros de Meio Ambiente do BRICS sob a presidência brasileira.

    Na pauta, as parcerias estratégicas no grupo e na Subcomissão de Meio Ambiente e Mudança do Clima da Cosban. O diálogo tratou ainda de iniciativas de proteção à biodiversidade, combate à poluição e financiamento climático. Marcou também a 5ª reunião da Subcomissão de Meio Ambiente e Mudança do Clima da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).

    Os ministros assinaram o Plano de Trabalho da Subcomissão para o período de 2025 a 2029, que define o escopo e as formas de cooperação entre Brasil e China nas áreas de proteção ambiental, melhoria da qualidade ambiental, enfrentamento à mudança do clima, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável.

    “No âmbito da Cosban, vamos estabelecer, além de intercâmbio de informação e de boas práticas, ações de capacitação e treinamento, consultas sobre negociações internacionais e cooperação em áreas como a criação de mecanismos inovadores para o financiamento de serviços ecossistêmicos”, destacou a ministra.

    Marina Silva convidou sua contraparte chinesa a conhecer o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Desenvolvido pelos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Fazenda e Relações Exteriores, o TFFF recompensará países que comprovadamente protegem suas florestas tropicais, com base em monitoramento feito por satélites.

    O governo federal trabalha para captar US$ 125 bilhões e lançar o TFFF durante a COP30, Conferência do Clima da ONU que ocorre em Belém (PA) em novembro. Pelo menos 20% dos recursos serão direcionados a populações indígenas e povos e comunidades tradicionais que estão na linha de frente da preservação das florestas.

    Participaram da reunião com Huang o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago ; a secretária nacional de Mudança do Clima do MMA e diretora-executiva da COP30, Ana Toni; o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Garo Batmanjan; o secretário nacional de Meio Ambiente Urbano, Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do MMA, Adalberto Maluf; e a secretária nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais da pasta, Rita Mesquita.

    Encontros com Irã e Etiópia

    Também em paralelo à reunião de ministros de Meio Ambiente do BRICS, Marina recebeu a vice-presidente e chefe da Organização do Meio Ambiente do Irã, Shina Ansari. No encontro, foram discutidas as prioridades dos países no BRICS e na COP30 e o combate à poluição por plásticos.

    “Ter a presença do Irã no BRICS nos faz acreditar que o multilateralismo está fortalecido diante de um contexto geopolítico desafiador”, ressaltou. Também participou da agenda o secretário Adalberto Maluf.

    Na quinta-feira (3/4), durante a 11ª reunião dos ministros de Meio Ambiente do BRICS, a ministra se reuniu com a diretora-geral da Autoridade Ambiental da Etiópia, Lelise Neme. Esteve presente a secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável, Edel Moraes.

    Na oportunidade, Marina Silva enfatizou o interesse em ampliar a cooperação bilateral com o país africano nas áreas de meio ambiente e clima e reforçou a necessidade de que as nações apresentem, até a COP30, as atualizações de suas NDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas) em linha com a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento médio do planeta a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. As NDCs são os compromissos nacionais para redução de suas emissões de gases de efeito estufa.

  • Liderado pelo Brasil, Grupo de Trabalho de Turismo do Brics debate desenvolvimento do setor

    Liderado pelo Brasil, Grupo de Trabalho de Turismo do Brics debate desenvolvimento do setor

    O desenvolvimento do turismo regional foi um dos principais assuntos da 1ª Reunião Técnica de 2025 do Grupo de Trabalho de Turismo do Brics, encerrada nesta terça-feira (18/3), por meio de videoconferência. Ao longo de dois dias, sob a liderança do Ministério do Turismo do Brasil, representantes dos 11 países que integram o bloco debateram estratégias adotadas em cada nação no sentido de aprimorar o segmento, entre outros assuntos.

    O órgão brasileiro apresentou um relatório, discutido junto aos demais membros, sobre a situação do turismo regional nos países do Brics, formado atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. O texto recomenda ações para incrementar o ramo, nos eixos infraestrutura; diversificação da oferta turística; qualificação profissional; cooperação público-privada; financiamentos e incentivos ao turismo e promoção.

    Em um vídeo transmitido no encontro, a secretária executiva do Ministério do Turismo do Brasil, Ana Carla Lopes, destacou o potencial econômico, social e ambiental do turismo sustentável e defendeu a união de esforços na área. “Que possamos fortalecer cada vez mais o turismo como ferramenta estratégica de cooperação. Estamos convictos de que este grupo continuará a ser um motor de ações positivas para nossas nações e para o mundo”, declarou a secretária.

    A pauta da reunião do Grupo de Trabalho de Turismo do Brics também trouxe estratégias para reforçar a resiliência do setor turístico e iniciativas voltadas à atratividade de nômades digitais (profissionais que atuam remotamente, de qualquer lugar do mundo, com acesso à internet). O levantamento de informações a respeito das duas temáticas junto aos demais países é realizado por meio de questionários online distribuídos pelo Brasil aos integrantes do bloco.

    A chefe substituta da Assessoria Especial de Relações Internacionais do Ministério do Turismo brasileiro, Kamila Zardini, que comandou os encontros virtuais, apontou benefícios do compartilhamento de boas práticas pelo Brics. “Os países do Brics, especialmente com a recente inclusão de novos membros, compartilham semelhanças e, simultaneamente, exibem uma diversidade significativa, além de estarem geograficamente distantes. Essa diversidade oferece uma oportunidade única para compartilhamento de experiências, aprendizado mútuo e cooperação no setor de turismo”, observou.

    O próximo encontro técnico do Grupo de Trabalho de Turismo dos países integrantes técnicos do Brics está previsto para 09 de maio de 2025, desta vez de forma presencial, em Brasília (DF). No dia 12 do mesmo mês, também na capital federal, é prevista a realização da Reunião Ministerial de Turismo do bloco, igualmente de maneira presencial, quando os pontos analisados pelos seus componentes serão consolidados em uma declaração conjunta.

    PRESIDÊNCIA BRASILEIRA – Impulsionando debates sobre pontos como sustentabilidade e ações contra mudanças climáticas, o Brasil preside o Brics desde 1º de janeiro de 2025. Sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, o país atua em eixos que proporcionem o desenvolvimento social, econômico e ambiental conjunto. A Cúpula de Líderes do bloco ocorrerá no mês de julho, no Rio de Janeiro (RJ).

    EXEMPLOS DO BRASIL – A regionalização é um dos princípios do Plano Nacional de Turismo (PNT) 2024-2027, que busca ampliar o protagonismo do setor no fortalecimento da sustentabilidade e da inclusão social. O PNT institui programas voltados ao alcance de seus propósitos, como o Plano de Adaptação Climática para o Turismo. O PNT apresenta, ainda, as principais tendências globais do setor, a exemplo do nomadismo digital.

    Por André Martins/Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo

  • Semana reúne negociadores-chefes do Brics para alinhar prioridades da presidência brasileira

    Semana reúne negociadores-chefes do Brics para alinhar prioridades da presidência brasileira

    A 1ª Reunião de Sherpas (como são chamados os negociadores-chefes) do Brics inaugura semana de debates entre 25 e 26 de fevereiro. Os representantes indicados pelos governos dos 11 países membros do grupo se reunem no Palácio Itamaraty, em Brasília, para discutir os dois eixos principais da presidência brasileira do Brics: Cooperação do Sul Global; e Parcerias Brics para o desenvolvimento econômico-social.

    Além do encontro entre sherpas, representantes de finanças e dos bancos centrais dos países do grupo realizam a primeira reunião de forma híbrida. Oficiais de energia e de educação se reúnem na sede do Brics Brasil, nos dias 24 e 25 de fevereiro, por videoconferência. Para encerrar a semana de debates, nos dias 27 e 28, os Grupos de Trabalho de Agricultura e de Emprego também promovem reuniões on-line.

    O termo sherpa é inspirado na etnia do mesmo nome, originária do Nepal, que por dominar os caminhos de montes como o Himalaia são os preparadores das trilhas a serem utilizadas por alpinistas. No caso do Brics, são os negociadores indicados pelos chefes de Estado de seus países para construir as pautas dos diálogos, preparar as agendas e buscar consensos para serem levados à Cúpula do Brics, que ocorre no Rio de Janeiro, em julho, sob a presidência do Brasil. O representante do governo brasileiro é o diplomata Maurício Lyrio.

    Reunião de Sherpas

    A semana abre com o encontro de sherpas líderes dos países do Brics que conduzem as discussões e os acordos para a Cúpula de Líderes do Brics. Com o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, os representantes dos onze países membros debaterão temas que visam a promover uma ordem mundial mais justa e multipolar, de acordo com as prioridades da presidência brasileira.

    Comitê de Energia

    Nos dias 24 e 25, o Comitê de Altos Funcionários de Energia do Brics debaterá o fortalecimento da cooperação entre os países membros no setor energético. O grupo reconhece a importância de abordar a mudança do clima, promovendo transição energética sustentável, justa e inclusiva, com foco em inovação tecnológica, acesso à energia e redução das emissões de carbono.

    Grupo de Trabalho de Educação

    O grupo de trabalho sobre Educação se reúne para debater formação técnica e profissional, pesquisa e inovação, transformação digital e reconhecimento mútuo de qualificações, nos dias 24 e 25. Além disso, no último dia de reunião, o Ministério da Educação do Brasil promove ainda o seminário “Adoção Ética e Inclusiva de IA: Compartilhando Padrões”, por videoconferência.

    Finanças e Bancos Centrais

    No dia 26 de fevereiro, representantes de Finanças e dos Bancos Centrais se reúnem para debater governança global, infraestrutura resiliente ao clima, bem como cooperação tributária internacional. As prioridades do grupo incluem o fortalecimento da cooperação financeira e econômica entre os membros do Brics, ao mesmo tempo em que contribuem para uma arquitetura financeira global mais inclusiva e sustentável.

    Grupo de Trabalho e Emprego

    Nos dias 27 e 28, o grupo se reúne pela segunda vez, para continuar os debates sobre Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho e Impactos da Mudança do Clima e Transição Justa. A presidência brasileira do Brics propõe a elaboração de relatórios e estudos pela Rede Institutos de Pesquisa do Brics, alinhados aos desafios da transformação digital e da mudança do clima.

    Grupo de Trabalho de Agricultura

    O grupo sobre Segurança Alimentar, Produção Agrícola Sustentável e Comércio do Brics propõe debates com ênfase na cooperação entre os países membros, nos dias 27 e 28. O objetivo é promover práticas sustentáveis, inovação tecnológica e comércio justo, alinhando-se aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e às metas do Acordo de Paris.

  • Brics Brasil discute momento de concertação e avanço em boas práticas na agricultura

    Brics Brasil discute momento de concertação e avanço em boas práticas na agricultura

    Os países do Brics são importantes para a produção agrícola e para o comércio agropecuário mundial. Segundo Luís Rua, secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), dos 550 milhões de produtores do mundo, cerca da metade está em países do Brics.

    O grupo corresponde a 30% da pesca de cultivo, 70% da aquicultura e tanto a produção nesses países de matérias-primas utilizadas na agropecuária, como os fertilizantes, quanto a alta produtividade em cereais e carnes demonstram a importância do debate em torno da agricultura e da cooperação entre os membros do grupo.

    O secretário Luís Rua participou de uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (21), em Brasília, após a reunião do Grupo de Trabalho de Agricultura do Brics.

    “Os países do Brics são muito relevantes para nós, o Brasil exportou no ano passado cerca de US$ 165 bilhões em produtos agropecuários, mais de 60 milhões, ou seja 41% de tudo que nós exportamos, foram para os países do Brics”, afirmou.

    Luís Rua acrescentou também que em termos de comércio justo e inclusivo, um dos pilares da discussão é a segurança alimentar. Pois, em um mundo onde 733 milhões de pessoas passam fome, ele acredita que países grandes produtores de alimentos devem ter uma postura ativa para erradicar o problema.

    Agricultura e COP 30

    O secretário destacou ainda que o Brasil vive um momento marcante porque além da reunião do Brics, vai sediar a COP 30, e há uma conexão entre o que está sendo discutido no GT de Agricultura e os temas debatidos na Conferência das Nações Unidas. Como exemplo, ele citou o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas que busca converter uma pastagem degradada em lavoura eficiente e dessa forma melhorar a produtividade dentro de um sistema de integração entre lavoura, pecuária e florestas.

    “No ano passado foram mais de 1 milhão de hectares recuperados e nós queremos fazer essa agricultura sustentável, sem precisar derrubar árvores ou mexer nos nossos biomas e melhorar as condições das nossas pastagens. Assim, a gente vai poder garantir um objetivo maior – a segurança alimentar, que inclusive vai ao encontro ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 2, da Organização das Nações Unidas (ONU), para 2030, que é o Fome Zero”.

    Certificação eletrônica

    Em termos de comércio, de acordo com o secretário, o grupo tem debatido sobre a certificação eletrônica com o objetivo de diminuir a burocracia e levar mais oportunidades para produtores e exportadores em todos os países do Brics. A expectativa é poder comerciar bens e serviços sem travas, por exemplo, como no caso de uma mercadoria parada em um porto por falta de um certificado. Além de demonstrar para o mundo como o Sul Global pode contribuir com práticas inovadoras para o comércio internacional.

    “Então, eu acho que estamos em um momento de concertação para justamente trazer essas boas práticas e juntos mostrar que podemos avançar com o peso de boa parte da produção agropecuária mundial”, concluiu.