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  • Supertelescópio cobrirá área equivalente ao tamanho de 40 luas cheias

    Supertelescópio cobrirá área equivalente ao tamanho de 40 luas cheias

    Mais de 100 pesquisadores brasileiros participam do projeto internacional Legacy Survey of Space and Time (LSST), que consiste na construção de um supertelescópio em Cerro-Pachón, no Chile, que deverá entrar em operação em 2026. O LSST pretende produzir o maior e mais completo mapa do universo, com 37 bilhões de estrelas e galáxias, ao longo de dez anos.

    A participação do Brasil no projeto teve início em 2015 e se dá por meio de acordo do qual o Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA) é signatário. Essa participação é coordenada pelo Brazilian Participation Group (BPG-LSST). O LIneA é um laboratório multiusuário apoiado pelo Observatório Nacional (ON), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), criado com a finalidade de dar suporte à participação brasileira em levantamentos astronômicos que gerem grandes volumes de dados.

    O LSST é fruto de colaboração internacional, da qual participam 28 países. Os mais de 100 participantes brasileiros são de 26 universidades de 12 estados. A pesquisa inédita abrange várias áreas da astronomia e traz desafios, analisando uma quantidade de dados sem precedentes. Na chamada recente feita pelo LSST, entraram três pesquisadores seniores do Brasil, um dos quais é Daniel de Oliveira, professor do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF).

    Gerência de dados

    “Minha tarefa é apoiar os astrônomos na parte de gerência de dados, porque eles têm um volume de dados muito grande”. O suporte que será prestado por Daniel de Oliveira servirá para que os astrônomos extraiam informação útil desses dados em tempo hábil para poder fazer consultas e processar as informações. “Minha tarefa é auxiliar na parte computacional a resolver os problemas deles de astronomia. É acelerar as análises que eles precisam fazer, para eles terem resultados o mais rápido possível”, reforçou Oliveira à Agência Brasil.

    Rio de Janeiro (RJ) 06/06/2024 - Professor da UFF Daniel de Oliveira participa do projeto LSST. Foto: Daniel de Oliveira/Arquivo Pessoal
    Professor da UFF Daniel de Oliveira participa do projeto LSST. Foto: Daniel de Oliveira/Arquivo Pessoal

    Daniel de Oliveira realizará o trabalho com seus alunos, no Instituto de Computação da UFF. “Obviamente, temos reuniões com o pessoal do exterior, mas é tudo remoto e a gente pode executar programas nas máquinas de outras universidades. Mas a pesquisa é feita aqui no Brasil. No meu caso, são alunos da UFF”. Oliveira trabalha junto com os pesquisadores do LIneA, que dão suporte na parte de astronomia.

    O pesquisador afirmou que o LSST é o telescópio mais potente já construído, que vai capturar informações do universo que antes não podiam ser capturadas por limitações de equipamento. “Isso gera um volume grande de dados. Minha participação é exatamente para isso: para a gente poder processar esse volume de dados em tempo hábil, sem ter que esperar meses para alguma conclusão”. Ele vai desenvolver algoritmos e tecnologias nas áreas de banco de dados, inteligência artificial e visualização.

    Segundo Oliveira, o volume de dados capturado por noite é de aproximadamente 15 terabytes (TB) e corresponde a 3,2 bilhões de pixels (menores pontos que formam uma imagem digital). “Estima-se que, após a coleta de dados, o levantamento terá informações sobre áreas do universo nunca antes exploradas e identificando objetos que não podiam ser detectados antes do LSST entrar em operação”.

    Idac-Brasil

    Como a quantidade de dados é muito grande, há três centros principais vinculados ao LSST, localizados na Califórnia, Estados Unidos; na França; e na Escócia. Um centro de dados denominado Independent Data Access Center (Idac-Brasil), implantado pelo LIneA, vai hospedar parte das informações do LSST. Ao todo, serão apenas dez centros regionais similares espalhados pelo mundo que terão parte dos dados. “Nós fomos selecionados e temos a responsabilidade de prestar esse serviço, essa operação, para o LSST”, disse à Agência Brasil o diretor do LIneA e coordenador do Instituto Nacional de Tecnologia (INCT) do e-Universo, Luiz Nicolaci da Costa.

    Rio de Janeiro (RJ) 06/06/2024 -Câmera focal do projeto LSST Foto: Vera C.Rubin Observatory/Divulgação

    Câmera focal do projeto LSST – Vera C. Rubin Observatory/Divulgação

    A participação brasileira significará maior inserção do país na comunidade astronômica internacional e na formação de novos recursos humanos de alto nível para atuar em projetos futuros nesta e em outras áreas do conhecimento, informou a UFF, por meio de sua assessoria de imprensa. O Idac-Brasil já está funcionando mas, agora, avança para novo patamar dada a quantidade de dados. “Estamos comprando novos equipamentos, preparando uma camada de software (programas de computador) de suporte, estamos fazendo treinamento de pessoal, várias atividades. Porque a operação realmente para o LSST só começa em 2026. As observações iniciam-se no ano que vem e o primeiro lote de dados vai ser disponibilizado em 2026. Nós estamos no período de comissionamento para essa parte do centro, que já está em funcionamento há algum tempo.”

    Nicolaci acredita que o LSST, que vem sendo desenvolvido desde o ano 2000, representa uma mudança na forma de fazer ciência, tanto na obtenção de dados quanto na maneira de trabalhar colaborativamente. “Ele é um projeto muito inovador. É um telescópio de 8 metros, construído no Chile, diferente do que se vê normalmente. Ele tem só uma gigantesca câmera e vai fazer o levantamento do céu do Hemisfério Sul por dez anos.” Nicolaci explicou que não haverá projeto semelhante voltado para o Hemisfério Norte. Isso se justifica porque “o centro da nossa galáxia está localizado aqui, no Hemisfério Sul”. Isso vai proporcionar uma quantidade de dados enorme.

    Quarenta luas

    O telescópio vai funcionar de duas formas. A cada três dias, ele se volta para o mesmo lugar do céu. “Na verdade, cada ponto do céu vai ser observado mais de mil vezes durante o período de dez anos. Então, você vai fazer um filme do universo dinâmico com as imagens que vão ser adquiridas”, ressaltou Também será feita a soma das imagens coletadas, criando-se uma imagem profunda de todo o Hemisfério Sul. “Uma quantidade de dados que a astronomia nunca teve. Um dilúvio, na verdade.” Nicolaci afirmou que a câmera do LSST apontada para o céu tem uma visão que corresponde a 40 luas cheias. “Pela primeira vez na astronomia, a gente vai ter esse domínio temporal, porque as observações são feitas em menos de um minuto. Você vai capturar explosões, objetos em movimento. É realmente sem precedentes.”

    Luiz Nicolaci da Costa destacou que a participação do Brasil para realizar os serviços demandados para o LSST pelos próximos dez anos vai precisar de apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A participação brasileira pode chegar a 175 pesquisadores, 80% de jovens alunos e, o que é mais significativo, segundo o coordenador do LIneA, totalmente de graça. “O único custo que nós vamos ter é a operação de um centro de dados no Brasil. É dinheiro local. Não se vai pagar nada”. Na avaliação de Nicolaci, essa é uma oportunidade fantástica para a ciência brasileira.

    Edição: Juliana Andrade

    — news —

  • Este é o calendário lunar de dezembro de 2023: as melhores datas para cortar o cabelo e depilar

    Este é o calendário lunar de dezembro de 2023: as melhores datas para cortar o cabelo e depilar

    Dezembro é um mês em que a estética ganha maior relevância, pois tradicionalmente, tanto homens como mulheres querem ver-se da melhor forma possível para assistir às celebrações familiares e também para receber o nascimento do Menino Jesus e o Ano Novo com ares de mudança.

    É por isso que, se houver por aí alguma ideia de mudar de look, cortar o cabelo ou depilar, antes consulte a posição que a Lua tem no céu para que pareça muito melhor. Estas são as fases lunares em dezembro de 2023.

    Fases lunares de dezembro

    Causas da queda de cabelo e quando se preocupar
    FOTO:PIXABAY

    Dezembro começa com Lua crescente, e atinge sua quarta fase de minguante na segunda-feira 4. Nesse dia é quando o satélite atinge um ângulo de 90° com a Terra e o Sol, razão pela qual só se mostra iluminado pela metade.

    A Lua Nova, por sua vez, será visto na terça-feira, 12 de dezembro. Ao chegar a esta fase, marca o encerramento de um ciclo lunar para dar início a outro que atingirá sua fase de quarto crescente na terça-feira, 19 de dezembro, e culminará em Lua cheia na terça-feira, 26 de dezembro.

    Dias ideais para fazer mudanças no cabelo

    Para cortar o cabelo e fazê-lo crescer forte

    cortar cabelo
    Foto Canva

    É conveniente de terça-feira 7 às 22:00 horas até quarta-feira 8 às 8:00 horas para estimular raízes fortes. Se esse horário não for conveniente, pode ser na quarta-feira 8 a partir das 14:00 hrs.

    Quinta-feira 9 durante todo o dia para se concentrar no fortalecimento. Sábado 11 de Dezembro das 14:00 hrs até domingo 12 até às 14:00 hrs.

    Durante esses dias, a pessoa pode arrumar o cabelo com tinturas, fazer mechas ou até mesmo tratamento, mas não é recomendável que ela seja depilada.

    Para depilar-se

    Quarta-feira 1o de Dezembro a partir das 14:00 horas durante toda a tarde, permitirá que a depilação dure mais tempo.

    Sexta-feira 3 durante todo o dia, depois domingo 12 a partir das 15:00 horas durante toda a tarde para retardar o crescimento do cabelo.

    Depois, na segunda-feira 13, a pessoa pode depilar-se durante todo o dia até às 23:00 hrs. Se a pessoa já chegou ao final do mês sem depilar e a celebração do Ano Novo se aproxima, ela tem mais duas oportunidades. Estas são terça-feira 28 a partir das 23:00 e quinta-feira 30 durante todo o dia.

  • Este é o calendário lunar de novembro de 2023: as melhores datas para cortar o cabelo e depilar

    Este é o calendário lunar de novembro de 2023: as melhores datas para cortar o cabelo e depilar

    As várias fases da Lua podem intervir no comportamento de algumas pessoas, segundo a crença, também tem impacto no sucesso do cuidado capilar, bem como do cabelo que se encontra em toda a pele.

    Algo que é um fato é que a força gravitacional da Lua influencia a subida e a descida das marés na Terra, bem como no corpo humano. Os crentes pensam que, mesmo o cabelo é beneficiado porque cresce mais forte, por isso é conveniente saber qual é o momento ideal para cortá-lo e até mesmo, depilar.

    Fases lunares em novembro

    Novembro começa com a Lua em fase de minguante e não é neste domingo, 5 de novembro que atinge o quarto de minguante.

    A 13 de Novembro pode-se perceber a Lua Nova, fase com a qual se fecha um ciclo lunar e começa outro com o quarto crescente, a 20 de Novembro. Finalmente, em 27 de novembro chegará a Lua cheia ou Lua do castor.

    As mudanças da fase lunar ocorrem especificamente nas seguintes horas :

    • Quarto minguante: 5 de novembro às 9:38.
    • Lua nova: 13 de novembro às 10:27.
    • Quarto crescente: 20 de novembro às 11:50.
    • Lua cheia: 27 de novembro às 10:16.
    Melhores dias para cortar o cabelo ou depilar
    Para obter melhores resultados em termos de cortes de cabelo e depilação, é bom levar em conta o calendário lunar | Foto: Canva Pro

    Melhores dias para cortar o cabelo ou depilar

    Para reforçar o cabelo frágil desde a raiz, apesar de um crescimento lento, os dias mais adequados correspondem à segunda semana, de quarta-feira, 8 de novembro, às 22:00, a quinta-feira, 9 de novembro, às 8:00.

    • Quinta-feira 9 às 14:00 horas.
    • Sexta-feira 10.
    • Sábado 11 às 14:00 horas.
    • Domingo 12 de manhã até às 14:00 horas.

    Estas datas também são boas para pintar o cabelo, fazer mechas ou tratamentos; no entanto, não são boas para depilar.

    Para estimular um crescimento rápido depois de cortar o cabelo: Caso a necessidade seja sanear o cabelo e favorecer o seu rápido crescimento estes são os melhores dias:

    • Sábado 4 das 5:00 horas até o fim do dia.
    • Terça-feira 14 durante todo o dia.
    • Quarta-feira 15 o dia todo.
    • Quinta-feira 16 até às 7:00 horas
    • Durante estes dias não é recomendado a depilação ou a tingir o cabelo.

    Melhores dias para depilar: A ideia é que a depilação dure o maior tempo possível, é por isso que as melhores datas são:

    • Quinta-feira 2 a partir das 14:00 horas.
    • Sexta-feira 3 todo o dia.
    • Domingo 12 a partir das 15:00 horas.
    • Segunda-feira 13 até às 23h.
    • Quarta-feira 29 a partir das 23 horas.
    • Quinta-feira 30 todo o dia.

    Durante estes dias, cortar o cabelo não é a melhor decisão.

  • Brasil conquista cinco medalhas em olimpíada latina de astronomia

    Brasil conquista cinco medalhas em olimpíada latina de astronomia

    O Brasil brilhou na 15ª Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), realizada na semana passada no Centro de Inovação em Ciências Espaciais do Panamá, na cidade de Chiriqui. Os jovens estudantes ganharam cinco medalhas, sendo duas de ouro e três de prata.

    As medalhas de ouro foram conquistadas pelos estudantes Davi de Lima Coutinho dos Santos, de Itatiba (SP), e Gustavo Mesquita França, de Fortaleza. Já as medalhas de prata ficaram com Hugo Fares Menhem e Larissa Midori Miamura, ambos de São Paulo, e Mychel Lopes Segrini, de Vitória. Todos os medalhistas têm 17 anos e foram liderados pelo professor Júlio Klafke, coliderados pelo professor Ednilson Oliveira e tiveram como observador o professor Rodrigo Cajazeira.

    Além das medalhas, o grupo conseguiu o melhor resultado nas provas de conhecimento individual e em grupo e fez a melhor prova de foguetes.

    Com esse resultado, o Brasil soma, ao todo, 50 medalhas de ouro, 20 de prata e cinco de bronze nas 15 edições da olimpíada, e se mantém como o maior medalhista da história da competição.

    A olimpíada premia os cinco melhores com medalhas de ouro; do sexto ao 13º colocado, todos recebem a prata. Já os 11 estudantes seguintes com as melhores pontuações ficam com o bronze. Há ainda as premiações individuais de melhor prova de conhecimento individual e em grupo, de foguetes e de observação, além das menções honrosas.

    Da edição deste ano, participaram alunos da Argentina, Bolívia, do Chile, da Colômbia, Costa Rica, de El Salvador, do Equador, da Guatemala, do México, Paraguai, Peru, Uruguai e do Panamá, país anfitrião.

    Delegação brasileira

    Os jovens brasileiros foram selecionados entre os medalhistas da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astrofísica (OBA) de 2022. Para competir internacionalmente, é preciso obrigatoriamente ter uma boa pontuação na OBA. Depois, se classificado em provas seletivas online, o estudante faz um exame presencial.

    Os estudantes selecionados passam por treinamentos com astrônomos e especialistas, na cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo, onde aprendem a usar telescópios e também a construir e lançar foguetes de garrafas PET.

    Fundada na cidade de Montevidéu, Uruguai, a OLAA é realizada desde 2009 e é coordenada por astrônomos de vários países. Já a OBA é coordenada por uma comissão formada por membros da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e da Agência Espacial Brasileira (AEB).

    *Estagiário sob supervisão de Vinícius Lisboa

    Matéria alterada às 14h28 para correção no sétimo parágrafo. O correto é Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, e não Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astrofísica.

    Edição: Juliana Andrade
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  • NASA identifica cinco fenômenos sobrenaturais no espaço

    NASA identifica cinco fenômenos sobrenaturais no espaço

    A NASA identificou cinco fenômenos sobrenaturais que acontecem quase exclusivamente no espaço exterior: desafiam a compreensão humana e forçam os astrônomos a encontrar novas explicações.

    O espaço é dominado por forças eletromagnéticas invisíveis que normalmente não sentimos. Também está repleto de tipos estranhos de matéria que nunca experimentamos na Terra. O Centro de Voo Espacial Goddard da NASA identificou cinco fenômenos sobrenaturais que ocorrem apenas no espaço, e que forçam os cientistas a expandir sua compreensão para que possam compreendê-los em profundidade.

    Os mistérios do cosmos sempre nos cativam, mas ao mesmo tempo a ciência e a tecnologia, e especialmente a astronomia, avançaram tanto nos últimos séculos que conseguiram explicar e demonstrar muitos dos enigmas que anos atrás pareciam impossíveis de decifrar. No entanto, certos fenômenos ainda continuam a desafiar a nossa compreensão e provocam novos esforços para que o conhecimento científico amplie os seus limites.

    Um artigo publicado no site do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA descreve cinco questões que poderiam ser consideradas «sobrenaturais» em nosso planeta, pois não teriam uma explicação racional em nosso contexto, mas que no espaço acontecem com alguma assiduidade. Quais são esses fenômenos e como a ciência trabalha para poder compreendê-los?

    O plasma e as temperaturas extremas

    Um desses mistérios é o plasma. Na Terra, a matéria assume um dos três estados: sólido, líquido ou gasoso. No espaço, no entanto, 99,9% da matéria normal é encontrada de uma forma completamente diferente, chamada plasma. Esta é uma substância composta por íons e elétrons soltos: todas as estrelas, incluindo o Sol, são feitas principalmente de plasma. Na Terra, aparece ocasionalmente na forma de raios e em sinais de néon.

    Seu comportamento é incrível, pois interage com campos magnéticos invisíveis que conseguem controlar os movimentos das partículas carregadas no plasma e criar ondas que aceleram essas partículas a velocidades imensas.

    O segundo fenômeno são as temperaturas extremas no espaço: se a Terra experimenta uma ampla faixa de temperaturas, o que consideramos extremo em nosso planeta é a média no espaço. Em planetas sem uma atmosfera isolante, as temperaturas flutuam dramaticamente entre o dia e a noite. Mercúrio, por exemplo, vive dias com temperaturas que chegam a 449 graus Celsius e noites geladas que atingem 171 graus Celsius abaixo de zero.

    Enquanto isso, quando a sonda solar Parker da NASA concretizar sua aproximação mais próxima do Sol, ela experimentará diferenças térmicas de mais de 2.000 graus.

    Fusão, enormes explosões e ondas de choque

    Outro grande mistério cósmico é a fusão: trata-se do processo em que os elementos leves são «expressos» sob uma imensa pressão e temperatura, tornando-se novos elementos mais pesados. Em seus momentos iniciais, o universo continha principalmente hidrogênio e hélio, além de uma pequena porção de um par de outros elementos leves.

    Desde então, a fusão em estrelas e supernovas proporcionou ao cosmos mais de 80 novos elementos, alguns dos quais tornam a vida possível. O Sol, por exemplo, funde cerca de 600 milhões de toneladas métricas de hidrogênio por segundo.

    O quarto fenômeno identificado pela NASA são as enormes explosões que ocorrem no espaço a cada momento, na área próxima à Terra. Quando o vento solar, a corrente de partículas carregadas do Sol, colide com o «escudo magnético» que protege a Terra, chamado magnetosfera, são gerados eventos explosivos que provocam, por exemplo, as auroras que embelezam os céus do nosso planeta. Essas interações magnéticas «explosivas» ocorrem em todo o espaço e são objeto de projetos como a missão Magnetospheric Multiscale da NASA.

    Finalmente, os astrônomos também tentam explicar o fenômeno conhecido como ondas de choque. No espaço exterior, as partículas podem transferir energia sem necessidade de se tocar. Esta estranha transferência de energia ocorre em estruturas invisíveis conhecidas como «choques». O conteúdo energético é transferido através de ondas de plasma, campos elétricos e magnéticos.

    As ondas de choque só podem se formar quando as coisas se movem a velocidades supersônicas, ou seja, mais rápido do que a velocidade do som. Um cenário possível é em torno de supernovas ativas que expulsam nuvens de plasma. No entanto, em casos muito estranhos, esses «choques» podem ser criados de repente na Terra, por exemplo, quando os aviões viajam mais rápido do que a velocidade do som.

    Será que a ciência terá um dia uma compreensão real e profunda desses fenômenos estranhos? Por enquanto, continuarão a nos surpreender e indicar que existem forças e realidades que nos excedem.

    Foto: enormes explosões invisíveis ocorrem constantemente no espaço, mesmo ao redor da Terra. Essas explosões são o resultado de linhas de campo magnético torcidas que se quebram e realinham, disparando partículas através do cosmos. Créditos: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA/CILab.

    Vídeo: os campos elétricos e magnéticos podem adicionar e remover energia das partículas, alterando suas velocidades. Crédito: NASA/Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio/YouTube.

  • Revolução astronômica à vista: novas imagens iniciam grande avanço

    Revolução astronômica à vista: novas imagens iniciam grande avanço

    Quatro imagens e um espectro divulgados hoje (12) pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) representam os primeiros passos para a grande revolução prevista para a Astronomia. Todas imagens e dados foram registrados pelo Telescópio Espacial James Webb, lançado em dezembro de 2021.

    Desde janeiro de 2022, este poderoso equipamento – fruto de parcerias entre as agências espaciais dos EUA, da Europa e do Canadá, que tem como principal característica a captação de radiação infravermelha – encontra-se no chamado ponto L2, localizado a 1,5 milhão de quilômetros da Terra.

    A primeira imagem, do aglomerado de galáxias conhecido como SMACS 0723, localizado há 4,6 bilhões de anos luz da terra, foi divulgada ontem (11) em evento na Casa Branca que contou com a participação do presidente norte-americano Joe Biden.

    SMACS 0723

    A imagem mais profunda do Universo capturada pelo James Webb mostra um conjunto de galáxias chamado SMACS 0723 que, combinadas, atuam como uma lente gravitacional.

    A técnica consiste em observar a amplificação de brilho de uma estrela de fundo (chamada de fonte), devido à passagem de um objeto (denominado lente) entre o observador e a fonte. A lente deforma o espaço-tempo ao seu redor e a luz da fonte sofre então uma deflexão, gerando assim um aumento do seu brilho para o observador.

    Segundo a Nasa, esta é a primeira oportunidade de observação nítida de galáxias e de estrelas tão distantes e difusas. “A luz dessas galáxias levou bilhões de anos para chegar até nós. Quando olhamos para as galáxias mais jovens neste campo, estamos olhando para menos de um bilhão de anos após o Big Bang’’, informa a agência espacial.

    Nebulosa do Anel Sul

    As primeiras imagens inéditas divulgadas hoje revelam detalhes da Nebulosa do Anel Sul, que mostraram, inclusive, uma segunda estrela que forma um sistema binário (formado por duas estrelas). Por estarem em órbita tão próxima pareciam apenas um corpo celeste, o que só pode ser desvendado graças à tecnologia da câmera de infravermelho.

    james webb
    Nebulosa Anel Sul – Imagens James Webb – NASA Webb Telescope

    De acordo com os pesquisadores, trata-se de uma nuvem de gás em expansão, envolvendo uma estrela moribunda. Tem quase meio ano-luz de diâmetro e está localizada a aproximadamente 2,5 mil anos-luz de distância da Terra.

    Um detalhe que chamou a atenção dos cientistas foi a possibilidade de se enxergar galáxias ainda mais distantes, escondidas pela nebulosa. Durante a transmissão ao vivo, feita pela Nasa, os especialistas explicaram que nebulosas apresentam camadas de gás e poeira expelidas por estrelas “enquanto morrem”.

    A existência de sistemas binários já era algo do conhecimento dos cientistas, mas eles têm se mostrado cada vez mais comuns do que se imaginava. Com o James Webb, esses sistemas serão observados de forma mais clara.

    Exoplaneta WASP-96

    A Nasa apresentou também um gráfico chamado de espectro, do exoplaneta gasoso WASP-96b, um gigante com cerca da metade da massa de Júpiter, localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra. Espectro é uma técnica que analisa, por meio da cor (temperatura) de um corpo celeste, sua composição física e química. Exoplaneta é um planeta que fica fora do Sistema Solar.

    Por meio do espectro, o James Webb conseguiu identificar ocorrências de oxigênio e hidrogênio, indicando a presença de vapor de água em alta temperatura (superior a 500ºC), devido a sua proximidade com a estrela, ao redor da qual orbita a cada 3,4 dias.

    A primeira detecção de água neste exoplaneta foi feita pelo telescópio Hubble em 2013. Com o novo telescópio, foi possível obter, via espectro de luz, uma “assinatura inconfundível de água”, neste planeta. “A nova e poderosa observação de Webb também mostra evidências de neblina e nuvens que estudos anteriores deste planeta haviam perdido”, informou a Nasa.

    Com isso, segundo a agência, graças aos sinais detectados, a expectativa é de que o James Webb represente um “importante papel para a busca de planetas potencialmente habitáveis nos próximos anos”, estimando também a presença de elementos como carbono, bem como a temperatura da atmosfera.

    Quinteto de Stephan

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    Stephan’s Quintet, um agrupamento visual de cinco galáxias – Nasa

    Localizado a cerca de 290 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Pégaso, o Quinteto de Stephan foi também focado pelo revolucionário telescópio. De acordo com os pesquisadores, é possível observar a interação de diferentes galáxias deste grupo, com grandes caudas de gás, poeira e estrelas sendo extraídas devido às forças gravitacionais, bem como o processo de criação de algumas estrelas.

    Essa proximidade possibilita, aos astrônomos, observar a fusão e interação entre galáxias, que são tão cruciais para toda a evolução das galáxias. “Raramente os cientistas viram com tantos detalhes como as galáxias em interação desencadeiam a formação de estrelas e como o gás nessas galáxias é alterado”, explica a Nasa. “O quinteto de Stephan é um fantástico laboratório para estudar esses processos fundamentais para todas as galáxias”, complementou.

    O Webb mostrou, também de forma detalhada, aglomerados brilhantes de milhões de estrelas jovens e regiões onde novas estrelas estão nascendo adornam a imagem. É também possível observar estrelas que são “centenas de milhões de vezes” mais luminosas do que o Sol do nosso sistema.

    Apesar de não ser possível visualizar buracos negros presentes nessas galáxias, é possível perceber sua influência em outros corpos celestes. Segundo a agência norte-americana, a imagem mostra, nesse quinteto, “fluxos impulsionados por buracos negros em um nível de detalhe nunca visto antes”.

    Nebulosa Carina

    Uma outra imagem revolucionária divulgada hoje pela Nasa se assemelha a um “penhasco cósmico”, nas palavras da própria agência. Trata-se da Nebulosa Carina, com seus “berçários estelares e estrelas nascentes” que não puderam ser percebidas pelas imagens anteriores registradas pelo telescópio Hubble.

    “Esta paisagem de ‘montanhas’ e ‘vales’ pontilhadas de estrelas brilhantes é na verdade a borda de uma jovem região de formação de estrelas. Na verdade, é a borda da cavidade gigante gasosa. Os picos mais altos têm cerca de 58 anos-luz [de altura]. A zona cavernosa foi esculpida na nebulosa por intensa radiação ultravioleta e ventos estelares de estrelas jovens extremamente grandes e quentes”, informou a Nasa.

    Ao observar essa região, será possível entender mais sobre o processo de formação das estrelas. “O nascimento da estrela se propaga ao longo do tempo, desencadeado pela expansão da cavidade erodida. À medida que a borda brilhante e ionizada se move em direção à nebulosa, ela é lentamente empurrada para gás e poeira. Se a borda encontrar qualquer material instável, a pressão crescente fará com que o material colapse e forme novas estrelas”, explica a Nasa.

    “Por outro lado, esse tipo de distúrbio também pode impedir a formação de estrelas, pois o material que as forma é erodido. Este é um equilíbrio muito delicado entre causar a formação de estrelas, e pará-la”, acrescenta.

    Dessa forma, o James Webb ajudará os cientistas a avançarem em estudos que abordam “algumas das grandes incógnitas da astrofísica moderna”. Entre elas, sobre o que determina o número de estrelas que se formam em uma determinada região; e o que leva as estrelas a se formarem com suas respectivas massas.

    Algo incrível a ser descoberto

    Ao final do evento de divulgação das imagens, o administrador da Nasa, Bill Nelson, citou uma fala do astrônomo Carl Sagan para descrever as expectativas pela qual passam os pesquisadores envolvidos com o James Webb: “em algum lugar, algo incrível está para ser descoberto”.

    “Estamos agora conseguindo responder coisas que sequer sabíamos perguntar. Progressos como esse são inspiradores, e inspiração é o combustível que move a Nasa. E é o alimento da humanidade. Vamos agora abrir o envelope. Temos de arriscar porque a premiação é maior do que o risco. É exatamente isso o que essas imagens mostram”, discursou.

  • Chuva de meteoros poderá ser vista em Mato Grosso nesta madrugada; saiba melhor horário para ver

    Chuva de meteoros poderá ser vista em Mato Grosso nesta madrugada; saiba melhor horário para ver

    O fenômeno poderá ser visto também em Mato Grosso, porém, as regiões Norte e Nordeste terão uma visão mais privilegiada.

    O horário ideal para observar a chuva de meteoros é entre meia noite e 2h. Será possível ver de 18 a 20 meteoros por hora.

    Os fãs de astronomia terão uma oportunidade, na madrugada de hoje (22), de observar um fenômeno astrológico. Nesta noite, ocorre o pico da chuva de meteoros Lírida (ou Lyrids), que pode ser vista da Terra de 15 a 29 de abril.

    Segundo o Observatório Nacional, até 18 meteoros por hora poderão ser vistos nas condições ideais: céu limpo e local pouco iluminado. O melhor horário para a visualização será a partir da 1h (horário de Brasília), quando os meteoros estiverem numa boa altura em relação ao horizonte. As melhores regiões do país para observar o fenômeno serão o Norte e o Nordeste.

    A chuva de meteoros pode ser vista todos os anos no fim de abril, quando a Terra passa pela região do espaço que serviu de rota para o Cometa Tatcher (C/1861 G1), que deixou um rastro de poeira e detritos na direção da constelação de Lyra. Neste ano, o fenômeno coincidiu com o início da lua minguante, o que dificultará a observação dos meteoros menos brilhantes porque a lua estará com 67% de luminosidade.

    Para enxergar a chuva de meteoros, o Observatório Nacional orienta que o observador esteja em local de baixa poluição luminosa e olhe na direção norte. Para facilitar o reconhecimento dos pontos cardeais, o observador que não tiver uma bússola deverá estender o braço direito para o local onde o Sol nasce (o leste) e o braço esquerdo para o local onde o Sol se põe (o oeste). Dessa forma, ele estará de frente para o norte.

    Pequenos corpos celestes que se deslocam no espaço e entram na atmosfera da Terra, os meteoros queimam parcial ou totalmente devido à fricção com a atmosfera terrestre e ao contato com moléculas de oxigênio. Esse fenômeno deixa um risco luminoso no céu, popularmente chamado de “estrela cadente”.

  • Nasa confirma que núcleo de megacometa é o “maior já visto”

    Nasa confirma que núcleo de megacometa é o “maior já visto”

    Com cerca de 129 quilômetros de circunferência, o núcleo do cometa C/2014 UN271, também conhecido como Bernardinelli-Bernstein, é o maior já observado pela agência aeroespacial norte-americana Nasa, informou o órgão na terça-feira (12).

    Imagens do telescópio Hubble confirmaram as dimensões do núcleo gelado do cometa, que é 50 vezes maior do que geralmente é achado no espaço. A massa estimada do Bernardinelli-Bernstein é de 500 trilhões de toneladas – 100 mil vezes maior do que a massa de cometas típicos em órbita no Sistema Solar.

    A velocidade do trajeto do C/2014 UN271 é de 35,4 mil quilômetros por hora, mas a rota do cometa não apresenta perigo de colisão. O ponto de maior proximidade com a Terra deve acontecer em 2031, quando o cometa estará a cerca de 1,6 bilhão de quilômetros de distância do Sol – distância equivalente à do planeta Saturno.

    Veja a simulação da Nasa (em inglês):

    “Esse cometa é literalmente a ponta do iceberg para milhares de cometas que são muito apagados para serem vistos em partes distantes do Sistema Solar”, disse David Jewitt, professor de Ciência Planetária e Astronomia na Universidade da Califórnia, Los Angeles (Ucla), para a Nasa. “Sempre suspeitamos que esse cometa deveria ser grande por causa da intensidade do brilho. Agora confirmamos”, disse o professor.O megacometa C/2014 UN271 foi descoberto pelos astrônomos Pedro Bernardinelli e Gary Bernstein em imagens de arquivo do Observatório Inter-Americano Cerro Tololo, no Chile. A primeira observação aconteceu em 2010, quando o cometa estava a 4,8 bilhões de quilômetros de distância do Sol – praticamente a mesma distância de Netuno. Desde então, o megacometa tem sido estudado e acompanhado por telescópios espaciais.

  • Astrofísica brasileira na China: “Vivemos era de ouro na astronomia”

    Astrofísica brasileira na China: “Vivemos era de ouro na astronomia”

    Se há uma década afirmassem que, em 2021, teríamos, ao mesmo tempo, três países diferentes com missões espaciais de alta tecnologia para investigação e com comunicação em Marte (sendo dois países com robôs em solo), talvez fosse difícil de acreditar. Isso porque em 2011, após várias missões ao planeta vermelho, ainda estávamos prestes a lançar a sonda Curiosity pela Agência Espacial Americana (Nasa). Até então, era a tecnologia mais inovadora para exploração do planeta, que só chegou a pousar em Marte em agosto de 2012. Foi em 2011 também que a Nasa divulgou as primeiras imagens que sugeriam que já existiu água no passado do planeta, a partir do que pareciam rastros da substância em um terreno rochoso.

    Uma década depois, assistimos, em tempo real, à atuação de Estados Unidos, China e Emirados Árabes Unidos em missões simultâneas no planeta vizinho. Enquanto Estados Unidos e China se debruçam sobre a investigação de um passado vivo de Marte, a partir de vestígios deixados pela água, os Emirados Árabes concentram seus esforços na pesquisa sobre a atmosfera do planeta.

    Além destes três países, até hoje apenas a Índia, a antiga União Soviética e a Agência Espacial Europeia enviaram missões ao planeta. O momento atual é considerado uma ”era de ouro dos experimentos astronômicos”, define Larissa Santos, pesquisadora e professora no Centro de Gravitação e Cosmologia na Universidade de Yangzhou, na China.

    A astrofísica e cosmóloga brasiliense foi selecionada, há seis anos, para atuar na Universidade de Ciência e Tecnologia da China, após se formar em física pela Universidade de Brasília (UnB) e passar por especializações no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São Paulo, e na Universidade de Roma, na Itália.

    Ela destaca que, neste momento da conquista espacial, em que Estados Unidos, China e Emirados Árabes estão ao mesmo tempo explorando Marte, há chance de encontrarmos respostas para questões antigas. “O Perseverance da Nasa é o primeiro robô que realmente procura por evidências de vida microbiana no passado de Marte, devido ao local onde ele pousou (a cratera Jezero), onde vemos a presença de minerais que só podem ser formados na presença de água”, diz.

    Além do Perseverance, que pousou em Marte em 18 de fevereiro, Larissa ressalta a bem-sucedida missão chinesa, a Tianwen-1, que entrou em órbita em fevereiro e pousou, com sucesso, o rover Zhurong, em 14 de maio. A China é o segundo a pousar um robô, com sucesso, em Marte. ”E claro que a gente não pode deixar de falar da missão histórica dos Emirados Árabes Unidos”, diz a brasileira, sobre a chegada ao planeta, em 9 de fevereiro, da sonda Hope, para investigar as condições atmosféricas marcianas.

    Marte é uma das apostas para vestígios de vida

    Ainda nesta década, a cosmóloga adianta mais expectativa em torno de uma missão em parceria da Nasa com a Agência Espacial Europeia para buscar as coletas feitas pelo Perseverance. ”Se encontrássemos vida fora da Terra, seria a descoberta mais importante para a ciência, na minha opinião. Por ter tido água no passado, Marte é uma das maiores apostas de onde achar vestígios de vida. Estamos exatamente buscando estas evidências com os robôs que estão na superfície”, explica.

    Ainda sobre a ascensão das pesquisas em 2021, Larissa ressalta outro marco da ciência mundial, com o lançamento do telescópio James Webb, previsto para outubro deste ano. O equipamento deve captar imagens das estruturas mais antigas do universo.

    Outro projeto, do qual ela faz parte, é o do telescópio Ali, em construção pela China no Himalaia. O Ali também quer investigar o universo primitivo, pesquisando a chamada de radiação cósmica de fundo. ”Estes dados podem nos revelar informações sobre os instantes iniciais do universo”, diz.

    E esta não é a única frente de trabalho de Larissa no que diz respeito ao estudo dos segredos do universo. Ela faz parte de uma iniciativa que envolve um dos maiores mistérios da cosmologia moderna: a energia escura, que corresponde a 70% do universo. Ela é objeto de pesquisa do Bingo (da sigla em inglês para Baryon Acoustic Oscilations in Neutral Gas Observations), uma espécie de observatório que tem parceria do Brasil, Reino Unido, Suíça, Uruguai, França, África do Sul e China, país que a pesquisadora representa.

    ”O que a gente espera é poder revelar um pouco mais sobre a energia escura. A gente não sabe o que ela é, somente o que ela provoca: uma expansão acelerada do Universo. Ou seja, as galáxias estariam se afastando cada vez mais rápido umas das outras, e isso nos encaminha para uma morte tragicamente fria”, diz.

    Nos últimos tempos, a brasileira dedica-se também à divulgação científica nas redes sociais, onde repercute as principais pautas astronômicas. Segundo ela, o desafio desta jornada é adequar ”assuntos mais complexos em uma roupagem mais popular, mas sem simplificar demais”. Larissa é autora do livro Universo Escuro, finalista do Prêmio Jabuti 2017, e que pode ser baixado, de graça, na página pessoal da pesquisadora na internet.

  • Cientistas falam sobre perspectivas astronômicas para 2021

    Cientistas falam sobre perspectivas astronômicas para 2021

    O ano de 2021 traz perspectivas animadoras para a astronomia, como a contagem regressiva para uma missão com destino à Lua e o lançamento de um supertelescópio que fará imagens inéditas do espaço.

    Quem perdeu a oportunidade de observar os eventos ocorridos em 2020 terá a chance de observar novos fenômenos a partir de 27 de abril, com uma Superlua.

    Em maio, um eclipse total da Lua será a atração nos céus brasileiros. Novembro terá outro eclipse, desta vez parcial.

    Em dezembro será possível conferir a famosa chuva de meteoros Geminídeas.

    Começa este ano também a contagem regressiva para a missão Artemis, da Nasa, que deve levar a primeira mulher à Lua em 2024, com parceria brasileira. Os testes não tripulados começam este ano, segundo a agência espacial norte-americana.

    A missão ganhou novo fôlego após a descoberta de moléculas de água na Lua, detectada pelo telescópio Sofia.

    Telescópios

    O lançamento do super telescópio James Web é o destaque de Duilia de Mello, astrônoma, pesquisadora em projetos da Nasa e vice-reitora da Universidade Católica da América.

    “Eu acho que vai ser absolutamente incrível toda expectativa que vai se tornar ao redor deste lançamento deste telescópio [James Web], que estamos esperando há tanto tempo e vai revelar os confins do universo. A gente vai poder ver as primeiras galáxias. Além disso, [o telescópio] vai confirmar também alguns planetas ao redor de outras estrelas. Vai ser uma missão de impacto na nossa visão de universo.”

    O astrofísico do Observatório Nacional Ricardo Ogando destaca que as imagens em alta resolução que serão capturadas em 2021 também serão destaque no campo astronômico.

    “A astronomia é a ciência do acaso. A gente nunca sabe o que vai descobrir. É muito difícil prever o que será destaque em 2021. Por exemplo, matéria escura e energia escura. São dois ingredientes importantes do universo que ninguém sabe o que são e surpreenderam a todos quando foram descobertos”, explica.

    Matéria escura

    O cientista explica que a matéria escura é uma matéria invisível, não detectável fisicamente e apenas teorizada devido à sua ação gravitacional. A energia escura, por sua vez, é o nome que se dá ao ”combustível” que acelera a expansão do universo.

    “Vários projetos estão tentando descobrir mais detalhes sobre este setor escuro do universo. Um deles é o LSST (Legacy Survey of Space and Time), no Observatório Vera Rubin, no Chile, vai usar um telescópio de 8 metros para fazer uma espécie de filme em altíssima resolução do céu usando uma câmera de 3,2 mil megapixels”, revela o astrofísico.

    Leonardo Andrade, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, destaca o uso de dados dos telescópios para detecção de bioassinaturas.

    ”Para 2021, teremos possivelmente a confirmação de alguns estudos, como o que trata da descoberta de um planeta ao redor de duas estrelas – uma viva e outra morta, usando dois métodos de detecção diferentes”, afirmou.

    Para Hélio Jaques Rocha-Pinto, diretor do Observatório do Valongo, 2021 será uma oportunidade para ampliar o conhecimento humano sobre a Via Láctea com a liberação de dados do satélite Gaia.

    “Eu espero grandes descobertas na área da astronomia galáctica em função da liberação de dados do satélite Gaia, que está disponibilizando aos pesquisadores uma quantidade de informações sem precedentes em termos de precisão das posições estelares e do movimento das estrelas na esfera celeste”, concluiu.

    Edição: Pedro Ivo de Oliveira