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  • Brasil desenvolve cultivares de algodão com fibra longa e resistência a doenças

    Brasil desenvolve cultivares de algodão com fibra longa e resistência a doenças

    Duas novas cultivares de algodão com tecnologias genéticas avançadas acabam de ser disponibilizadas aos produtores brasileiros. Desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com a IST Brasil – Lyntera, as variedades BRS 700FL B3RF e BRS 800 B3RF prometem atender demandas distintas do mercado: uma com fibra de alta qualidade voltada ao segmento de roupas premium e outra com forte resistência a doenças que desafiam a sustentabilidade da cotonicultura no País.

    A primeira, BRS 700FL B3RF, é indicada para quem busca agregar valor com uma fibra longa a extralonga, de espessura fina e resistência elevada. Seu desempenho se aproxima do algodão importado dos tipos egípcio e pima, tradicionalmente utilizados para a produção de tecidos finos e de alto valor agregado. Já a BRS 800 B3RF tem foco em sanidade e produtividade, sendo indicada para regiões onde a presença de doenças como a ramulária e pragas como o nematoide de galhas comprometem a viabilidade do cultivo.

    Ambas as cultivares são transgênicas e possuem a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, que protege contra as principais lagartas do algodoeiro e permite o uso de herbicida glifosato. Segundo os pesquisadores responsáveis, essas características reduzem o número de aplicações de defensivos e os custos operacionais, além de contribuir para práticas mais sustentáveis.

    Fibra de excelência para mercados exigentes

    A cultivar BRS 700FL B3RF foi desenvolvida com foco na qualidade da fibra, alcançando comprimento médio de 33,5 milímetros e chegando a ultrapassar os 34 milímetros em mais da metade dos locais onde foi testada. O pesquisador Camilo Morello, coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro na Embrapa Algodão (PB), afirma que esse desempenho é inédito no País. “Essa cultivar visa suprir uma demanda por fibras de alta qualidade, com maior valor agregado, já que o Brasil importa fibras de classificação extralonga, de algodoeiros dos tipos egípcio ou pima. Com a BRS 700FL B3RF, chegamos a uma qualidade de fibra bastante próxima, porém em algodoeiro herbáceo (Upland), preservando produtividade e sanidade”, declara Morello.

    Além do comprimento, a fibra apresenta resistência de 32,8 gf/tex e micronaire de 3,7, o que garante boas condições para fiação e acabamento. A produtividade média da cultivar é de 4.524 quilos por hectare, com rendimento de fibra de 38%, porte alto e ciclo longo. Esses números representam um avanço em relação à primeira cultivar transgênica de fibra longa lançada pela Embrapa, a BRS 433FL B2RF, cuja fibra alcançava em torno de 32,5 milímetros.

    A BRS 700FL B3RF é recomendada para cultivos nos biomas Cerrado e Caatinga, com destaque para os estados da Bahia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Paraíba e Ceará.

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    Foto: Nelson Suassuna

    Redução de perdas e economia com defensivos

    A outra cultivar lançada, a BRS 800 B3RF, se destaca pela resistência a múltiplas doenças, incluindo a mancha de ramulária, a doença azul e a bacteriose (mancha angular). Além disso, apresenta resistência ao nematoide de galhas (Meloidogyne incognita), uma das pragas mais problemáticas do algodão, capaz de inviabilizar lavouras inteiras.

    De acordo com o pesquisador da Embrapa Nelson Suassuna, a ramulária é a doença que exige o maior número de aplicações de fungicidas no Brasil, até oito durante o ciclo em variedades suscetíveis.

    Ele conta que outro importante problema dos sistemas de produção com o algodoeiro é o nematoide de galhas, que causa drástica redução na produção das lavouras, muitas vezes inviabilizando a produção. “A nova cultivar oferece ao produtor uma forma de reduzir esses custos e ainda manter a produção em áreas afetadas, como no Mato Grosso e na Bahia, onde o nematoide está presente em cerca de 25% e 37% das áreas, respectivamente”, destaca Suassuna.

    Com ciclo precoce, a BRS 800 B3RF é ideal para a segunda safra – prática comum no Mato Grosso – e para cultivos tardios sob pivô, como ocorre na Bahia. A produtividade média alcança 5 mil quilos por hectare, com rendimento de fibra de 42% e comprimento de 29,5 milímetros.

    A cultivar é indicada para cultivos em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rondônia, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

    Tecnologia genética e adaptação regional

    Ambas as cultivares utilizam a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, da Bayer, amplamente adotada por oferecer proteção contra as principais lagartas do algodão, como a Heliothis e a Spodoptera. Essa tecnologia transgênica também confere tolerância ao herbicida glifosato, facilitando o manejo de plantas daninhas.

    Outro ponto forte é a adaptação regional das cultivares. A BRS 700FL B3RF, com ciclo mais longo e exigência alta de regulador de crescimento, é indicada para áreas de maior controle técnico e ambiental. Já a BRS 800 B3RF, de ciclo curto e menor exigência de manejo, se adapta bem às áreas de segunda safra, ampliando as opções para os produtores em diferentes estados e climas.

    Mercado de algodão em transformação

    A disponibilização dessas cultivares ocorre em um momento estratégico. O Brasil é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, mas ainda importa fibras especiais para atender indústrias têxteis voltadas ao segmento de luxo. Com a BRS 700FL B3RF, há a expectativa de que parte dessa demanda possa ser suprida internamente, agregando valor ao produto nacional e reduzindo a dependência de importações.

    Ao mesmo tempo, a BRS 800 B3RF representa um reforço importante para a sustentabilidade da cadeia produtiva, especialmente em regiões onde doenças e pragas vinham comprometendo a rentabilidade das lavouras. As novas cultivares estarão disponíveis aos produtores por meio da IST Brasil – Lyntera, empresa licenciada para a multiplicação e comercialização das sementes.

    Conheça os novos algodões

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    Foto: Camilo Morello

    A cultivar de algodão BRS 700FL B3RF *
    Ciclo: tardio

    Exigência regulador: alta

    Exigência em fertilidade: média-alta

    Aderência da fibra: média-forte

    Rendimento de fibra (%): 38

    Peso do capulho (g): 5,7

    Micronaire: 3,7

    Comprimento da fibra (UHML – mm): 33,5

    Resistência da fibra (gf/tex): 32,8

    Índice de fibras curtas (%): 5,1

    Produtividade média: 4.524 kg/ha

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    Foto: Camilo Morello

    A cultivar de algodão BRS 800 B3RF *:
    Ciclo: precoce

    Exigência regulador: média-baixa

    Exigência em fertilidade: média-alta

    Aderência da fibra: forte

    Rendimento de fibra (%): 42

    Peso do capulho (g): 5,5

    Micronaire: 4,7

    Comprimento da fibra (UHML – mm): 29,5

    Resistência da fibra (gf/tex): 29,0

    Produtividade média: 5.005 Kg/ha

  • Alta nos preços do algodão se intensifica com oferta limitada e forte demanda internacional

    Alta nos preços do algodão se intensifica com oferta limitada e forte demanda internacional

    Os preços do algodão em pluma continuam em trajetória de alta no Brasil, impulsionados por uma combinação de fatores que envolvem desde a firmeza dos vendedores até o bom desempenho das exportações. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revelam que o mercado nacional da fibra encerrou abril com valorização de 4,04% no Indicador CEPEA/ESALQ (pagamento em 8 dias), alcançando o terceiro mês consecutivo de aumento nos preços.

    A elevação observada é a mais significativa desde fevereiro deste ano, quando a pluma registrou alta de 9,46%. Segundo os pesquisadores do Cepea, o cenário atual é sustentado pela postura firme dos vendedores, que não têm demonstrado pressa em negociar seus estoques, pela oferta limitada da temporada 2023/24 e pelo ritmo acelerado de escoamento da produção para o mercado externo.

    Com isso, os preços internos do algodão vêm operando acima da paridade de exportação — condição que costuma sinalizar maior atratividade para vendas no mercado interno. Essa diferença entre os valores praticados no Brasil e no exterior tem se ampliado nos primeiros dias de maio, refletindo uma conjuntura de demanda aquecida e disponibilidade ajustada da fibra.

    A expectativa do setor é que, enquanto persistirem essas condições, o mercado continue pressionado para cima, especialmente diante da relevância das exportações brasileiras de algodão e do papel do Brasil como um dos principais fornecedores globais da commodity.

  • Clima favorável impulsiona desenvolvimento do algodão em Mato Grosso, mas maio inspira atenção

    Clima favorável impulsiona desenvolvimento do algodão em Mato Grosso, mas maio inspira atenção

    A safra 2024/25 de algodão em Mato Grosso apresenta um desenvolvimento promissor, impulsionado por condições climáticas favoráveis desde o início do plantio. Segundo a projeção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 51,14% das lavouras já atingiram a fase de pendoamento, enquanto 9,46% estão em florescimento. Analistas do Imea destacam a contribuição positiva do clima para a cultura no estado.

    As chuvas registradas ao longo de abril foram especialmente benéficas para as áreas de segunda safra, que tiveram um plantio mais tardio. Um percentual significativo de 46,52% dessas áreas ficou fora da janela considerada ideal para o cultivo, que se encerrou em 31 de janeiro.

    No entanto, a atenção dos produtores e do Imea se volta agora para o mês de maio. A previsão é de que volumes elevados de chuva possam ocorrer no estado. Caso se confirmem durante a atual fase fenológica do algodão, a alta umidade pode impactar negativamente o manejo das lavouras e comprometer a qualidade dos capulhos, principalmente nas áreas de primeira safra, que foram semeadas mais cedo.

    Dados do NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) indicam uma probabilidade de chuvas acima da média histórica até o dia 7 de maio em parte das regiões norte, nordeste e médio-norte de Mato Grosso. A persistência desse cenário pode gerar impactos no rendimento final da safra.

    Área Cultivada e Projeção de Produção

    Com o encerramento da semeadura da safra 2024/25 em fevereiro, o Imea pôde refinar a estimativa da área cultivada em Mato Grosso. A projeção atual aponta para 1,51 milhão de hectares dedicados ao algodão na temporada, representando uma leve redução de 1,18% em comparação com a estimativa de março. Essa diminuição é atribuída principalmente ao atraso no plantio e, consequentemente, na colheita da soja, o que encurtou a janela ideal para o plantio do algodão.

    A produção de algodão em caroço está projetada em 6,42 milhões de toneladas, e a produção de pluma em 2,67 milhões de toneladas. Ambas as estimativas representam um recuo de pouco mais de 1,20% em relação à projeção de março.

    Apesar da revisão para baixo nas estimativas de área e produção em relação ao mês anterior, o Imea ressalta que a área cultivada nesta safra ainda é 2,97% superior à registrada no ciclo 2023/24. Em relação à produtividade, o instituto mantém a média dos últimos anos, considerando o estágio inicial de desenvolvimento da cultura. Com isso, a produtividade média estimada é de 284,26 arrobas por hectare, um índice 2,56% inferior ao alcançado na safra passada.

  • Brasil lidera exportações globais de algodão em pluma com participação histórica

    Brasil lidera exportações globais de algodão em pluma com participação histórica

    O Brasil atingiu um marco inédito nas exportações de algodão em pluma e já responde por 30,5% dos embarques mundiais, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) analisados pelo Cepea. Esta é a maior participação da história para o país e, desde meados de 2024, supera a dos Estados Unidos, que hoje detêm 25,8% do mercado global — posição que lideravam até então.

    De acordo com os pesquisadores do Cepea, o protagonismo brasileiro é resultado direto da oferta recorde de algodão em pluma, cuja produção nacional representa 14% do volume total da safra mundial 2024/25. Esses números, atualizados neste mês pelo USDA, confirmam o peso crescente do Brasil no cenário internacional do algodão.

    No período de agosto de 2024 a abril de 2025, o Brasil já exportou 2,35 milhões de toneladas, volume que representa apenas 12% a menos do que o total exportado ao longo de toda a safra anterior. As informações, baseadas nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e compiladas pelo Cepea, mostram o ritmo acelerado das vendas externas e reforçam a força do algodão brasileiro nos mercados internacionais.

  • Multinacional chinesa planeja instalação de fábrica em Mato Grosso; Investimento passa de R$ 400 milhões

    Multinacional chinesa planeja instalação de fábrica em Mato Grosso; Investimento passa de R$ 400 milhões

    O Haid Group planeja investir mais de US$ 80 milhões na instalação de uma unidade de processamento de caroço de algodão em Mato Grosso. O projeto da gigante global da produção de ração animal poderá gerar cerca de 150 empregos diretos no estado.

    Nesta segunda-feira (28), representantes da multinacional chinesa foram recebidos no Palácio Paiaguás pelo governador e por membros da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico. Durante a reunião, foram detalhados os próximos passos do projeto, que já se encontra em fase avançada.

    Esta é a terceira visita da comitiva do Haid Group a Mato Grosso. Em fevereiro, executivos da empresa percorreram várias cidades do interior em busca de áreas estratégicas para a instalação da fábrica. No momento, duas localidades estão sendo consideradas.

    O diretor da Haid Group destacou a hospitalidade do povo mato-grossense e a alta qualidade da produção de caroço de algodão como fatores decisivos para a escolha do estado. Segundo ele, o ambiente de negócios favorável também pesou na decisão de investir na região.

    A escolha final sobre o município será anunciada em maio, e a expectativa é que a operação da unidade comece em até 20 meses após o início das obras.

    O governo estadual celebrou o avanço das negociações, ressaltando que atrair grandes investidores é fundamental para impulsionar o agronegócio e a indústria local. De acordo com o governador, a nova unidade fortalecerá ainda mais a cadeia produtiva de proteínas animais e vegetais.

    Além da produção expressiva de algodão, Mato Grosso também lidera o crescimento nacional na produção de suínos, aves, bovinos e peixes, o que reforça sua posição estratégica para novos investimentos industriais.

    A agenda do Haid Group em Mato Grosso continua nesta terça-feira (29), com reuniões com a Energisa, para tratar do fornecimento de energia elétrica, e com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), onde discutirão os procedimentos de licenciamento ambiental para a futura fábrica.

  • Preço do caroço de algodão segue em alta em Mato Grosso por causa da entressafra

    Preço do caroço de algodão segue em alta em Mato Grosso por causa da entressafra

    O preço do caroço de algodão disponível continua em trajetória de alta em Mato Grosso, impulsionado pela baixa oferta do coproduto no mercado estadual. Na última semana, o indicador registrou aumento de 2,15%, alcançando a média de R$ 1.434,40 por tonelada, conforme dados do setor.

    Esse movimento de valorização está diretamente ligado à entressafra e à elevada taxa de comercialização da safra anterior, que já ultrapassou 95% no estado. Com poucas sobras de produto no mercado e sem novo volume disponível a curto prazo, o cenário favorece a sustentação dos preços em patamares elevados.

    O caroço de algodão é um coproduto essencial para formulações de ração e, por isso, sua escassez tende a impactar outras cadeias produtivas, como a pecuária. A expectativa dos agentes de mercado é de que essa firmeza nos preços permaneça até a chegada da próxima colheita, caso não haja alterações significativas na oferta ou demanda.

  • Cotação do algodão atinge R$ 4,24 com cenário internacional instável: veja o que esperar

    Cotação do algodão atinge R$ 4,24 com cenário internacional instável: veja o que esperar

    O mercado do algodão no Brasil está vivendo dias de montanha-russa. O preço da pluma atingiu R$ 4,24 — o maior patamar em um ano, de acordo com o indicador da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM). Uma marca que, embora traga alívio para alguns produtores, também carrega no seu bojo uma forte dose de incerteza.

    Oscilação nas cotações: o que está acontecendo?

    Durante o mês de abril, o algodão operou em um intervalo de variação relativamente estreito, de 2%, com preços oscilando entre R$ 4,16 e R$ 4,24, segundo o Sinap (Sistema de Informações de Negócios com Algodão em Pluma). Desde janeiro, a valorização acumulada já chega a 4%.

    Vale lembrar que o indicador da BBM leva em consideração a média dos preços informados pelas corretoras associadas, sempre tomando como base o algodão tipo 41-4, posto em São Paulo.

    Por que o algodão brasileiro está tão sensível?

    Segundo a corretora Laferlins, o preço do algodão nacional está cada vez mais atrelado ao mercado internacional. Fatores como a taxa de câmbio e as cotações futuras nos Estados Unidos acabam puxando o valor pago no Brasil. Não é exagero dizer que o nosso algodão dança conforme a música tocada lá fora.

    Fechamento: 24/04/2025 em Mato Grosso

    Praça Preço Compra (R$/@) Variação (%)
    Alto Garças 137,03 +0,89
    Campo Novo do Parecis 136,80 +0,90
    Campo Verde 137,28 +0,89
    Diamantino 137,39 +0,89
    Itiquira 135,76 +0,90
    Nova Mutum 136,53 +0,90
    Rondonópolis 136,29 +0,90
    Sorriso 135,98 +0,89

    Abastecimento doméstico: um mercado globalizado

    Hoje, estima-se que mais da metade do abastecimento interno seja realizado por tradings internacionais. Isso gera uma comparação direta entre os preços praticados no Brasil e os de exportação, pressionando ainda mais o mercado interno.

    Oferta restrita e qualidade: dois ingredientes que pesam

    Outro ponto crucial: a oferta de algodão de boa qualidade está cada vez mais escassa. Grande parte da produção brasileira já foi exportada ou está comprometida para embarque. Isso faz com que quem detém estoques premium possa cobrar preços mais altos, enquanto compradores menos favorecidos correm atrás do que restou no mercado.

    “Neste cenário, os detentores dessas qualidades oferecem o algodão a preços mais elevados e os que precisam comprar, precisam buscar onde comprar”, relatam operadores de mercado.

    Guerra comercial: impacto direto no mercado

    As tensões comerciais entre Estados Unidos e China, reacendidas pelas novas tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump, também mexem no tabuleiro. A expectativa é que a China importe menos algodão dos EUA, o que poderia abrir espaço para o algodão brasileiro no mercado asiático.

    Mas calma lá: o impacto imediato deve ser pequeno. Isso porque a China, na safra 2024/25, está aumentando sua própria produção de algodão, que deve alcançar 27,1 milhões de fardos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

    Produção nacional em alta: boas e más notícias

    Se por um lado o mercado internacional impõe desafios, por outro a produção brasileira caminha para um recorde histórico. Segundo a última estimativa da Conab, a safra 2024/25 de pluma deve ser 5,1% maior do que a anterior, totalizando impressionantes 3,89 milhões de toneladas.

    Essa alta é boa para os produtores, mas também exige cuidado: uma oferta interna muito elevada, sem escoamento adequado para o exterior, pode pressionar os preços para baixo no futuro.

    Expectativas para os próximos meses: volatilidade à vista

    De acordo com a Laferlins, o curto prazo promete ser de forte volatilidade, influenciado pelas oscilações da guerra comercial e pela dança dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional.

    No médio prazo, porém, a corretora aposta em uma recuperação gradual dos preços internacionais, impulsionada pela concorrência de área plantada com grãos como soja e milho, que podem “roubar” espaço do algodão em várias regiões produtoras.

    Resumo da ópera:

    • Preços atuais: Em alta, mas instáveis;
    • Oferta interna: Boa, mas com risco de sobrecarga se exportações não forem rápidas;
    • Mercado internacional: Volátil, com impacto direto da guerra comercial EUA-China;
    • Expectativa para o médio prazo: Tendência de recuperação, mas com muitas variáveis em jogo

    No mundo do algodão, o vento que sopra no Texas também balança as plantações no Mato Grosso. O cenário internacional continua sendo o principal termômetro para os preços internos, e a tensão comercial entre gigantes como EUA e China adiciona uma boa dose de adrenalina aos negócios.

    Para produtores e comerciantes, o recado é claro: olhos atentos no câmbio, nos embarques e, claro, nas próximas jogadas da guerra tarifária. Quem souber surfar nessa onda de incertezas pode sair no lucro — mas é preciso agilidade, estratégia e, acima de tudo, informação na ponta da língua.

  • Exportações e recuo vendedor sustentam preços do algodão

    Exportações e recuo vendedor sustentam preços do algodão

    Os preços internos do algodão em pluma seguem registrando pequenos avanços diários, apontam levantamentos do Cepea. Segundo o Centro de Pesquisas, além do bom ritmo das exportações, o que ajuda a reduzir o excedente interno, as valorizações externas da pluma contribuem para sustentar as cotações domésticas, à medida que afastam vendedores do spot e/ou deixam esses agentes mais firmes nos preços pedidos por novos lotes. Outros vendedores, ainda, estão focados no cumprimento de contratos a termo.

    Nesse cenário, agentes de indústrias se abastecem com a matéria-prima já estocada e/ou contratada, conforme explicam pesquisadores do Cepea. Ainda de acordo com levantamentos do Centro de Pesquisas, os valores no Brasil seguem oscilando em uma faixa estreita.

    Desde maio de 2023, as médias mensais operam entre R$ 3,81/lp e R$ 4,24/lp. Neste mês de abril, a média está em R$ 4,2414/lp, sendo a maior, em termos nominais, desde abril/23 (R$ 4,3115/lp), e, em termos reais (atualizada pelo IGP-DI de mar/25), desde julho/24 (R$ 4,3021/lp).

  • Indicador do algodão atinge maior patamar nominal desde março de 2024

    Indicador do algodão atinge maior patamar nominal desde março de 2024

    O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, abriu esta semana à média de R$ 4,2785/lp, o maior valor nominal desde 4 de março de 2024 (de R$ 4,3326/lp). Na parcial deste mês (até o dia 14), o Indicador acumula alta de 1,47%.

    Segundo pesquisadores do Cepea, boa parte dos produtores já liquidou os estoques da safra 2023/24, e os vendedores que ainda detêm algum volume estão firmes nos valores pedidos. Assim, compradores com necessidade imediata e/ou que precisam de uma qualidade superior acabam pagando preços maiores para novas aquisições. Além disso, a elevação na paridade de exportação reforça o suporte sobre as cotações internas.

    De modo geral, nesta entressafra, a dificuldade de acordo entre os agentes – ora quanto ao preço ora quanto à qualidade dos lotes – continua limitando as negociações, ainda conforme o Centro de Pesquisas.

    Quanto à produção nacional de pluma da safra 2024/25, em relatório divulgado no dia 10, a Conab apontou novos reajustes positivos, de 1,8% frente aos dados de março/25 e de 5,1% em comparação à temporada 2023/24, podendo chegar a 3,89 milhões de toneladas, se consolidando como um recorde.

  • Embrapa consulta cadeia produtiva sobre demandas de pesquisa para algodão, amendoim, gergelim, mamona e sisal

    Embrapa consulta cadeia produtiva sobre demandas de pesquisa para algodão, amendoim, gergelim, mamona e sisal

    De 8 a 18 de abril, a Embrapa Algodão está realizando uma pesquisa de opinião com os diferentes elos das cadeias produtivas das culturas do algodão, amendoim, gergelim, mamona e sisal. O objetivo é mapear e definir quais serão as prioridades de pesquisa da Unidade para os próximos anos.

    “Periodicamente a Embrapa avalia o direcionamento de suas ações por meio do Plano Diretor, e a partir deste plano, cada unidade descentralizada reavalia sua agenda estratégica com base no movimento das cadeias produtivas, infraestrutura para pesquisa e consultas públicas a diferentes elos da agricultura nacional”, explicou Daniel Ferreira, chefe-geral interino da Embrapa Algodão .

    Para identificar desafios e oportunidades em relação as cadeias produtivas pesquisadas pela unidade, serão ouvidos produtores, consultores, técnicos de extensão rural e representantes de empresas parceiras, universidades e indústrias.

    Essas informações ajudarão a orientar novas pesquisas, bem como, ações de divulgação e transferência de tecnologia, que possam contribuir para melhorar a produção de algodão, amendoim, gergelim, mamona e sisal em todo o país.