Tag: agronegócio

  • Mato Grosso: Desafios e oportunidades no agronegócio brasileiro

    Mato Grosso: Desafios e oportunidades no agronegócio brasileiro

    Mato Grosso, o celeiro do Brasil, viu sua produção agrícola crescer em 2023, mas enfrentou desafios com a queda nos preços das commodities. Apesar do estado ter registrado um aumento significativo na produção de grãos, o valor total da produção agrícola nacional sofreu uma retração.

    A combinação de uma oferta abundante e a valorização do real frente ao dólar pressionou os preços pagos aos produtores, impactando diretamente a renda do setor.

    Mesmo assim, municípios mato-grossenses como Sorriso, Sapezal, Diamantino, Nova Ubiratã, Campo Novo do Parecis e Nova Mutum se destacaram no ranking nacional, demonstrando a força do agronegócio no estado.

    Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam a complexidade do setor. Segundo Winicius Wagner, supervisor da pesquisa, o excesso de oferta de produtos, a correção dos preços das commodities no mercado internacional e o fortalecimento do real frente ao dólar pressionaram os valores pagos aos produtores, impactando diretamente o valor total da produção.

  • Impacto do agronegócio no mercado de trabalho: mais de 21,2 mil novos empregos em agosto

    Impacto do agronegócio no mercado de trabalho: mais de 21,2 mil novos empregos em agosto

    Responsável por quase 23% do Produto Interno Bruto (PIB), o agronegócio brasileiro enfrenta desafios climáticos mais intensos, perdas de safra mais recorrentes e crise financeira. Ainda assim, segundo informativo da Confederação Nacional de Municípios (CNM), o mercado de trabalho do setor fechou com saldo positivo, no oitavo mês do ano. Foram 230.256 admissões, 209.054 desligamentos e saldo positivo de 21.202 postos de trabalho.

    De todo mercado de trabalho do Brasil, 9,3% dos empregos são vinculados ao agronegócio, contabilizando 21,2 mil vagas, enquanto as demais atividades formalizaram 228,9 empregos. O resultado foi inferior aos dois últimos anos, quando somou 24,9 mil e 32,7 mil empregos, nos meses de agosto de 2023 e de 2022. Os segmentos – agropecuária, agroindústria, agroserviços e insumos – criaram 230 mil admissões, 46% das 106,3 mil vagas abertas. Metade disso foi na agroindústria.

    Quase nove de cada dez vagas foram criadas nos Municípios de pequeno e médio porte. Ao todo, 4.672 Municípios movimentam o agronegócio nacional, e 2.264 tiveram expansão nas atividades e 2.073 redução, com maior impacto nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Na contramão, a cadeia do açúcar no Nordeste criou 21,2 mil novos empregos, sendo 8,8 mil, em Pernambuco; 5,8 mil, na Paraíba; 4,6 mil, em Alagoas; e 3,1 mil no Rio Grande do Norte. Também criou 5,5 mil novos empregos ligados ao cultivo de melão, manga, uva e serviços de preparação de terreno, cultivo e colheita.

    O Norte do Brasil também teve bom resultado: com aumento de 306 vagas relacionadas ao abate de bovino; 233 na serraria, com desdobramento de madeira em bruto; e 215 no cultivo de cana-de-açúcar.

    Panorama

    O cultivo de café, o processamento industrial do fumo e as atividades de apoio à agricultura não especificadas registaram baixa, em agosto, pelo segundo mês consecutivo, impacto negativo registado por 1.788 Municípios. Nos oito primeiros meses de 2024, a produção de sementes certificadas, o cultivo de dendê e a criação de bovinos para corte demitiram quase sete mil pessoas, em mais de 3,8 mil Municípios. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás, juntos, perderam oito mil postos de trabalho no setor.

    De modo geral, a fabricação do açúcar bruto foi responsável pelo aumento de 10,7 mil vagas, em 184 Municípios, mostram os dados da CNM, seguido do cultivo de cana-de-açúcar e da e fabricação de álcool, respectivamente, em 523 e 164 Municípios. Só a fabricação de álcool promoveu 16 mil novos empregos, em 187 localidades. O abate de bovinos e cultivo de café registraram crescimento de 10 mil e 8,4 mil postos de trabalho em 631 e 640 Municípios.

    Mesmo com resultados negativos em agosto, São Paulo, Minas Gerais e Goiás foram os Estados com mais registros de empregos ao longo de 2024, com destaque para a produção de soja, café e laranja. Os Municípios de Alagoas, Pernambuco e Sergipe perderam mais vagas de trabalho no agronegócio ao longo do ano, apesar do resultado positivo do mês de agosto.

  • Ferrovias podem reduzir custos de transporte do agro, diz CNA

    Ferrovias podem reduzir custos de transporte do agro, diz CNA

    A CNA destacou a importância das ferrovias para o setor agropecuário em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, na quinta (10), que reuniu instituições públicas e privadas para discutir as concessões e a ampliação das ferrovias brasileiras.

    A assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da confederação, Elisangela Pereira Lopes, explicou que o transporte ferroviário é mais sustentável e tem um custo menor em relação ao rodoviário, mas ainda é pouco utilizado.

    “Na balança comercial temos uma importância relevante. No entanto, utilizamos predominantemente o transporte rodoviário, que tem o maior custo e traz maiores externalidades negativas para toda a população brasileira. Não dá mais para transportar mais 60% da nossa carga em rodovia tendo potencial para utilizar outros modos como o ferroviário.”

    Elisangela afirmou que o Brasil está dividido em dois, onde a produção já se consolidou, nas regiões sul e sudeste, e onde a densidade de linhas férreas é maior, e as novas fronteiras agrícolas, onde a densidade das ferrovias é quase inexistente, com alguns exemplos das ferrovias Norte e Sul, Carajás, Fiol (em andamento) e Transnordestina.

    Segundo ela, a safra brasileira tem crescido 12 milhões de toneladas por ano, desde 2009, sendo que nas regiões de novas fronteiras como Matopiba, Mato Grosso, Rondônia, Pará a produção tem crescido 10 milhões de toneladas/ano.

    Elisangela abordou ainda a questão dos custos para implantação de novas linhas férreas no país, em torno de 20 milhões de reais por quilômetro, e citou números da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre as ferrovias existentes atualmente, que totalizam 30 mil quilômetros com apenas 15 mil em funcionamento real.

    A técnica argumenta que há carga suficiente para construir ferrovias, aumentar a capacidade, disponibilidade e a oferta de ferrovias no Brasil.

    “E isso fica muito claro quando a gente observa os últimos números da Infra S.A sobre a movimentação do agro nas ferrovias. Isso causa um pouco de espanto porque somente 18,5% de tudo que foi movimentado nas nossas linhas férreas no ano passado correspondeu a produtos agrícolas, sendo 72% de minério e 9,4% de outros produtos como a siderurgia, por exemplo. Ao se analisar o histórico observa-se que houve um crescimento, porque em 2010 o agro representava 11% de tudo que foi movimentado e nós passos a 18,5%. Percentualmente, parece uma evolução, mas será que é mesmo?”

    A assessora técnica disse que quando se faz a análise por tonelagem, é possível ver melhor a situação da movimentação de carga do agro por ferrovia.

    “A produção de soja e milho em 2023 foi pouco mais de 280 milhões de toneladas, sendo que desses, 200 milhões correspondem às novas fronteiras agrícolas, ou seja, 70% da produção do Brasil hoje está nessas novas fronteiras.”

    Movimentação nas ferrovias

    Segundo Elisangela, em 2010 mais ou menos 20 milhões de toneladas passaram pelas ferrovias do país, correspondendo a 20% da produção de grãos. Em 2023, os mesmos 20% permanecem, porque, ela explica, a produção aumentou significativamente e a oferta ferroviária, embora tenha crescido, continua estagnada.

    “Então, isso traz uma preocupação para o setor. Até quando ficaremos cativos do modo rodoviário, percorrendo de 1,5 mil a 2 mil km para chegar com a carga em um supermercado ou porto? Existem projetos em andamento e vemos uma tendência de crescimento nos investimentos, mas eles têm que alcançar a velocidade da produção e não ficar atrás.”

    A especialista ressaltou que a CNA defende a construção da Ferrogrão porque irá reduzir os custos do setor com transporte de carga. A linha de 933 quilômetros ligará a região de Sinop (MT) e Miritituba (PA).

    “O cálculo é em torno de 30% de redução com os custos de transporte com a Ferrogrão e existe carga para isso. Além disso, a Ferrogrão tem uma série de benefícios sustentáveis, como a redução das emissões de CO2.”

    Elisangela encerrou pedindo aos parlamentares apoio do Senado em prol de maior celeridade na tramitação do processo sobre a Ferrogrão, que está em andamento no Supremo Tribunal Federal.

    “Quando a gente vê a previsão do IMEA de que a produção de grãos chegará a 149 milhões de toneladas até 2034, a gente vê que tem carga para movimentar na Ferrogrão. O estudo está pronto, mas fica aí a indefinição se teremos leilão no ano que vem mesmo ou não. A ANTT se manifestou dizendo que o leilão pode acontecer até 2025, então pedimos o apoio para que se consiga um horizonte mais claro do que de fato vai acontecer com a Ferrogrão.”

  • 5º Encontro de Mulheres do Agro fortalece a presença feminina no setor em Lucas do Rio Verde

    5º Encontro de Mulheres do Agro fortalece a presença feminina no setor em Lucas do Rio Verde

    Na noite desta quinta-feira (10), o 5º Encontro de Mulheres do Agro reuniu profissionais do agronegócio em Lucas do Rio Verde, em um evento focado em capacitação e networking para fortalecer a presença feminina no setor. Promovido pelo Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde e pelo Comitê Mulher do Sindicato – Agro Detalhes, o encontro contou com a presença do superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Marcelo Lupatini, e da presidente da Comissão Famato Mulher, Luciana Tomain.

    Lupatini parabenizou a iniciativa e ressaltou que a instituição investe na qualificação da mão de obra no campo, considerando as mulheres parceiras na missão de promover o desenvolvimento técnico e pessoal no campo.

    “Como ex-presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, eu me sinto orgulhoso e honrado em ver a evolução de vocês. E é com grande satisfação que destaco que, após minha saída para assumir o desafio de superintendente do Senar-MT, o Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde ficou em excelentes mãos. A atual presidente representa essa força feminina que impulsiona o setor. Seu trabalho à frente do Sindicato reforça a competência, a liderança e a visão estratégica que as mulheres trazem para o campo”, disse Lupatini.

    A presidente da Comissão Famato Mulher, Luciana Tomain, ressaltou que o evento fortalece as mulheres e mostra a importância da união e a diferença que elas fazem no setor. “Neste dia 15, comemoramos o Dia Internacional da Mulher Rural e, no Brasil, somos mais de um milhão de mulheres trabalhando no Agro e fortalecendo esse setor que impulsiona o nosso país. Então, devemos celebrar esses encontros que têm acontecido ao longo deste mês”, disse Luciana Tomain.

    Segundo a presidente Denise Hasse, o evento é uma oportunidade de fomentar a troca de experiências entre as participantes, promovendo um momento único de união feminina.

    “Estamos no quinto ano realizando esse encontro, e a cada ano ele se torna mais profissional. Assim, quando chega o mês de outubro, as mulheres que já vêm se capacitando por meio do Sindicato Rural e das plataformas do Senar já esperam esse momento de estar conosco. O Sindicato visa se aproximar das famílias, e isso as mulheres fazem muito bem, trazendo a família e os colaboradores para se capacitarem”, relata Denise.

    A programação contou com palestras de Marina Piccini, sobre as “8 Peculiaridades do Agronegócio”, e de Cíntia Chagas, com a palestra “Oratória da Elegância”.

  • Exportações do agronegócio paulista crescem 9,2% e tiram Mato Grosso do topo do ranking nacional

    Exportações do agronegócio paulista crescem 9,2% e tiram Mato Grosso do topo do ranking nacional

    As exportações do agronegócio de São Paulo registraram um crescimento de 9,2% de janeiro a setembro de 2024, alcançando 22,69 bilhões de dólares, segundo a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado. Com esse resultado, São Paulo se tornou o maior exportador do Brasil, representando 18% do total nacional, superando Mato Grosso, que ficou com 17,3%.

    O desempenho paulista foi impulsionado por produtos como açúcar e suco de laranja, setores em que o Estado é líder global. O complexo sucroalcooleiro, por exemplo, gerou 9,15 bilhões de dólares, com o açúcar representando 93% dessa receita. O setor apresentou alta de 23% em valores e 30,5% em volume exportado.

    Outros produtos que impulsionaram as exportações foram o café verde (+121,6%), carne bovina (+39,0%) e suco de laranja (+27,5%). Ao todo, cinco grupos — açúcar, carnes, produtos florestais, soja e sucos — representaram 79,7% das exportações do agronegócio paulista.

    O saldo da balança comercial do agronegócio paulista chegou a um superávit de 18,45 bilhões de dólares, um aumento de 8,9% em relação ao mesmo período de 2023.

  • Novos projetos de fomento de NPK no Brasil miram reduzir a dependência internacional

    Novos projetos de fomento de NPK no Brasil miram reduzir a dependência internacional

    Líder global na exportação de alimentos, o Brasil depende de um insumo central para a produção: os fertilizantes, que em sua maior parte vêm de fora. Mesmo possuindo grandes reservas de matérias-primas para a fabricação desses produtos, o país importa mais de 85% de sua demanda de NPK (sigla dos elementos nitrogênio, fósforo e potássio, principais macronutrientes empregados na agricultura), chegando a 96% quando se trata de fertilizantes potássicos.

    Em 2023, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) , o país importou 39,4 milhões de toneladas de fertilizantes, contra uma produção interna de 6,7 milhões de toneladas. Esses dados reforçam a posição brasileira no cenário internacional de quarto maior consumidor de fertilizantes, mas maior importador mundial destes insumos. China, Estados Unidos e Índia consomem mais do que o Brasil, mas conseguem atender parte da sua demanda com a produção interna. “Vale lembrar que estes países se prepararam por muitos anos, realizando altos investimentos em indústrias para exportar produtos com alto valor agregado”, lembra o técnico Bruno Vizioli, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP.

    Os riscos desta dependência externa ficaram mais acentuados a partir de 2021, quando sanções internacionais contra a Bielorrússia (um dos principais fornecedores de potássio do planeta) paralisaram as exportações daquele país. Na sequência, com a invasão da Ucrânia pela Rússia (outro grande fornecedor global de fertilizantes), a situação se agravou, com a escalada dos preços frente à perspectiva de escassez do produto no cenário internacional. Apesar de a dependência brasileira não ser novidade, esses eventos serviram como um catalizador, acelerando processos institucionais que buscam fortalecer e ampliar a produção nacional de fertilizantes.

    NPK

    NPK

    Atualmente, o potássio é o principal nutriente aplicado no Brasil, com participação de 38%, seguido pelo fósforo (33%) e nitrogênio (29%). A soja, carro chefe da safra brasileira, é altamente demandante do potássio importado. No caso do nitrogênio, os produtores brasileiros suprem esta necessidade por meio do uso de inoculantes, que possibilitam que as plantas absorvam esse nutriente diretamente do ar.

    Apesar de ser o segundo maior consumidor mundial de potássio, terceiro de fósforo e quarto de fertilizantes nitrogenados, o Brasil conta com vantagens comerciais no processo de importação. A primeira diz respeito à época de compras, que difere da dos principais consumidores desses produtos. Enquanto China, Índia e Estados Unidos concentram seus negócios entre dezembro e abril, as importações brasileiras ocorrem entre junho e julho.

    Outro fator que pesa a favor dos produtores brasileiros é o tamanho da agricultura. “Quando a gente importa, somos competitivos. O preço brasileiro é um dos mais baratos do mundo, porque somos grandes e todo mundo quer vender para a gente”, aponta Marcelo Mello, diretor da mesa de fertilizantes da consultoria Stone X. O especialista lembra que o NPK se comporta como uma commodity no mercado internacional. “Quem manda no preço é o mercado externo. Vamos supor que o Brasil se torne um grande produtor de fertilizantes, mesmo assim não venderia por um preço abaixo do que está colocado lá fora”, aponta. Sob esse aspecto, a autonomia na produção brasileira de NPK teria caráter meramente estratégico, uma vez que o impacto econômico na ponta da produção rural seria mínimo.

    A facilidade da importação e a disponibilidade no mercado internacional podem ter colocado o setor nacional de produção de fertilizantes em estado de hibernação. Nos últimos dez anos, o Brasil chegou a reduzir a produção de NPK, passando de 9,3 milhões de toneladas em 2013 para 6,7 milhões de toneladas em 2023. Nesse intervalo de tempo houve paralização de unidades produtoras de nitrogenados e de fosfatados, e a produção interna de potássio estagnou. “A gente importa tanto que não somos competitivos em produzir”, resume Mello, da Stone X.

    Potássio

    A produção mundial de potássio é bastante concentrada. O Canadá detém 30% do mercado mundial. Juntos, Canadá, Rússia, Bielorrússia, Israel e Alemanha respondem por 92% do cloreto de potássio (KCl) comercializado no planeta.
    Em 2023, o Brasil importou 13,4 milhões de toneladas de fertilizantes potássicos (cloreto e sulfeto de potássio), enquanto a produção nacional ficou em 363 mil toneladas, vindas da única mina em atividade no país, localizada no município de Rosário do Catete, em Sergipe. Atualmente, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM) , existem 52 processos em fase de requerimento de lavra para potássio no país.

    O setor aguarda com expectativa a produção da empresa Potássio do Brasil em Autazes, no Amazonas, que já conta com as liberações e licenciamentos para a construção do empreendimento. A operação deve ter início dentro de quatro anos, após a construção da mina subterrânea e da planta de beneficiamento. A fase de operação tem previsão de 23 anos.

    “O projeto tem capacidade estimada em 2,2 milhões de toneladas de cloreto de potássio por ano. Atualmente, o Brasil é dependente de importações e consome cerca de 13 milhões de toneladas. Nossa produção representará aproximadamente 17% da demanda brasileira”, afirma o presidente da Potássio do Brasil, Adriano Espeschit.

    As reservas de potássio de Autazes foram descobertas na década de 1970 e a viabilidade da exploração comprovada há mais de dez anos por meio de amostras do solo. “Esse projeto teve que passar por um rigoroso processo de pesquisa técnica e por um levantamento que envolveu fatores econômicos, sociais e ambientais. Foi necessário percorrer esse caminho, atender às normas e cumpri-las para que as licenças fossem emitidas, totalizando 21 documentos”, detalha Espeschit.

    “Temos empreendimentos para exploração de fósforo e de potássio em fase de implantação. Vemos que o licenciamento tem sido um dos gargalos. Em muitos dos projetos existe uma judicialização”, analisa o coordenador geral de mineração do Ministério de Minas e Energia, Enir Sebastião Mendes.

    Fósforo

    Atualmente, segundo a ANM, existem 129 processos em fase de requerimento de lavra para fosfato no país. Apesar da forte dependência externa, atualmente esse é o nutriente com maior produção interna, sendo que o país produziu 1,5 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados (MAP, Superfosfato Simples, Superfosfato Triplo e Termofosfato) em 2023. “O fósforo é o elemento mais limitante do ponto de vista da produção. Apesar da exigência das plantas não ser grande, sua afinidade com o solo o torna o elemento de mais difícil manejo na agricultura”, aponta Vizioli, do DTE do Sistema FAEP.

    Segundo o PNF, as reservas oficiais brasileiras deste mineral são da ordem de 5,2 bilhões de toneladas, correspondendo a 460 milhões de toneladas de P 2 O 5 contido. “Temos vantagem logística porque a maior parte dessas reservas estão perto de Minas Gerais e Goiás, ao lado da região consumidora. Essa logística simples compensa a falta de competitividade do nosso fósforo” explica Marcelo Mello, da Stone X.

    Nitrogênio

    Atualmente existem quatro unidades produtoras de nitrogenados no Brasil, sendo que três delas estão paralisadas. A única planta em operação está em Piaçaguera, em São Paulo, produzindo amônia e nitrato de amônio. A estratégia da Petrobras de reativar suas unidades produtoras de nitrogenados vai ao encontro do PNF. Além da unidade localizada em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, existem planos para reiniciar as obras da Unidade de Fabricação de Nitrogenados em Três Lagoas, em Mato Grosso, com capacidade para produção de 1,3 milhão de toneladas de ureia e 800 mil toneladas de amônia anualmente.

    “Essa planta de Araucária é antiga, com tecnologia ultrapassada e pequena produção. A joia da coroa era Três Lagoas, que começou a construção em 2010, ficou 80% pronta e parou. Essa planta tinha acesso ao gás da Bolívia e está localizada próximo aos centros consumidores. Mas já está com a tecnologia defasada”, observa Marcelo Mello da Stone X.

    Recentemente foi anunciado outro empreendimento para produção de nitrogenados no Paraná. A empresa Paranafert anunciou investimento de R$ 3 bilhões para construção de uma fábrica de ureia no município de Sapopema, na região Norte do Paraná. A unidade teria capacidade de produzir 520 mil toneladas de fertilizante por ano, tendo como matéria-prima o carvão mineral.

    Projetos de fomento tentam diminuir dependência internacional

    O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) , do governo federal, tem meta de reduzir a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados para 55% até 2050. Para isso, o plano elenca ações que devem ser encampadas nas mais diversas esferas (pesquisa, legislativo e instituições financeiras) para a criação de um ambiente favorável para o desenvolvimento interno deste setor.

    “O PNF é uma iniciativa que foi lançada no governo anterior [Bolsonaro] e continuou no governo atual [Lula], o que demonstra a sua importância. Um acerto desse plano é que não fala em ‘autossuficiência’, mas em redução da dependência. Afinal, produzir tudo que o Brasil precisa internamente demandaria um investimento muito grande”, avalia o analista sênior do Rabobank Brasil, Bruno Fonseca.

    “Vale destacar que esse também é um plano muito atual, pois alia a produção agrícola com a questão ambiental, prevendo a utilização de dejetos e de fontes não poluentes para a produção de fertilizantes”, observa Bruno Vizioli, do DTE do Sistema FAEP.

    Outra iniciativa nesta direção foi a publicação do Decreto 10.657/2021 , que institui uma série de políticas de apoio, inclusive desburocratizar os processos de licenciamento, à produção de minerais estratégicos, entre os quais figuram o potássio e o fósforo (a produção dos nitrogenados está ligada à produção de petróleo e gás natural).

    “Esse decreto consegue ser um facilitador porque coloca as instituições em contato. Por meio dessa interlocução facilita processos, mas sem interferências de uma área sobre a outra e sem alterar a legislação ambiental”, aponta Enir Sebastião Mendes, coordenador geral de mineração do Ministério das Minas e Energia.

    Mais recentemente o Projeto de Lei 699/2023 trouxe o Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes (Profert), iniciativa que concede uma série de benefícios tributários para fomentar a criação de um parque industrial nacional deste segmento. Essa proposta traz benefícios adicionais à produção de nitrogenados, uma vez que desonera o gás natural.

  • Rumo impulsiona agronegócio mato-grossense com transporte eficiente de fertilizantes por ferrovia

    Rumo impulsiona agronegócio mato-grossense com transporte eficiente de fertilizantes por ferrovia

    A cada ano, milhões de toneladas de fertilizantes agrícolas chegam às fazendas para adubação de lavouras e pastagens. Somente em 2023, mais de 45 milhões de toneladas de fertilizantes foram direcionadas ao mercado brasileiro, de acordo com dados divulgados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Mato Grosso é o maior produtor de grãos do país e, naturalmente, o maior consumidor de adubos, utilizando mais de 24% do volume nacional do insumo.

    Cerca de 80% dos fertilizantes usados na produção brasileira de grãos são importados e chegam ao Brasil por via marítima. O porto de Santos é um dos mais importantes locais de chegada deste insumo. De lá, boa parte dos fertilizantes segue para Mato Grosso com o auxílio da malha ferroviária da Rumo e seus terminais parceiros, que há muitas safras contribuem significativamente com eficiência e sustentabilidade na entrega de produtos para o campo.

    De setembro de 2023 a setembro de 2024, a Rumo transportou 3,7 milhões de toneladas de fertilizantes pelo país, o que representa um crescimento de 9% em comparação aos 12 meses anteriores. Aproximadamente 65% do volume total transportado pela empresa tem como destino as lavouras localizadas em Mato Grosso.

    Com esse crescimento, a ferrovia se consolida como parceira estratégica dos produtores rurais e de toda a indústria, garantindo a entrega segura e competitiva deste insumo fundamental para a produção agrícola.

    Atualmente, pela ferrovia, os fertilizantes chegam em terminais localizados nos municípios de Rondonópolis, em Mato Grosso, e Rio Verde, em Goiás, além dos destinados aos estados do sul do país, pela malha ferroviária sul.

    Expansão

    A expansão da ferrovia para a região médio norte de Mato Grosso, que concentra a maior parte da produção de grãos do estado, representará um avanço significativo para o agronegócio brasileiro.

    Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Tapurah, Nova Ubiratã e Santa Rita do Trivelato são exemplos de municípios localizados no médio norte de Mato Grosso, que serão diretamente impactados pelas operações da Ferrovia Estadual. A região médio norte tem cultivo de aproximadamente 6 milhões de hectares de soja e milho, em duas safras anuais, com 29,11 milhões de toneladas de grãos produzidas na safra 2023/24, de acordo com dados recentes divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia e Agropecuária (Imea).

    De acordo com Fábio Henkes, diretor comercial da Rumo, a ferrovia está comprometida em continuar investindo em infraestrutura e tecnologia para oferecer soluções logísticas cada vez mais eficientes e sustentáveis para o agronegócio brasileiro.

    “A nova via férrea, que está sendo construída para chegar ao coração de Mato Grosso, trará ainda mais benefícios para o setor agropecuário. Com a expansão da malha ferroviária e os investimentos em curso no Porto de Santos, a Rumo espera transportar ainda mais insumos. Assim, iremos atender à demanda crescente dos produtores e contribuir ainda mais para o desenvolvimento da região que se destaca na produção agrícola. Estaremos cada vez mais próximos das propriedades rurais”, destacou.

    De acordo com Henkes, mesmo o plantio da soja sendo realizado somente a partir do mês de setembro, a entrega dos fertilizantes ocorre em vários meses, desde abril, com pico nos meses de agosto e setembro. Para a cultura do milho, a janela de entrega começa em outubro e vai até fevereiro do ano seguinte.

    Expansão a todo vapor

    Com a safra de soja 2024/25 em desenvolvimento, a maioria dos produtores rurais já está com os insumos garantidos e o plantio da soja já iniciou, embora ainda esteja lento, no comparativo com safras anteriores.

    Com a ferrovia em operação no médio norte, os produtores rurais da região terão mais facilidade para escoar sua produção, reduzindo custos e aumentando a competitividade no mercado nacional e internacional. Além disso, os trilhos atraem novos investimentos, impulsionando o desenvolvimento de cidades e regiões.

    A escolha do transporte ferroviário se justifica pela sua alta confiabilidade, segurança e menor impacto ambiental. A ferrovia também oferece uma capacidade de carga muito maior do que o transporte rodoviário, reduzindo os custos logísticos e agilizando a entrega dos fertilizantes.

    A construção da ferrovia Senador Vicente Emílio Vuolo tem investimentos 100% privados, aportados pela Rumo. São cerca de 740 km de trilhos que irão conectar Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, por meio de um modal logístico seguro, eficiente e competitivo.

  • Produção de biocombustíveis avançados ganha impulso com novo marco regulatório

    Produção de biocombustíveis avançados ganha impulso com novo marco regulatório

    Foi sancionada nesta terça-feira, 8 de outubro, pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei do Combustível do Futuro, que funciona como novo marco regulatório, e que estabelece o incentivo ao diesel verde, biometano, combustível sustentável de aviação e o aumento das misturas de etanol à gasolina e biodiesel ao diesel.

    A proposta, aprovada pelo Congresso Nacional, em convergência com Ministério de Minas e Energia (MME), contou com contribuição da Embrapa, que participou ativamente do processo de concepção, por meio da participação no grupo de trabalho (GT) de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), na revisão e na aprovação, por meio de notas técnicas e participação em audiências públicas sobre o tema. A nova lei representa um avanço significativo nas políticas de incentivo ao uso de combustíveis renováveis e à ampliação de matrizes energéticas mais sustentáveis no país.

    “O Brasil é o país que vai fazer a maior revolução energética no planeta Terra. Hoje temos mais de 5 milhões de propriedades rurais e muitos empresários no setor agroenergético, que podem garantir a produção de alimentos e biocombustíveis. E o Brasil tem a Embrapa, que hoje é modelo para o mundo”, afirmou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de sanção da lei.

    O novo marco legal cria uma série de iniciativas de fomento à descarbonização da economia, mobilidade sustentável e transição energética no país, como o Programa Nacional do Diesel Verde (PNDV), Programa Nacional do Bioquerosene de Aviação (ProBioQAV), dentre outros incentivos para estimular o desenvolvimento de combustíveis sintéticos, etanol e biodiesel. “A Lei do Combustível do Futuro é muito ampla e representa um marco legal histórico para os setores de energia, agricultura e transporte no país. Muitas oportunidades de PD&I devem surgir a partir dessa regulamentação, o que pode colocar o Brasil como protagonista no fornecimento de fontes energéticas mais sustentáveis a nível global”, afirma Silvia Massruhá, presidente da Embrapa.

    Para Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia (Brasília, DF) – uma das unidades da empresa mais envolvidas com a concepção e tramitação do da proposta dos combustíveis do futuro – , com a sanção da lei há grande expectativa tanto de aumento na produção e uso de biocombustíveis tradicionais como o etanol e o biodiesel decorrente do aumento das misturas mandatórias, quanto de uma maior diversificação de biocombustíveis, a partir da incorporação de novas opções como o biometano, o diesel renovável (verde) e o combustível sustentável de aviação, também chamado de SAF (Sustainable Aviation Fuel, em inglês).

    “Esse aumento de demanda e diversidade de biocombustíveis, exigirá mais da agricultura brasileira. Para atender a crescente demanda por etanol, por exemplo, (que pode ser utilizado tanto como um biocombustível diretamente quanto como matéria-prima para produção de outros biocombustíveis, a exemplo do SAF) precisaremos aumentar a oferta de cana-de-açúcar e milho. Para tanto novos investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) serão cruciais para aumentarmos a produtividade agrícola dessas culturas”, afirma o gestor.

    Atenta a essa demanda, a Embrapa finaliza a estruturação de um Programa de Pesquisa em Cana-de-Açúcar. Esse novo programa deverá resultar no estabelecimento de redes de pesquisa internas, que buscarão desenvolver tecnologias para segmentos estratégicos apontados em consulta realizada no setor e no estabelecimento de uma plataforma de colaboração, que permitirá à empresa estabelecer novos arranjos de cooperação diretamente com o setor produtivo.

    O mesmo ocorrerá para o biodiesel e para viabilizar o diesel renovável, também chamado de HVO (Hydrogenated Vegetable Oil, em inglês), uma vez que a produção destes biocombustíveis demandará cada vez mais óleos de origem vegetal, abrindo oportunidades de PD&I. Nesse sentido, uma das apostas da Embrapa está na produção destes biocombustíveis, a partir da macaúba, uma palmeira brasileira nativa.

    “Devido sua alta produtividade frente a outras oleaginosas como a soja e a palma (dendê), a macaúba é considerada fonte estratégica de biocombustível”, afirma Alonso. Em junho deste ano, lideranças científicas da Embrapa, da Acelen Renováveis e da Embrapii, deram início a um projeto de desenvolvimento tecnológico das espécies de palmeira macaúba para produção de combustível sustentável de aviação.

    O objetivo é domesticar a macaúba e implementar lavouras comerciais para fins de extração de óleos de alta qualidade e aproveitamento dos resíduos agroindustriais para a geração de bioprodutos. O aporte financeiro estimado para o projeto é de R$ 13,7 milhões em cinco anos.

    Biometano e combustível sustentável de aviação

    Uma das grandes oportunidades criadas pela nova lei é o incentivo à produção de biocombustíveis avançados como o biometano e o combustível sustentável de aviação. “Há uma forte pressão para a redução das emissões de carbono na indústria de transformação e na aviação e ainda não há rotas tecnológicas definidas em larga escala para a produção de combustível sustentável, a fim de atender estes setores”, explica Alonso.

    No caso da demanda industrial, há grande potencial de utilização do biometano produzido a partir da biodigestão de resíduos agrícolas, como substituto ao gás natural. Dada a quantidade de resíduos agrícolas produzidos no Brasil, diversos estudos apontam que mais de 60% de todo o potencial de geração de biometano no país está associado a rotas que exploram a biodigestão de resíduos agrícolas.

    Já no caso do segmento de aviação a aposta recai sobre o SAF, que pode ser produzido a partir do etanol (por meio de um processo chamado de  Alcohol to Jet ou ATJ, na sigla em inglês) ou por hidrogenação de óleos vegetais (por meio de um processo chamado de HEFA – Hydroprocessed Esters and Fat Acids, em inglês). “Em ambos os casos (biometano e SAF), a agricultura deverá ter papel primordial por ser fonte de matéria-prima de baixa emissão de carbono. Por isso mesmo, a expectativa mundial é grande e as atenções estão voltadas para o Brasil, uma vez que é o país com o maior potencial para atender a demanda”, complementa Alonso.

    Pauta Verde

    Nos últimos anos, a Embrapa vem atuando intensamente na chamada “Pauta Verde”, agenda prioritária do governo brasileiro e do poder legislativo. Gestores e pesquisadores da Empresa vêm participando de audiências públicas, grupos de trabalho e notas técnicas, a fim de subsidiar cientificamente políticas públicas, como a lei dos combustíveis do futuro, o marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono, o marco do legal do mercado de carbono, o programa de aceleração da transição energética, entre outros.

    “Observamos uma convergência de interesses dos setores executivo e legislativo do país nesses temas ligados à bioeconomia, descarbonização e sustentabilidade, em que a Embrapa já é protagonista, o que se configura como um importante espaço de articulação e contribuição técnica da Empresa”, explica Cynthia Cury, chefe da Assessoria de Relações Governamentais e Institucionais da Embrapa.

    Com a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, Cury acredita que a pesquisa agropecuária brasileira ainda terá muito a contribuir com dados, conhecimentos e tecnologias que possibilitem a implementação destas políticas públicas, voltadas para agenda de descarbonização da economia do país. “O trabalho está só começando”, finaliza.

  • Preços do etanol caem em São Paulo com pressão da demanda e necessidade de escoamento

    Preços do etanol caem em São Paulo com pressão da demanda e necessidade de escoamento

    Na última semana, o mercado de etanol no estado de São Paulo registrou uma nova queda nos preços, tanto do etanol hidratado quanto do anidro, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Entre 30 de setembro e 4 de outubro, o valor do etanol hidratado recuou 0,65%, fechando a R$ 2,4590 por litro, enquanto o etanol anidro apresentou uma queda ainda mais acentuada, de 1,22%, com o preço estabelecido em R$ 2,7425 por litro, ambos os valores líquidos de impostos.

    Pesquisadores do Cepea apontam que a redução nos preços foi influenciada por uma combinação de fatores. A demanda por parte dos compradores seguiu focada em adquirir novos lotes a preços mais baixos, o que, em muitos casos, foi bem-sucedido. Paralelamente, algumas usinas paulistas precisaram liberar estoques acumulados nos tanques, o que aumentou a oferta e contribuiu para a queda nos valores. Esse movimento no mercado spot reflete uma pressão tanto da demanda quanto da necessidade das usinas de escoar a produção.

    No campo, a safra 2024/25 de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil está se aproximando da reta final, o que pode influenciar ainda mais o comportamento dos preços nas próximas semanas. A expectativa é que, com a finalização da moagem, a dinâmica de oferta e demanda se ajuste, podendo trazer novas movimentações no mercado.

    A queda nos preços do etanol afeta diretamente o setor do agronegócio, que acompanha de perto as oscilações do mercado, especialmente em São Paulo, onde se concentra grande parte da produção. Esse cenário reforça a importância de monitorar tanto as variações do preço do etanol quanto o avanço da safra, que desempenha papel crucial na determinação dos rumos do setor nos próximos meses.

  • Agrosserviços crescem no 2º tri e sustentam recorde do número de pessoas no agro

    Agrosserviços crescem no 2º tri e sustentam recorde do número de pessoas no agro

    O agronegócio empregou 28,6 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2024, avanço de 2,3% (ou de aproximadamente 643 mil pessoas) frente ao mesmo período do ano passado, conforme indicam pesquisas realizadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Novamente, trata-se de um recorde da série histórica, iniciada em 2012. A participação do setor no total de ocupações do Brasil seguiu em 26,5% de abril a junho de 2024.

    Pesquisadores do Cepea/CNA indicam que o crescimento no contingente ocupado no agronegócio esteve relacionado sobretudo aos incrementos de 8,3% (ou de aproximadamente 815 mil pessoas) no número de pessoas atuando nos agrosserviços e de 4% (ou de aproximadamente 179 mil pessoas) nas agroindústrias. Segundo pesquisadores do Cepea/CNA, a expansão das atividades agroindustriais tem como consequência uma maior movimentação de serviços – dada a relativa maior complexidade de algumas operações industriais, estas utilizam e movimentam uma ampla gama de serviços.

    Perfil

    O aumento na população ocupada no agronegócio no segundo trimestre de 2024 foi puxado por empregados com e sem carteira assinada, por trabalhadores com nível educacional mais alto – uma tendência observada no setor desde o início da série histórica –, e por mulheres (houve um aumento na participação feminina durante o período).

    Observando-se a série histórica, nota-se uma transformação no perfil de ocupação do agronegócio, em que se tem a substituição de trabalhadores por conta própria e auxiliares familiares por empregados, com e sem carteira assinada. Além dessa, outro movimento interessante é o crescimento do nível médio de escolaridade desses trabalhadores, evidenciado pelo aumento da participação de trabalhadores com ensino superior e médio, completo ou não.