Mais de 30 organizações e pequenos produtores se reúnem durante a 2ª Semana da Agroecologia, que ocorre até o dia 06 de dezembro em Cuiabá. O evento promove debates e oficinas sobre práticas ecológicas e a produção de alimentos saudáveis.
A programação iniciou na Assembleia Legislativa de Mato Grosso com uma sessão solene de abertura e a conferência “Saúde e Bem Viver no Campo e na Cidade”, ministrada pelo professor Dr. Wanderlei Pignati, seguida de debates.
Na Praça Alencastro, no Centro de Cuiabá, ocorreram rodas de conversa sobre produção orgânica e cultura agroecológica, além da Feira Estadual de Reforma Agrária, aberta das 14h às 20h. A programação segue nos dias 05 e 06 na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com troca de sementes, debates e oficinas. Atrações culturais estão previstas em todos os locais.
A secretária de Agricultura Familiar, Andreia Fujioka, destacou a relevância do evento para fomentar o empreendedorismo sustentável dos pequenos produtores. Segundo Herman Oliveira, coordenador do projeto, o objetivo é dar visibilidade à agroecologia, fortalecendo a produção de alimentos saudáveis com preços acessíveis.
A Semana da Agroecologia é organizada pelo Instituto Caracol e conta com apoio de diversas entidades, incluindo o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.
O governo federal anunciou a retomada do Programa de Fortalecimento das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica, o EcoForte. A iniciativa, criada inicialmente em 2013, incentiva a produção sustentável de alimentos saudáveis. O compromisso foi firmado na noite dessa segunda-feira (20), na cerimônia de abertura do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, no Rio de Janeiro.
O EcoForte é uma parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Fundação Banco do Brasil (FBB). O acordo foi assinado pelos ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo. Também há recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia.
O programa, que visa fortalecer a agroecologia e a produção orgânica, busca novos modelos de desenvolvimento econômico, alinhados aos princípios de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. Além de ser um impulso para a agricultura sustentável, o EcoForte contribui para práticas que combatam a fome, a pobreza e as desigualdades.
“Precisamos de uma mudança na agricultura. Uma mudança agroecológica. O meio ambiente está reclamando forte, por isso temos que ter outra cultura. Uma cultura orgânica”, disse o ministro Teixeira.
Comissão nacional
Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) – Terreirto das Inovações. Marinalve e as folhas de mamona para produção de caldo. Foto: Divulgação/CBARio de Janeiro – Congresso Brasileiro de Agroecologia
Outra medida anunciada durante o congresso no Rio de Janeiro é a instalação da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. O colegiado atuará como órgão consultivo e tomador de decisão, reunindo representantes de diversos setores para promover a integração de políticas e ações em prol da agroecologia e da produção orgânica no país.
De acordo com o governo, além de efeitos domésticos, a retomada do EcoForte e a criação da Comissão de Agroecologia consolidam o país como referência global na busca por um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo.
Rio de Janeiro – Congresso Brasileiro de Agroecologia – Foto Divulgação/CBA
O encontro
O Congresso Brasileiro de Agroecologia reúne até quinta-feira (23) autoridades, pesquisadores, professores, estudantes, técnicos e agricultores familiares, além de representantes de povos e comunidades tradicionais, indígenas e ativistas de movimentos sociais. O evento propicia diálogo entre governo e sociedade civil, incluindo temas relacionados à retomada da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO).
Mercosul
Também nesta semana, o Rio de Janeiro sedia outro evento relacionado à agricultura familiar e à produção de alimentos, a Reunião Especializada em Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf).
A reunião discutirá, até quinta-feira (23), recomendação feita aos países-membros do bloco que visa a elaboração, o fortalecimento e a ampliação de políticas públicas de agroecologia e para a transição agroecológica, em linha com as diretrizes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que prioriza a transformação para sistemas agroalimentares mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis. São presenças confirmadas delegações da Colômbia, do Uruguai, Paraguai, Chile e da Argentina.
A produção orgânica e agroecológica foram o tema central de um evento realizado em parceria pelas Secretarias de Agricultura, Meio Ambiente, de Assistência Social e Habitação, do Conselho de Segurança Alimentar e Empaer marcou o Dia Mundial de Alimentação Saudável. O evento, que contou com palestra e uma feirinha, aconteceu nesta segunda-feira (16), na Prefeitura de Lucas do Rio Verde.
A palestra sobre ‘Agroecologia e Produção Orgânica – Perspectivas E Práticas’ foi proferida por Rogério Leschewitz, técnico da Empaer de Sinop. Durante alguns minutos ele falou sobre a agroecologia e o que a atividade representa para as pequenas propriedades rurais. Rogério observou que as informações trazidas durante a palestra não são de fácil acesso. “A produção orgânica, a produção agroecológica, vêm trazer esse novo viés produtivo de Independência dos produtores para que eles consigam produzir um alimento saudável, um alimento nutritivo e em quantidade adequada para os produtores”, assinalou.
O palestrante destacou que a agroecologia e a produção orgânica devem trazer soberania alimentar para os produtores. Por meio das informações trazidas, os pequenos produtores podem produzir o próprio adubo e insumos para combater pragas, doenças, agregando mais renda com a redução de custos para o sistema produtivo. “A produção orgânica não é mais um nicho de mercado e sim uma tendência de mercado. Só pra se ter uma ideia, nos últimos 3 anos, cresceu uma média de 21%. Dificilmente a gente encontra algo que cresce a 21% a nível de Brasil, a nível de mundo”.
Para Leschewitz, os pequenos produtores podem aproveitar essa tendência e lucrar com a produção de orgânicos e agroecológicos. “Quem souber, digamos assim, surfar nessa onda, com certeza terá muitos frutos, tanto para a propriedade, quanto para os produtores e também questão de alimentação. Esse nível de crescimento é observado não só no Brasil, mas no mundo inteiro. No pós-pandemia também aumentou o desejo das pessoas em consumir um alimento mais saudável. Então, a produção orgânica e agroecologia vem de encontro a esse tipo de alimentação e melhorando também essa perspectiva de mercado”.
Estímulo à produção
A presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar (Comsea), Sílvia Krause, disse que a produção de alimentos mais saudáveis era uma das pautas dentro do conselho. “Segurança alimentar é um dos assuntos que discutimos no conselho era a base agroecológica. Por isso pensamos em trazer nesse dia 16, que é o dia da alimentação saudável, esse palestrante para falar, ensinar um pouco sobre essa base agroecológica, para os agricultores, para os representantes de escolas e hortas comunitárias”, comentou.
O poder público municipal tem procurado estimular a produção nas pequenas propriedades, principalmente. Por meio de programas, parte da produção é absorvida por escolas, para a produção de merenda escolar e na área de assistência social.
“A gente tem trabalhado nesse período, que eu estou à frente da Secretaria, sempre procurando dar esse enfoque, principalmente para a agricultura familiar”, explicou Paulo Nunes, titular da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente. “Nós temos parceiros, como a Empaer, o Senar, o IFMT, a Unilasalle, e a gente tenta produzir produtos com qualidade e sustentabilidade, eu acho que esse é o segredo”.
Foto: Ascom Prefeitura/Andrew Aragão
“A gente tem a oportunidade de ver a necessidade das famílias mais carentes do nosso município terem acesso a alimentação saudável”, destacou a secretária de Assistência Social, Janice Ribeiro. “Quando a gente pensa em cesta básica sabe que é necessário, que é essencial, mas a gente pensa também que não é só isso”.
Janice lembrou que o PAA (Programa de Aquisição Alimentar) foi um passo importante para oportunizar mais qualidade na alimentação dos luverdenses. “A gente consegue a cada 15 dias oportunizar 15, 20, 30 famílias com esses produtos que são plantados aqui, colhidos aqui e transferidos para a mesa das pessoas que realmente precisam”.
Feirinha
Outra ação que marcou o Dia da Alimentação Saudável foi a realização de uma feirinha no acesso do auditório dos Pioneiros. Na oportunidade foram expostos produzidos no município. “É uma maneira de divulgar nossos produtos. Enfrentamos muitas barreiras na agricultura e se não incentivarmos a produzir mais cada vez, o produtor acaba parando. Nós temos os parceiros como a Prefeitura, que nos anima. Dá orgulho de dizer que temos esse apoio”, declarou Vera Terezinha, presidente da Associação Luverdense de Agricultores Familiares (Aslaf).
Foto: Ascom Prefeitura/Andrew Aragão
Outra entidade convidada para expor seus produtos foi a Comunidade Terapêutica Portal da Sobriedade, que atende pessoas em processo de reabilitação química. Deyvid Campos disse que é uma oportunidade de expor os produtos de origem animal e vegetal que são trabalhados pelas pessoas assistidas pela instituição. “O trabalho onde a gente inclui a terapia, a produção de produtos derivados do animal, da horta. A gente tem vários parceiros envolvidos. No caso da horta, a gente tem a parceria da Unilasalle, que com o pessoal do grupo de extensão, que faz o curso de agronomia e de outros cursos, participam da produção de alface, almeirão, cheiro verde, enfim, uma variedade de produtos. Isso ajuda os meninos a trabalharem no dia a dia, e também desperta o interesse de trabalhar com esses produtos, e quem sabe futuramente, estar envolvido na produção da agricultura familiar”.
Além de resultar em terapia, produzir alimentos ajuda a manter os trabalhos da entidade. Por isso, sempre que convidada, a Comunidade Terapêutica participa de eventos do poder público e aproveita para expor a produção de pães, doces de leite, queijo, entre outros. Além disso, é possível adquirir os produtos aos domingos, no bairro Pioneiro. “Na igreja matriz Nossa Senhora de Fátima, a gente expõe das 8h às 9h, durante o período da missa, e após a missa a gente faz ali a venda desses produtos. Pode também procurar a paróquia e fazer os pedidos individuais. Todo dia tem um carro que vai e volta pra cidade com os produtos para o consumidor”, explica Deyvid, reforçando que a venda dos produtos é importante para a manutenção da instituição, porém o grande ganho é a recuperação dos jovens atendidos na entidade.
O Portal da Sobriedade atende em média 30 pessoas. Atualmente, de modo efetivo, são 18 pessoas fazendo o tratamento terapêutico. “Mais os colaboradores que são 5, a gente conta com 3 conselheiros terapêuticos, um coordenador, uma assistente social e uma psicóloga para ajudar no trabalho a desenvolver essa vontade de ficar bem na sociedade”, finaliza Deyvid.