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  • Dino exige de redes sociais retirada de mensagens de ameaça a escolas

    Dino exige de redes sociais retirada de mensagens de ameaça a escolas

    O governo federal vai exigir que plataformas criem canais abertos e ágeis para atender solicitações das autoridades policiais sobre conteúdos com apologia à violência e ameaças a escolas nas redes sociais, como a retirada desses perfis, informou nesta segunda-feira (10) o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

    O ministro cobrou ainda monitoramento ativo das plataformas em relação a ameaças. As plataformas serão notificadas formalmente nesta semana sobre os perfis e conteúdos suspeitos identificados pela pasta da Justiça em conjunto com as polícias dos estados.

    Quem descumprir a notificação poderá sofrer sanções, como ser alvo de investigação da Polícia Federal e de medidas determinadas pelos ministérios públicos.

    “Estamos vendo pânico sendo instalado no seio das escolas e das famílias e não identificamos ainda a proporcionalidade de reação das plataformas com essa epidemia de violência que ameaçam nossas escolas nesse momento”, disse em entrevista à imprensa. “Deixei claro na reunião que, se a notificação não for atendida, vamos tomar as providências policiais e judiciais contra as plataformas. Obviamente, não desejamos isso. Desejamos que as plataformas nos ajudem.”

    O ministro reuniu-se hoje com representantes das empresas Meta, Kwai, Tik tok, Twitter, YouTube, Google e WhatsApp para debater ações de prevenção à violência nas escolas e evitar ataques como o ocorrido em uma creche em Blumenau, Santa Catarina, na semana passada, que levou à morte de quatro crianças e deixou várias feridas.

    Até o momento, o ministério identificou mais de 511 perfis com divulgação de conteúdo violento contra escolas, identificados nos dias 8 e 9 de abril, somente no Twitter.

    De acordo com o ministro, para não retirar o conteúdo e os perfis, as empresas argumentam respeito aos termos de uso e liberdade de expressão. Dino citou um caso em que foi solicitada a retirada de perfis com nome e fotos de homicidas. A plataforma alegou que somente pode derrubar se o perfil postar alguma mensagem de apologia à violência.

    O ministro ressaltou que os termos de uso “não se sobrepõem à Constituição, à lei, não são maiores que a vida das crianças e adolescentes brasileiros”.

    “Estamos em uma fronteira em que oportunistas vão ensaiar o argumento falso de que nós estamos tentando, de algum modo, limitar a chamada liberdade de expressão. Liberdade de expressão não existe para veicular imagens de adolescentes mutilados. Não existe liberdade de expressão para quem está espalhando pânico e ameaças contra escolas. Não existe liberdade de expressão para quem quer matar crianças nas escolas. Não há termo de uso que consiga, juridicamente, servir de escudo para quem quer se comportar de maneira irresponsável”, afirmou.

    Sobre o funcionamento do algoritmo das redes e o fato de recomendarem a visualização de conteúdos violentos, o ministro ressaltou que as plataformas devem ser responsabilizadas por esse tipo de recomendação. “Não estamos dizendo que as plataformas de tecnologia são as únicas responsáveis pelo discurso de ódio nas escolas. Sabemos que há múltiplas determinações. Porém, não há dúvida de que, no modo como a sociedade contemporânea se estrutura, um nó fundamental, um elo fundamental na cadeia da violência nas escolas está exatamente na propagação desse discurso por intermédio dessas postagens”, disse.

    O Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), do Ministério da Justiça, registrou grande circulação, no Brasil e no exterior, de mensagens com conteúdo de violência referente ao dia 20 de abril. Na entrevista, Flávio Dino descartou risco de ataques na data e ressaltou que a pasta faz monitoramento diário.

    “Não há nenhuma razão, neste momento, para pânico. O que há é necessidade de fortalecimentos dos mecanismos institucionais e é decisivo o comportamento das plataformas de tecnologia para que possamos ter uma prevenção geral”, disse. No dia 20 de abril de 1999, ocorreu o massacre na escola Columbine, nos Estados Unidos.

    Outro lado

    A Agência Brasil entrou em contato com as assessorias da Meta (Instagram e o Facebook) e do Google (que controla o YouTube), mas ainda não recebeu manifestação.

    A reportagem busca também contato com representantes do Tik Tok e do Twitter. O último não tem mais assessoria de comunicação no Brasil.

    Edição: Nádia Franco

  • ES: adolescente usa arma do pai e símbolo nazista em ataque a escolas

    ES: adolescente usa arma do pai e símbolo nazista em ataque a escolas

    Após ser apreendido como principal suspeito de autoria do ataque a duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo, um adolescente de 16 anos confessou o crime, informou a Polícia Civil do estado. O jovem contou que vinha planejando a ação há pelo menos dois anos. O adolescente é filho de um policial militar.

    “Os pais estavam destruídos e colaboraram muito com o nosso trabalho”, disse o delegado da Polícia Civil, João Francisco Filho, que apresentou os detalhes da apreensão ao lado do governador Renato Casagrande, do secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, e do secretário de Segurança Pública, Marcio Celante. De acordo com o delegado, o adolescente foi encontrado em um dos imóveis da família no município. A operação foi tranquila e houve cooperação tanto dos pais quanto do autor do crime.

    O ataque às duas escolas teve início por volta das 9h30 de hoje (25) e resultou na morte de pelo menos dois professores e uma aluna. Ficaram feridas 11 pessoas que foram levadas para hospitais da região. Alguns dos feridos já foram liberados. Segundo as últimas informações, quatro pessoas apresentam quadro de saúde mais delicado: três professores, cujo estado é grave, e  um aluno, em situação gravíssima.

    Já se sabe que o adolescente usou duas armas de responsabilidade do pai: um revólver de calibre .38, de propriedade privada e uma pistola .40 pertencente à Polícia Militar. Ele também levava três carregadores. O governador Renato Casagrande confirmou que, no momento do crime, o adolescente usava uma braçadeira com um símbolo nazista.

    Imagens das câmeras de segurança registraram a ação. O atirador vestia roupa camuflada e uma máscara de esqueleto, similar à usada em fotos nas redes sociais por um dos autores do massacre ocorrido em 2019 na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo.

    Motivação

    A ação do adolescente começou pela Escola Estadual Primo Bitti, onde ele arrombou o cadeado de um dos acessos e fez disparos matando dois professores e ferindo mais nove. Em seguida, o atirador entrou em um carro e se dirigiu ao Centro Educacional Praia de Coqueiral, uma instituição privada. No local, efetuou novos disparos, tirando a vida de uma aluna e ferindo mais duas pessoas.

    Segundo a Polícia Civil, o adolescente é ex-aluno da Escola Estadual Primo Bitti, onde estudou até junho deste ano. A família o transferiu para outra instituição, mas a razão ainda não foi esclarecida.

    Ainda de acordo com a Polícia Civil, durante a apreensão, o adolescente não explicou por que fez os ataques. O delegado João Francisco Filho disse que ele estava tranquilo e não manifestou arrependimento. A apuração preliminar apontou que ele fazia tratamento psiquiátrico. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o adolescente não tinha um alvo definido e que ele pode ter agido sob estímulo de grupos extremistas, que se organizam de forma virtual dentro e fora do Brasil.

    Para Renato Casagrande, a sociedade precisa estar mais atenta aos problemas de saúde mental. Ele pediu que as pessoas fiquem atentas ao comportamento de filhos, netos e irmãos, para que possam identificar situações em que seja necessária ajuda profissional. Considerou ainda que a comunidade escolar também deve estar vigilante.

    O governador manifestou resistência a medidas que busquem dificultar o acesso às escolas ampliando as grades e os muros. “Escola não é para isso. Escola é para educar, para formar pessoas, para poder conviver com quem pensa diferente. Então os sinais de problemas de saúde mental são sinais que precisam receber atenção”, reiterou.

    Choque

    A prefeitura de Aracruz divulgou nota informando que as aulas da rede municipal foram suspensas. As crianças que estavam nas escolas foram dispensadas. Casagrande informou que a retomada das aulas na Escola Estadual Primo Bitti ainda será discutida nos próximos dias. O prefeito de Aracruz, Luiz Carlos Coutinho, disse que as famílias das vítimas já estão sendo identificadas para receber assistência.

    O clima é de choque na comunidade escolar do município. “É muita tristeza. É uma impotência. Aconteceu na escola [em] que eu trabalho, com os meus colegas e as minhas colegas, entende? Não sei se consigo voltar para a sala de aula e dar aula”, disse a professora Leilany Campos, que leciona na Escola Estadual Primo Bitti.

    Segundo Adriana Alves, diretora de uma escola infantil do município, a notícia gerou uma onda de desespero especialmente entre pais e educadores. Ela conta que, logo após o ocorrido, a Polícia Militar recomendou a todas as escolas manter os portões fechados. “Estamos vivendo um terror. Não poderíamos imaginar esse tipo de coisa acontecendo tão perto da gente.”

    *Colaborou Tâmara Freire, repórter da Rádio Nacional do Rio de Janeiro