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  • Parecer favorável da Embrapa fortalece regularização da agropecuária nas áreas úmidas do Araguaia e Guaporé

    Parecer favorável da Embrapa fortalece regularização da agropecuária nas áreas úmidas do Araguaia e Guaporé

    A validação técnica da Embrapa Solos aos estudos que indicam caminhos para a regularização ambiental das áreas úmidas dos Vales do Araguaia e do Guaporé foi considerada uma vitória pelos produtores rurais de Mato Grosso. A conquista foi tema central de uma audiência realizada nesta terça-feira (29), no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em Brasília, com a participação do segundo vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Amarildo Merotti.

    Merotti esteve acompanhado do superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), Marcelo Lupatini, e do gestor jurídico da Famato, Rodrigo Bressane. O grupo foi recebido pelo ministro Carlos Fávaro e pelo secretário-executivo Irajá Rezende de Lacerda para tratar da regularização do uso e ocupação das planícies dos vales do Araguaia e do Guaporé, regiões historicamente ligadas à produção agropecuária e que, há décadas, enfrentam entraves legais que dificultam a atividade no campo.

    Durante o encontro, foi apresentado o parecer técnico da Embrapa Solos, que valida o estudo conduzido pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pelo Instituto Uniselva, com apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT). O estudo traz critérios científicos para orientar a ocupação e o uso sustentável das áreas, com base em levantamentos de solo e relevo em alta precisão.

    O parecer, assinado pelo chefe-geral interino da Embrapa Solos, Daniel Vidal Pérez, reconhece a robustez científica da metodologia utilizada e recomenda que as diretrizes sobre o uso e manejo das áreas úmidas sejam consolidadas em um documento com força de lei, respaldado por dados detalhados sobre solos, vegetação e topografia.

    “Esse parecer representa uma conquista fundamental para o produtor rural que, há décadas, convive com a insegurança jurídica e com entraves legais que dificultam o trabalho no campo. A validação científica da Embrapa nos dá a certeza de que é possível produzir com responsabilidade ambiental. Agora, é preciso que isso se traduza em regras claras, seguras e executáveis. O produtor não pode continuar sendo penalizado pela ausência de critérios técnicos atualizados”, afirmou Amarildo Merotti, vice-presidente da Famato.

    A audiência também contou com a participação da presidente da Associação dos Fazendeiros do Vale do Araguaia, Carmem Bruder; da presidente da Associação Campos Guaporé, Joana de Resende; do prefeito de Vila Bela da Santíssima Trindade, Jacob Andrade; do secretário municipal de Fomento, Edcley Coelho; do assessor parlamentar da ALMT, Gideon Danni; além de técnicos do Mapa e representantes das associações.

    Para o gestor jurídico da Famato, Rodrigo Bressane, a integração entre a ciência, o setor produtivo e o poder público são premissa indispensável para a construção de soluções sustentáveis. “A temática em questão requer a conciliação entre a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico. Nesse contexto, o parecer técnico emitido pela Embrapa representa um importante instrumento de embasamento técnico-científico para assegurar esse equilíbrio de forma jurídica e responsável”, ressaltou.

    Com a entrega oficial do parecer, o próximo passo será a elaboração de um marco legal estadual que reconheça os dados técnicos apresentados e permita a modernização da legislação ambiental, garantindo segurança jurídica e acesso à tecnologia para os produtores dos Vales do Araguaia e do Guaporé.

  • Clima pode favorecer rendimentos no trigo

    Clima pode favorecer rendimentos no trigo

    A safra de trigo está começando na Região Sul do Brasil, onde está concentrada mais de 80% da produção nacional. A expectativa é de redução da área, mas com previsão de neutralidade climática, condição favorável aos cultivos de inverno que poderá resultar em rendimentos acima dos 50 sacos de trigo por hectare.

    A estimativa nos levantamentos iniciais é de redução de área nos dois principais estados produtores de trigo no Brasil. No Paraná, a área coberta com trigo em 2025 será 20% menor em relação à safra passada, contabilizando 912 mil hectares. É a menor área de trigo no estado desde 2012. Segundo o Deral/PR os motivos para a queda gradual estão nas frustrações com o clima, o preço do seguro agrícola e a melhor rentabilidade do milho segunda safra, que divide espaço com o trigo, especialmente nas regiões Oeste e Norte do Paraná. Contudo, a produtividade esperada pode ser 36% maior, próxima a 50 sacos por hectare (sc/ha), uma vez que o trigo sofreu com a seca que comprometeu o rendimento das lavouras em 2024.

    No Rio Grande do Sul, a estimativa da CONAB indica redução de 10,9% na área de trigo, chegando aos 1,2 milhão de hectares. A previsão é de produtividade 8% maior, passando dos 50 sc/ha. A aposta na melhora da produtividade das lavouras está na previsão de neutralidade no clima que começa a se desenhar, o que pode favorecer o manejo das lavouras da implantação à colheita.

    De acordo com o agrometeorologista Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo, o fenômeno El Niño, responsável pelos prejuízos na safra de inverno 2023, não deverá estar presente em 2025, afastando o risco de excesso de chuva, especialmente na primavera. “A previsão é de que La Niña encerre o seu ciclo ainda no outono/inverno, e que a primavera seja marcada por uma condição neutra do fenômeno El Niño Oscilação Sul. Ainda que o cenário não seja o mais favorável, como em períodos de La Niña, também não é o mais adverso, como nos anos de El Niño. Um ano neutro, apesar de trazer incertezas, não costuma trazer problemas fitossanitários e de qualidade tecnológica para o trigo”, explica Cunha.

    Geadas

    Nesta safra, a ocorrência de geadas deverá seguir o padrão climático regional, com os primeiros registros ainda durante o outono nas regiões de maior altitude, com as geadas se intensificando ao longo do inverno até reduzir a frequência na primavera.

    “As geadas, em alguns aspectos, são vistas como aliadas para as culturas de inverno, pois atuam no controle de plantas daninhas remanescentes do verão e reduzem o metabolismo e o ciclo de surgimento de pragas. Todavia, quando as geadas ocorrem no espigamento do trigo, os danos podem ser irreversíveis”, avalia Cunha.

    O potencial de dano varia conforme a época de semeadura do trigo, com maior impacto quando coincide a geada com o momento do espigamento do trigo. A formação de geada pode causar danos no final de julho no trigo do norte do PR, no mês de agosto nas lavouras da região Noroeste do RS, ou a partir de meados de setembro no Planalto do RS.

    As estratégias para reduzir perdas com as geadas são o escalonamento do plantio, o uso de cultivares de diferentes ciclos de maturação e seguir o zoneamento agrícola que orienta a melhor época de implantação das lavouras nas diferentes regiões do sul do País.

    Acerto nas previsões

    A média de acerto das previsões meteorológicas atualmente está acima de 90% nas previsões de curto prazo – até cinco dias. As informações sobre chuva e temperatura são importantes para a tomada de decisão no campo, determinando o melhor momento para a aplicação de fertilizantes em cobertura ou dos produtos de proteção de plantas.

    “Não basta abrir a janela para ver o tempo, é preciso buscar informação nos institutos que trabalham com meteorologia, como o INMET e o CPTEC INPE no Brasil, e tomar as decisões embasadas em orientações da assistência técnica. As previsões de tempo e clima são aliadas que estão a serviço dos agricultores”, finaliza Gilberto Cunha.

  • Famato apresenta proposta de padronização do processo de classificação da soja na Câmara Setorial do Mapa

    Famato apresenta proposta de padronização do processo de classificação da soja na Câmara Setorial do Mapa

    A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) participou, nesta terça-feira (29/04), da 65ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Soja, realizada no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em Brasília. Representando o Sistema Famato, estiveram presentes o 2º vice-presidente, Amarildo Merotti, e o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), Marcelo Lupatini. O analista de Agricultura da Famato, Alex Rosa, participou de forma online.

    Atendendo a uma demanda recorrente dos produtores rurais mato-grossenses, o analista Alex Rosa apresentou uma proposta técnica para sistematizar o processo de classificação, conferência e arbitragem da soja.

    O objetivo é assegurar maior segurança jurídica, transparência e isonomia entre produtores e compradores — como indústrias e armazéns. A proposta teve como base experiências práticas da safra 2023/2024, que evidenciaram a necessidade de um fluxo mais padronizado e confiável para a comercialização do grão.

    “A proposta que apresentamos busca garantir mais transparência e segurança jurídica na comercialização da soja. Nosso objetivo é dar voz ao produtor rural e fortalecer a confiança entre todas as partes envolvidas no processo. A padronização da classificação é um passo essencial para evitar conflitos e valorizar o trabalho técnico”, disse Alex Rosa.

    A proposta defendida pela Famato foi estruturada em três etapas. A primeira prevê que, no momento da entrega da soja ao armazém ou à indústria, o produtor receba o romaneio com o laudo de classificação, obrigatoriamente emitido por um classificador habilitado e registrado no Mapa. A segunda etapa permite ao produtor contestar o laudo inicial, requisitando uma contraprova por outro profissional habilitado. Em caso de divergência entre os laudos, esse novo resultado será apresentado à indústria como tentativa de resolução amigável. Destaca-se que laudos emitidos por classificadores não registrados perdem validade legal, prevalecendo o documento emitido por profissional habilitado.

    Na terceira e última etapa, se persistir o desacordo entre as partes, o produtor poderá acionar o Sindicato Rural, que encaminhará a demanda à Famato. A federação, por sua vez, solicitará ao Mapa a designação de um classificador árbitro, cujo laudo será definitivo e terá caráter vinculante. A parte responsável pela divergência arcará com os custos do processo de arbitragem, reforçando o compromisso com a responsabilidade técnica.

    Além da apresentação da proposta da Famato, a reunião da Câmara Setorial abordou temas estratégicos para o setor, como a atualização da conjuntura da safra 2024/2025, com análise da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os impactos da seca sobre a produção agrícola, os encaminhamentos sugeridos pelos estados, informes da Secretaria Executiva da Câmara (CGAC/MAPA) e deliberações institucionais sobre assuntos gerais da cadeia da soja.

    Como encaminhamento, o presidente da Câmara Setorial comprometeu-se a oficializar a solicitação à Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/MAPA) para avaliar a viabilidade da criação de uma Câmara Nacional de Arbitragem para Classificação de Grãos, com a participação de entidades públicas e privadas.

    Também foi discutida a revisão da Instrução Normativa nº 11/2007, que já está em andamento, além do estudo de inovações no escopo da Lei nº 9.972/2000, que regulamenta a classificação de produtos vegetais.

    A iniciativa da Famato foi reconhecida como um passo importante para fortalecer a transparência, a previsibilidade e a segurança jurídica no processo de comercialização da soja.

    “Ao valorizar o trabalho de classificadores habilitados e promover a confiança entre produtores e compradores, a proposta contribui para evitar conflitos e judicializações desnecessárias”, disse o superintendente, Marcelo Lupatini.

    A federação reafirmou seu compromisso de colaborar tecnicamente com o Mapa e demais entidades do setor na construção de um novo modelo normativo para a classificação e arbitragem, com representatividade e equilíbrio institucional.

  • Cana-de-açúcar tem produção estimada em 663,4 milhões de toneladas na safra 2025/26

    Cana-de-açúcar tem produção estimada em 663,4 milhões de toneladas na safra 2025/26

    O ciclo 2025/26 de cana-de-açúcar tem produção estimada em 663,4 milhões de toneladas, volume 2% inferior quando comparado com o obtido na última temporada. A área destinada para a cultura se mantém relativamente estável em relação a 2024/25, com um ligeiro aumento de 0,3% chegando a 8,79 milhões de hectares. Já a produtividade média dos canaviais está estimada em 75.451 quilos por hectares, uma queda de 2,3% quando comparada com a última safra. Essa redução se deve às condições climáticas desfavoráveis durante as fases de desenvolvimento das lavouras em 2024. Os dados estão no 1º Levantamento da Safra de Cana-de-açúcar 2025/26 divulgado nesta terça-feira (29) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

    A queda da colheita esperada para a região Sudeste, principal região produtora da cultura, afetou a redução da produção nacional. Na região, é esperada uma queda na colheita de cana neste ciclo de 4,4% quando se compara à safra 2024/25, totalizando 420,2 milhões de toneladas. A região registrou uma condição climática desfavorável durante o desenvolvimento das lavouras, sobretudo em São Paulo, onde, além das baixas pluviosidades e altas temperaturas, foram registrados focos de incêndios, que afetaram parte dos canaviais. Esse cenário influenciou negativamente a produtividade média em 3,3%, estimada em 77.573 kg/ha. Além do menor desempenho das lavouras, a Conab também estima uma redução na área colhida.

    Já no Centro-Oeste, a segunda região que mais produz cana-de-açúcar no país, tem a estimativa para esta safra de produzir 148,4 milhões de toneladas. O volume representa um crescimento de 2,1% sobre o ciclo 2024/25, influenciado pelo aumento da área cultivada em 3,4% chegando a 1,91 milhão de hectares. Esse incremento compensa a perda esperada na produtividade média de 1,2%, projetada em 77.574 quilos por hectare, decorrente de condições climáticas menos favoráveis durante a fase evolutiva das lavouras.

    Na região Sul, a produtividade tende a se manter estável, em torno de 69 mil quilos por hectare. Já a área deve apresentar uma elevação de 2,3%, chegando a 497,1 mil hectares, o que resulta em uma produção de 34,4 milhões de toneladas.

    Já no Nordeste do país, onde as lavouras estão na fase de crescimento com previsão do início da colheita a partir de agosto, o incremento de área e a expectativa de melhores produtividades deverão aumentar a produção em 3,6%, com expectativa de colheita em 56,3 milhões de toneladas.

    Cenário semelhante é encontrado na região Norte. A expectativa de uma maior área destinada ao setor sucroenergético e melhora na produtividade, estimada em 82.395 kg/ha com o fator climático favorável, aponta para uma produção de 4,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

    Subprodutos – Mesmo com a redução na safra de cana no atual ciclo, a expectativa é de um incremento na produção de açúcar, podendo chegar a 45,9 milhões de toneladas. Caso o volume se confirme ao final do ciclo, esta será a maior fabricação do produto na série histórica da Conab.

    Por outro lado, a produção de etanol, somados os derivados da cana-de-açúcar e do milho, tende a apresentar redução de 1% em relação à safra anterior, estimada em 36,82 bilhões de litros. Quando se analisa apenas o combustível oriundo do esmagamento da cana-de-açúcar, a diminuição chega a 4,2% influenciado pela menor estimativa de colheita da matéria-prima. Essa queda é compensada pelo aumento da fabricação do etanol a partir do milho, que deverá ser acrescida em 11%.

    Mercado – A safra 2025/26 traz um cenário de expectativas positivas ainda que marcado por desafios climáticos, sobretudo para o açúcar, pois a competitividade brasileira no mercado internacional segue elevada, tendo em vista os custos de produção relativamente baixos e a possibilidade de menor oferta em outros grandes produtores, como a Índia e Tailândia, por exemplo. Neste panorama, a manutenção dos embarques em patamar robusto é esperada.

    Já no etanol, internamente a demanda continua vinculada à competitividade frente à gasolina e às políticas de precificação de combustíveis. Destaque para o aumento do combustível fabricado a partir do milho. Nos últimos anos, o setor tem expandido a capacidade de processamento do cereal, diversificando a matriz de combustíveis renováveis e garantindo maior estabilidade de preços. Para a safra 2025/26, essa expansão tende a prosseguir, ajudando a suprir a crescente demanda interna e dando suporte ao mercado mesmo quando a disponibilidade de etanol de cana estiver reduzida

    Os dados do 1° Levantamento da Safra 2025/26 de cana-de-açúcar e as condições de mercado do açúcar e etanol podem ser acessados no Boletim divulgado na página da Companhia.

  • Chuvas regulares favorecem milho segunda safra em Mato Grosso e Centro-Oeste, aponta boletim agrícola

    Chuvas regulares favorecem milho segunda safra em Mato Grosso e Centro-Oeste, aponta boletim agrícola

    O monitoramento climático e agrícola realizado entre os dias 1º e 21 de abril de 2025 revelou que o regime de chuvas se manteve favorável ao desenvolvimento das culturas de milho segunda safra e algodão em Mato Grosso e no restante da região Centro-Oeste. As informações fazem parte do Boletim de Monitoramento Agrícola, uma parceria entre a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Grupo de Monitoramento Global da Agricultura (Glam), que destaca as condições agrometeorológicas em apoio às estimativas de safra no Brasil.

    No Centro-Oeste, as precipitações foram suficientes para manter elevada a umidade do solo, essencial para o bom desenvolvimento das lavouras. Em Mato Grosso, líder nacional na produção de milho e algodão, o cenário se mostrou especialmente positivo. As chuvas constantes permitiram o crescimento vigoroso das lavouras de milho segunda safra, com índices de vegetação acima da média histórica e do ciclo anterior. O algodão também se beneficiou das condições climáticas estáveis, apresentando bom vigor vegetativo e formação adequada das estruturas reprodutivas, etapa fundamental para o potencial produtivo.

    No entanto, a primeira quinzena de abril foi marcada por variações no volume de chuvas em algumas áreas de Goiás e Mato Grosso do Sul. Nessas regiões, a irregularidade hídrica e as temperaturas elevadas causaram momentos pontuais de estresse para as plantas. Em Mato Grosso do Sul, a falta de precipitações mais regulares provocou uma desaceleração no crescimento do índice de vegetação, o que pode impactar parte da produtividade do milho segunda safra.

    De maneira geral, o monitoramento espectral aponta que, em Mato Grosso, Goiás, Tocantins e grande parte do Mato Grosso do Sul, o milho segunda safra segue com desenvolvimento satisfatório. Mesmo com oscilações climáticas observadas em março e abril, a recuperação hídrica no final do período ajudou na manutenção da sanidade das lavouras que ainda estavam em estágio vegetativo.

    O boletim também destacou a colheita de arroz no Tocantins e em Mato Grosso. No Tocantins, mais de 60% das áreas produtoras já foram colhidas, com lavouras cultivadas em várzeas apresentando boa sanidade. Em Mato Grosso, o volume expressivo de chuvas não impediu o avanço da colheita, que já atinge mais de 70% da área semeada, mantendo a qualidade dos grãos.

    Outro destaque para a região foi o bom desempenho do algodão em Goiás, onde, apesar da irregularidade das chuvas, a umidade disponível no solo tem se mantido suficiente para atender às exigências hídricas da fase de formação das maçãs. Em Mato Grosso do Sul, enquanto no Norte as lavouras continuam se desenvolvendo bem, no Sul do estado a colheita de algodão já se aproxima com a realização da desfolha.

    No contexto nacional, o monitoramento agrícola apontou desafios no Nordeste e no Sul do país. No Semiárido nordestino, a restrição hídrica manteve o déficit no solo, prejudicando culturas como feijão e milho. Já no Sul, embora as chuvas tenham sido irregulares, as temperaturas mais amenas ajudaram a manter a umidade do solo, favorecendo o desenvolvimento das culturas de segunda safra.

    O Boletim de Monitoramento Agrícola reforça a importância da coleta contínua de dados climáticos, observação da terra e análises de campo para orientar produtores e instituições em um país de dimensões continentais e grande diversidade de cultivos como o Brasil. Em Mato Grosso e no Centro-Oeste, a expectativa é de que as condições atuais ajudem a consolidar uma boa produtividade para o milho segunda safra e o algodão na safra 2024/2025, mesmo diante das variações climáticas registradas no início do ano.

  • Margem de esmagamento de soja cai pela segunda semana seguida em Mato Grosso

    Margem de esmagamento de soja cai pela segunda semana seguida em Mato Grosso

    A margem bruta de esmagamento de soja em Mato Grosso voltou a recuar nesta semana, registrando uma queda de 1,75% em relação ao período anterior. O valor médio ficou em R$ 643,31 por tonelada, acumulando a segunda semana consecutiva de retração.

    De acordo com análises, o movimento de baixa foi impulsionado pela desvalorização dos coprodutos da soja, especialmente do farelo, influenciada tanto pela queda do dólar quanto pelo recuo das cotações no mercado internacional.

    O cenário aumenta a pressão sobre as indústrias de processamento no estado, maior produtor nacional da oleaginosa.

  • Indicador do etanol hidratado fecha semana estável

    Indicador do etanol hidratado fecha semana estável

    Levantamentos do Cepea mostram que os preços do etanol hidratado encerraram a última semana praticamente estáveis. Entre 22 e 25 de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ deste combustível fechou em R$ 2,7080/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), pequena queda de 0,22% em relação ao período anterior.

    Segundo o Centro de Pesquisas, a proximidade do feriado do Dia do Trabalho pouco aqueceu os negócios envolvendo etanol hidratado no estado de São Paulo na semana passada. Pesquisadores do Cepea explicam que a postura retraída de compradores está atrelada às possibilidades de intensificação da entrada de produto da safra 2025/26 no curto prazo e de reajuste negativo no preço da gasolina. Além disso, a mudança do valor do PIS/Cofins a partir do dia 1º de maio reforça a cautela de distribuidoras.

    Do lado da oferta, a quantidade disponibilizada no spot paulista pouco se alterou na última semana, mesmo diante do crescimento gradativo por conta do início da moagem de cana. As chuvas em importantes regiões produtoras também limitaram a colheita e, consequentemente, evitaram um aumento na oferta, ainda conforme o Centro de Pesquisas.

  • CNA, Embrapa e FGV debatem transição energética com foco no biodiesel

    CNA, Embrapa e FGV debatem transição energética com foco no biodiesel

    Na perspectiva da transição energética, os biocombustíveis já têm papel de destaque na agenda global. O Brasil se destaca há décadas na produção de fontes alternativas ao combustível fóssil com base em matérias-primas geradas pela agricultura. Os desafios e oportunidades na produção e adoção de biocombustível no cenário nacional form debatidos no Seminário AGROENERGIA Transição Energética – edição Biodiesel, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), com apoio da Embrapa Agroenergia e do Observatório de Bioeconomia da FGV, dia 24 de abril, em Brasília-DF.

    São 21 anos desde a criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), em 2004, que teve como marco inicial a Lei 11.097 de 13/01/2005 (Lei do Biodiesel). Em duas décadas de políticas públicas aliadas à ciência e tecnologia no campo, o País alcançou um patamar de destaque como produtor de biocombustível. Com uma produção consolidada de matéria-prima, hoje, 74% do biodiesel vem do óleo de soja, mas com uma crescente diversificação dessas matérias a partir de  grãos, canola e óleo de dendê, óleo de milho, de algodão, para citar alguns.

    Segundo destacou Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, em sua fala de abertura no evento, a discussão e ações em relação ao biodiesel já vem de longa data no Brasil, mas, com a conexão direta que o tema dos biocombustíveis com a transição energética e, consequentemente, às questões climáticas, o assunto ganha novo destaque no cenário mundial. “Sem agricultura, não há biocombustível, e nós temos ciência e tecnologia para essa agricultura. O que pode levar o Brasil a uma posição de destaque no mundo”.

    Hoje, 45% da matriz energética do Brasil vem de fontes renováveis, é o que apresentou o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, na palestra de abertura do Seminário. “O Brasil já está no processo de transição energética há algum tempo. É importante que o mundo reconheça o País como um dos maiores produtores de biocombustíveis sustentáveis”, destacou. Em 2024, o País bateu recorde na produção de biodiesel, alcançando 9 bilhões de litros. Segundo dados da UFOP, o Brasil ocupa hoje a 3ª posição global em produção de biodiesel. Se considerado o contexto unitário, visto que a União Européia, que está em segundo lugar, é uma agrupamento de países, já somos o 2º maior produtor.

    Atualmente, a produção nacional de biodiesel se concentra nas regiões Centro-Oeste (MT) e Sul (RS), por serem os locais com maior escala de produção da soja, principal matéria-prima. Para Bruno Laviola, a perspectiva de levar essas produções também para as regiões Norte e Nordeste é ampliar a geração de emprego e renda e melhorar a logística nesses locais, ou seja, conectando cada vez mais todas as regiões do País às 58 usinas que hoje produzem biodiesel (dados ANP).

    Ainda na perspectiva de aumento de produção, pensar em tecnologias que tornem possível aproveitar a 2ª safra (safrinha) para o cultivo de oleaginosas é também uma oportunidade a ser explorada. Segundo Laviola, o aproveitamento da safrinha é uma alternativa para ampliar a escala de produção de óleo sem aumentar um hectare e agregando a isso o fator desenvolvimento regional que o aumento de produção de matérias-primas pode gerar. Ou seja, o Brasil está apto a produzir matérias-primas para geração de biodiesel, trazendo junto geração de renda, emprego e produtividade sem aumento de área plantada.

    A Embrapa Agroenergia desenvolve projetos de pesquisa voltados ao desenvolvimento de matérias-primas, produção de biodiesel e aproveitamento de resíduos e coprodutos da cadeia de produção. Em destaque, pode-se citar os projetos envolvendo estudos para domesticação da macaúba, espécie nativa, tropicalização da canola e agregação de valor a glicerina.

    COP 30

    No ano que teremos a COP 30 realizada no Brasil, é premente destacar e debater o impacto desse produto na agenda das questões climáticas. Falar de biocombustível, é falar de descarbonização. O uso de biocombustível diminuiu em até 80% a emissão de CO2 em relação ao combustível fóssil.

    Seminário na íntegra

    O Seminário AGROENERGIA Transição Energética – edição Biodiesel teve a participação de entidades do setor, produtores rurais, especialistas, diretores do Sistema CNA/Senar e presidentes de Federações de agricultura e pecuária dos Estados. A mesa de abertura contou com  o presidente da CNA, João Martins, o deputado federal Arnaldo Jardim, o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, e o coordenador do Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, Guilherme Bastos.

    O evento também recebeu como palestrantes no Painel 1: Do Campo à transformação: Explorando as matérias-primas do biodiesel, Alexandre Pereira, diretor comercial da Biopower; Fábio Júnior Benin, coordenador de PD&I da Be8; e Dioger Teruel, gerente de Pesquisa e Inovação da Acelen Renováveis e no Painel 2: Energia limpa em movimento: O papel do biodiesel na transição energética, Lucas Boacnin, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Argus Media, e André Lavor, CEO e cofundador da Binatural.

    Assista no canal do Sistema CNA/Senar no Youtube e baixe também a publicação “Biodiesel – A força da agricultura brasileira na transição energética”, que reúne informações e números de destaque relacionados ao biodiesel no Brasil, elaborada pela Embrapa Agroenergia e o Observatório de Bioeconomia da FGV.

    Políticas públicas

    A transição energética a partir da agricultura no Brasil não é recente — ela começou a se desenhar já na década de 1970, com um movimento estruturado de transformação da agropecuária nacional, que coincide com a criação da Embrapa em 1973. Desde então, o País passou a investir de forma estratégica em pesquisa agropecuária, desenvolvendo soluções inovadoras baseadas em recursos renováveis.

    Esse processo foi amplificado por políticas públicas federais que, ao longo das décadas, promoveram o uso de matérias-primas sustentáveis, com destaque para o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), lançado em 1975, que consolidou o etanol como alternativa à gasolina.

    Já nos anos 2000, a criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), em 2004. Mais recentemente, com o lançamento da Política Nacional de Combustível do Futuro (Lei 14.993 de 8 de outubro de 2024), o Brasil reafirmou seu compromisso com a descarbonização da matriz de transportes, integrando iniciativas como o RenovaBio, o Programa Rota 2030 e o incentivo ao uso de combustíveis sustentáveis da aviação (SAF) e do diesel verde. A Embrapa Agroenergia teve participação direta na formulação da Lei do Combustível do Futuro, integrando o grupo de trabalho de pesquisa, desenvolvimento e inovação, contribuindo por meio de notas técnicas e participação em audiências públicas sobre o tema.

    Em todas essas políticas públicas, a Embrapa tem exercido papel estratégico como geradora de conhecimento, tecnologia e inovação para o uso sustentável da biomassa — uma atuação que ganha ainda mais relevância nesta semana em que a Empresa completa 52 anos de contribuição contínua ao desenvolvimento do Brasil.

  • Preços do açúcar cristal seguem firmes com oferta restrita no início da safra

    Preços do açúcar cristal seguem firmes com oferta restrita no início da safra

    Os preços do açúcar cristal branco continuam firmes no mercado spot do estado de São Paulo, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Entre os dias 22 e 25 de abril, a média do Indicador CEPEA/ESALQ para o açúcar com cor Icumsa de 130 a 180 foi de R$ 144,24 por saca de 50 quilos, o que representa uma alta de 0,9% em comparação com o período anterior.

    De acordo com o Cepea, o suporte aos preços vem, principalmente, da restrição de oferta do açúcar tipo Icumsa até 180 neste primeiro mês oficial da safra 2025/26. Na semana passada, as negociações se concentraram entre terça e quinta-feira, período em que a liquidez captada foi maior. Já na sexta-feira, 25, a movimentação caiu devido às chuvas em regiões produtoras de cana-de-açúcar no estado, o que paralisou a produção e levou algumas usinas a retirarem suas ofertas do mercado.

    A expectativa é que, conforme a safra avance e a moagem de cana-de-açúcar se intensifique, o comportamento dos preços possa sofrer novos ajustes, dependendo da dinâmica de oferta e demanda.

  • Semeadura de trigo avança de forma lenta no Paraná em meio a incertezas

    Semeadura de trigo avança de forma lenta no Paraná em meio a incertezas

    A semeadura do trigo da nova temporada avança de maneira lenta no norte do Paraná. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mesmo com preços considerados atrativos para os produtores, ainda persistem incertezas quanto à área total que será cultivada no Brasil. A instabilidade climática, especialmente no Sul do País, tem levado muitos agricultores a priorizarem outras culturas em detrimento do trigo.

    Por enquanto, as estimativas oficiais indicam uma redução de 22% na área plantada em comparação ao ciclo anterior, totalizando 886,7 mil hectares, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Apesar da retração na área, a produção paranaense de trigo deve crescer 24%, alcançando 2,85 milhões de toneladas, impulsionada por um expressivo aumento de produtividade.

    As projeções do Deral apontam que a produtividade média pode atingir 3,2 toneladas por hectare, um avanço de 56% em relação à safra anterior. Esse ganho de eficiência é visto como fundamental para compensar a menor área semeada e sustentar a oferta do cereal no mercado interno.