Tag: Bioma

  • Onça-pintada hercúlea arrasta jacaré quase do seu tamanho às margens do rio 

    Onça-pintada hercúlea arrasta jacaré quase do seu tamanho às margens do rio 

    Era para ser um dia qualquer às margens de um rio do Pantanal, mas a natureza reservou um espetáculo de pura força e técnica. Uma onçapintada, espécie símbolo do bioma, acabou viralizando nas redes sociais ao mostrar como se faz para levar para a margem um jacaré recém‑abatido – e que não ficava nada atrás em tamanho.

    Gigante felina enfrenta gigante réptil: onçapintada domina jacaré no Pantanal

    A onça caçadora por excelência 

    A onçapintada (Panthera onca) é reconhecida não apenas pela beleza de sua pelagem manchada, mas também pelo poder de sua mordida, considerado o mais forte entre os felinos. Foi essa combinação de força e precisão que permitiu à felina derrubar um jacaré e, em seguida, usar sua musculatura robusta para arrastá‑lo até a borda do rio.

    Técnica surpreendente 

    Enquanto monstros como o jacaré têm fama de pesados e indomáveis, a onça usa uma tática simples: graças ao seu corpo compacto e poderoso, ela se posiciona na parte frontal da presa e, com tire‑force controlado, faz pequenas pausas para ganhar novo fôlego. O resultado é um “levantamento de peso” digno de Olimpíadas, mas em plena selva pantaneira.

    Importância ecológica 

    Mais do que espetáculo, a cena lembra como a onça‑pintada é peça-chave no controle de populações de jacarés e outros vertebrados aquáticos. Ao garantir equilíbrio entre predadores e presas, ela mantém a saúde dos ambientes ribeirinhos e contribui para a riqueza da biodiversidade local.

    Fotógrafo captura momento impressionante de onça-pintada descansando sobre uma árvore, ainda com vestígios de sua última caça
    Foto: reprodução (@Lucas Morgado)

    Um convite à preservação 

    Ver tamanha demonstração de poder e elegância em ação reforça a urgência de conservar o Pantanal. Cada onça‑pintada representa não só a força da natureza, mas também o compromisso humano com a manutenção dos ecossistemas mais incríveis do planeta.

  • STF confirma compensação de reserva legal por bioma; Famato celebra segurança jurídica para o setor rural

    STF confirma compensação de reserva legal por bioma; Famato celebra segurança jurídica para o setor rural

    Por decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou nesta quinta-feira (24) o julgamento dos embargos de declaração na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que questionava dispositivos do Código Florestal (Lei 12.651/2012). Os ministros consideraram constitucional o critério de compensação de Reserva Legal entre propriedades situadas no mesmo bioma, como previsto na legislação, rejeitando a tese de que o critério de “identidade ecológica” deveria ser utilizado.

    A decisão representa uma vitória significativa para o setor produtivo rural, que, por meio de entidades como a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), atuou ativamente no processo. O STF revisou sua posição inicial, que, durante o julgamento virtual em 2023, havia majoritariamente considerado inconstitucional o uso do critério de bioma. Após intensa mobilização das entidades do agronegócio, o tribunal suspendeu a análise no plenário virtual e transferiu o julgamento para uma sessão física, onde vários ministros alteraram seus votos, culminando na decisão favorável.

    O relator do processo, ministro Luiz Fux, destacou que a compensação dentro do mesmo bioma atende à lógica de preservação ambiental estabelecida pelo Código Florestal. A tese de “identidade ecológica”, que havia sido proposta como alternativa, foi descartada, uma vez que sua aplicação geraria maior incerteza jurídica e poderia prejudicar os produtores rurais.

    Para a Famato, a decisão do STF traz alívio e segurança jurídica ao produtor rural. O presidente da entidade, Vilmondes Tomain, ressaltou que a manutenção do critério de bioma é essencial para garantir que os produtores possam continuar a produzir em conformidade com a legislação ambiental.

    “A decisão marca um ponto crucial na defesa dos direitos dos produtores. Desde o início do julgamento, mantivemos o diálogo com as instituições e reforçamos que a compensação por bioma já está consolidada na legislação. Essa decisão não só reconhece esse direito, mas também fortalece o compromisso dos produtores com o meio ambiente”, destacou o presidente da Famato.

    A atuação da Famato, juntamente com a CNA, foi decisiva para o resultado. Ambas as entidades participaram ativamente do debate, levando ao STF argumentos técnicos e jurídicos que evidenciaram a importância de preservar o critério de bioma. Segundo a Famato, esse resultado reforça a segurança jurídica para o produtor rural, garantindo a continuidade de suas atividades produtivas sem colocar em risco a preservação ambiental.

    O Código Florestal estabelece que os proprietários de áreas rurais devem destinar um percentual de suas terras à Reserva Legal, que varia de acordo com a localização geográfica e o bioma: 80% na Amazônia Legal, 35% no Cerrado Amazônico e 20% no restante do país. A compensação de Reserva Legal permite que os produtores cumpram essa exigência utilizando áreas localizadas em outras propriedades, desde que situadas no mesmo bioma.

    Com essa decisão, o setor produtivo rural celebra o fim de uma importante batalha jurídica, garantindo a estabilidade necessária para continuar contribuindo com o desenvolvimento econômico e ambiental do país. A Famato reafirma seu compromisso em trabalhar pelo fortalecimento do setor e pela proteção do meio ambiente.

  • Dia do Cerrado: bioma é o segundo mais ameaçado no país

    Dia do Cerrado: bioma é o segundo mais ameaçado no país

    O segundo maior bioma brasileiro também ocupa essa posição (segundo) quando o assunto é ameaça à biodiversidade e aos serviços ecossistemáticos. De acordo com estudo realizado pela Mapbiomas, o Cerrado perdeu 27% de sua vegetação nativa nos últimos 39 anos, o que representa 38 milhões de hectares.

    Em toda a cobertura natural do país que sofreu transformação no uso do solo, o bioma, proporcionalmente, só foi menos afetado que o Pampa, que perdeu 28% de vegetação nativa ao longo desses anos.

    Também conhecido como savana brasileira, o Cerrado ocupa 25% do território nacional, em 11 estados que se estendem do Nordeste à maior parte do Centro-Oeste, e mantém áreas de transição com praticamente todos os biomas, exceto os Pampas. Pelas características adquiridas no contato com mais quatro ecossistemas (Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga), é considerada a savana mais biodiversa do planeta.

    Ao longo desse período, o bioma teve 88 milhões de hectares atingidos pelo fogo, o que causou a perda de 9,5 milhões de hectares. Embora seja mais resiliente aos incêndios, pesquisadores apontam que as mudanças climáticas associadas ao uso indiscriminado do fogo têm ameaçado a integridade de sua cobertura natural. “É essencial implementar políticas públicas que promovam a conscientização, reforcem sistemas de monitoramento e apliquem leis rigorosamente contra queimadas ilegais”, reforça a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Vera Arruda.

    Cavalcante (GO) 12/09/2023 - Vista do cerrado na Comunidade quilombola Kalunga do Engenho II. O cerrado é um dos cinco grandes biomas do Brasil, cobrindo cerca de 25% do território nacional e perfazendo uma área entre 1,8 e 2 milhões de km2 Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
    O cerrado é um dos cinco grandes biomas do Brasil, cobrindo cerca de 25% do território nacional – Joédson Alves/Agência Brasil

    Junto com a cobertura natural do solo, a perda do Cerrado significa perder também a sua enorme capacidade de reter gás carbônico na biomassa de suas longas raízes, de recarregar a água subterrânea e de manter o ciclo hídrico que equilibra o planeta. “Temos observado que as áreas úmidas no Cerrado estão secando. Além disso, a expansão da agricultura sobre essas áreas vêm ocorrendo em algumas regiões no bioma, o que pode afetar o abastecimento hídrico e resultar em escassez de água para a população e para a agricultura, aumentando também a vulnerabilidade a desastres climáticos e à perda de biodiversidade”, alerta Joaquim Raposo, pesquisador do Ipam.

    Para se ter uma ideia, de toda a área perdida ao longo dos 39 anos estudados, 500 mil hectares foram de áreas úmidas substituídas principalmente por pastagem. São áreas naturais consideradas fundamentais na manutenção dos recursos hídricos, presentes em 6 milhões de hectares do bioma onde nascem oito das 12 bacias hidrográficas brasileiras.

    Neste 11 de setembro, em que é celebrado o Dia do Cerrado, organizações da sociedade civil como os institutos Cerrados, Sociedade População e Natureza, Ipam e WWF Brasil lançaram uma campanha de sensibilização sobre a relevância do bioma e os desafios a serem enfrentados para a sua preservação.

    Chamada Cerrado, Coração das Águas, a campanha foi lançada em um site que reúne informações relevantes sobre o bioma, suas características, biodiversidade, povos, turismo e caminhos para a preservação, além de reunir boas histórias dessa “floresta invertida”.

    Edição: Graça Adjuto

    — news —

  • Onça-pintada vitoriosa: carrega troféu da caçada no Pantanal

    Onça-pintada vitoriosa: carrega troféu da caçada no Pantanal

    Uma imagem impressionante circula nas redes sociais, mostrando uma onça-pintada carregando um jacaré abatido em suas mandíbulas.

    A cena, capturada no coração do Pantanal, revela a força e a imponência da onça, um predador majestoso que reina supremo em seu território.

    Onça-pintada: Soberana do Pantanal exibe troféu de caçada em cena imponente

    Ver essa foto no Instagram

    Uma publicação compartilhada por Pantanal Oficial (@pantanaloficial)

    O poder e a força da onça-pintada pantaneira

    A onça-pintada, conhecida por sua agilidade e inteligência, emerge da batalha vitoriosa. O jacaré, outrora um oponente formidável, agora jaz inerte em suas garras, um símbolo da força bruta da natureza selvagem. A imagem da onça carregando o troféu de sua caçada é um lembrete do papel crucial que ela desempenha no equilíbrio ecológico do Pantanal.

    Banquete merecido

    A onça, com seus músculos tensos e postura altiva, parece satisfeita e orgulhosa de sua conquista. A jornada árdua da caçada foi recompensada com um banquete farto e nutritivo, que garantirá sua sobrevivência e a de seus filhotes.

    O olhar penetrante da onça transmite a mensagem de que ela é a rainha da selva, um predador supremo que domina seu território com maestria.

    O documentário contará a história de duas onças-pintadas de oito anos, Jaju e Âmbar, que vivem no Parque Estadual Encontro das Águas. Crédito - Mayke Toscano/Secom-MT
    O documentário contará a história de duas onças-pintadas de oito anos, Jaju e Âmbar, que vivem no Parque Estadual Encontro das Águas. Crédito – Mayke Toscano/Secom-MT

    A imagem da onça-pintada com o jacaré nos convida a refletir sobre a importância da preservação ambiental. O Pantanal, um bioma rico e complexo, é o lar de diversas espécies animais que coexistem em um delicado equilíbrio. A onça-pintada, como predador topo da cadeia alimentar, é fundamental para manter esse equilíbrio. É nosso dever proteger esse habitat natural e as espécies que nele habitam, garantindo a perpetuação da vida selvagem em sua forma mais pura e autêntica.

    A imagem da onça-pintada com o jacaré é um símbolo da força da natureza e da importância da preservação ambiental. É importante lembrar que a onça-pintada é um animal selvagem e precisa ser admirada de longe. Devemos respeitar seu habitat e garantir sua proteção para que ela continue a reinar como a rainha da selva.

  • Senado aprova criação do Estatuto do Pantanal para proteção do bioma e desenvolvimento sustentável

    Senado aprova criação do Estatuto do Pantanal para proteção do bioma e desenvolvimento sustentável

    Na quarta-feira (3), a Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado Federal deu um importante passo para a conservação do Pantanal ao aprovar a criação do Estatuto do Pantanal. Este conjunto de normas visa proteger o bioma e promover o desenvolvimento sustentável da região.

    De autoria do senador Wellington Fagundes (PL), o projeto segue agora para análise e aprovação na Câmara dos Deputados. Fagundes destacou a relevância do estatuto para garantir a conservação ambiental e tipificar crimes contra o meio ambiente.

    O projeto delineia uma série de políticas públicas para a região, incluindo a valorização de produtos e serviços locais. Além disso, assegura a participação ativa da sociedade civil, bem como dos setores científico, acadêmico e privado, na formulação de políticas e decisões.

    Em junho deste ano, o Governo Federal, por meio do Ministério da Defesa, mobilizou as Forças Armadas para apoiar no combate aos incêndios florestais no Pantanal, abrangendo os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Somente neste ano, mais de 620 mil hectares do Pantanal foram consumidos pelo fogo, com 480 mil hectares em Mato Grosso do Sul e quase 150 mil hectares em Mato Grosso. Junho foi o mês com o maior número de focos de incêndio.

    Devido à situação crítica, o Corpo de Bombeiros anunciou a proibição de queimadas até dezembro. O governo de Mato Grosso do Sul também decretou situação de emergência no bioma.

    O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) declarou que não há qualquer possibilidade de uso do fogo na região, nem mesmo para queima controlada, pois “qualquer ignição é catastrófica”. A proibição entrou em vigor há uma semana.

    O Pantanal é conhecido por sua biodiversidade única, com espécies ameaçadas. São elas:

    • 3,5 mil espécies de plantas
    • 325 espécies de peixes
    • 53 espécies de anfíbios
    • 98 espécies de répteis
    • 656 espécies de aves
    • 159 espécies de mamíferos

    Entre os emblemáticos habitantes do Pantanal estão a onça-pintada, o jacaré, o tuiuiú, ipês e jacarandás. Além de sua riqueza biológica, o Pantanal atua como regulador natural de enchentes, absorvendo e armazenando água durante os períodos chuvosos.

    O bioma também funciona como um importante reservatório de água doce, com altitudes que chegam a 150 metros. Seus recursos hídricos são essenciais para o abastecimento das cidades, beneficiando cerca de 3 milhões de pessoas no Brasil, Bolívia e Paraguai.

  • STF dá prazo para Congresso aprovar lei de proteção do Pantanal

    STF dá prazo para Congresso aprovar lei de proteção do Pantanal

    Por 9 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu nesta quinta-feira (6) a omissão do Congresso na não aprovação de uma lei federal para proteger o Pantanal.

    Com a decisão, o Congresso terá prazo de 18 meses para aprovar uma lei específica para o bioma, presente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Até a aprovação, a Lei da Mata Atlântica deverá ser aplicada nas medidas de proteção.

    A questão foi decidida em uma ação protocolada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2021. Para a procuradoria, o Congresso está em estado de omissão ao não aprovar, desde a promulgação da Constituição de 1988, uma lei para proteger o bioma e regulamentar o uso dos recursos naturais.

    Durante o julgamento, o ministro Edson Fachin votou pelo reconhecimento da omissão e disse que a Constituição determina a aprovação de lei específica para proteção do Pantanal. O ministro considerou que a falta de aprovação da norma é mais uma das “promessas constitucionais não cumpridas”.

    “Neste caso, havia um dever de legislar. Desse dever de legislar, não adimplido, emerge a possibilidade de reconhecimento da omissão”, afirmou Fachin.

    O presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, lembrou que um terço do Pantanal foi afetado por incêndios florestais nos últimos anos. O ministro reconhece que normas jurídicas não são capazes de mudar a realidade, mas disse que é preciso uma legislação específica para proteção do bioma.

    “O quadro atual é de grande degradação do Pantanal. A legislação atual não está sendo suficiente”, completou.

    Proteção

    No ano passado, o governo de Mato Grosso do Sul aprovou lei estadual para proteger o bioma. A legislação determina que em propriedades rurais é necessário preservar 50% da área com formações florestais e de Cerrado. Nos locais com formações campestres, o percentual será de 40%.

    Em março deste ano, o Supremo também decidiu que a União deve apresentar em 90 dias um plano de combate a incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia.

    A decisão foi proferida pelo plenário da Corte durante o julgamento de três ações protocoladas pelo PT e Rede Sustentabilidade, em 2020, para contestar a condução da política ambiental do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

    — news —

  • Fauna e flora aquáticas também sofrerão impacto das enchentes no RS

    Fauna e flora aquáticas também sofrerão impacto das enchentes no RS

    Peixes, anfíbios e outras espécies aquáticas afetadas pelas cheias no Rio Grande do Sul vão sofrer o mesmo impacto ambiental que a flora e a fauna terrestre, que é classificado como “devastador”. A avaliação foi feita à Agência Brasil pelo professor Roberto Reis, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da Pontifícia Universidade Católica do estado (PUC-RS).

    “A gente tem visto peixes nadando pelas ruas de Porto Alegre, peixes mortos nas ruas, inclusive espécies exóticas como a piranha, e tilápias, que são muitas no Rio Guaíba”.

    Roberto Reis explicou que nessa enchente, há dois panoramas diferentes: “um é na serra, onde os rios recolhem água da chuva, vira uma torrente fortíssima que arrasta cidades e a fauna também”. Neste cenário, peixes e anfíbios são arrastados, tanto para fora do leito do rio, como rio abaixo.

    A outra fase dessa tragédia acontece nas planícies, onde estão localizados municípios como Porto Alegre, Eldorado do Sul, Canoas, São Leopoldo e por onde corre o Rio Guaíba.

    “Os rios que descem da terra chegam no lago, que cresce, sai das margens, ocupa a cidade, mas aí não tem aquela violência da serra, da torrente que arrasta tudo. A fauna, que geralmente fica restrita ao leito do lago, também se espalha”.

    Reis estimou que quando o nível da água começar a baixar, muitos animais ficarão presos em áreas não usuais como o centro da cidade e campos de plantação: “quando a água baixar, muitos animais vão morrer, vão ficar presos, especialmente peixes”.

    Resiliência

    O professor da PUC-RS afirmou, entretanto, que a recuperação da fauna aquática não vai demorar muito, porque esses animais são muito resilientes. Reis acredita que levará de um a dois anos para que a fauna aquática esteja totalmente recuperada.

    “Certamente, [a enchente] tem impacto grande, mas os animais, em especial peixes e anfíbios, se reproduzem rapidamente e recolonizam as áreas que foram afetadas. É difícil estimar quanto tempo pode levar essa recuperação. Peixes pequenos se reproduzem mais rapidamente; peixes grandes vão levar mais tempo, embora tenham uma capacidade de ficar mais no leito, na parte mais profunda e não sair da parte principal do lago”.

    O professor lembra outra consequência das cheias: a introdução de espécies novas no ecossistema, como a piranha. Ele explica que Rio Grande do Sul já tem registro de, pelo menos, dez espécies na bacia do Guaíba que vieram do Uruguai, por causa de irrigação de lavouras de arroz.

    Segundo ele, outros peixes que são cultivados em tanques no estado a essa altura já se encontram no ambiente natural. “E como são peixes de água doce, não vão sair para o mar”. Como exemplo ele cita a tilápia, carpas e o bagre africano e americano.

    Dinamismo

    O coordenador do Laboratório de Biologia da Conservação do Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professor Demétrio Luis Guadagnin, explica que as consequências das cheias para a fauna e flora são muito particulares, já que as comunidades biológicas são dinâmicas, adaptáveis e têm atributos

    Ele esclareceu que os efeitos das enchentes para os seres humanos são bem diversos dos que assolam as comunidades biológicas. Isso porque as espécies as plantas e animais são mais dinâmicas, adaptáveis e têm atributos que permitem que elas se ajustem a catástrofes. “Elas têm os atributos necessários para se recuperar”, disse à Agência Brasil.

    Guadagnin estabeleceu diferenças entre os efeitos das cheias em áreas que tinham cobertura vegetal natural e as que já haviam passado por alterações humanas, como as urbanas e as agrícolas. Há ainda áreas que estão na parte serrana, nas calhas dos rios nos trechos de corredeira, além das planícies.

    Na região de planícies, a área afetada abriga espécies que estão perfeitamente adaptadas às flutuações do nível d’água dos rios e vão se recuperar rapidamente. “Tem uma descolonização do número de indivíduos, no caso dos animais. No caso das plantas, tem muitas que foram arrancadas simplesmente, mas são capazes de se reproduzirem, de crescer, a partir de raízes; elas têm seus mecanismos de recolonização e dispersão e evoluíram nesse tipo de condição”.

    Na região serrana, segundo ele, é um pouco diferente. A vegetação e a fauna são típicas das margens dos rios, área mais degradada porque muitas ocupações humanas crescem à margem dos rios, há muitas lavouras.

    “Justamente essa vegetação é bastante alterada. Ela também é adaptável a esses eventos. Nos lugares onde foi mais degradada, a recuperação vai ser mais lenta”. Guadagnin lembrou que nesses lugares a enchente foi catastrófica, com rios subindo mais de 20 metros em alguns trechos e alcançando áreas que não têm esse tipo de vegetação: “a recuperação vai ser mais lenta, tanto da flora como da fauna, mas ela vai acontecer”.

    Extinção

    Para o professor, é preciso ter um olhar diferenciado para as áreas já alteradas pela ação humana: “o rio tomou o que era seu”. Segundo ele, se essas áreas forem abandonadas agora, a flora e a fauna vão recuperar seu lugar. “É um fenômeno catastrófico para nós humanos, para a infraestrutura, para as pessoas”.

    No entanto, segundo ele, o prognóstico para plantas e animais é pior para espécies que já tinham populações menores: “eventualmente, isso [a extinção] pode acontecer no caso de algumas espécies que já estavam ameaçadas ou com populações muito pequenas, com pouca capacidade de se reproduzirem, de recolonizar. Nesses casos de espécies ameaçadas de extinção, a gente pode ter problemas”, admitiu.

    O especialista citou dois casos encontrados na região serrana, na beira dos rios. Um deles é o sapinho-admirável-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus admirabilis), espécie de anfíbio encontrada apenas em um trecho de 700 metros do rio Forqueta, no município de Arvorezinha (RS). O sapinho é minúsculo, com cerca de quatro centímetros de comprimento.

    Também no rio Taquari-Antas há várias espécies de peixes que são endêmicas das cabeceiras, entre os quais os lambaris e não se sabe o que vai acontecer com elas.

    Citando a flora, o professor menciona a Callisthene inundata, que ocorre em florestas ribeirinhas na bacia do Rio das Antas, no Rio Grande do Sul. Essa espécie é a única da família Vochysiaceae conhecida no estado e está criticamente ameaçada.

    A família Vochysiaceae é comum na região amazônica. É endêmica do leito do rio e está adaptada às cheias mas, como o Rio das Antas é bastante alterado pela construção de várias barragens, ela não tem muitos lugares para se recolonizar, porque muitos trechos já não estão mais adequados.

    Mudança

    Para o professor Demétrio Luís Guadagnin, não há como precisar o tempo de recuperação da fauna de lagos e rios no estado depois dessa tragédia climática. Ele acredita que, em termos de comunidade biológica, a vegetação e a fauna da região de planícies poderá voltar a ter características típicas em até uma década, já para a região serrana o cenário é pior: “na região serrana, isso pode levar uma centena de anos”.

    De acordo com Guadagnin o mundo está vivendo um contexto de mudança climática, que vai afetar diretamente a fauna e flora gaúchas, especialmente onde a recuperação é mais lenta.

    “Digamos que daqui para a frente essa fauna e essa flora vão estar permanentemente correndo atrás de um novo equilíbrio, que é capaz de nunca se estabelecer. Porque antes dele se consolidar, as condições climáticas do planeta já terão mudado de novo. A gente está em um período em que a palavra agora não é mais equilíbrio. É mudança.”

    Já na região de planícies, onde a flora e fauna têm uma dinâmica muito acelerada e intensa, as espécies tendem a se restabelecer muito rapidamente. Já nas regiões de florestas, nas encostas, na região serrana, onde a dinâmica é mais lenta, a sucessão que vai acontecer vai ser, provavelmente, em termos de trajetória nova e única, correndo atrás de um ambiente que está em permanente mudança, concluiu o professor.

    — news —

  • Sucuri gigante se banqueteia com capivara no Pantanal: imagens impressionantes revelam comportamento fascinante da cobra

    Sucuri gigante se banqueteia com capivara no Pantanal: imagens impressionantes revelam comportamento fascinante da cobra

    Pescadores registraram um momento singular: uma sucuri gigante, descansando parcialmente submersa em um rio, digerindo uma capivara de tamanho considerável.

    O Pantanal, bioma de rica biodiversidade, é palco de cenas impressionantes que evidenciam a força e o comportamento único da fauna local.

    A majestade da cobra sucuri: a vida fascinante da anaconda na natureza

    As imagens, capturadas na região sul do Pantanal, revelam aspectos fascinantes da vida dessa cobra majestosa.

    Sucuri gigante devora capivara no Pantanal: imagens revelam força bruta da cobra

    Ver essa foto no Instagram

    Uma publicação compartilhada por Goiás rural (@goias_rural)

    Banquete na selva: sucuri gigante se alimenta de capivara em cena impressionante no Pantanal

    Na filmagem, a sucuri aparece com apenas a parte superior do corpo exposta, enquanto o restante permanece submerso na água. A cobra, com vários metros de comprimento, apresenta um abaulamento significativo na região do abdômen, indicando a presença da capivara em seu interior.

    O encontro impressionante com uma sucuri enorme: gigante gentil das águas

    A cena, embora chocante para alguns, é um evento natural e crucial para a sobrevivência da sucuri.

    Comportamento predatório

    A sucuri é uma das maiores cobras do mundo, podendo alcançar até 6 metros de comprimento. Conhecida como “cobra-de-água”, ela é predadora semi-aquática, se alimentando principalmente de mamíferos de médio e grande porte, como capivaras, jacarés, caititus e até mesmo cervos.

    O processo de digestão da sucuri pode durar dias ou semanas, dependendo do tamanho da presa.

    Adaptação ao meio aquático

    A sucuri apresenta diversas adaptações que a tornam uma predadora eficiente no ambiente aquático. Sua pele escamosa e impermeável a protege da água, enquanto suas narinas, localizadas na parte superior da cabeça, permitem que ela respire mesmo com a maior parte do corpo submerso.

    As fortes mandíbulas e os dentes afiados facilitam a captura e a imobilização da presa.

    A sucuri é a maior cobra do Brasil. Ela não possui veneno.
    Sucuri

    Importância da sucuri no ecossistema

    A sucuri, apesar de gerar receio em algumas pessoas, desempenha um papel fundamental no equilíbrio do ecossistema do Pantanal.

    Ao controlar populações de mamíferos herbívoros, como capivaras, a cobra contribui para a manutenção da saúde das áreas úmidas e da biodiversidade local.

  • Pampa é o bioma brasileiro menos protegido por unidades de conservação

    Pampa é o bioma brasileiro menos protegido por unidades de conservação

    Além de ser o menor bioma brasileiro o Pampa, presente apenas em parte do Rio Grande do Sul, também é o bioma menos protegido pelas unidades de conservação presentes em todo o país. O dado foi apresentado no seminário técnico-científico promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima para debater a elaboração de um plano de prevenção e controle do desmatamento do bioma.

    O secretário-executivo do ministério, João Paulo Capobianco, disse que atualmente a região tem apenas 49 unidades de conservação, que alcançam somente 3,03% de sua extensão de cerca de 17,6 milhões de hectares.

    Durante o encontro, Capobianco lembrou que o Brasil é signatário das metas de Aichi, estabelecidas na 10ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP10), em 2010, no Japão, que previa a proteção de 17% da área continental e 10% do território marinho por meio da criação de zonas de proteção integral.

    O prazo para o cumprimento das metas era 2020, mas não foi cumprido em relação ao bioma Pampa. O compromisso internacional foi renovado pelo governo brasileiro durante a 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP15), em Montreal, no Canadá, quando o Marco Global para a Biodiversidade de Kunming-Montreal ampliou as metas para 30% de proteção integral tanto dos biomas terrestres quanto da zona marítima, até 2030.

    Capobianco lembrou que faltando pouco para o cumprimento do novo prazo, apenas 122 mil hectares do Pampa correspondem às áreas de proteção integral e 416 mil hectares estão em áreas de conservação, mas são de uso sustentável.

    “Temos que todos buscar vencer esses desafios. O governo federal possui seis unidades de conservação no bioma Pampa, se forem criadas, aumentaremos em 2,5% a proteção do bioma, com a inclusão de mais 486 mil hectares, chegaríamos, portanto, a 5,5%, muito longe ainda dos 30%”, alertou.

    Para o secretário-executivo do ministério, além de alcançar as metas, o país precisa enfrentar o desafio da degradação e definir quais são as ações tanto no campo técnico-científico quanto nas políticas públicas, que podem promover a conservação e a restauração de áreas de altíssima importância biológica.

    “O Pampa, assim como Pantanal, têm uma vocação para uma pecuária ecologicamente sustentável. Isso deve ser fortalecido, mas, evidentemente, temos que evitar a expansão e a substituição dos campos naturais por plantios agrícolas, que podem de fato comprometer o conjunto do bioma”, disse.

    O seminário é o primeiro passo para a elaboração do plano de enfrentamento da supressão da vegetação nativa. Após os debates, uma proposta deverá ser submetida à consulta pública para que os planos de cada um dos biomas sejam lançados pelo governo federal.

    Segundo Capobianco, essas políticas públicas passarão ainda por avaliações anuais para revisão e ajustes que as tornem cada vez mais eficientes. “O Pampa será parte de um esforço nacional de proteção do conjunto da espetacular, inigualável e incomparável sociobiodiversidade brasileira”, disse.

    Edição: Fernando Fraga

    — news —

  • Filhotes de onça-pintada ensinam sobre a importância da diversão na natureza

    Filhotes de onça-pintada ensinam sobre a importância da diversão na natureza

    As onças-pintadas, também conhecidas como jaguaretês, são os maiores felinos selvagens da América e um dos predadores mais importantes do bioma Pantanal. Veja mais sobre onças-pintadas em Mundo Animal.

    São animais solitários e territoriais, com hábitos crepusculares e noturnos.

    A onça-pintada: rainha do Pantanal revela sua majestade predatória

    Filhotes de Onça-Pintada: Aprendendo Através da Brincadeira

    Ver essa foto no Instagram

    Uma publicação compartilhada por Leandro Silveira (@leandro_silveira_iop)

    Filhotes de onça-pintada: alegria e aprendizado em momento de brincadeira no córrego

    Dois filhotes de onça-pintada, ainda com suas rosetas em tons de marrom e preto, protagonizaram um momento de pura alegria em um córrego dentro do parque do Instituto Onça-Pintada.

    Onça-pintada desperta curiosidade ao ser encontrada descansando em sítio

    A cena, flagrada por Leandro Silveira, um dos cuidadores do instituto, mostra os filhotes se divertindo enquanto exploram o ambiente ao seu redor.

    Vídeo Revela Momento de Descontração e Aprendizado

    No vídeo, os filhotes se perseguem, rolam na grama e até mesmo tentam “pescar” no córrego. A brincadeira, aparentemente despretensiosa, é fundamental para o desenvolvimento dos filhotes. Através da interação entre si e com o ambiente, eles aprendem habilidades essenciais para a vida selvagem, como caçar, escalar e se defender.

    Ariranhas unem forças contra onça-pintada no pantanal: aliança aquática
    ONÇA MUNDO ANIMAL – Fotos do Canva

    A Importância da Preservação da Onça-Pintada

    A cena também serve como um lembrete da importância da preservação da onça-pintada. A espécie está ameaçada de extinção devido à perda de habitat, caça ilegal e conflitos com humanos.