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  • Em Mato Grosso, armazenagem não acompanha evolução da safra e pode gerar risco para safras futuras

    Em Mato Grosso, armazenagem não acompanha evolução da safra e pode gerar risco para safras futuras

    De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o estado de Mato Grosso tem produção estimada em 97,38 milhões de toneladas de soja e milho na safra 24/25, volume que o mantém como o maior produtor agrícola do país, responsável por 30,75% da produção nacional. No entanto, essa força produtiva esbarra em um gargalo estrutural que compromete o desenvolvimento do setor nos próximos anos, a armazenagem. Com capacidade estática, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de armazenar 52,29 milhões de toneladas, o Imea aponta um déficit de 45,10 milhões de toneladas.

    Nos últimos 10 anos, dados da Conab indicam que a produção estadual aumentou em 51,6 milhões de toneladas, enquanto a capacidade de armazenagem saiu de 37,82 milhões de toneladas em 2015 (safra 13/14), para 52,29 milhões em 2025 (safra 23/24), um crescimento que não acompanha a evolução do volume de grãos produzidos. Considerando a expectativa de aumento de produção, o IMEA aponta que será necessário ampliar em 177,13% a capacidade de armazenagem até 2034, caso contrário, o déficit de armazenagem poderá ser 71,87% maior que o projetado para 2025, chegando a 77,51 milhões de toneladas.

    Para o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), Luiz Pedro Bier, este problema afeta não apenas a logística, mas também a segurança econômica e estratégica do Estado. Ele lembra que a concentração do escoamento nos primeiros meses do ano gera sobrecarga nas rodovias e nos portos, com aumento do custo do frete e perda de competitividade.

    “A grande maioria dos armazéns estão nas mãos de tradings e a gente precisa que esse armazém esteja na mão do produtor. Nós precisamos de linhas de financiamentos menos burocratizadas e com juros mais acessíveis. A questão da armazenagem de grãos é uma questão econômica muito importante, mas também é uma questão de soberania nacional ter o controle do próprio grão”, afirma.

    Desde 2021, a campanha Armazém para Todos tem orientado produtores de todo o estado, como Rosana Balbieri Leal, de Primavera do Leste, que estava enfrentando dificuldades para ampliar o armazém que tinha em sua fazenda. Ela conta que através do simulador disponibilizado pela entidade, conseguiu calcular a viabilidade, considerando o volume de produção, a distância da propriedade, média de frete e até descontos por umidade.

    “Começamos a mexer na plataforma e vimos que o armazém se pagava em dois ou três anos, devido à quantidade de frete e ao que perdia de desconto com umidade. Aumentamos o armazém para mais 160 mil sacas, totalizando 185 mil sacas. Depois de dois anos ele ficou pequeno, daí fizemos mais um silo de 100 mil sacas. Então, hoje, tem capacidade para quase 285 mil sacas de grãos, que é o suficiente para você fazer um giro legal e sair do momento crítico de preço de frete ou de questões de umidade. Você consegue colher, jogar no seu pulmão e voltar. E essa conta, hoje, em 2025, se fecha, pois ele está praticamente pago”, relata Rosana.

    A agricultora ressalta que ter uma estrutura de armazenagem é um grande diferencial. “Quando você tem um armazém, você é dono do seu produto e consegue fazer um planejamento melhor dessa comercialização. A que hora vou vender e a hora que eu não vou vender, essas decisões começam a ser suas, você sai do mercado de soja disponível e entra no mercado de soja que está tendo balcão”, acrescenta.

    O delegado do núcleo de Campos de Júlio, Ivo Frohlich Junior, também construiu estrutura própria e já conseguiu armazenar os grãos da safra 24/25 para garantir melhores contratos de comercialização. “A gente depositava a nossa soja na trading e no ano passado, a soja chegou em R$ 160 reais a saca na nossa região, sendo que nas tradings estavam pagando em torno de R$ 100 até R$ 110 reais, ou seja, tinha papel e não tinha grão, já hoje o que nós temos é a valorização do grão”, conta.

    Segundo o produtor, o armazém foi feito para atender a primeira safra e, portanto, continuará utilizando silo bolsa para armazenagem da segunda safra. “A soja a gente sabe que o custo desse armazenamento é um pouco elevado. Então, com isso, a gente fez a estrutura somente para a soja”, enfatiza.

    Diante da dificuldade de financiar armazéns próprios, muitos produtores avaliam a construção de armazém através de cooperativa ou em condomínio com outros produtores. “Temos muitos pequenos produtores que são os principais prejudicados e eu acredito que nós temos que unir esses pequenos produtores para eles montarem uma unidade. Nós já temos em nossa região um caso parecido, de cinco a seis produtores que se uniram e compraram uma unidade de beneficiamento, no caso, de armazenagem. Eles se uniram, produtores com 200, 300 hectares, e essa unidade já está rodando pelo segundo ano consecutivo”, afirma Junior.

    Por meio da Comissão de Política Agrícola, a Aprosoja Mato Grosso continuará em busca de políticas públicas e de campanhas orientativas que incentivem a construção de silos em propriedades de pequeno e médio porte, para ampliar a capacidade de armazenamento no estado. Armazéns próprios ou em condomínio, representam uma estratégia importante para os agricultores, pois permite a comercialização da produção em momentos oportunos. Além disso, oferecem maior segurança diante de adversidades climáticas durante a colheita, fortalecem a segurança alimentar e contribuem para a soberania nacional.

  • Logística agropecuária exige transporte multimodal e armazenagem

    Logística agropecuária exige transporte multimodal e armazenagem

    Avançar na multimodalidade e ampliar a capacidade de armazenagem foram duas das necessidades apontadas para a melhoria da logística agropecuária, em painel durante o Global Agrobusiness Festival (GAFFFF) , mediado pelo chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, em 28 de junho. O tema foi debatido com a coordenadora de logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) , Elisângela Lopes, pelo CEO da Hidrovias Brasil, Fábio Schettino, e pelo coordenador-geral do Grupo Esalq-Log , Thiago Guilherme Péra.

    Spadotti ressalta a importância de baixar os custos relacionados à logística, uma vez que os produtos agropecuários, por natureza, têm baixo valor agregado. “A participação do fator logístico é muito importante dentro do custo como um todo e da margem de lucro”, lembrou. Os gargalos logísticos são componentes de peso no chamado Custo Brasil, um entrave à competitividade. Estudo da Embrapa Territorial aponta que incrementos tecnológicos aumentariam a competitividade do agronegócio nacional em 16%; a melhoria das condições logísticas, em contrapartida, traria mais de 30% de ganho de competitividade. (Conheça o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira )

    Os painelistas demonstraram que ainda é grande a dependência das rodovias e apontaram a necessidade de mudar o quadro, para atender principalmente grandes trajetos com ferrovias e hidrovias. Essas últimas são particularmente importantes na região Norte do País e podem ser opção para ampliar a estrutura de transportes sem favorecer o desmatamento. Também foi apontada a necessidade de investimentos em armazenagem, inclusive com estruturas dentro das propriedades, o que é desconhecido no Brasil, ao contrário de outros países. Spadotti explicou que os armazéns funcionam como diz, dando vazão às cargas, em função da sazonalidade das colheitas.

    Realizado desde 2012, com especialistas do Brasil e de outros países para debater o agronegócio, o GAF quadruplicou o F da sigla e se transformou em GAFFF (Forum, Fair, Fun e Food). A Embrapa participou de outros painéis do fórum. A presidente Silvia Massruhá moderou as discussões sobre “Agricultura do futuro: tecnologia e dados para tomada de decisões”, enquanto o pesquisador Marcelo Morandi mediou o debate “Preservando e recuperando a qualidade do solo”. O analista Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, da Embrapa Arroz e Feijão, integrou o painel sobre “Combate à fome como alavanca do desenvolvimento socioeconômico”.

  • “Silo bolsa é opção para fugir de gargalo de armazenagem”, diz diretor da Aprosoja-MT

    “Silo bolsa é opção para fugir de gargalo de armazenagem”, diz diretor da Aprosoja-MT

    A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) esteve presente no Simpósio internacional de Silo Bolsa. O evento teve como objetivo principal buscar solucionar o déficit de armazenagem nas propriedades agrícolas. O Simpósio foi realizado em Sinop, começou na quarta-feira (03.07) e terminou ontem, sexta-feira (05.07).

    O diretor financeiro da Aprosoja-MT, Nathan Belusso, representou a entidade no evento. Diante dos custos mais elevados de armazéns e de silos, o diretor destaca que o silo bolsa pode ser uma saída aos agricultores.

    “Temos uma dificuldade muito grande de armazenagem e o silo bolsa vem como uma ferramenta de baixo custo, baixa manutenção e facilidade de utilização para o produtor ter mais uma opção para tentar escapar deste gargalo”, afirma.

    O vice-presidente Norte da Aprosoja-MT e presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson Redivo, também participou do evento e garantiu que os produtores não podem perder eventos como estes, já que trazem benefícios e mais conhecimento aos agricultores.

    Capacidade de armazenagem em MT

    Em Mato Grosso, o déficit de armazenagem é de aproximadamente 58,6%, já que o estado tem capacidade para armazenar apenas 50,6 milhões de toneladas de um total de 86,3 milhões de toneladas produzidas na safra 22/23 de soja e milho. Os dados da produção total são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

    Para a próxima safra (24/25), a tendência é de que o déficit de armazenagem aumente, já que a produção de soja em Mato Grosso pode aumentar. Conforme o Imea, os produtores mato-grossenses devem produzir aproximadamente 44 milhões de toneladas da oleaginosa, 5 milhões a mais que a safra 22/23. A estimativa da produção de milho ainda não foi divulgada.

  • Colheita em Mato Grosso: desafios na armazenagem persistem apesar de aumentos na capacidade estática

    Colheita em Mato Grosso: desafios na armazenagem persistem apesar de aumentos na capacidade estática

    Com a colheita a todo vapor em Mato Grosso, as atenções se voltam para os desafios de armazenagem no estado. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a capacidade estática para a safra 2023/2024 está em 49,94 milhões de toneladas, representando um aumento de 7,92% em relação à safra 2022/2023.

    No entanto, quando analisada a estimativa de produção, é esperado que Mato Grosso produza 84,90 milhões de toneladas de grãos no ciclo 2023/2024, o que representa uma redução de 12,68% em comparação à temporada passada. Com isso, o déficit de armazenagem está projetado em 34,96 milhões de toneladas, uma redução de 32,98% em relação ao ciclo anterior.

    Apesar da diminuição no déficit, Mato Grosso ainda enfrenta uma grande deficiência na capacidade de armazenagem. Mesmo com o avanço da comercialização da soja na temporada 2023/2024, observada no último mês de maio, as vendas de milho estão atrasadas em 7,22 pontos percentuais em comparação ao mesmo período do ciclo 2022/2023. Isso pode indicar um volume maior de milho estocado, aumentando a pressão sobre a capacidade de armazenamento.

    Investimentos em silos bags têm sido realizados nas últimas duas safras como uma solução temporária para armazenagem. No entanto, o cenário atual reforça as dificuldades que os produtores enfrentam com a armazenagem em Mato Grosso, evidenciando a necessidade contínua de melhorias e investimentos na infraestrutura de armazenamento para atender à demanda crescente e minimizar perdas na produção.

  • Mato Grosso: Pesquisador fala sobre preocupações e prejuízos em estocar milho a céu aberto

    Mato Grosso: Pesquisador fala sobre preocupações e prejuízos em estocar milho a céu aberto

    A armazenagem é de extrema importância para manter a qualidade do produto pós-colheita e não perder o rendimento adquirido na lavoura. Porém, segundo levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Mato Grosso possui um déficit na capacidade de guardar cerca de 50% da produção anual de soja e milho. Colher os grãos e deixar a céu aberto é um risco para o produtor. São danos que podem comprometer a segurança alimentar e econômica de uma região inteira. Então o que fazer com essa quantidade de grãos que, em tese, não teria onde ser guardada?

    O déficit de armazenamento de grãos é preocupante e está cada vez mais comum nesta época do ano, andar por municípios produtores e ver montanhas de milho estocadas a céu aberto. Isso porque, dados do Imea apontam que a produtividade no estado tem aumentado devido a transformação de áreas de pecuária em áreas agrícolas e devido a maiores investimentos em tecnologia de produção realizados pelos produtores. O que ocasiona o aumento principalmente na produtividade e assim impactando toda a cadeia de produção, entre elas o espaço estático de armazenagem

    Diretor de pesquisas da Fundação de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Rio Verde (Fundação Rio Verde), Fábio Pittelkow explica que a falta de locais adequados para armazenamento pode provocar prejuízos aos produtores, levando até a perda de carga. Ficar exposto a temperaturas elevadas, a possibilidade de chuvas e sem o controle de insetos acarreta a perda da qualidade dos grãos.

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    Falta de locais adequados para armazenamento pode provocar prejuízos aos produtores, diz Fábio Pittelkow. (Foto: Divulgação)

    “Entretanto, não se tem uma alternativa no momento que consiga suprir a demanda de estocagem em função do volume de grãos que chegam das lavouras. O ideal é o produtor delimitar o local para evitar escoamento dos grãos para todo pátio; acondicionar somente grãos com baixa umidade para fora do armazém; verificar temperatura para evitar fermentação do grão e se preparar para possibilidade de pancadas de chuvas esparsas e inesperadas”, orienta o pesquisador.

    Apesar de não haver um tempo específico para o grão ficar exposto à céu aberto, o ideal é não armazenar o grão direto sob a ação de intempéries climáticas. O pesquisador da Fundação Rio Verde explica que a possibilidade de chuvas repentinas pode trazer grandes riscos, entretanto, no cerrado em virtude da estiagem prolongada tem-se uma certa segurança quanto a isso.

    Uma das soluções seria armazenar em silo vedado. “O produtor pode acondicionar também em silo bolsa direto na lavoura, por um período de tempo menor até sua venda ou entrega no armazém, com controle de temperatura e umidade do grão para manutenção da qualidade do grão”, explicou Fábio Pittelkow.

    Segundo análise divulgada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso, (Aprosoja-MT), com a expectativa de avanço produtivo nos próximos anos, Mato Grosso precisaria ampliar a capacidade estática para 125 milhões de toneladas até 2030, ou seja, teria que apresentar uma taxa de crescimento anual da capacidade de armazenagem na ordem de 22,9% frente aos 3,7% observados nos últimos anos.

    Presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Marcelo Lupatini comenta que estes dados geram preocupação, pois se este percentual de aumento de capacidade estática de 3,7% ao ano se mantiver, em pouco anos não haverá mais espaço suficiente para o produtor entregar toda a sua produção.

    “Esse cenário poderá acarretar aumento acentuado nas taxas de armazenagens, devido a lei de oferta e procura. Neste sentido, devido a necessidade de investimento financeiro, recomendamos aos produtores rurais a se planejarem com projetos que atendam a sua necessidade de armazenagem, para que tendo oportunidade de crédito esteja preparado”, orientou.