Tag: agronegócio

  • Sucessão familiar no agro: e se o herdeiro não for o sucessor ideal?

    Sucessão familiar no agro: e se o herdeiro não for o sucessor ideal?

    A sucessão no agronegócio não é exatamente um tema novo. Mas talvez seja hora de parar de repetir o que já sabemos e começar a agir de forma diferente, buscando soluções mais eficazes.

    Você já se perguntou se o seu filho quer — e está preparado para — assumir o seu legado?

    Existem muitas questões a serem analisadas:

    Conflitos familiares: é comum vermos dificuldades nas relações entre gerações dentro do negócio, com conflitos que transbordam para dentro de casa, afetando os relacionamentos e gerando incômodos pessoais.

    Falta de planejamento: muitos produtores cresceram e tiveram sucesso de forma empírica, com trabalho duro no campo. No entanto, muitas vezes pecam na organização e no planejamento da empresa. Quando percebem, o tempo passou e não houve preparação adequada para formar um sucessor.

    Resistência às mudanças: a tecnologia está cada vez mais presente no campo, trazendo novos processos e estratégias. Muitos sucessores têm ideias inovadoras, mas nem sempre são bem recebidos. A velha frase “Eu tive sucesso assim, sem essas tecnologias” ainda ecoa. É importante valorizar quem construiu a história, mas por que não aprimorar ainda mais?

    Desinteresse dos filhos em dar continuidade ao legado familiar: filhos que saem para estudar em grandes centros nem sempre retornam. E quando voltam, muitas vezes desejam seguir outra carreira e não se enxergam na rotina da fazenda.

    Outras situações também poderiam ser citadas, mas o ponto central é: a sucessão não se resume à transferência de patrimônio. Trata-se, acima de tudo, da continuidade de um propósito — o que exige preparo, diálogo e, principalmente, conhecimento sobre as pessoas envolvidas.

    A reflexão que trago aqui parte do momento em que a empresa já busca uma transição estruturada, com apoio profissional e um Planejamento de Sucessão bem desenhado.

    Esse planejamento costuma ser parte integrante da implementação da governança familiar. É um processo construído a várias mãos — consultores, diretores, conselheiros e, claro, os possíveis sucessores.

    Mas quem são, de fato, os seus possíveis sucessores? E o que você conhece sobre eles além do laço sanguíneo?

    Aqui entra um ponto frequentemente negligenciado: a análise de perfil comportamental. Poucos produtores consideram que aquele filho mais comunicativo talvez não tenha vocação para liderar a operação, enquanto o mais introspectivo pode ter a exatidão analítica necessária para a gestão estratégica.

    Você está preparado para encarar que nem sempre o herdeiro natural é o sucessor ideal?

    Entender o perfil de cada potencial sucessor é essencial para avaliar se os cargos planejados realmente fazem sentido para aquela pessoa. Doa o quanto doer, sucessão não pode ser baseada apenas na tradição familiar. Não se trata de “quem merece mais” ou “quem esteve mais presente”, mas de quem tem o perfil certo para os desafios que virão.

    Com ferramentas de análise comportamental e o suporte de profissionais especializados, o cenário começa a ganhar clareza. Identificam-se forças, lacunas e a aderência ao cargo. Com essas informações, é possível construir um Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) baseado em dados, não em achismos.

    Quanto mais se entende sobre o comportamento dos envolvidos, mais assertiva será a alocação nos cargos futuros.

    Sim, uso o termo possíveis sucessores, porque estão sendo avaliados — não há garantias de que vão assumir.

    E se ninguém da família tiver o perfil ideal? Forçar a barra? Ou considerar alguém de fora?

    Essa pode ser a decisão mais difícil — mas também a mais estratégica. Insistir em um sucessor desalinhado pode gerar frustrações, romper relações familiares, comprometer os negócios e destruir um legado. Em alguns casos, olhar para o mercado pode ser a melhor saída.

    A sucessão familiar é um tema complexo, cheio de nuances. Não acontece da noite para o dia. Precisa ser estruturada com a mesma seriedade com que se conduz uma grande safra: planejamento, análise, cuidado e profissionalismo.

    Por isso, é fundamental contar com profissionais certificados e experientes para conduzir um processo tão decisivo. Assim, a colheita certamente será bem produtiva!

    Já pensou em realizar um processo de sucessão estruturado com base em dados e comportamento?

    Talvez esse seja o momento certo. Porque o tempo passa, os filhos crescem, os negócios evoluem — e o que será do futuro depende das decisões que tomamos agora.

    Izabela Sefrin é mentora de Gestão e Liderança, Coach e diretora executiva na Somoos Desenvolvimento Humano e Estratégico. 

    Contatos:@somoos.dhe @izabela_sefrin

  • Marrocos abre mercado para miúdos bovinos e impulsiona exportações de Mato Grosso

    Marrocos abre mercado para miúdos bovinos e impulsiona exportações de Mato Grosso

    A recente abertura do mercado do Marrocos para a importação de miúdos bovinos do Brasil, oficializada em 8 de abril, representa uma nova oportunidade para o aumento das exportações da cadeia da bovinocultura em Mato Grosso. A avaliação é do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), que atua na promoção internacional dos produtos bovinos do estado.

    “Essa nova oportunidade com o Marrocos é relevante porque contribui para a diversificação da nossa carteira de clientes. Ainda que o volume comercializado inicialmente possa não ser tão expressivo quanto o da China, ampliar o número de mercados e garantir que eles sejam consistentes pode nos ajudar em momentos em que grandes compradores reduzam suas importações da carne bovina mato-grossense”, explica o diretor de projetos do Imac, Bruno de Jesus Andrade.

    Com uma população de cerca de 37 milhões de habitantes, o Marrocos é considerado um mercado estratégico para o Brasil, com potencial significativo de expansão. Em 2023, as exportações brasileiras de carne bovina para o país superaram os US$ 43 milhões, posicionando o Brasil como o segundo maior fornecedor. Com a liberação para a importação de miúdos, a expectativa é de que esse valor cresça já a partir de 2025.

    Para que o novo acordo fosse concretizado, o governo marroquino aprovou a proposta de Certificado Sanitário Internacional, atualizando os critérios exigidos para a exportação de carne bovina. A medida também abre caminho para a consolidação de novas parcerias comerciais, especialmente considerando que o Brasil, com Mato Grosso na liderança da produção de carne bovina, apresentou um sistema de controle sanitário rigoroso.

    “As perspectivas são positivas, resultado do trabalho do Instituto Mato-Grossense da Carne, que tem atuado fortemente na promoção dos nossos produtos. Mostramos ao mundo que produzimos com sustentabilidade e com qualidade, e que a carne de Mato Grosso merece cada vez mais espaço no mercado internacional”, destaca o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e presidente do Conselho Deliberativo do Imac, César Miranda.

    A abertura do mercado marroquino para os miúdos bovinos brasileiros não apenas diversifica os destinos das exportações mato-grossenses, mas também reforça a confiança internacional na qualidade e segurança dos produtos agropecuários do estado. Com iniciativas como essa, Mato Grosso consolida sua posição como um dos principais players no cenário global da carne bovina.

  • Mídia internacional destaca que Brasil amplia protagonismo no agronegócio com guerra comercial entre EUA e China

    Mídia internacional destaca que Brasil amplia protagonismo no agronegócio com guerra comercial entre EUA e China

    A intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, marcada por uma escalada de tarifas e sanções mútuas, tem gerado impactos positivos para o agronegócio brasileiro, especialmente nas exportações de soja e carne bovina para o mercado chinês. Segundo reportagem do Financial Times, o Brasil vem consolidando sua posição como principal fornecedor de alimentos para a China, aproveitando a retração das exportações agrícolas norte-americanas, prejudicadas pelas barreiras tarifárias impostas por Pequim.

    Os dados do primeiro trimestre de 2025 reforçam essa tendência: as vendas brasileiras de carne bovina para a China cresceram cerca de 33%, e as exportações de carne de frango aumentaram 19% apenas em março. O movimento foi impulsionado pela demanda externa aquecida e pela competitividade dos preços da soja brasileira, que superaram os dos Estados Unidos, pressionados pela redução das compras chinesas.

    A resposta da China às tarifas norte-americanas incluiu medidas como o bloqueio de exportações de carne bovina dos EUA, via não renovação dos registros de frigoríficos, além da suspensão de importações de grãos, que se tornaram menos vantajosos economicamente. Esse cenário consolidou o Brasil como uma alternativa sólida e confiável, com a China diversificando seus fornecedores e a União Europeia começando a considerar o país como opção estratégica, diante da possibilidade de também adotar tarifas retaliatórias contra produtos agrícolas norte-americanos.

    O atual momento remete à primeira guerra comercial entre EUA e China, iniciada em 2018, quando a soja brasileira passou a ser negociada com prêmio sobre a americana, atraindo investimentos e impulsionando o setor. Agora, embora ainda existam desafios estruturais — como gargalos logísticos nos portos e estradas —, a perspectiva é de que a nova onda de oportunidades estimule aportes em infraestrutura, inclusive com participação chinesa.

    No entanto, analistas chamam atenção para a capacidade de resposta da produção brasileira frente à crescente demanda internacional. Mesmo com uma safra recorde, o setor pode enfrentar dificuldades para manter o ritmo e garantir o abastecimento interno. Outro ponto de atenção é a volatilidade das relações entre China e Estados Unidos: um eventual acordo entre as duas potências poderia reduzir a vantagem competitiva brasileira no comércio global.

    Ainda assim, o momento atual representa uma janela de oportunidades para o agronegócio nacional, que poderá se fortalecer como um dos principais pilares da segurança alimentar global, desde que consiga equilibrar crescimento sustentável, infraestrutura e previsibilidade de oferta.

  • Exportações do agronegócio crescem 12,5% em março e chegam a US$ 15,6 bilhões

    Exportações do agronegócio crescem 12,5% em março e chegam a US$ 15,6 bilhões

    O agronegócio brasileiro registrou, em março deste ano, o segundo maior valor de exportações para o mês desde o início da série histórica: US$ 15,6 bilhões. Isso representa um aumento de 12,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. No mês, o setor respondeu por 53,6% de todas as exportações do país. O avanço foi impulsionado principalmente pelo aumento dos volumes exportados, que cresceram 10,2%, enquanto os preços internacionais apresentaram alta de 2,1%.

    Os principais produtos exportados no mês foram a soja em grãos (alta de 7% e US$ 5,7 bilhões); café verde (92,7% de expansão e US$ 1,4 bilhão); carne bovina in natura (40,1% e US$ 1,1 bilhão), celulose (25,4% e US$ 988 milhões) e carne de frango in natura (9,6% e US$ 772,3 milhões).

    “Esses números confirmam que estamos promovendo o crescimento do agro com responsabilidade, sustentabilidade e com os olhos voltados para novos mercados e oportunidades para produtos com maior valor agregado”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

    Além dos produtos tradicionais, o governo brasileiro vem impulsionando oportunidades em segmentos com forte potencial de crescimento. Por meio de novos avanços, itens como gelatinas, café solúvel, óleo essencial de laranja, pimenta-do-reino e rações para animais domésticos atingiram recordes de exportação e podem ganhar maior protagonismo nos próximos meses, especialmente em mercados da Ásia, Europa e América do Norte.

    Trimestre

    No acumulado do primeiro trimestre de 2025, as exportações do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 37,8 bilhões, aumento de 2,1% quando comparado ao ano anterior, o maior valor já registrado para o período. O superávit do setor no trimestre foi de US$ 32,6 bilhões, um crescimento de 2,1% em relação ao mesmo período de 2024.

    Destinos

    China, União Europeia e Estados Unidos seguiram como os principais destinos, respondendo juntos por mais da metade das exportações do setor. Países asiáticos como Vietnã, Turquia, Bangladesh e Indonésia também registraram aumento expressivo nas compras de produtos como soja, algodão, celulose e carnes.

    “A ampliação da presença em mercados de nicho, por meio de produtos de maior valor agregado, reflete uma estratégia comercial que valoriza a escuta ativa das demandas dos setores produtivos. Ao oferecer alimentos com sanidade, qualidade e competitividade, o Brasil se consolida como parceiro confiável”, afirmou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Luís Rua.

    Competitividade

    A expansão das exportações de produtos não tradicionais e a abertura de novos mercados, mantendo ou ampliando a oferta interna, fortalecem a economia brasileira. Esse processo estimula a geração de empregos e renda, atrai divisas, diversifica os parceiros comerciais e reduz a exposição a riscos econômicos.

    Também valoriza os produtos nacionais, incentiva investimentos em inovação e sustentabilidade e consolida relações estratégicas no cenário internacional. Assim, o Brasil amplia sua presença global e reforça sua competitividade. Os avanços refletem o trabalho conjunto entre os setores público e privado, com foco na abertura de mercados, segurança sanitária e promoção comercial.

  • Desempenho do 4º trimestre reverte tendência de queda anual, e PIB do agronegócio avança 1,81% em 2024

    Desempenho do 4º trimestre reverte tendência de queda anual, e PIB do agronegócio avança 1,81% em 2024

    O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), registrou crescimento de 4,48% no quarto trimestre de 2024. Esse excelente desempenho permitiu uma reversão do movimento de queda anual que era observado até o terceiro trimestre, e, no acumulado de 2024, o PIB avançou 1,81%.

    Diante disso, considerando-se também o desempenho da economia brasileira como um todo, o PIB do agronegócio correspondeu por 23,2% do PIB do Brasil em 2024, ligeiramente abaixo dos 23,5% registrados em 2023.

    Segundo pesquisadores do Cepea/CNA, o expressivo avanço de 12,48% no ramo pecuário foi determinante para o desempenho geral do setor, compensando o recuo de 2,19% no ramo agrícola.

    A alta no ramo pecuário em 2024 foi impulsionada por todos os segmentos, com destaque para a agroindústria e os agrosserviços, que avançaram ambos 16,8%. De acordo com pesquisadores do Cepea, o avanço do PIB da agroindústria de base pecuária foi influenciado pelos maiores preços e pelo crescimento na produção de carnes e pescados e couro e calçados. No caso do agrosserviços, a expansão do PIB se deve ao crescimento da produção nos segmentos de insumos, primários e agroindustriais, o que resulta em aumento na demanda por serviços em algumas das atividades que integram esse setor.

    Já o desempenho negativo observado no ramo agrícola esteve relacionado às retrações observadas para todos os segmentos, sobretudo no de insumos (que registrou queda de quase 7%) e no primário (com baixa de 3,54%), conforme indicam pesquisadores do Cepea/CNA. A retração do PIB de insumos foi influenciada negativamente pelas quedas nos preços de fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas, além da redução na produção de máquinas agrícolas. Quanto ao segmento primário, apesar da diminuição de custos com insumos, o desempenho foi prejudicado pela desvalorização de commodities importantes, como algodão, milho, soja e trigo, além da retração na produção anual, com destaque para as quedas o milho e a soja.

  • Mato Grosso promove gergelim e feijão-carioca como superalimentos em cúpula internacional

    Mato Grosso promove gergelim e feijão-carioca como superalimentos em cúpula internacional

    Mato Grosso, reconhecido como um gigante do agronegócio no Brasil e no mundo, marcou presença na Brazil Superfoods Summit 2025, realizada em Brasília nesta segunda-feira (7). O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, representou o governo estadual no painel dedicado ao feijão-carioca brasileiro, ao lado de líderes do setor e um renomado economista indiano.

    Em sua participação, o secretário Miranda sublinhou o papel crucial de Mato Grosso na produção de “pulses” como o gergelim e o tradicional feijão-carioca, reforçando a importância estratégica do estado para a segurança alimentar em escala global. Ele destacou o expressivo avanço na produção de gergelim, com mais de 200 mil hectares cultivados, um salto notável em relação aos 90 mil hectares de anos anteriores. Esse crescimento é impulsionado pela abertura do mercado chinês e pelos investimentos em irrigação, pesquisa e qualificação da cadeia produtiva.

    Miranda também ressaltou o vasto potencial de expansão agrícola sustentável em Mato Grosso, mencionando os cerca de 10 milhões de hectares de pastagens que podem ser convertidos para a agricultura com o uso de tecnologia e irrigação. Ele citou a Lei nº 12.717/2024 como um importante incentivo à agricultura irrigada no estado, que atualmente conta com 220 mil hectares irrigados.

    O secretário enfatizou a estratégia de rotação de culturas adotada pelos produtores mato-grossenses, que plantam soja, milho e, em uma terceira safra, incluem pulses como gergelim e feijão-carioca. Essa prática, segundo ele, contribui para a fertilidade do solo e gera benefícios ambientais e econômicos.

    A política estadual de incentivo à diversificação e exportação é fortalecida por incentivos fiscais, pelo Programa de Desenvolvimento Rural (Proder) e pela atuação da Câmara Técnica de Feijão, Pulses e Grãos. A presença do economista indiano no painel sinalizou o crescente interesse da Índia em estabelecer parcerias com Mato Grosso, dado o aumento projetado no consumo de pulses naquele país, impulsionado por sua população majoritariamente vegetariana.

    Miranda revelou que Mato Grosso está de olho nesse mercado promissor, com foco em rastreabilidade, qualidade e sustentabilidade. Ele mencionou a participação inédita do estado na CIIE, a maior feira de importação da Ásia, e a preparação para levar os pulses mato-grossenses à SIAL na China.

    O secretário também lembrou que 60% do território de Mato Grosso é preservado, um fator que reforça a imagem do estado como um fornecedor global de alimentos produzidos de forma sustentável. Ele concluiu destacando o espírito empreendedor do produtor mato-grossense e o papel do governo estadual em criar condições para que a produção local seja competitiva no mercado internacional.

    A Brazil Superfoods Summit é uma iniciativa do Ibrafe que visa conectar produtores, exportadores e especialistas em superalimentos do Brasil com os principais mercados consumidores do mundo.

  • Valor Bruto da Produção agropecuária de Mato Grosso cresce quase 15% e se aproxima dos R$ 200 bilhões em 2025

    Valor Bruto da Produção agropecuária de Mato Grosso cresce quase 15% e se aproxima dos R$ 200 bilhões em 2025

    A 2ª estimativa do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Mato Grosso para 2025 confirmou o bom momento do setor, com avanço de 14,98% em relação à 6ª estimativa de 2024. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o VBP do estado deve alcançar R$ 199,79 bilhões, impulsionado principalmente pelo desempenho das lavouras de soja e algodão, além da recuperação expressiva da pecuária de corte.

    A soja segue como protagonista da economia agrícola mato-grossense, respondendo por 44,56% do VBP total. Com crescimento de 20,09%, a oleaginosa teve seu resultado alavancado por uma produção 27,05% maior, reflexo da combinação entre aumento de área plantada e bons rendimentos no campo. O algodão também contribuiu positivamente, com alta de 3,94% e participação de 13,51% no VBP estadual, favorecido pela elevação da produção e pelos preços elevados do caroço.

    No segmento pecuário, a bovinocultura de corte se destacou ao crescer 30,25%, representando 19,34% do VBP. A menor oferta de bovinos para abate, típica do atual estágio de alta no ciclo pecuário, tem sustentado os preços e impulsionado a renda dos produtores. Já a suinocultura registrou incremento de 5,22%, motivado pela valorização dos preços no mercado.

    Com esse desempenho, Mato Grosso consolida sua posição de liderança nacional no agronegócio, evidenciando a força de um setor que, além de movimentar a economia local, garante participação expressiva nas exportações e na geração de empregos em todo o estado.

  • Agronegócio emprega 28,2 milhões de pessoas em 2024 e representa 26% das ocupações do País

    Agronegócio emprega 28,2 milhões de pessoas em 2024 e representa 26% das ocupações do País

    O agronegócio brasileiro empregou 28,2 milhões de pessoas em 2024, aumento de 1% (ou de aproximadamente 278 mil pessoas) frente ao ano anterior, conforme indicam pesquisas realizadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). A participação do setor no total de ocupações do Brasil atingiu 26,02% no ano.

    Segundo pesquisadores do Cepea/CNA, o impulso veio do aumento no contingente de pessoas atuando em insumos (alta de 3,6% entre 2023 e 2024, ou de aproximadamente 10,97 mil pessoas), nas agroindústrias (5,2% ou 231,76 mil pessoas) e, principalmente, nos agrosserviços (3,4% ou 337,65 mil pessoas).

    No segmento de insumos, o avanço no contingente ocupado deve-se exclusivamente ao crescimento da população que atua na indústria de rações (que aumentou 14,6% de 2023 para 2024, ou 18,04 mil pessoas), uma vez que a indústria de medicamentos veterinários registrou avanço modesto (de 2,1%, ou de 395 pessoas) e as demais apresentaram redução.

    Dentre as atividades agroindustriais, pesquisadores do Cepea/CNA destacam os segmentos de abate de animais (7,2% ou 43.760 pessoas), massas e outros alimentos (10,4% ou 40.617 pessoas), móveis de madeira (6,6% ou 32.167 pessoas) e moagem e produtos amiláceos (14,6% ou 22.588 pessoas), que, juntos, adicionaram 139.131 trabalhadores ao setor. De acordo com pesquisadores do Cepea/CNA, essa expansão da agroindústria impulsionou a demanda por serviços, aquecendo o mercado de trabalho nos agrosserviços e refletindo a crescente complexidade operacional de algumas atividades industriais, que exigem uma ampla rede de serviços especializados.

    No segmento primário, por outro lado, a população ocupada caiu 3,7% (o equivalente a 302 mil pessoas), influenciada pelas retrações no número de pessoas atuando na agricultura (queda de 3,1% ou de 167 mil pessoas) e na pecuária (baixa de 4,7% ou de 135 mil pessoas).

    Perfil

    De 2023 para 2024, pesquisadores do Cepea/CNA indicam que o crescimento do agronegócio foi impulsionado pelo aumento no número de empregados com e sem carteira assinada, pela maior participação de trabalhadores com nível educacional mais elevado, seguindo uma tendência histórica do setor, e, principalmente, pela maior presença feminina.

    Em 2024, os rendimentos mensais dos empregados no agronegócio cresceram 4,5% em relação a 2023, superando o aumento registrado no mercado de trabalho geral (4,0%). Entre os empregadores do setor, houve avanço nos rendimentos, de 1,6% na comparação anual, abaixo do observado no mercado de trabalho geral (2,9%). Já os trabalhadores por conta própria tiveram incremento de 3,3% ao ano, também inferior ao crescimento verificado no mercado de trabalho geral (5,7%).

  • Recuperações judiciais no agronegócio disparam 138% em 2024

    Recuperações judiciais no agronegócio disparam 138% em 2024

    O agronegócio brasileiro enfrentou um aumento expressivo nos pedidos de recuperação judicial em 2024, conforme apontam dados da Serasa Experian. Foram registradas 1.272 solicitações ao longo do ano, um crescimento de 138% em relação a 2023, quando houve 534 pedidos. O levantamento considera produtores rurais, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, além de empresas do setor agropecuário, evidenciando os desafios financeiros enfrentados no campo.

    O crescimento das recuperações judiciais reflete um contexto de juros elevados, alta nos custos de produção — incluindo insumos, fertilizantes e defensivos — e oscilações cambiais que impactam importações. Além disso, adversidades climáticas, como secas e excesso de chuvas em regiões produtoras, agravaram a situação.

    No último trimestre de 2024, foram registrados 320 pedidos, número superior ao do terceiro trimestre (254), sugerindo um represamento das demandas ao longo do ano. Apesar do avanço significativo, os pedidos de recuperação ainda representam uma parcela pequena frente aos 1,4 milhão de produtores que acessaram crédito rural nos últimos dois anos.

    Perfis mais impactados

    Os dados revelam que o maior aumento proporcional ocorreu entre os produtores rurais pessoa física, com 566 pedidos em 2024, um salto de 346% em relação a 2023. Desses, os grandes proprietários lideram as solicitações (132), seguidos pelos pequenos (113) e médios (97). Além disso, 224 pedidos foram feitos por arrendatários e grupos familiares. Os estados de Mato Grosso e Goiás concentram a maior parte dos casos.

    Entre os produtores pessoa jurídica, foram 409 solicitações no ano, alta de 152% na comparação anual. O cultivo de soja foi o segmento mais impactado, com 222 casos, seguido pela pecuária bovina (75) e pela produção de cereais (49).

    Já no segmento empresarial, o número de pedidos cresceu 21%, chegando a 297 em 2024. As agroindústrias de transformação primária foram as mais afetadas (73 pedidos), seguidas pelos serviços de apoio à agropecuária (64). São Paulo e Paraná lideram os registros.

    Prevenção e gestão de risco

    Diante desse cenário, a Serasa Experian destaca a importância de ferramentas de análise de risco para mitigar os impactos financeiros. O Agro Score, por exemplo, permite avaliar a capacidade de pagamento dos produtores e evitar concessões de crédito a perfis instáveis.

    Segundo Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, análises preditivas já indicavam que muitos dos produtores que recorreram à recuperação judicial em 2024 apresentavam pontuação de crédito reduzida três anos antes do pedido. “Modelos preditivos permitem decisões mais seguras, protegendo o mercado de operações arriscadas”, afirma.

    Com o encerramento de um ano desafiador, especialistas apontam que o uso de tecnologia e gestão eficiente do crédito podem contribuir para equilibrar a saúde financeira do agronegócio nos próximos meses. No entanto, fatores como a política de juros, o comportamento do câmbio e o impacto do clima seguirão sendo determinantes para a recuperação do setor.

  • Show Safra Mato Grosso encerra edição 2025 com recorde de público e projeções para o futuro

    Show Safra Mato Grosso encerra edição 2025 com recorde de público e projeções para o futuro

    O Show Safra Mato Grosso 2025 chegou ao fim nesta sexta-feira (28), consolidando-se como um dos principais eventos do agronegócio brasileiro. Durante os cinco dias de feira, mais de 170 mil pessoas participaram do evento em Lucas do Rio Verde, incluindo visitantes, expositores e empresários do setor.

    Além de ser um espaço para negócios e inovação, a feira também teve grande representatividade política. O governador Mauro Mendes e o vice, Otaviano Pivetta, participaram do evento, anunciando obras e investimentos importantes para a infraestrutura regional, como a duplicação da BR-163 entre Lucas do Rio Verde e Sorriso.

    O presidente da Fundação Rio Verde, Joci Piccini, destacou o sucesso da edição 2025 e já projeta melhorias para os próximos anos. “Agora já estamos projetando o Show Safra Mato Grosso até 2030, visualizando crescimento estrutural, avanço da tecnologia e mantendo a qualidade da feira”, afirmou.

    O diretor executivo da Fundação Rio Verde, Rodrigo Pasqualli, ressaltou a importância estadual da feira e a confiança das mais de 1,5 mil marcas presentes. “Conseguimos apresentar a força do nosso agronegócio para todo o Brasil. Para 2026, queremos manter a qualidade e garantir que a feira ganhe ainda mais evidência”, disse.

    O prefeito de Lucas do Rio Verde, Miguel Vaz, reforçou a relevância do evento para o município e para o setor agroindustrial. “Além das inovações e infraestrutura melhorada, discutimos temas essenciais, como a duplicação da BR-163 e a necessidade de ferrovias para fortalecer a logística do agronegócio mato-grossense”, destacou.

    A edição de 2026 já tem data marcada: ocorrerá de 23 a 27 de março. A expectativa é aprimorar a infraestrutura e proporcionar ainda mais conforto aos visitantes, fortalecendo as relações comerciais e o desenvolvimento do setor.