Tag: bovinos

  • Mato Grosso bate recorde histórico no abate de bovinos e amplia participação nacional

    Mato Grosso bate recorde histórico no abate de bovinos e amplia participação nacional

    O Brasil registrou um avanço significativo no volume de abates em 2024, totalizando 39,14 milhões de cabeças de bovinos. O número representa um crescimento de 15,10% em relação ao ano anterior, o que equivale a um incremento de 5,13 milhões de animais no mercado.

    Mato Grosso, principal estado pecuarista do país, alcançou um novo recorde na série histórica ao abater 7,09 milhões de cabeças, consolidando sua liderança com 18,11% do total nacional. O estado ampliou sua participação em 0,62 ponto percentual em comparação a 2023, quando respondia por 17,49% dos abates brasileiros. Esse crescimento reflete um acréscimo de 1,14 milhão de bovinos, marcando o maior percentual de participação mato-grossense já registrado.

    O desempenho do setor no estado reforça a competitividade da pecuária mato-grossense e sua relevância no abastecimento do mercado interno e externo, impactando diretamente a economia regional e nacional.

  • Abate de bovinos cresce 18,05% em janeiro em MT, com destaque para fêmeas

    Abate de bovinos cresce 18,05% em janeiro em MT, com destaque para fêmeas

    O volume total de bovinos abatidos em Mato Grosso registrou um crescimento expressivo em janeiro de 2025, atingindo 614,62 mil cabeças, um aumento de 18,05% em relação a dezembro de 2024. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) e refletem uma maior oferta de fêmeas para o abate, impulsionada pelo descarte de matrizes que não emprenharam no período de monta.

    O abate de fêmeas teve um crescimento significativo, com um total de 329,87 mil animais, representando uma elevação de 38,02% em comparação ao mês anterior. Esse aumento foi impulsionado principalmente por ajustes estratégicos dos pecuaristas, que descartaram vacas vazias para otimizar a produtividade dos rebanhos.

    Por outro lado, o abate de machos teve um acréscimo mais modesto, crescendo 1,10% em relação a dezembro, totalizando 284,75 mil animais. A menor oferta de bois prontos para o abate reflete o ciclo de confinamento e a dinâmica da engorda a pasto, que tende a influenciar a disponibilidade desses animais no mercado.

    Esse cenário demonstra um movimento típico do início do ano, quando os produtores ajustam seus rebanhos de acordo com as condições de mercado e estratégias de manejo. Além disso, a maior participação de fêmeas no abate pode impactar a oferta de bezerros no futuro, influenciando o ciclo da pecuária mato-grossense nos próximos meses.

  • Sistema inédito monitora remotamente a temperatura corporal de bovinos

    Sistema inédito monitora remotamente a temperatura corporal de bovinos

    Embrapa Gado de Corte (MS) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ( UFMS ) desenvolveram um sistema inovador de monitoramento de bovinos, capaz de medir a temperatura corporal de forma remota. A tecnologia, que se baseia em um sensor no canal auditivo, é de boa fixação e não machuca o animal, privilegiando o bem-estar e o manejo, ao mesmo tempo em que contribui para aumentar a rastreabilidade da carne, cada vez mais relevante diante de cenários de segurança alimentar e barreiras sanitárias. A patente foi depositada pelas instituições no Instituto Nacional de Propriedade Industrial ( INPI ), sob o número BR 10 2024 021350 5.

    O sistema é fruto do trabalho de mestrado em Engenharia da Computação de Arthur Lemos, no Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada da Faculdade de Computação ( Facom-UFMS ), em parceria com a Embrapa. A temperatura do animal foi escolhida como parâmetro porque é um indicativo fisiológico de infecções e inflamações, além de períodos de cio e estresse. A invenção, que funciona com energia solar, sem necessidade de baterias e livre da influência da temperatura do ambiente, permite detectar e evitar prejuízos à saúde dos bovinos, com rapidez e sustentabilidade.

    Segundo Lemos, a opção por essa fonte alternativa de alimentação deve à durabilidade do sistema e à baixa necessidade de manutenção. Já a escolha pelo brinco na orelha garante boa fixação, com menos chances de perdas durante o manejo, além de favorecer o bem-estar animal.

    Um dos pioneiros em pecuária de precisão no País, Pedro Paulo Pires , pesquisador da Embrapa, reforça o potencial de impacto dessa ferramenta de monitoramento. Segundo ele, a medição manual da temperatura corporal central (TCC) de um mamífero de casco pode apresentar uma série de problemas; entre eles, o custo elevado e o estresse animal.

    Por exemplo, caso o estudo empregasse transponders de identificação por radiofrequência (RFID) dotados de sensores de temperatura, teria a exigência de leitores RFID espalhados pela fazenda, o que oneraria os custos de monitoramento. Outra possibilidade, que são as câmeras termográficas, também não é eficiente pela influência do ambiente na medição. “Encontrar um instrumento ideal é um desafio, mas a inovação tem gerado resultados bastante promissores”, complementa.

    Parceria resultado em soluções digitais em prol da pecuária brasileira

    Lemos e Pires trabalham em cooperação com o professor da Facom-UFMS Fábio Iaione, orientador de Lemos, e com o analista em tecnologia da informação (TI) da Embrapa  Quintino Izidio , que é coorientador do mestrando, em estudos voltados à peculiaridade de precisão.

    A parceria Facom-UFMS e Embrapa, nessa pós-graduação, já terminou em quase 50 dissertações concluídas, ao longo de 15 anos, e prova como a comunhão de habilidades em pesquisa aplicada derivada em inovações educacionais.

    Os pesquisadores enfatizam que os trabalhos desenvolvidos nesse mestrado profissional em computação aplicada são todos focados em soluções tecnológicas para a pecuária brasileira.

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    Dispositivo está pronto para parcerias

    O equipamento utiliza conhecimentos de zootecnia, pecuária, veterinária, engenharia e computação. Sua composição se baseia em uma unidade principal e um sensor de temperatura, além de uma base transceptora, que pode estar a até 25 km de distância dos animais monitorados. Isso evidencia que é possível cobrir toda a área por onde circulam.

    O professor Iaione explica que a invenção mede periodicamente a temperatura no canal auricular, por meio de um sensor e a geolocalização do animal. “A seguir transmite, por wireless , para um receptor localizado à distância, que está conectado à internet e reenvia os dados para um computador-servidor”, detalha.

    Com as informações disponíveis, o produtor terá um sistema de alerta quando um animal apresentar febre, inflamações, estresse térmico e outras condições perigosas.

    Pires, que é médico-veterinário, lembra que doenças como a febre aftosa se disseminam rapidamente entre os animais, principalmente, em regiões livres de doença, sem vacinação. Em outras situações, como o estresse térmico, ele afirma que há diminuição na produção de carne e leite, queda na qualidade dos alimentos produzidos e maior incidência de doenças nos animais.

    A Embrapa procura parceiros para fabricação do dispositivo em larga escala, facilitando o acesso do produtor rural à inovação. Izidio ratifica que, assim como a pesagem dos animais sem obrigação de ida ao mangueiro, o equipamento facilitará a rotina, tanto na saúde do animal, como na identificação do cio e parto, por meio da variação de temperatura das fêmeas.

    Como nasce uma patente

    O Manual de Patentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ( OECD , sigla em inglês) define uma patente como uma forma de proteger as invenções desenvolvidas por empresas e pessoas que podem ser interpretadas como indicadores de invenções. O caminho para registro de uma patente pode parecer burocrático, custoso e dispendioso, mas é vantajoso quando se considera que ele é o reconhecimento não somente da autoria, como também do direito de exclusividade.

    Na Embrapa, há instâncias responsáveis ​​por acompanhar esse processo inventivo. A analista  Dayanna Schiavi  relata que uma invenção é patenteável desde que atende aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, obedecendo a critérios legais. Ela e sua equipe, com profissionais da Agência de Internacionalização e de Inovação ( Aginova ), da UFMS, auxiliaram os cientistas da estatal e da universidade no registro da ferramenta de monitoramento, que se enquadram nos quesitos exigidos.

    A complexidade do processo, que pode exigir uma consultoria especializada, começa com uma pesquisa para verificar se a tecnologia já existe. Em caso negativo, é cadastrado no INPI, a partir de um formulário de pedido de registro; e conta com acompanhamento posterior. “A patente agrega valor ao ativo, especialmente na fase de negociação junto ao mercado”, ressalta Schiavi.

  • Megaleilão em Minas Gerais encerra 2024 com recorde de 8 mil bovinos ofertados

    Megaleilão em Minas Gerais encerra 2024 com recorde de 8 mil bovinos ofertados

    Maior leilão de gado do estado quadruplica oferta de animais e promete movimentar o mercado pecuário.

    O Megaleilão Império Leilões e VTM Leilões realizará sua última edição de 2024 com um recorde de 8 mil bovinos ofertados. O evento, considerado o maior leilão de gado de Minas Gerais, quadruplicou sua oferta para atender à crescente demanda por animais de corte de qualidade.Serão comercializados bezerros e garrotes Nelore, fêmeas Nelore e Aberdeen Angus, além de bois para cocho, cria, recria e engorda, pesando de 12 a 14 arrobas. O leilão ocorrerá no dia 4 de dezembro, às 14h, no tatersal da Império Leilões, em Uberaba/MG, com transmissão ao vivo pela AgroTV.

    Três anos de sucesso e mais de 100 mil animais comercializados

    Celebrando três anos de atuação, o Megaleilão já movimentou mais de 100 mil animais em eventos mensais. A qualidade genética dos bovinos ofertados é um dos principais atrativos para os produtores, que buscam melhorar a rentabilidade do negócio diante de oscilações nos custos e no preço da arroba.

    O evento contará com a presença de produtores de diversas regiões do Brasil, reforçando sua relevância no mercado pecuário. “O pecuarista busca animais de genética superior, pois isso garante maior retorno financeiro e melhores resultados na produção”, destaca a organização.

    Estrutura e programação do evento

    Os convidados serão recebidos com um churrasco especial a partir das 13h. Além disso, o leilão terá patrocínio de grandes marcas e instituições como Mosaic Fertilizantes, Sicoob Uberaba, Sindicato Rural de Uberaba, entre outros, demonstrando a importância do evento para o setor.

    Com o aumento significativo da oferta, a edição promete superar as expectativas e consolidar o Megaleilão como referência nacional.

  • Chuvas e alta nos preços: novembro aquece mercado de bovinos para reposição

    Chuvas e alta nos preços: novembro aquece mercado de bovinos para reposição

    O período chuvoso impulsionou a reposição de rebanhos, registrando valorizações históricas em diversas categorias bovinas no Brasil Central.

    O mês de novembro foi marcado por uma forte alta nos preços de bovinos para reposição, impulsionada pela chegada do período chuvoso no Brasil Central. Este cenário animou pecuaristas, que intensificaram a reposição de rebanhos, gerando maior movimentação no mercado.Além disso, a baixa oferta de bovinos não terminados contribuiu para o incremento nos preços, que apresentaram elevações significativas em diversas categorias.

    Valorização expressiva no mercado de reposição

    Chuvas e alta nos preços: novembro aquece mercado de bovinos para reposição
    Foto: José Renato Chiari

    De acordo com levantamento da Scot Consultoria, a comparação mensal indicou altas de:

    • 18,1% para o boi magro
    • 17,6% para o garrote
    • 20,0% para o bezerro de ano
    • 18,9% para o bezerro de desmama

    A maior valorização foi observada na categoria bezerro de ano, com alta expressiva em diversas praças pesquisadas.

    Destaques regionais e desafios para recriadores

    Na praça balizadora de São Paulo, os aumentos foram:

    • 16,6% para o boi magro
    • 14,3% para o garrote
    • 19,2% para o bezerro de ano
    • 17,8% para o bezerro de desmama

    Por outro lado, a cotação do boi gordo apresentou uma elevação menor, de 9,1%, prejudicando a relação de troca para recriadores e invernistas.

    Perspectivas para o mercado de reposição

    No curto prazo, a expectativa é de que as cotações continuem firmes, apesar da resistência crescente dos compradores devido aos preços elevados. A escassez de oferta de bovinos, no entanto, limita as opções e sustenta os valores.

  • Mato Grosso sanciona lei que autoriza “bois bombeiros” para combater incêndios no Pantanal

    Mato Grosso sanciona lei que autoriza “bois bombeiros” para combater incêndios no Pantanal

    Mato Grosso aprovou uma nova lei que permite o uso de bovinos em áreas de proteção permanente (APPs) do Pantanal com o objetivo de prevenir incêndios florestais. A Lei nº 12.653/2024, sancionada na última sexta-feira (24), autoriza a prática da pecuária extensiva nesses locais, permitindo que o gado consuma a vegetação seca e reduza assim o risco de propagação do fogo.

    A medida, resultado de um acordo com o Ministério Público Estadual (MPMT), busca encontrar um equilíbrio entre a preservação do meio ambiente e a atividade econômica. A pecuária extensiva, onde o gado se alimenta livremente em grandes áreas, já era permitida em APPs, mas a nova lei reforça seu papel na prevenção de incêndios.

    O Pantanal, um dos biomas mais atingidos por queimadas nos últimos anos, tem sofrido com a intensificação dos incêndios florestais. A nova lei busca oferecer uma ferramenta adicional para o combate a esse problema, aproveitando a capacidade dos bovinos de consumir a biomassa vegetal seca, que serve como combustível para o fogo.

    É importante ressaltar que a lei estabelece restrições para garantir a sustentabilidade da prática. A pecuária extensiva só será permitida em áreas com pastagens nativas e deve ser realizada de forma a não prejudicar o ecossistema local. A Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso enfatiza que a medida não representa uma liberação irrestrita para a criação de gado no Pantanal, mas sim uma ferramenta para auxiliar na prevenção de incêndios.

    A nova lei gerou debates entre ambientalistas e produtores rurais. Enquanto os primeiros temem os impactos da pecuária extensiva sobre o meio ambiente, os segundos veem a medida como uma oportunidade para conciliar a atividade econômica com a preservação ambiental.

    Boi bombeiro em Mato Grosso

    A pecuária extensiva, onde o gado se alimenta livremente em grandes áreas
    A pecuária extensiva, onde o gado se alimenta livremente em grandes áreas

    A tese do “boi bombeiro” é defendida por alguns estudos da Embrapa Pantanal, que apontam a pecuária extensiva como uma forma de reduzir a biomassa vegetal e, consequentemente, o risco de incêndios. O governo de Mato Grosso, por sua vez, baseia sua decisão em mais de 50 anos de pesquisas da instituição. No entanto, a tese também enfrenta críticas de especialistas e ambientalistas.

    Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou uma correlação entre a concentração de gado e o número de focos de incêndio em algumas regiões do Pantanal. Para o biólogo Gustavo Figueroa, do Instituto SOS Pantanal, a eficácia da medida é limitada e a pecuária extensiva não é a única solução para o problema dos incêndios.

    A discussão sobre o “boi bombeiro” evidencia a complexidade do tema e a necessidade de mais pesquisas para avaliar os impactos da medida no longo prazo. É importante considerar que o Pantanal é um ecossistema frágil e que qualquer intervenção pode gerar consequências inesperadas.

  • Pelagem tem influência direta na adaptação de bovinos às mudanças climáticas

    Pelagem tem influência direta na adaptação de bovinos às mudanças climáticas

    Cientistas brasileiros e estrangeiros pesquisaram a influência das características da pelagem de bovinos no bem-estar animal e na adaptação a temperaturas extremas, por meio de avaliações da termorregulação corporal em diferentes condições ambientais. Os resultados estão publicados no artigo  Características tegumentares adaptativas de bovinos de corte criados em pastagens tropicais florestadas ou não sombreadas , da revista Nature Scientific Reports.

    O estudo aborda as respostas termorregulatórias e a estrutura dos pelos de touros das raças Nelore e Canchim criadas em sistemas sombreados de integração Lavoura-Pecuária-Floresta ( ILPF)  e em sistemas com menor disponibilidade de sombreamento natural (NS).

    O papel da ciência, diante das mudanças climáticas, é identificar e propor possíveis soluções e formas de reduzir os problemas causados ​​pelo desequilíbrio no clima. O mundo sofre danos com eventos climáticos extremos nos últimos anos de maneira mais frequente (ondas de calor, períodos mais longos de secas ou chuvas mais intensas, entre outros), causando danos sem precedentes aos humanos e aos animais. No Brasil, a ocorrência da última enchente no estado do Rio Grande do Sul é um exemplo dos efeitos alarmantes das mudanças climáticas.

    De acordo com o coordenador do trabalho, o pesquisador  Alexandre Rossetto Garcia , da  Embrapa Pecuária Sudeste  (SP), as características do pelo influenciam a capacidade do animal em ganhar ou perder calor para o meio. Esses aspectos são relevantes do ponto de vista da adaptação aos desafios climáticos. Segundo Garcia, os bovinos mantidos em ambientes que promovem conforto térmico expressam melhor seu potencial genético, melhorando assim seu desempenho produtivo. Os dados indicam que a temperatura média do ar e a radiação incidente no ILPF foram menores, principalmente no verão, demonstrando o efeito favorável do componente arbóreo nas estações quentes.

    A copa das árvores atua como uma barreira física, reduzindo a carga de calor e proporcionando um ambiente mais ameno para os animais. Já a estrutura dos pelos, incluindo o número de fios por unidade de área, influencia a quantidade de calor transmitida pela pelagem para o ambiente externo, bem como a radiação absorvida pelo animal. Os pelos servem de escudo para o animal contra choques mecânicos, além de ser uma proteção importante da pele. A pele e os pelos funcionam como uma barreira física para retenção de calor em casos de frio intenso, mas também auxiliam na perda de calor quando está muito quente.

    “Por isso, temos interesse em estudar a pele e seus anexos e, assim, entender como as raças criadas em regiões tropicais usam essas características morfológicas para se adaptarem ao ambiente em que vivem. Em um país tropical, como o Brasil, com temperaturas elevadas, umidade relativa do ar alta em boa parte do ano, e intensidade significativa de radiação solar, os animais são postos à prova constantemente, principalmente quando criados a pasto”, observa Garcia.

    Características de adaptação definem critérios de seleção genética

    Esse cenário exige a adoção de estratégias para melhorar a eficiência dos sistemas de produção por meio de instruções positivas em seus componentes bióticos e abióticos. “Entender como os bovinos se adaptaram ao longo do tempo e identificar aqueles que têm características desejáveis ​​e que podem ser transmitidos geneticamente é fundamental para trabalhar critérios de seleção, evolução à construção de gerações futuras de animais mais resilientes”, complementa.

    O cientista explica que o estresse térmico é um dos principais fatores envolvidos na redução do desempenho e produtividade animal. Sob condições de desconforto pelo calor, os bovinos tentam dissipá-lo, ativando mecanismos tegumentares (da pele e estruturas anexas a ela), cardiorrespiratórios e endócrinos, essenciais para a adaptabilidade. Dessa forma, algumas características morfológicas são cruciais para a adaptação térmica, afetando diretamente os mecanismos de troca de calor entre o animal e o ambiente.

    O primeiro aspecto importante é a coloração do pelo. Quanto mais escuro, menor é a capacidade de reflexão da luz solar, ou seja, mais radiação é absorvida. A maior parte do rebanho brasileiro é criada a pasto, sujeita a todas as variações e temperaturas climáticas. Mas não basta ter o pelo claro, a densidade também é relevante. Quanto maior a cobertura dos pelos, mais protegida a pele.

    Também há que se observar o comprimento e a espessura dos fios. Pelos mais longos podem dificultar a perda de calor, o que é prejudicial no calor, mas positivo no inverno. Os fios ainda têm uma flexibilidade e esse ângulo tem influência na altura do pelame, que varia no inverno e no verão. Os pelos mais grossos asseguram maior proteção contra a radiação solar direta, protegendo a pele.

    Para chegar ao resultado, o experimento avaliou cerca de 40 mil amostras de pelos de 64 touros adultos, durante 12 meses, aproximadamente, com frequência repetida no inverno e no verão. Foram acompanhados 32 animais da raça Nelore (Bos indicus) e 32 touros Canchim (composição: 5/8  Bos taurus  × 3/8  Bos indicus ), distribuídos igualmente entre dois sistemas de pastejo rotativo intensivo.

    As raças e as diferentes influências no conforto térmico

    A pelagem do Canchim, que é uma raça formada a partir de animais zebuínos e taurinos da raça Charolês, tende a ser menos densa do que a do Nelore, resultando em uma menor quantidade de pelos por unidade de área. Os fios do Canchim são geralmente mais finos em comparação aos do Nelore. Essa menor espessura permite uma troca adequada de calor com o ambiente, sendo benéfica em climas mais temperados. Sua cor creme em várias tonalidades, até o amarelo claro, ajuda a refletir a radiação solar, diminuindo a absorção de calor.

    O comprimento dos pelos da raça Canchim é intermediário, fornecendo uma cobertura suficiente para proteção contra insetos e fatores ambientais.

    Devido à menor densidade e menor espessura dos fios, a pelagem facilita a dissipação de calor, o que é vantajoso em ambientes onde a temperatura pode variar significativamente. Isso contribui para a capacidade dos animais de se adaptarem às diferentes condições climáticas.

    Nelore

    A raça Nelore é conhecida por sua excelente adaptação aos climas tropicais. A pelagem é densa, com grande número de pelos por unidade de área. Essa densidade oferece uma barreira física significativa contra a radiação solar.

    Os fios são grossos, o que proporciona maior proteção contra a radiação direta e reduz a penetração de calor na pele.

    A coloração geralmente varia do branco ao cinza claro. A cor clara ajuda a refletir a radiação solar, minimizando a absorção de calor e ajudando a manter a temperatura corporal.

    O pelo curto facilita a dissipação de calor e evita o acúmulo de umidade e sujeira, contribuindo para a manutenção da saúde da pele.

    As características na pelagem das duas raças são importantes para a termorregulação e desempenho. O Canchim, que possui alta capacidade de dissipação de calor, pode se adaptar melhor às variações climáticas. Enquanto isso, o Nelore, com uma pelagem que oferece proteção contra a radiação solar, é mais eficiente em manter a temperatura corporal estável em ambientes quentes.

    Impacto e vinculação ao ODS 13

    Os resultados desta pesquisa destacam a importância de considerar o conforto térmico e as características físicas da pelagem dos bovinos para melhorar o desempenho produtivo em diferentes sistemas de criação.

    O estudo reforça a necessidade de integrar práticas agropecuárias sustentáveis ​​para garantir a saúde e o bem-estar dos animais. A adoção de sistemas integrados, como a ILPF, pode ser uma estratégia eficaz para melhorar o conforto e a produtividade dos bovinos, beneficiando tanto os produtores, com ganho em produtividade, quanto o meio ambiente.

    Os esforços dos pesquisadores para a mitigação e adaptação, envolvem tecnologias, disciplinas e melhores práticas de manejo que equilibram prioridades ambientais, sociais e econômicas estão vinculados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), principalmente a meta 13, de ação contra a mudança global do clima. O trabalho determina novos caminhos para responder aos impactos da crise climática a que o planeta está submetido.

    Além de Alexandre Rossetto Garcia, participaram do trabalho os cientistas da Embrapa Manuel Jacintho, Waldomiro Barioni Junior e Gabriela Novais Azevedo (bolsista na época da pesquisa); da Universidade Federal do Pará (UFPA), Andréa Barreto; da Universidade Federal Fluminense (UFF), Felipe Brandão; e da Universidade de São Paulo (USP), Narian Romanello. As instituições de ensino estrangeiro foram representadas por Alfredo Manuel Pereira (Universidade de Évora, Portugal) e Leonardo Nanni Costa (Universidade de Bolonha, Itália).

  • Mato Grosso possui mais de 31,5 milhões de bovinos

    Mato Grosso possui mais de 31,5 milhões de bovinos

    Relatório também revela que o estado conta com 36,2 milhões de aves e 1,7 milhão de suínos comerciais

    Mato Grosso tem um total de 31.529.250 bovinos, de acordo com um relatório do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea), divulgado na última quarta-feira (28).

    Os dados foram obtidos a partir das informações fornecidas pelos produtores rurais durante a campanha estadual de atualização do estoque de rebanho, realizada entre maio e junho.

    Os municípios que possuem o maior número de bovinos são Cáceres (1.289.441), Vila Bela da Santíssima Trindade (1.049.789), Juara (883.514), Colniza (782.134) e Juína (742.968).

    O total de propriedades que criam bovinos e que participaram da atualização chega a 110.456 imóveis rurais.

    Comparando com a campanha anterior, realizada em novembro e dezembro de 2023, houve uma redução de 8% no número de bovinos no estado. No final do ano passado, o total era de 34.106.519 animais, representando uma diminuição de 2.577.269 bovinos.

    Segundo o veterinário João Marcelo Néspoli, coordenador de Defesa Sanitária Animal do Indea, a redução está relacionada ao aumento no abate de fêmeas, o que impactou na diminuição do nascimento de bezerros.

    Mesmo com essa queda, Mato Grosso segue como o estado com o maior rebanho bovino do Brasil.

    AVES – O levantamento também aponta que Mato Grosso possui 36.240.281 aves em estabelecimentos comerciais, sendo que os municípios com maiores quantidades são Nova Mutum (7.398.712), Sorriso (6.174.639) e Primavera do Leste (3.865.334).

    Entre os 142 municípios do Estado, 25 têm atividade comercial de criação de aves, com o envolvimento de 250 estabelecimentos.

    SUÍNOS – Quanto à suinocultura em estabelecimentos tecnificados, o estado registra 1.743.475 suínos. As cidades com maior concentração de suínos são Tapurah (379.637), Nova Mutum (325.352) e Sorriso (258.611).

    O relatório do Indea ainda destaca que 18 municípios de Mato Grosso têm a criação de suínos comerciais, englobando 89 propriedades rurais.

  • Farelo de mamona é testado como nova opção para alimentação de bovinos de corte

    Farelo de mamona é testado como nova opção para alimentação de bovinos de corte

    Um estudo iniciado pela Embrapa está testando o uso do farelo de mamona destoxificado como substituto do farelo de soja na dieta para bovinos de corte, assim como seu potencial para redução de transmissão de metano. Uma pesquisa é realizada em Bagé, na Embrapa Pecuária Sul, em parceria com a Embrapa Algodão e a Universidade Federal de Santa Maria, e busca avaliar o consumo, a digestibilidade e a segurança do uso do farelo na dieta dos animais.

    Isso porque a mamona apresenta originalmente em sua composição a ricina, um componente tóxico. No entanto, a partir da destoxificação realizada na indústria, o farelo de mamona tem grande potencial de nutrição de ruminantes, principalmente por conter teor de proteína bruta de até 45%, cerca de 10% a mais do que o farelo de soja, e por ser mais barato.

    Testes comunicados com pequenos ruminantes já demonstraram a inexistência de efeito nocivo do farelo de mamona destoxificado na alimentação destes animais, considerados poligástricos. Animais monogástricos, como aves, peixes e suínos, não têm tolerância ao farelo de mamona, e não podem consumir o coproduto.

    Conforme Bruna Machado, zootecnista responsável pelos estudos em sua tese de doutorado, o farelo de mamona está sendo testado para ser introduzido de forma segura no mercado pecuário brasileiro. “Esperamos chegar às condições adequadas e seguras para o uso do farelo de mamona nas dietas dos ruminantes, tendo como finalidade a suplementação dos animais no campo e também em ambiente de confinamento”, destacou.

    De acordo com Liv Severino, pesquisadora da Embrapa Algodão, que trabalha com mamona há cerca de 20 anos, há um avanço nos testes significativos de tendências com bovinos de corte neste momento, com grande expectativa da indústria da mamona no mundo todo. “A Índia é a grande produtora e a China a segunda produtora no mundo, e nenhum desses países consegue utilizar o farelo de mamona na alimentação animal. Então realmente esse passo que estamos dando é uma novidade mundial”, destacou o pesquisador, que viu expressiva agregação de valor ao produto a partir do sucesso em nossos experimentos.

    Metodologia empregada

    A tese de doutorado tem como título “Uso seguro do farelo de mamona como alimento para animais ruminantes e para a redução das emissões de metano entérico”. O projeto conta com a colaboração do Laboratório de Pastos e Suplementos da UFSM. Ao todo, 20 fêmeas da raça Brangus de um ano de idade, divididas em quatro grupos de cinco, têm acesso à alimentação disponível em um tratamento específico. A orientação da pesquisa é realizada, na Embrapa, pela pesquisadora Cristina Genro, e, na UFSM, pela professora Luciana Pötter.

    Os animais recebem dieta base para todos os tratamentos, composta de 1% de concentrado e 2% de pré-secado de aveia, com oferta à vontade. Os tratamentos são de diferentes níveis de inclusão de mamona destoxificada em substituição ao farelo de soja. Os níveis de substituição são de 10, 20 e 30%, além do tratamento controle, sem adição do farelo de mamona.

    “Cada animal tem acesso somente a um dos quatro cochos da baia com seu tratamento correspondente de nível de inclusão de mamona. Isso só é possível pois cada animal tem uma identificação por meio de um chip de identificação implantado na orelha, possibilitando ter acesso ao cocho, que libera a entrada somente do animal previamente cadastrado”, explica Bruna.

    Nova dieta e redução da transferência de metano

    Um dos potenciais do farelo de mamona testado no estudo é a redução da produção e emissão do metano entérico pelos bovinos de corte. Este é um dos fatores que vêm sendo avaliados, além da nutrição dos ruminantes, com o objetivo de tornar a pecuária cada vez mais competitiva e sustentável.

    “Uma das principais fontes que contribuem para a emissão desse gás é o processo de fermentação entérica em ruminantes, sendo o metano um gás muito relevante para o objetivo de reduzir o aquecimento global. Como o Brasil apresenta um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, um dos caminhos para que o país cumpra os compromissos reforçados internacionalmente de reduzir a emissão de metano é através do manejo e formulação de dietas mais eficientes”, destaca Bruna.

    Além de usar a nutrição animal como ferramenta de redução das emissões de metano, a peculiaridade pode contribuir de forma significativa para o sequestro de carbono, a partir de práticas como o manejo correto das pastagens. Ver publicação: embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1103038/uso-da-altura-para-ajuste-de-carga-em-pastagens

    Desintoxicação da mamona

    A mamona é cultivada com o objetivo de eliminar o óleo da semente. O farelo sobra como vegetação, e até então era usado apenas como fertilizante orgânico, devido à sua toxicidade relacionada à presença de ricina em sua composição. A proteína tóxica é capaz de inativar os ribossomos, prejudicando a síntese proteica e causando morte celular. No entanto, é possível alcançar de forma eficiente a destoxificação do farelo de mamona na indústria de remoção de óleo, possibilitando o seu uso para alimentação de animais ruminantes. Sendo submetido ao processo adequado, o insumo pode ser usado como substituto do farelo de soja na dieta de ruminantes, aproveitando seu alto teor de proteína bruta e o custo mais baixo.

  • Tradição e Inovação na Pecuária Moderna é o tema do 3º Encontro Técnico da Pecuária, em Rondonópolis

    Tradição e Inovação na Pecuária Moderna é o tema do 3º Encontro Técnico da Pecuária, em Rondonópolis

    Mato Grosso, líder na produção de carne bovina no Brasil, se prepara para mais um grande evento dos setores científico e pecuário. No dia 19 de setembro, Rondonópolis será palco do 3º Encontro Técnico da Pecuária da Fundação Mato Grosso, um evento que reúne tradição e inovação para impulsionar ainda mais a agropecuária do Centro-Oeste brasileiro.

    De acordo com os últimos dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), Mato Grosso responde por 317,46 mil toneladas em equivalente carcaça (TEC) destinadas ao mercado externo, se tornando um dos principais exportadores de carne bovina do Brasil. Segundo o relatório do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), o número de animais abatidos no estado aumentou 25,86% no primeiro semestre de 2024, no comparativo com o ano anterior, assim o estado mato-grossense consolida a sua posição como o maior produtor do país de carne sustentável e de qualidade com uma participação de 18% no ranking. Essa liderança é resultado de um conjunto de fatores, como a melhoria das áreas de produção, a adoção de tecnologias modernas e a qualidade do rebanho, que se tornou mais produtivo.

    Sob o lema “Tradição e Inovação na Pecuária Moderna”, o evento que será realizado na Associação dos Amigos da Fundação MT (AMI) das 8h às 18h, reunirá pecuaristas, produtores, pesquisadores, técnicos e demais profissionais do setor para discutir os desafios e as perspectivas da cadeia produtiva da carne bovina no Brasil, com um foco especial no setor mato-grossense.

    Doutor em zootecnia e pesquisador de Pecuária de Corte da Fundação MT, Thiago Trento, comenta que o 3º Encontro Técnico da Pecuária tem objetivo de analisar e disseminar informações técnicas e imparciais sobre a pecuária brasileira, com painéis abordando temas como dinâmicas de mercado, integração lavoura-pecuária, e manejo sustentável de pastagens. Além de promover reflexões, práticas eficientes no campo e um planejamento estratégico para a rotina do pecuarista.

    “A meta é fortalecer o setor pecuário de maneira sustentável e direcionada, unificando a análise, reflexão e disseminação de conhecimento técnico, com ênfase nas particularidades regionais do Mato Grosso. Durante o evento, serão apresentadas palestras expositivas, onde os palestrantes abordarão temas específicos. Após cada painel, haverá uma mesa de debate, permitindo que os participantes façam perguntas e compartilhem suas percepções sobre os temas discutidos”.

    Inscrições Abertas

    As inscrições para o 3º Encontro Técnico da Pecuária já estão abertas e podem ser realizadas através do site da Fundação Mato Grosso fundacaomt.com.br. Mais informações pelo contato (66) 9-9647-9027.

    FMT tem tradição em realizar eventos técnicos

    Com credibilidade nas pesquisas e imparcialidade nas informações, a Fundação Mato Grosso desenvolve a cada ano mais confiança na realização de eventos técnicos e se destaca com diálogos atualizados nas áreas de soja, algodão e pecuária.

    Em maio, foi realizado o Encontro Técnico da Soja, evento que está no calendário da instituição há 24 anos. Além disso, foi finalizado em agosto de 2024, o XVI Encontro Técnico de Algodão, que reuniu técnicos, pesquisadores e profissionais da área para que se atualizassem sobre o tema.

    Para conhecer os principais assuntos e resultados divulgados nos eventos técnicos, todos os conteúdos estão disponíveis no site da Fundação MT www.fundacaomt.com.br. O aplicativo da FMT, também traz as informações na palma da mão com acesso aos conteúdos de pesquisa sobre: Biológicos, Entomologia, Fitopalogia, Fitotecnia, Matologia, Mecanização Agrícola e Variabilidade Espacial, Nematologia, Solos e Sistemas de Produção. Para baixar no celular é muito fácil, basta acessar fundacaomt.com.br/app.