Tag: bets

  • Fux defende ajuste imediato nas regras do mercado de apostas online

    Fux defende ajuste imediato nas regras do mercado de apostas online

    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux disse nesta segunda-feira (11) que é preciso um “ajuste imediato” nas regras para o mercado de apostas online (bets) no Brasil.

    Fux presidiu uma audiência pública para ouvir os argumentos de especialistas sobre os efeitos da proliferação das apostas na economia e na saúde mental dos apostadores.

    Sem adiantar se vai dar uma liminar (decisão provisória) sobre a questão, o ministro disse que vai avaliar a urgência do caso.

    “Ficou bem claro que precisa de um ajuste bastante imediato. Eu vou conversar com os poderes e também analisar o conjunto das informações. Vamos avaliar se antes do julgamento do mérito, que deve ocorrer no primeiro semestre de 2025, há necessidade da denominada providência de urgência”, declarou.

    O processo que motiva o debate foi protocolado na Corte pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

    A entidade questiona a Lei 14.790/2023, norma que regulamentou as apostas online de quota fixa. Na ação direta de inconstitucionalidade (ADI), a CNC diz que a legislação, ao promover a prática de jogos de azar, causa impactos negativos nas classes sociais menos favorecidas. Além disso, a entidade cita o crescimento do endividamento das famílias.

    De acordo com levantamento divulgado em setembro deste ano pelo Banco Central, os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets em agosto.

  • STF divulga lista de participantes de audiência sobre mercado de bets

    O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou a lista de participantes da audiência pública que vai debater mercado de apostas online (bets) no Brasil. As audiências estão agendadas para segunda-feira (11) e terça-feira (12).

    Os debates contarão com a presença de ministros do governo federal, representantes de instituições financeiras e especialistas na área.

    Entre os participantes divulgada pela Corte estão o secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Régis Dudena, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, além de representantes dos ministérios da Saúde, Desenvolvimento Social e da Igualdade Racial.

    Também devem estar presentes associações ligadas ao setor de apostas virtuais, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).  A lista completa está no site do Supremo.

    A audiência pública foi convocada pelo ministro Luiz Fux, relator do processo que trata da questão.

    Regulamentação

    A regulamentação do mercado de bets no Brasil é discutida no Supremo por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade protocolada no dia 24 de setembro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

    A entidade questiona a Lei 14.790/2023, norma que regulamentou as apostas online de quota fixa. Na ação, a CNC diz que a legislação, ao promover a prática de jogos de azar, causa impactos negativos nas classes sociais menos favorecidas. Além disso, a entidade cita o aumento do endividamento das famílias.

    De acordo com levantamento divulgado em agosto deste ano pelo Banco Central, os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets no mês.

  • Fux suspende restrições para exploração de loterias por estados

    Fux suspende restrições para exploração de loterias por estados

    O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta quarta-feira (23) a regra que impede um grupo econômico de explorar serviços de loteria em mais de um estado do país. A decisão também suspendeu a restrição de publicidade dos jogos aos moradores que moram no estado.

    A decisão do ministro foi motivada por um pedido de liminar feito pelo governo de São Paulo. A procuradoria estadual alegou que a manutenção das regras previstas na Lei 14.790/2023, conhecida como Lei das Apostas Esportivas poderia prejudicar o leilão para concessão de serviços lotéricos, que será realizado no dia 28 de outubro.

    No entendimento de Fux, a norma federal não pode impor obstáculos arrecadatórios aos estados sem justificativa razoável.

    “À luz da ideia de federalismo fiscal, não pode a União impor obstáculos ao pleno exercício de competências arrecadatórias dos estados, sobretudo à míngua de qualquer justificativa razoável, como no caso concreto”, afirmou.

    A ação tramita no Supremo desde maio deste ano e foi protocolada por governadores de seis estados e o Distrito Federal.

    O caso seria julgado em sessão virtual no dia 18 deste mês, mas um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes suspendeu o julgamento. Contudo, diante da liminar solicitada pelo governo de São Paulo, Luiz Fux decidiu a questão.

    Bets

    O caso não está relacionado com a legalidade do mercado de apostas online no Brasil (bets).

    A regulamentação do mercado de bets no Brasil é discutido no Supremo por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade protocolada no dia 24 de setembro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

    A entidade questiona a Lei 14.790/2023, norma que também regulamentou as apostas online de quota fixa.

    Na ação, a CNC diz que a legislação, ao promover a prática de jogos de azar, causa impactos negativos nas classes sociais menos favorecidas. Além disso, a entidade cita que o crescimento do endividamento das famílias.

  • Reconhecimento facial de apostadores entra em fase de testes

    Reconhecimento facial de apostadores entra em fase de testes

    Obrigatório a partir de janeiro de 2025, o reconhecimento facial nas apostas online já está na fase de testes. Responsável por concentrar 75% do mercado nacional de apostas, o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) informou que a tecnologia está em fase de integração nas plataformas associadas.

    O Brasil será o primeiro país a adotar o reconhecimento facial nas apostas online para prevenir fraudes e impedir apostas de menores de idade. Segundo o IBJR, a solução será similar à adotada pelas instituições bancárias. Em alguns momentos do processo de aposta, será verificada a autenticidade do usuário e também das informações cadastradas. Se houver alguma inconsistência nas informações, automaticamente o usuário será bloqueado.

    A Lei 14.790/2023, que regula as apostas online no Brasil, proíbe explicitamente as apostas por menores de 18 anos de idade. Reforçada nas portarias de regulamentação pelo Ministério da Fazenda, a restrição atende ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

    Inteligência artificial

    A IBJR também adotará nos sites associados ferramentas de inteligência artificial para bloquear tentativas de acesso por crianças e adolescentes. Durante a autenticação do usuário, a biometria será cruzada com outras tecnologias usadas pelas bets, mapeando possíveis condutas irregulares.

    Esse processo, informa o IBJR, usará informações armazenadas em sistemas do governo e do mercado financeiro. O reconhecimento facial impedirá não apenas apostas por menores de idade como operações por fraudadores que roubam ou hackeiam celulares para fazer apostas em nome de terceiros.

  • Ministério da Fazenda autoriza retorno de duas empresas de bets

    A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda autorizou duas bets (empresas de apostas virtuais) a funcionar em todo o país. Na noite desta sexta-feira (18), o órgão atualizou a lista das empresas liberadas, que subiu de 98 para 100.

    Por determinação judicial, o Ministério da Fazenda incluiu as empresas Sportvip Group International Apostas, que administra três bets, e a empresa Megapix Comunicação e Tecnologia, que administra uma. A primeira empresa foi incluída por se adequar às regulamentações exigidas pela Secretaria de Prêmios e Apostas. A segunda foi incluída por determinação judicial.

    Essa foi a segunda empresa liberada a funcionar nacionalmente desde o reforço da regulamentação, no início do mês. Na quarta-feira (16), o Ministério da Fazenda tinha autorizado o retorno da Reals Brasil, que opera três bets, e a Esportes Gaming Brasil, que controla dois sites. No caso da Esportes Gaming, dona do site Esportes da Sorte, patrocinadora do Corinthians, a reinclusão obedeceu a determinação judicial.

    A lista das bets autorizadas a funcionar nos estados não mudou. Ela continua com 26 empresas liberadas para operar nos seguintes estados: cinco no Paraná, quatro no Maranhão, uma em Minas Gerais, oito no Rio de Janeiro e oito na Paraíba.

    As versões atualizadas das listas nacional e estadual podem ser consultadas na página da Secretaria de Prêmios e Apostas.

    Lista negativa

    Em relação às cerca de 2.030 empresas e sites irregulares, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) começou a desativar as páginas na sexta-feira (11). A agência reguladora notificou cerca de 21 mil empresas, incluindo provedores e operadoras em todo o país, para suspender o acesso aos sites da lista negativa.

  • Se regulação não der conta, eu acabo, diz Lula sobre bets

    Se regulação não der conta, eu acabo, diz Lula sobre bets

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (17) que pode acabar com o mercado das plataformas digitais de apostas esportivas, as chamadas bets, se a regulação não for suficiente para assegurar a saúde mental e financeira da população. Lula concedeu entrevista para a Rádio Metrópole, em Salvador, onde cumpre agenda.

    “Eu tive uma reunião com 14 ministérios para a gente discutir a questão das bets e nós temos uma opção, ou acabava definitivamente ou a gente regulava. Nós optamos pela regulação, e me parece que essa semana mais de 2 mil bets já saíram de circulação”, disse o presidente.

    “Nós vamos ver se a regulação dá conta. Se a regulação der conta, está resolvido o problema, se não der conta, eu acabo, fica bem claro. Porque você não tem controle do povo mais humilde, de criança com celular na mão fazendo aposta, nós não queremos isso”, afirmou o presidente.

    Os sites e os aplicativos de apostas online que não foram autorizados pelo governo foram retirados do ar, no dia 11, em uma ação conjunto do Ministério da Fazenda e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Mais de 2 mil sites ilegais de apostas envolvidos com fraude e golpes foram bloqueados.

    Até o momento, 98 empresas com 215 bets estão aptas a operar no Brasil até dezembro, de acordo com a Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda. Já as listas dos estados têm 26 empresas autorizadas a operar por cumprirem regras da portaria do Ministério da Fazenda.

    No fim do ano, o Ministério da Fazenda deve concluir a análise definitiva dos primeiros pedidos de autorização de empresas para verificar quais cumprem as leis e as regras de apostas esportivas e de jogos online. As empresas terão de pagar R$ 30 milhões à União para funcionar a partir de 1º de janeiro de 2025. É nessa data que começa a operar o mercado regulado de apostas no Brasil.

    Uma lei votada no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula em dezembro de 2023 estabeleceu que cabe ao Ministério da Fazenda autorizar a exploração de apostas e fixar condições e prazos para adequação das empresas do ramo.

    Ao todo, o governo já editou dez portarias para regulamentar as operações das bets. Elas tratam, entre outras questões, sobre o que é o jogo justo, certificação, questões financeiras, utilização obrigatória do sistema financeiro, proibição de cartão de crédito, proteção do apostador em relação a menores, pessoas dependentes, questão de publicidade e a questão dos procedimentos.

    As plataformas terão de seguir todas as regras de combate à fraude, à lavagem de dinheiro e à publicidade abusiva. De acordo com a pasta, a regulamentação do funcionamento das bets também exigirá das operadoras o registro do CPF dos jogadores. O objetivo da medida é possibilitar o acompanhamento do histórico dos aposentados para assegurar sua saúde mental e financeira.

    Saúde pública

    No dia 4 de outubro, o presidente Lula fez reunião ministerial para discutir medidas de redução dos impactos das bets em casos de dependência e endividamento e alertou a população sobre o perigo do vício em jogos.

    “Tem muita gente se endividando, tem muita gente gastando o que não tem. E nós achamos que isso tem que ser tratado como uma questão de dependência. Ou seja, as pessoas são dependentes, as pessoas estão viciadas”, ressaltou Lula, de acordo com nota divulgada pela Presidência após a reunião.

    Outra preocupação do governo federal é com os beneficiários do Bolsa Família que utilizam o valor do benefício para fazer as apostas. Medidas de restrição voltadas para esse público também estão em análise.

    Os gastos de brasileiros em plataformas de apostas online serão medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2024/2025, que vai a campo a partir de 5 de novembro.

    Segundo dados do Instituto Locomotiva, 25 milhões de pessoas passaram a fazer apostas esportivas em plataformas eletrônicas de janeiro a julho deste ano, apostando R$ 52 milhões.

    O instituto também verificou que 86% das pessoas que apostam têm dívidas e que 64% estão negativadas na Serasa. Do universo de pessoas endividadas e inadimplentes no Brasil, 31% jogam nas bets.

  • Clubes devem responder sobre publicidade de bets para público infantil

    Clubes devem responder sobre publicidade de bets para público infantil

    Os quatro grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro – Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama – não responderam dentro do prazo à solicitação da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) sobre o pedido de retirar a publicidade de casas virtuais de apostas, as chamadas bets, estampada em produtos oficiais destinados ao público infantil.

    A solicitação foi encaminhada aos clubes no último dia 1º, estabelecendo o prazo de 15 dias para resposta, que terminou na quarta-feira (16). Na manha desta quinta-feira (17), a Defensoria Pública informou à Agência Brasil que não houve retorno e que a instituição vai reiterar a solicitação.

    A solicitação foi feita pela Coordenação de Infância e Juventude (CoInfância) e o Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) da DPRJ.

    Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama têm bets como patrocínio master (principal exposição no uniforme, na parte da frente da camisa) segmento que está sob grande escrutínio no país, devido ao montante de recursos que estão drenando na economia e impactos comportamentais nos apostadores.

    O documento assinado pelos defensores Rodrigo Azambuja Martins e Thiago Henrique Cunha Basílio cita as leis 8.069/90 e 8.078/90 e a resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que regulamentam a publicidade de artigos destinados ao consumo e utilização por crianças e adolescentes.

    Além disso, apresenta a Portaria 1.231, de 31 de julho de 2024, da Secretaria de Prêmios e Apostas, órgão do Ministério da Fazenda. O artigo 17 assinala que “na hipótese de patrocínio por agente operador de apostas, sua logomarca não deverá ser incluída em artigos e bens cuja comercialização seja destinada a menores de 18 anos”.

    Segundo a Defensoria, a iniciativa de oficiar os clubes surgiu após a instituição receber reclamações de que nomes de casas de apostas patrocinadoras dos clubes estavam estampadas em camisetas e artigos infantis.

    No ofício a Defensoria “solicita e recomenda” que os clubes se abstenham de comercializar os produtos com nome da casa de aposta e que não haja esse tipo de publicidade em competições de equipes de base que incluam atletas menores de 18 anos.

    Bets

    Nos últimos meses, a atuação das bets têm enfrentado escrutínio público por causa de efeitos na economia e em famílias.

    Levantamento do Instituto Locomotiva calculou que 25 milhões de pessoas passaram a fazer apostas esportivas em plataformas eletrônicas nos sete meses iniciais de 2024. Em cinco anos, o número chegou a 52 milhões.

    Outro estudo, ligado à multinacional de auditoria e assessoria PricewaterhouseCoopers, apontou que apostas esportivas comprometem orçamento familiar das classes D e E, impactando negativamente  o consumo de mercadorias e serviços.

    O mercado de aposta conseguiu drenar parte de recursos de programas sociais. Segundo o Banco Central (BC), os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix em agosto.

    O governo tomou medidas para regulamentar o setor, por exemplo, retirando do ar sites de apostas ilegais. O Ministério da Fazenda estabeleceu a proibição do uso de cartão de crédito para pagar apostas.

    Nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que pode acabar com o mercado das bets se a regulação não for suficiente para assegurar a saúde mental e financeira da população.

    Clubes

    A Agência Brasil procurou os clubes a respeito da solicitação da Defensoria Pública. O Botafogo de Futebol e Regatas informou que a questão deve ser esclarecida com a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) Botafogo, gestora do futebol do clube. Os demais clubes não enviaram comentários.

    A Defensoria informou à Agência Brasil que os ofícios foram enviados aos clubes e que “cabe a eles, quando for o caso, fazer chegar à SAF”. O Vasco da Gama é outro clube que tem o futebol gerido por uma empresa SAF.

  • Apostas esportivas movimentam R$ 261 milhões por mês em Mato Grosso

    Apostas esportivas movimentam R$ 261 milhões por mês em Mato Grosso

    As apostas esportivas, conhecidas como “bets”, têm se expandido rapidamente em todo o Brasil, e em Mato Grosso não é diferente. Dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Cuiabá revelam que, mensalmente, a população do estado gasta em média R$ 261 milhões nessas plataformas. Um dado alarmante é que R$ 41,4 milhões desse valor vêm de beneficiários do Bolsa Família, refletindo o impacto dessas apostas entre famílias de baixa renda. Na capital, Cuiabá, o valor chega a R$ 6,45 milhões mensais.

    De acordo com o Núcleo de Inteligência de Mercado da CDL, esse aumento nas apostas tem influenciado negativamente a economia local. A inadimplência cresceu 0,92% em relação ao ano anterior, incluindo um aumento significativo de 2,7% nas dívidas relacionadas a contas essenciais, como água e luz.

    As “bets” envolvem apostas em resultados de eventos futuros, como partidas de futebol, e se tornaram uma febre no país. Uma análise do Banco Central, realizada em agosto de 2024, indicou que o setor movimenta R$ 21,1 bilhões por mês no Brasil.

    O presidente da CDL, Junior Macagnam, chamou a atenção para o risco que essas apostas trazem, destacando que o mercado é impulsionado pela emoção e pelo impulso, características que também movem o comércio. Ele alerta, porém, para o perigo do descontrole, comparando a situação a uma possível “epidemia”.

    Ele enfatiza que apostas não são investimentos e que, quando não há controle, a situação pode se transformar em um problema grave, com consequências para a saúde física, mental e financeira das pessoas, além de afetar negativamente as relações familiares. “Médicos amigos já estão preocupados e acreditam que essa prática pode evoluir para uma verdadeira epidemia”, finalizou.

  • Governo deve exigir que bets tenham registro dos apostadores

    Governo deve exigir que bets tenham registro dos apostadores

    O governo federal está avançando no estudo de novas regras para o mercado de apostas on line. Em entrevista à TV Brasil, o secretário de Prêmios e Apostas, Régis Dudena, adiantou que a regulamentação do funcionamento das bets exigirá das operadoras o registro do CPF dos jogadores. O objetivo da medida é possibilitar o acompanhamento do histórico dos aposentadores para assegurar sua saúde mental e financeira.

    Dudena também confirmou que na próxima sexta-feira (11) cerca de 2 mil sites irregulares devem ser retirados do ar, em uma ação conjunto do Ministério da Fazenda e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). De acordo com o secretário, são sites envolvidos com fraude e golpes.

    Em entrevista à Agência Brasil, Dudena já havia destacado a importância de acelerar a regulamentação do setor. Norma votada no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula em dezembro de 2023 estabeleceu que cabe ao Ministério da Fazenda autorizar a exploração de apostas e fixar condições e prazos para adequação das empresas do ramo.

    Nesta quarta-feira, federações de futebol receberam da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) orientação para retirar propagandas de bets irregulares de camisetas e outros materiais esportivos.

    Saúde pública

    Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a alertar a população sobre o perigo do vício em jogos. Em reunião ministerial, ele discutiu medidas de redução dos impactos das apostas esportivas e dos jogos on-line, conhecidos como bets, em casos de dependência e endividamento.

    “Tem muita gente se endividando, tem muita gente gastando o que não tem. E nós achamos que isso tem que ser tratado como uma questão de dependência. Ou seja, as pessoas são dependentes, as pessoas estão viciadas”, ressaltou Lula, de acordo com nota divulgada pela Presidência após a reunião.

    Outra preocupação do governo federal é com os usuários do bolsa família. Estudos apontam para utilização do benefício para as apostas. Medidas para a restrição do bolsa família para esse fim também estão em análise.

    A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda divulgou no último dia 2 de outubro versões atualizadas das listas de empresas de apostas de quota fixa, bets (marcas) e respectivos sites que podem continuar funcionando até o fim deste ano em âmbito nacional e estadual. Na lista nacional, há 93 empresas com respectivamente 205 bets. Já as listas dos estados têm 18 empresas.

  • As Bets e o jogo patológico

    As Bets e o jogo patológico

    No final de Setembro tivemos a revelação estarrecedora de uma transferência de bilhões de reais de recursos do Bolsa Família para as contas das Bets, sites de apostas esportivas on-line. A geração que mais faz apostas dessa modalidade foi a Z (de 16 aos 27 anos), mas tem gente de todas as idades jogando o leite das crianças nas apostas . Os algoritmos são desenhados para superestimular os jogadores em busca do pico de prazer da aposta-expectativa-frustração e busca de recuperação do dinheiro perdido. Esse texto vai falar sobre esse círculo vicioso e seus efeitos.

    O DSM V, manual diagnóstico e estatístico da Associação Psiquiátrica Americana, já tinha classificado o Transtorno de Jogo Patológico como uma Dependência Comportamental desde 2013. Isso quer dizer que esse transtorno equivale a uma adicção semelhante (eu diria pior) a um dependente de Cocaína ou Heroína.

    Geralmente almoço na cozinha do meu consultório, ouvindo resenhas esportivas de Youtube. Invariavelmente, elas são patrocinadas pelos tais sites de aposta. O apresentador, algumas vezes, fala do patrocício na Bet tal ou qual e faz uma observação: “Não se esqueça de jogar com responsabilidade”. Para uma pessoa que tem esse transtorno, equivale a tentar frear uma carreta na decida com o pé no chão, como o Fred Flinkstone. Mas, perguntam os leitores aí do outro lado da tela: isso não é “só” uma questão de força de vontade? Infelizmente, não.

    A Neurociência vem demonstrando que instalar uma Dependência no seu Sistema Nervoso é um processo de aprendizagem e reforço. Mas tem um detalhe que o público talvez desconheça: esse aprendizado tem um efeito nas suas expressões genéticas. Não são apenas as suas redes neurais que ficam condicionadas e fissuradas pela próxima aposta: a manifestação de determinadas populações genéticas também vão sendo modificadas nesse processo de busca consciente e consciente das apostas. Como se o sistema ficasse programado para repetir o comportamento, como a carreta na descida. Como todo processo de dependência (note o leitor e a leitora que não estou usando a palavra “vício”, que está em desuso e só reforça o estigma dos doentes), o Cérebro passa a viver e trabalhar em função de buscar mais e mais uma dose, ou várias doses dessa droga, no caso, fazer outra aposta.

    Muita gente fala em aulas e vídeos, já que o Youtube forma muitos neurocientistas todo dia, que a base dessa dependência é a busca pela Dopamina, neurotransmissor associado ao prazer. Está errado em sua concepção. No caso do Jogo Patológico, a Dopamina tem um papel muito mais destrutivo e perigoso: ela é liberada na iminência do prazer. Na busca infinita pelo prazer, diante de uma falta que nunca cessa. A Dopamina move as rodas do Capitalismo. Você já ouviu que o melhor da festa é esperar por ela? Pois é. O ditado está correto. A espera do prazer é mais potente que o prazer em si.

    A iminência do ganho despeja um shot de Dopamina no seu Cérebro Emocional, com uma euforia e sensação de superpoder que demora a passar. Essa parte do nosso sistema é mais antiga e mais profunda em nossa evolução e toma de assalto as áreas racionais. Por isso que tratar todos os transtornos que envolvem compulsão, repetição e fissura são tão difíceis de se gerar resultado e tão devastadores para pacientes e suas famílias: não é tão incomum de se ver a perda de todos os bens, o endividamento progressivo e o desmoronamento de toda vida econômica e afetiva dos dependentes, levando a divórcios, violência e suicídio no meio dessa ciranda devastadora. Como toda droga, o jogo patológico se cronifica na medida que a pessoa passa a usar essa droga para combater seus efeitos deletérios: como um alcoolista bebe logo cedo para diminuir os efeitos da abstinência, os jogadores buscam na próxima aposta recuperar o dinheiro perdido.

    Freud descreveu, há mais de cem anos, a dualidade de Eros e Tânatos em nossas psiques. A dualidade entre as forças que alimentam e vida e o instinto que busca, inconscientemente, da própria aniquiliação: o Instinto de Morte. O Jogo Patológico parece o reino de Eros, com prazer, excitação, divertimento. Costuma terminar em seu oposto para uma parcela da população, com perda, dissipação e aniquilamento da vida pessoal e familiar.

    Estamos na Era dos Excessos. Isso vai criando muitos caminhos para Eros acabar virando Tânatos. Não adianta, apenas, levantar bandeiras contra os jogos e sites de apostas on-line. Precisamos de uma Psicoeducação profunda, precoce, sobre algo que os gregos presavam muito, que é a justa medida. Estamos numa civilização em que a compulsão é o motor do lucro e a Regulação Emocional virou uma piada.

    Temos que ensinar Regulação Emocional na escola. E mandar muitos marmanjos para a Recuperação.

    *Marco Antonio Spinelli é médico, com mestrado em psiquiatria pela Universidade São Paulo, psicoterapeuta de orientação junguiano e autor do livro “Stress o coelho de Alice tem sempre muita pressa”