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  • Mudanças climáticas: um chamado para empresas familiares

    Mudanças climáticas: um chamado para empresas familiares

    Apesar de 95,4% da população brasileira afirmar que tem consciência sobre as mudanças climáticas, conforme pesquisa deste ano do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), é inegável que ainda há muito o que ser feito para que segurança climática, alimentar e energética possam caminhar juntas.Voltei muito sensibilizada após participar do Global Agribusiness Festival (GAFFFF), o maior festival de cultura agro do mundo, realizado entre 27 e 28 de junho, em São Paulo.

    Estar presencialmente me deu uma visão sustentada sobre o que está em causa, os obstáculos e os desafios que temos pela frente.Nos últimos anos, as mudanças climáticas têm se manifestado de maneira cada vez mais evidente e severa ao redor do mundo: com aumento das temperaturas, eventos extremos [como as enchentes no Rio Grande do Sul, furacões, tsunamis e secas] e a acidificação dos oceanos, que são sinais alarmantes de um planeta em transformação.

    Há estudos que mostram que as áreas tropicais do planeta se tornarão desertos (isso inclui o Brasil!) e que os “novos cerrados” estarão em países como Canadá e Rússia.Além de afetar os ecossistemas naturais, tais fenômenos exercem forte impacto sobre as populações ao redor do mundo.

    Outro ponto importante é a segurança alimentar, já que as mudanças climáticas atingem diretamente a produção agrícola, alterando padrões de chuva, disponibilidade de água e condições de cultivo o que pode levar a uma diminuição na produção de alimentos, o que pode resultar em mais fome em localidades vulneráveis.Em relação à segurança energética, embora nossa matriz energética seja a mais limpa do mundo (segundo a AIE – Agência Internacional de Energia), temos uma missão de ajudar o planeta colaborando com a produção de biocombustíveis e etanol, e no fomento de políticas de estímulo ao uso dos mesmos, inclusive internacionais, o que contribuirá diretamente para a redução do consumo de combustíveis fósseis.

    Nesse contexto, empresas familiares, como agentes econômicos e sociais, desempenham um papel crucial na adaptação e mitigação desses impactos. Então, a questão é como o seu negócio poderá minimizar impactos e perenizar para as próximas gerações, sem “legados negativos”?Para enfrentar os desafios que temos pela frente de maneira eficaz, é essencial alinhar segurança climática, alimentar e energética, já que as três dimensões estão intrinsecamente conectadas e suas soluções complementares podem fortalecer a resiliência global.

    No livro Gigante pela Própria Natureza, Miguel Setas destaca que  o destino da Terra depende de nós e que isso exige adotar uma visão estratégica “estrábica”: um olho no curto prazo e outro no longo prazo (longo mesmo!).

    Em 2050, seremos 10 bilhões de pessoas na Terra… e o Brasil pode ser o hub climático do mundo, a partir do seu lugar no mercado internacional de carbono, da sua agricultura sustentável, da produção de energia renovável em grande escala e da indústria verde.

    Vale a pena destacar que a inovação tecnológica desempenha um papel crucial no enfrentamento às mudanças às climáticas, desde técnicas agrícolas de conservação até sistemas avançados de armazenamento de energia, há um vasto campo para o desenvolvimento de soluções que promovam a segurança climática, alimentar e energética.

    “É um novo papel e chance única de progresso verde para o Brasil, nesse mundo em transformação”, afirma Setas. Outro ponto importante é investir em educação e conscientização com o intuito de sensibilizar o maior número possível de pessoas sobre a importância da sustentabilidade, que vai além de proteção ao meio ambiente, pois compreende modelos econômicos que permitam o equilíbrio econômico, social e ambiental.

    Como podemos ver, esse é um desafio global sem precedentes, que significa um “chamado”, sobretudo para as empresas familiares, que podem atuar como catalisadoras de mudanças culturais e comportamentais que promovam um futuro mais sustentável, já que são frequentemente vistas como pilares das suas comunidades.

    Mais do que mitigar os riscos, essas empresas podem fortalecer e multiplicar as oportunidades de crescimento sustentável em longo prazo. O futuro do nosso planeta está em jogo e cabe a todos nós assumir uma responsabilidade intergeracional, pensando que aquilo que se decide hoje propaga o futuro com suas implicações…

    Qual legado você, sua família empresária e sua empresa familiar estão construindo HOJE?

    Cristhiane Brandão, Conselheira de Administração, Consultora em Governança para Empresas Familiares e Coordenadora do Capítulo Brasília/Centro Oeste do IBGC.

  • Lucas do Rio Verde, um lugar onde oportunidades se transformam em realidade

    Lucas do Rio Verde, um lugar onde oportunidades se transformam em realidade

    É com grande satisfação que compartilho os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que coloca Lucas do Rio Verde como líder em geração de empregos no país, no acumulado de 2024, entre municípios com 81.505 e 91.692 habitantes. Este é um resultado que nos deixa muito felizes, porque reflete o espírito empreendedor da nossa população e o nosso compromisso em promover um ambiente favorável para o crescimento econômico e para a melhoria da qualidade de vida dos luverdenses.

    Com 10.673 admissões e um saldo positivo de 1.223 postos de trabalho, no acumulado do ano, Lucas do Rio Verde superou as outras regiões. Nossa cidade não apenas está liderando o ranking estadual, mas também é o destaque em todo o país, figurando como o primeiro município em geração de empregos entre cidades de porte semelhante, com população entre 81.505 e 91.692 habitantes.

    Temos focado nossas políticas públicas para facilitar a abertura de negócios, reduzindo a burocracia e promovendo a qualificação profissional. Parcerias com, Sebrae, Senai, Sest Senat, Sesc e Senac, Senar e programa “Ser Família Capacita”, do Governo do Estado, têm oferecido cursos gratuitos em diversas áreas, preparando os trabalhadores locais para as demandas do mercado.

    Conforme o Caged, em 2024, registramos um total de 12.745 empreendimentos ativos, o dobro de 2021, quando o registro era de 6.888 empresas abertas. Esse crescimento é reflexo dos nossos investimentos em infraestrutura, segurança pública, saúde, educação, habitação, criando um ambiente propício para o desenvolvimento econômico e social.

    Lucas do Rio Verde tem mostrado como políticas públicas eficazes e parcerias estratégicas podem transformar positivamente a economia de uma cidade, gerando empregos, renda e qualidade de vida para seus moradores.

    Nosso compromisso é continuar trabalhando para manter esse ritmo de crescimento e desenvolvimento, sempre em benefício de todos os luverdenses.

    Miguel Vaz
    Prefeito de Lucas do Rio Verde

  • MT: a força do agro

    MT: a força do agro

    Mato Grosso, com sua vasta extensão territorial e solo fértil, tem se destacado como um dos pilares do agronegócio brasileiro, desempenhando um papel crucial no fortalecimento da economia nacional. Conhecido por sua produção agrícola abundante e eficiente, o estado é um dos maiores produtores de soja, milho, algodão e carne bovina do país. A contribuição do setor agropecuário de Mato Grosso não se limita apenas ao volume de produção, mas também ao impacto socioeconômico e à sustentabilidade ambiental que promove.

    A produção agrícola é marcada pela alta produtividade, resultado do uso intensivo de tecnologia e práticas modernas de manejo. A integração de maquinário avançado, técnicas de plantio direto e a adoção de biotecnologia têm permitido que os produtores alcancem colheitas recordes, mesmo em condições climáticas desafiadoras. Essa eficiência produtiva não só garante o abastecimento do mercado interno como também posiciona o Brasil como um dos principais exportadores de commodities agrícolas no cenário global.

    A agroindústria de Mato Grosso é um motor vital para as exportações brasileiras. Produtos como soja, milho e carne bovina são exportados para diversos países, gerando receitas expressivas que impulsionam a balança comercial do Brasil. Em 2023, o estado respondeu por cerca de 30% da produção nacional de soja e 25% da produção de milho, consolidando-se como líder em ambas as culturas. A robusta cadeia produtiva, que vai desde a produção até o transporte e comercialização, gera milhões de empregos diretos e indiretos, contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico regional e nacional.

    O compromisso com a sustentabilidade é outro aspecto crucial da contribuição de Mato Grosso para a economia brasileira. Projetos de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) têm sido amplamente adotados, promovendo a recuperação de áreas degradadas e a conservação do meio ambiente. Além disso, o estado tem investido em pesquisas para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes e sustentáveis, reduzindo a necessidade de insumos químicos e preservando a biodiversidade local.

    Apesar dos avanços, o setor agropecuário de Mato Grosso enfrenta desafios significativos, como a infraestrutura logística deficitária, que eleva os custos de transporte e reduz a competitividade dos produtos no mercado internacional. Investimentos em rodovias, ferrovias e hidrovias são essenciais para superar essas barreiras e otimizar o escoamento da produção. Além disso, políticas públicas que incentivem a inovação e a sustentabilidade continuarão a ser fundamentais para manter o crescimento do setor.

    O agronegócio mato-grossense é, sem dúvida, um dos pilares da economia brasileira, contribuindo de maneira significativa para o PIB nacional, a geração de empregos e as exportações. O contínuo desenvolvimento tecnológico, aliado a práticas sustentáveis, promete consolidar ainda mais a posição do estado como líder no cenário agropecuário global, garantindo não apenas a segurança alimentar, mas também o crescimento econômico e a preservação ambiental.


    Por
    Pérsio Oliveira Landim, advogado, especialista em Direito Agrário, especialista em Gestão do Agronegócio

  • Lucas do Rio Verde: Um Celeiro de Empreendedorismo

    Lucas do Rio Verde: Um Celeiro de Empreendedorismo

    Nesta semana, tivemos uma conquista significativa para nossa querida cidade Lucas do Rio Verde foi reconhecida como um verdadeiro celeiro de empreendedorismo pelo “Prêmio Cidade Empreendedora” do Sebrae. A primeira colocação no estado de Mato Grosso não apenas honra nossos esforços coletivos, mas também destaca o espírito empreendedor que está no coração dos luverdenses.

    Nos últimos anos, testemunhamos em Lucas do Rio Verde um crescimento notável no número de abertura de empresas, desde pequenas, startups até empresas estabelecidas que estão redefinindo os limites da inovação. Este “boom” empreendedor não é uma coincidência, mas sim o resultado de um ambiente favorável aos negócios que temos trabalhado arduamente para criar.

    Nosso Município tem investido em infraestrutura, em programas de capacitação e apoio aos empreendedores, oferecendo recursos e orientação para transformar ideias em empreendimentos bem-sucedidos. Além disso, estamos desenvolvendo um trabalho voltado à Economia Verde e estabelecendo parcerias estratégicas com instituições educacionais e organizações locais para fomentar a cultura empreendedora, capacitando os luverdenses para seguirem seus sonhos e criarem um impacto positivo em nossa comunidade.

    O reconhecimento pelo Sebrae é uma prova de que estamos no caminho certo. No entanto, este prêmio é apenas o começo de nossa jornada empreendedora. Continuaremos buscando maneiras de apoiar e promover o empreendedorismo em todas as suas formas, pois acreditamos que é através da inovação e da iniciativa empreendedora que podemos construir um futuro mais próspero e sustentável para todos.

    Agradeço aos empreendedores de Lucas do Rio Verde por sua dedicação e visão. Seu trabalho árduo e determinação são verdadeiramente inspiradores e representam o melhor de nossa cidade. Juntos, podemos continuar impulsionando o empreendedorismo e fazendo de Lucas do Rio Verde um lugar onde os sonhos se tornam realidade e as oportunidades se transformam.

    Miguel Vaz é bacharel em direito, empresário, produtor rural e prefeito de Lucas do Rio Verde MT

  • Holding familiar: proteção patrimonial

    Holding familiar: proteção patrimonial

    Em um mundo em constante mudança, onde os desafios financeiros e legais podem surgir a qualquer momento, a proteção do patrimônio familiar e o planejamento sucessório se tornam questões de extrema importância para indivíduos e famílias. Nesse contexto, a criação de uma holding familiar emerge como uma estratégia poderosa e versátil, oferecendo uma série de benefícios que vão além da simples gestão de ativos.

    Uma holding familiar é uma estrutura legal que permite que uma família mantenha e administre seus bens e investimentos de forma unificada e eficiente. Ao consolidar os ativos em uma única entidade, os membros da família podem simplificar a gestão financeira, reduzir custos operacionais e facilitar o planejamento sucessório.

    Uma das principais vantagens de uma holding familiar é a proteção patrimonial que oferece. Ao separar os ativos pessoais dos riscos comerciais e legais, uma holding pode ajudar a proteger o patrimônio familiar contra processos judiciais, credores e outros eventos adversos. Além disso, uma holding bem estruturada pode oferecer benefícios fiscais significativos, permitindo que a família minimize sua carga tributária e maximize o retorno sobre o investimento.

    Além da proteção patrimonial, uma holding familiar também desempenha um papel fundamental no planejamento sucessório. Ao estabelecer uma estrutura clara de propriedade e governança, os membros da família podem garantir uma transição suave e harmoniosa dos ativos para as gerações futuras. Isso não apenas preserva o legado familiar, mas também reduz o risco de disputas e litígios entre herdeiros.

    Outro benefício importante de uma holding familiar é sua flexibilidade e adaptabilidade. A estrutura pode ser facilmente personalizada para atender às necessidades específicas da família, seja para proteger ativos comerciais, imóveis, investimentos financeiros ou outras formas de propriedade. Além disso, uma holding pode ser utilizada para facilitar a gestão de patrimônio em diferentes jurisdições, permitindo que a família diversifique seus investimentos globalmente.

    No entanto, é importante ressaltar que a criação e manutenção de uma holding familiar exigem planejamento cuidadoso e assessoria jurídica especializada. É essencial garantir que a estrutura seja devidamente constituída e operada em conformidade com as leis e regulamentos locais. Além disso, uma holding familiar requer uma governança sólida e transparente, com políticas claras de tomada de decisão e distribuição de lucros.

    Em suma, a holding familiar é uma ferramenta poderosa para proteger e preservar o patrimônio familiar ao longo das gerações. Ao oferecer proteção patrimonial, facilitar o planejamento sucessório e proporcionar flexibilidade financeira, uma holding pode ajudar as famílias a alcançar seus objetivos financeiros e garantir a segurança e prosperidade de seus membros no longo prazo.

    Crédito: Pérsio Oliveira Landim, advogado, especialista em Direito Agrário, especialista em Gestão do Agronegócio

  • Ocorrência de pragas comuns na sucessão soja/milho

    Ocorrência de pragas comuns na sucessão soja/milho

    A cultura da soja pode ser danificada por insetos-pragas desde a emergência das plantas até a maturação dos grãos, o mesmo sendo verificado para o milho de segunda safra cultivado em sucessão a esta leguminosa. Várias pragas podem ocorrer apenas na soja ou no milho, porém algumas podem ocorrer em ambas as culturas, embora possam causar danos em diferentes estádios de desenvolvimento das plantas. Esses são os casos da lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus; o percevejo-marrom, Euschistus heros; o percevejo-barriga-verde, Diceraeus melacanthus; a mosca-branca, Bemisia tabaci, e algumas espécies de lagartas, como Spodoptera frugiperda.

    A lagarta-elasmo ocorre na cultura da soja, geralmente nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas. Após a eclosão dos ovos, as pequenas lagartas podem penetrar no talo das plântulas para a alimentação. Isso provoca a obstrução nos vasos responsáveis pelo transporte de água e de nutrientes para parte aérea da soja, causando, como consequência, murcha e morte das plantas e afetando, assim, o estande inicial da cultura. Uma mesma lagarta-elasmo pode atacar até quatro plântulas de soja durante seu estádio larval. Na cultura do milho, essa praga causa danos similares com relação aos aspectos nutricional e de mortalidade de plântulas; contudo, o seu dano pode destruir o meristema apical de crescimento da planta, causando o sintoma conhecido como “coração morto”. O controle da lagarta-elasmo, tanto na soja como no milho, é realizado por meio do tratamento de sementes com inseticidas. A pulverização de plantas não tem sido eficiente em função do local de ataque da praga, o que dificulta o acesso da calda inseticida.

    Os percevejos fitófagos causam danos na cultura da soja em decorrência do ataque às vagens e aos grãos em desenvolvimento. Além de perdas quantitativas no rendimento, pode também ocorrer perdas na qualidade dos grãos ou das sementes produzidas, tornando-os “chochos” ou contaminados por fungos. No caso de sementes, pode causar redução do vigor e do poder germinativo. Além dos danos às sementes, os percevejos fitófagos podem causar retenção foliar nas plantas de soja no final do ciclo da cultura, o que dificulta a realização da colheita. Tanto o percevejo-marrom quanto o percevejo-barriga-verde podem ser daninhos à soja, sendo o marrom o que ocorre normalmente em maior intensidade na região do cerrado brasileiro. O controle dessas pragas na soja é realizado basicamente por meio da aplicação de inseticidas químicos e/ou biológicos, em pulverização. No caso do controle químico, sugere-se colocar 0,5% de sal (NaCl) na calda inseticida (500 g/100 L de água), pois essa ação pode incrementar de 10% a 15% a mortalidade dos percevejos na pulverização.

    Já na cultura do milho, os percevejos fitófagos causam danos apenas nos estádios iniciais da cultura, por meio da inserção dos seus estiletes, presentes no aparelho bucal sugador, que penetram através da bainha até as folhas internas das plântulas recém-emergidas e causam perfurações nas folhas, encharutamento, perfilhamento e até mesmo a morte das plantas, podendo, assim, reduzir o estande da cultura ou o potencial produtivo da planta. Plantas de milho com até três folhas são altamente sensíveis ao ataque dos percevejos, ao passo que com seis ou mais folhas já são tolerantes ao ataque dessas pragas. Tanto o percevejo-marrom quanto o barriga-verde podem causar essas injúrias no milho, tendo este último maior potencial de danos na cultura do que o primeiro. O controle de percevejos fitófagos no milho deve ser realizado com a aplicação de inseticidas nas sementes, especialmente com neonicotinoides, e em pulverização, nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura.

    A mosca-branca é outro inseto sugador que também pode atacar a soja e a cultura do milho, podendo ocorrer diferentes biótipos, dependendo da região de cultivo. Na soja, tanto os adultos quanto as ninfas podem causar danos diretos pela sucção continua da seiva no floema das plantas. Em adição, durante a sucção, esses insetos expelem um exsudato açucarado (honeydew) sobre as folhas da soja, deixando-as propícias para o desenvolvimento de um fungo de coloração escura do gênero Capnodium, que causam a fumagina. Este escurecimento promove a queima e a queda das folhas de soja, devido à maior absorção da radiação solar. Se esses danos ocorrerem na fase de enchimento de grãos, os prejuízos poderão ser intensificados na cultura. Além dos danos diretos, provenientes da alimentação no floema, a mosca-branca pode ser vetor de vírus como o da necrose da haste, doença esta que pode reduzir o potencial produtivo da soja. Já na cultura do milho, a mosca-branca foi constatada somente no ano de 2013, em Goiás, no Distrito Federal, na Bahia, em Mato Grosso e em Minas Gerais. Esta primeira constatação em milho proporcionou um estudo detalhado da população da mosca-branca, que foi posteriormente identificada como o biótipo B por meio de marcadores moleculares. Os danos da mosca-branca no milho são similares aos causados na soja, ou seja, sucção da seiva no floema e predisposição da planta à fumagina. Este fato evidencia uma adaptação dessa praga ao sistema de cultivo soja/milho, como aconteceu no passado com os percevejos. O controle da mosca-branca, tanto na soja quanto no milho, deve ser realizado com inseticidas químicos, em pulverização, tendo como adjuvante o óleo mineral.

    Finalmente, as lagartas, especialmente da espécie S. frugiperda, podem ocorrer tanto na soja quanto na cultura do milho. Na cultura da soja essa, praga pode causar desfolha ou atacar as vagens, consumindo os grãos em desenvolvimento. No milho, causam geralmente desfolha, especialmente no cartucho das plantas, bem como pode atacar as espigas na fase reprodutiva. O controle dessa lagarta, tanto soja quanto no milho, pode ser realizado com a aplicação de diferentes inseticidas químicos e biológicos. Uma ótima alternativa biológica é o uso de Baculovírus spodoptera, um produto eficiente, seletivo para inimigos naturais e que está disponível no mercado por várias empresas. Um detalhe importante para garantir boa eficiência no controle de S. frugiperda é o volume de calda na pulverização, que deve ser o maior possível, especialmente na cultura do milho. Plantas de soja Bt não apresentam controle eficaz das lagartas de S. frugiperda, porém, no caso de milho, dependendo do hibrido utilizado, é possível conseguir controle satisfatório com essa tecnologia.

    Diante do exposto, pode-se concluir que várias pragas, como as mencionadas neste artigo, podem ocorrer e causar danos, tanto na cultura da soja quanto no milho cultivado em sucessão a essa leguminosa. Isso reforça a necessidade de analisar o manejo de pragas com uma visão holística nos sistemas de produção agrícolas e não de forma desmembrada, observando apenas as culturas separadamente.

    Crébio José Ávila é pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste

  • O assunto é Janeiro Branco

    O assunto é Janeiro Branco

    Resolvi falar sobre esse assunto, porque já enfrentei uma depressão e passei por altos e baixos. Como estamos iniciando um novo ano e temos o ‘Janeiro Branco’, quero deixar uma mensagem para todos, mas especialmente para quem está passando por alguma dificuldade que pode ser sintomas de ansiedade, depressão. Tudo começa no fator emocional.

    Ah! Vale lembrar que não sou especialista no assunto, estou aqui apenas para dar um empurrãozinho e motivar as pessoas a buscarem ajuda. A quebra do estigma em torno da busca por ajuda é essencial para construir uma sociedade que valoriza a saúde mental tanto quanto a física.

    O Janeiro Branco surge como um lembrete valioso sobre a importância da saúde mental, incentivando práticas que promovam o bem-estar emocional ao longo do ano. Cuidados diários desempenham um papel crucial na prevenção de problemas como depressão e ansiedade. A incorporação regular de exercícios físicos, a priorização de um sono adequado e a adoção de uma alimentação saudável são alicerces fundamentais para uma mente equilibrada.

    Conforme especialistas, além desses cuidados físicos, técnicas de autocontrole como a meditação e reservar um tempo para reflexão são aliados poderosos na promoção da saúde mental. A prática constante dessas técnicas pode contribuir significativamente para a redução do estresse e o fortalecimento da resiliência emocional.

    Contudo, reconhecer quando é necessário buscar apoio profissional é crucial. Psicoterapeutas e profissionais de saúde mental estão disponíveis para oferecer orientação e suporte personalizado. O recurso de apoio também está disponível na saúde pública. Nos municípios, a parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) possibilita os atendimentos através dos Centros de Atenção Psicossocial  (Caps).

    Manter conexões sociais também desempenha um papel vital. A solidão pode contribuir para problemas de saúde mental, enquanto relacionamentos significativos podem fornecer um importante suporte emocional. Invista tempo em cultivar e nutrir essas conexões, pois são alicerces valiosos para uma vida emocionalmente equilibrada.

    Para quem convive com familiares, colegas de trabalho e amigos que passam por alguma situação relacionada a conflitos mentais, é preciso atenção e cuidado. Então, ouvir atentamente, demonstrar empatia e encorajar a busca por ajuda profissional são maneiras eficazes de auxiliar pessoas com conflitos mentais.

    Resumindo, o Janeiro Branco nos convida a refletir sobre nossos hábitos diários, promovendo uma cultura de autocuidado e sensibilização. Ao adotar práticas que beneficiam a saúde mental e ao buscar apoio quando necessário, podemos construir uma base sólida para enfrentar os desafios emocionais e viver uma vida mais plena.

    Em janeiro, colorimos  nossas vidas com tons de esperança e reflexão. Assim como o branco simboliza novos começos, que este mês seja a tela em branco onde você escreverá os capítulos mais inspiradores da sua jornada. Vamos cultivar a saúde mental, regar nossos sonhos e florescer no jardim da positividade. Que esse mês seja o ponto de partida para uma vida plena e equilibrada.

    Virginia Mendes é economista e primeira-dama de MT.

  • Retardamento do início das chuvas – consequências e perspectivas

    Retardamento do início das chuvas – consequências e perspectivas

    Neste ano, foi constatada a demora na estabilização das chuvas no Distrito Federal. Esse fato está retardando a instalação das principais culturas na região, entre elas, a soja, que normalmente é plantada no início de novembro ou mesmo no final de outubro, quando as chuvas estabilizam nesse mês.

    Essa situação tem causado angústia nos agricultores que já haviam preparado sua estrutura de plantio no final de outubro, visando a colheita no início de fevereiro e plantio de outra cultura logo em seguida (na maioria dos casos, milho de segunda safra), aproveitando o final do período chuvoso.

    Em uma simulação da umidade do solo, a partir dos dados meteorológicos, coletados diariamente em 2023 na estação agroclimática da Embrapa Cerrados, submetidos ao balanço hídrico climatológico, foi estimado o dia 1º de dezembro como a data a partir da qual existem condições de umidade suficiente para o plantio na região de Planaltina (DF). Para essa simulação foi considerado o solo como apto ao plantio tendo acima de 60 mm de água disponível.

    Consequências prejudiciais

    Contudo com a semeadura da soja no início de dezembro, praticamente se inviabiliza a segunda safra na região. Mesmo utilizando cultivares de soja super precoce, a colheita deverá ocorrer próximo ao dia dez de março. No entanto, a recomendação para o plantio de milho de segunda safra, segundo o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é até o final de fevereiro, mesmo quando considerado o maior nível de risco de perdas aceito (40%).

    Essa situação requer que o agricultor que produz em sequeiro (sem irrigação) opte por uma cultura mais rústica, que pode ser o sorgo ou o milheto, e com baixo nível de insumos para evitar maiores perdas financeiras com culturas de alto custo variável. Contudo, essa situação diminui a renda da propriedade, pois, além de perder uma segunda entrada de recursos com a comercialização da segunda safra, o produtor terá que arcar com os custos fixos da propriedade, como as depreciações de máquinas e equipamentos, que incidirá mesmo sobre a cultura menos rentável.

    Para entendermos melhor a situação climática ao longo do tempo, a mesma simulação da umidade do solo foi realizada para os 50 anos de dados disponíveis na estação agroclimática da Embrapa Cerrados, com a data a partir da qual o solo tinha umidade suficiente para o plantio da soja. Com a comparação desses anos, observamos que a situação de 2023 é uma das mais extremas, pois somente em 2007 ocorreu condição de plantio mais tardia.

    Apesar de esse dado parecer alentador, por ser um evento raro, que ocorreu apenas duas vezes com essa intensidade nos últimos 50 anos, a análise de essa se tornar uma tendência é mais preocupante.

    Separando os 25 anos com data em que o solo teve umidade para plantio mais precoce, observa-se que a concentração de anos com umidade mais tardia vem aumentando nas últimas décadas em relação às duas primeiras décadas, chegando a ter oito datas com umidade tardia nesta última década, questão que traz uma preocupação para a cadeia produtiva e coloca em cheque o atual sistema de duas safras em sequeiro. A pesquisa deverá aprofundar esse assunto e criar mecanismos de adaptação do sistema se essa tendência de prolongamento da estação seca realmente se mantiver.

    Tabela 1. Datas aptas ao plantio de soja, a partir da umidade do solo simulada pelo balanço hídrico climático, com dados diários para Planaltina (DF).

    AnoData plantioAnoData plantioAnoData plantioAnoData plantioAnoData plantio
    197406/out198401/out199421/nov200421/nov201409/nov
    197505/nov198529/out199531/out200522/nov201530/out
    197629/set198613/out199620/nov200613/out201612/nov
    197706/out198710/nov199717/nov200703/dez201711/nov
    197820/out198823/out199827/out200819/nov201819/out
    197919/out198915/out199924/set200926/out201921/nov
    198012/nov199013/set200010/out201002/nov202025/out
    198106/out199104/out200109/nov201115/out202107/nov
    198209/out199230/set200213/nov201209/nov202201/nov
    198313/out199305/out200310/nov201308/out202301/dez

    Tabela 2. Decênios e frequência de ocorrência de datas aptas ao plantio de soja estimadas com umidade precoce do solo e datas tardias (25 anos cada) para Planaltina (DF).

    Decênios

    Precoce

    Tardia

    1973 a 1984

    8

    2

    1983 a 1994

    8

    2

    1993 a 2004

    3

    7

    2003 a 2014

    4

    6

    2013 a 2024

    2

    8

     

  • Ginecologistas são protagonistas no combate à violência contra mulher

    Ginecologistas são protagonistas no combate à violência contra mulher

    As Nações Unidas definem a violência contra as mulheres como “qualquer ato de violência de gênero que resulte ou possa resultar em danos ou sofrimentos físicos, sexuais ou mentais para as mulheres, inclusive ameaças de tais atos, coação ou privação arbitrária de liberdade, seja em vida pública ou privada”.

    Em nível mundial tal situação é evidenciada de forma crescente e alarmante, sendo que o Brasil figura entre um dos países com maior número de feminicídios.

    Suas diferentes formas podem acompanhar a mulher ao longo de sua vida, acometer todas as classes socioculturais, além de gerar graves repercussões, impactando a saúde física, sexual, reprodutiva e mental.

    Abusos físico ou sexual estão relacionados a maiores chances de gravidezes precoces, abandono escolar, prostituição, abortamento, depressão, risco de infecção por HIV e outras infecções de transmissão sexual, alcoolismo, transtornos psicológicos dentre outros.

    De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de 2018, entre as crianças, as meninas são o principal alvo de violência física e sexual. Negligência e abandono são outras formas listadas, predominando como os principais agressores os familiares em quase a totalidade dos casos denunciados (97,8%) sendo as residências os locais priorizados para essas agressões (67,1%).

    Na vida adulta, de acordo com o Ministério da Saúde, a agressão física, psicológica, sexual ou uma combinação delas, são as principais formas de violência contra a mulher e a doméstica a principal causa externa de óbitos femininos.

    Em especial, nós ginecologistas, como médicos de mulheres, somos na maioria das vezes, os primeiros a tomar ciência dos casos de violência. Então, precisamos estar atentos para o acolhimento e decisões importantes para as situações evidenciadas.

    Situações que requerem acolhimento, apoio e as orientações sobre todas as medidas necessárias para o caso. Vale ressaltar o quanto é importante a notificação judicial. Quando se trata de mulheres adultas, a notificação deve ser realizada pela própria mulher, diferente de crianças e adolescentes, quando ela é compulsória, ou seja, o profissional tem o dever de realizar a denúncia ao Conselho Tutelar ou outro órgão competente. Em crianças e adolescentes, a suspeita de violência não se restringe somente a queixa ou marcas visíveis no corpo, em algumas situações podem estar disfarçadas em sintomas variados, como ansiedade, dor crônica sem explicação, infecções sexualmente transmissíveis, dentre outras.

    Marketing para o Natal: competindo com gigantes

    Segundo dados da nossa Federação Brasileira de Ginecologistas e Obstetras (FEBRASGO) o Brasil teve mais de 31 mil denúncias de violência doméstica ou familiar contra as mulheres até julho de 2022 e estudos apontam que mulheres em situação de violência procuram ajuda de profissionais de saúde 35 vezes mais do que apresentam queixas à Secretaria de Segurança Pública. Essa subnotificação dificulta a responsabilização dos abusadores e perpetua o processo da violência.

    Muitos são os motivos apontados como justificativas para a não notificação: medo, vergonha de se expor, dependência financeira do companheiro, sentimento de culpa, não confiança na justiça e medo da violência institucional, são os principais. Outros como a dependência afetiva, receio de possíveis novas agressões, vergonha de expor seus familiares e ausência de apoio familiar para denunciar o agressor também são citados.

    Vários são os desafios a serem superados para o controle da violência contra as mulheres. Um deles é a ampliação e capacitação de todos os profissionais que fazem parte da rede de atendimento, visando melhorar o processo de acolhimento, livre de julgamentos ou valores morais na condução dos casos atendidos. Outro desafio diz respeito à consolidação e articulação das instituições envolvidas: saúde, justiça, segurança pública e assistência social, no sentido da quantidade, qualidade, reconhecimento mútuo e homogeneidade de conduta.

    É necessário criar políticas públicas que inviabilizam o fenômeno da violência contra mulher, promover ações que possibilitem informar a população feminina dos seus direitos, implementar a sensibilização e a educação não só na área da saúde, mas em todos os setores envolvidos, demonstrando ser a violência uma questão histórica onde a mulher é colocada como submissa em relação ao homem por questão essencialmente de construção social.

    *Zuleide Cabral é Médica ginecologista, Doutora em Medicina, Professora da Faculdade de Medicina do UNIVAG, Vice-presidente da Comissão Nacional especializada Infanto Juvenil da FEBRASGO.

  • Medalha de ouro para o Brasil AGRO

    Medalha de ouro para o Brasil AGRO

    O Brasil é evidência e referência mundial em vários esportes. Em olimpíadas, copas e outros campeonatos internacionais temos muitas medalhas de ouro. Títulos merecidos, com atletas que treinam duro para conquistar sozinhos ou em equipes o lugar mais alto do pódio.

    E o mês de outubro já começou especial, com a medalha de ouro da ginasta Rebeca Andrade, na prova do solo durante o Mundial de Ginástica Artística, na Bélgica. Mas você sabe quais são as medalhas de ouro do AGRO brasileiro?

    Sim, o Brasil é referência e evidência mundial no agro também. Além de sermos um país bastante desenvolvido em termos de pesquisas e tecnologia do setor agropecuário, estamos à frente de muitos países de primeiro mundo, como os Estados Unidos, por exemplo.

    No ranking mundial, medalha de ouro para soja. Foram 156 milhões de toneladas do grão na safra 2022/2023, o que representa 42% de toda a soja produzida mundialmente. Nos destacamos também como maior exportador mundial da oleaginosa. Cerca de 98,5 milhões de toneladas deverão ser exportadas em 2023. Atualmente a soja é o principal item de exportação do agronegócio nacional. A medalha de prata ficou com os Estados Unidos.

    Também estamos no topo quando o assunto é suco de laranja. Os principais produtores são Brasil (1,1 milhões de toneladas), Estados Unidos (190 mil toneladas) e México (170 mil toneladas). Mais uma medalha de ouro!

    O Brasil é medalha de ouro na cana-de-açúcar (422.9 milhões de toneladas), seguido pela Índia, e é, isoladamente, o maior produtor de açúcar e álcool e o maior exportador mundial de açúcar.

    Para finalizar a lista deste artigo, o queridinho nacional. O Brasil é medalha de ouro isolado na produção de café. Anualmente, o país produz cerca de 3 milhões de toneladas de café, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

    Dá orgulho ver nossos atletas com medalhas, né?! Então vamos nos orgulhar dos nossos produtores rurais também? Assim como atletas de alta performance, nossos agricultores trabalham arduamente, faça chuva ou faça sol; com muito ou pouco lucro; durante a semana e também nos feriados. Com foco, determinação e resiliência para trazer dezenas de medalhas de ouro para o Brasil.

    Geram riqueza, renda e oportunidades para o país. O que falta para sentirmos aquele orgulho que dá um nó na garganta e enchem os olhos de lágrimas? Pontualmente digo que em uma área precisamos melhorar: a comunicação e o marketing. Reconhecer a importância da agropecuária nacional e comunicar de forma mais assertiva, simples e constante os nossos ouros do BRASIL AGRO.

    Nossos produtores são verdadeiros atletas de alta performance. Eles não desistem nunca e nos levam diariamente ao topo. Vamos vibrar essas medalhas de ouro. O mundo já nos reconhece e até reverencial o Brasil. Cabe a nós vestirmos a camisa do agro com paixão e orgulho também.

    Ana Sampaio é jornalista do agro, empresária da comunicação e influenciadora digital com conteúdo. Sigam @anadoagro_