Tag: Agro

  • Setor produtivo debate “Passaporte Verde” com governo e Ministério Público em reunião na Famato

    Setor produtivo debate “Passaporte Verde” com governo e Ministério Público em reunião na Famato

    Atendendo a um pedido do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Amarildo Merotti, foi realizada nesta terça-feira (6/5), na sede da instituição, em Cuiabá, uma reunião entre representantes do setor produtivo, indústrias frigoríficas, Governo do Estado e Ministério Público Federal (MPF) para discutir a implementação do Passaporte Verde. A iniciativa, encabeçada pelo Governo de Mato Grosso e pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), visa fortalecer a sustentabilidade e a regularização ambiental da cadeia produtiva da carne no estado.

    O encontro contou com a participação do secretário de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, e do secretário de Estado de Fazenda, Rogério Gallo, reforçando o compromisso do governo com a construção de uma política pública que concilie sustentabilidade, viabilidade econômica e segurança jurídica para os produtores.

    Também participaram o diretor de Relações Institucionais da Famato, Ronaldo Vinha; o presidente da Associação dos Criadores de Gado de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Júnior, acompanhado do diretor Francisco Manzi; o presidente do Imac, Caio Penido; além do diretor de Projetos, Bruno de Jesus Andrade, e da diretora-executiva, Paula Sodré Queiroz. A indústria frigorífica foi representada por profissionais das empresas Minerva Foods, Marfrig e JBS, que contribuíram com a visão do setor em relação à viabilidade e aplicabilidade do Passaporte Verde.

    Para o presidente do Imac, Caio Penido, a reunião foi um passo muito importante. “Conseguimos reunir hoje aqui os principais elos da cadeia – a Acrimat, a Famato, que representam os produtores rurais, na liderança do Oswaldo Júnior e do Amarildo Merotti, os secretários César Miranda e Rogério Gallo, o Imac fazendo essa costura, e as três grandes indústrias frigoríficas. É uma agenda que ganha acesso a mercados, qualidade, monitoramento da carne, para não perdermos mercado. É uma agenda que estamos construindo há três anos e espero que tenhamos sucesso. É o ano da COP, e vamos dar esse protagonismo para Mato Grosso. Mostrar que o estado tem a melhor carne do mundo, além de conservar a biodiversidade. É uma carne de baixo carbono, que pode melhorar ainda mais e comprovar que a nossa carne é a mais sustentável”, afirmou.

    O vice-presidente da Famato, Amarildo Merotti, chamou atenção para a inclusão dos pequenos produtores nas discussões e futuras regulamentações do Passaporte Verde. “A sustentabilidade e a legalidade precisam andar juntas, mas é fundamental que os pequenos produtores tenham condições reais de atender às exigências. O Passaporte Verde deve ser uma ferramenta de valorização da carne mato-grossense, da regularização ambiental e, principalmente, de segurança jurídica. Precisamos garantir que ninguém fique para trás e que todos tenham acesso ao apoio técnico necessário para se adaptar às novas regras”, declarou Merotti.

    Pelo Ministério Público Federal, participou pela plataforma online o procurador da República Erich Raphael Masson, que reforçou a necessidade de diálogo entre os entes envolvidos, além de destacar a importância da criação de um programa de monitoramento com o apoio do Imac e da identificação individual dos animais, para evitar sobreposição de esforços nos sistemas de rastreabilidade.

    Durante a reunião, foi consenso entre os participantes que o sucesso do Passaporte Verde depende do alinhamento entre o setor produtivo e os órgãos públicos. Um dos pontos centrais debatidos foi a necessidade de que a implementação do programa esteja em conformidade com o Plano Nacional de Identificação de Animais (PNIA), cujas diretrizes preveem a identificação individual obrigatória a partir de janeiro de 2030 e a centralização das informações até 2032.

    A Famato enfatizou a importância de se evitar conflitos com normas federais, destacando que as diretrizes precisam ser práticas e viáveis, especialmente diante das limitações operacionais enfrentadas no campo, como a escassez de mão de obra.

    Outro ponto levantado, desta vez pelo presidente da Acrimat, Oswaldo Júnior, foi a flexibilidade presente no projeto de lei em tramitação, o que pode gerar insegurança e interpretações divergentes. Os representantes defenderam que haja uma diretriz única para garantir a eficácia das ações e a segurança jurídica dos produtores rurais.

    Durante o encontro, foram discutidos ainda os principais elementos do Passaporte Verde, como os programas voltados à qualidade da carne, monitoramento socioambiental e apoio à regularização das propriedades. O setor produtivo se comprometeu a alinhar os pontos do projeto de lei que trata do Passaporte Verde com o que já é previsto no PNIA e em outras legislações, contribuindo com propostas que reflitam a realidade do campo.

    O procurador Erich Masson ressaltou que o Ministério Público não atuará com um viés punitivo, mas sim colaborativo, e que seguirá acompanhando as discussões para garantir a efetividade das ações, o respeito à legislação e a viabilidade técnica do processo de rastreabilidade.

    Ao fim da reunião, ficou definido que a Famato e a Acrimat atuarão conjuntamente para assegurar que os pequenos produtores estejam incluídos nas decisões e tenham apoio para atender aos critérios socioambientais exigidos. O setor também irá contribuir com a apresentação dos elementos centrais do Passaporte Verde, conforme o projeto de lei em discussão pelo Executivo estadual.

  • Nova portaria federal estabelece datas do vazio sanitário da soja em Mato Grosso

    Nova portaria federal estabelece datas do vazio sanitário da soja em Mato Grosso

    A nova Portaria nº 1.271/2025, publicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, estabelece de forma nacional os períodos do vazio sanitário e do calendário de semeadura da soja para todas as unidades da federação. Embora a norma represente uma mudança no modelo de gestão — antes definido por estados individualmente —, para o estado de Mato Grosso as datas permaneceram inalteradas, conforme explicou o engenheiro agrônomo do Indea de Lucas do Rio Verde, Leandro Oltramari.

    Segundo ele, o vazio sanitário da soja em 2025 será mantido de 8 de junho a 6 de setembro, período em que é proibida a presença de plantas vivas de soja em qualquer estágio de desenvolvimento. O calendário oficial de plantio da próxima safra inicia em 7 de setembro de 2025 e se estende até 7 de janeiro de 2026.

    “É importante que os produtores aproveitem esse período de umidade residual para realizar a eliminação de tigueras, que são aquelas plantas de soja voluntárias, comuns em áreas próximas a armazéns, beiras de estradas e soqueiras. A presença dessas plantas fora de época aumenta o risco de disseminação da ferrugem asiática, além de outras doenças e pragas”, alertou Oltramari.

    O técnico lembra que o descumprimento da norma implica em multa de 2 UPFs (Unidades Padrão Fiscal) por hectare irregular, além de uma multa-base de 30 UPFs por infração. “Em uma área de 100 hectares, por exemplo, o valor da multa pode ultrapassar facilmente o necessário para aquisição de herbicidas e controle adequado”, destacou.

    Outro ponto de preocupação levantado por Oltramari é o atípico regime de chuvas registrado neste ano em Mato Grosso. A persistência da umidade nos meses de abril e início de maio, fora do padrão histórico, cria um cenário propício para o surgimento antecipado de doenças como a ferrugem asiática. “Essas condições aumentam o risco sanitário, principalmente em áreas onde há permanência de plantas voluntárias de soja, que funcionam como hospedeiras e fontes iniciais de inóculo para a próxima safra”, explicou.

    Na safra 2023/24, marcada pela influência do fenômeno El Niño e chuvas abaixo da média, houve menor pressão de doenças. No entanto, segundo o engenheiro, a safra 2024/25 apresentou elevada umidade nos meses de janeiro e fevereiro, o que resultou na presença de ferrugem em várias lavouras, principalmente as chamadas “tardias”.

    “Cada safra tem suas particularidades. Por isso, o produtor precisa atuar com planejamento estratégico, observando as condições climáticas, os riscos fitossanitários e adotando medidas preventivas dentro do que estabelece a legislação. O cumprimento do vazio sanitário é uma das ferramentas mais importantes nesse processo”, concluiu.

  • Presidente da CNA diz que evento vai orientar produtores rurais do Brasil sobre novo cenário global

    Presidente da CNA diz que evento vai orientar produtores rurais do Brasil sobre novo cenário global

    O presidente da CNA, João Martins, participou da abertura e do primeiro painel do evento “Cenário Geopolítico e a Agricultura Tropical”, realizado nesta terça (6) em São Paulo, e afirmou que o objetivo de reunir especialistas renomados em vários painéis é levar conhecimento para que os produtores rurais, de todo o país, possam se preparar e entender as mudanças no comércio internacional.

    Realizado pelo Sistema CNA/Senar, em parceria com o Estadão e com a Broadcast, o evento reuniu na capital paulista o governador Tarcísio de Freitas, especialistas, autoridades, parlamentares, jornalistas, diretores do Sistema CNA/Senar, presidentes das Federações de agricultura e pecuária dos Estados e produtores rurais.

    Durante todo o dia, os especialistas debateram as oportunidades e os desafios para o agro brasileiro diante das mudanças no cenário geopolítico.

    “A CNA está atenta às mudanças do mundo. Não acredito que alguém, no atual momento, tenha capacidade de dizer o que vai acontecer, mas podemos simular cenários e orientar os produtores”, disse Martins.

    O presidente da CNA falou também da importância que os presidentes de Federações e os presentes no evento levem para suas bases, para seus Estados e para os produtores o conhecimento gerado por meio dos painéis de debate.

    “Estava na hora de fazer um evento como este. Temos que entender a realidade do que está acontecendo no mundo e o seminário foi pensado com este objetivo”, disse.

    Em seu discurso, João Martins destacou que o agro brasileiro não é só do Brasil, é do mundo. “E não falo só da soja ou da carne que exportamos. Falo também da alface, do tomate e de tudo que vendemos nas feiras. Mesmo quando o produto não é exportado, o produtor está ligado ao mundo”, disse.

    Segundo Martins, o agro está cada vez mais globalizado e dependente do comércio global que, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), deve crescer 1,7% e não mais 2,5% em função das novas tarifas norte-americanas.

    Também na abertura, Tarcísio de Freitas, destacou a importância do agro para o país e enfatizou que a organização do setor e os resultados que apresenta são frutos do trabalho de homens e mulheres no campo.

    Tarcísio disse que não poderia haver momento melhor para realizar um seminário de alto nível. “É o momento certo para discutir a temática, o posicionamento do agro perante o contexto internacional e as mudanças geopolíticas que estão acontecendo”.

    O governador falou dos avanços do agro em São Paulo, no país, e citou pilares que determinam o crescimento de um setor, como a biotecnologia, a economia do conhecimento e a transição energética. “E o agro tem papel fundamental quando pensamos nesses pilares”.

    Para Tarcísio, a razão do sucesso do agro é o trabalho, que resultou em um setor sustentável, tecnológico. “Temos orgulho de ser uma potência agroambiental, ninguém pode dizer o contrário. E é isso que temos que mostrar para o mundo neste momento”.

    Painel 1 – Após a abertura, foi realizado o painel “Cenário Geopolítico e a Agricultura Tropical”, que teve a moderação do jornalista da CNN Brasil Willian Waack e participação do presidente João Martins, do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion, e da senadora e ex-ministra a Agricultura, Tereza Cristina.

    Willian Waack começou falando da “imprevisibilidade” e da “delicadeza” do atual momento mundial e de como as mudanças no comércio ocorrem de forma rápida e com impacto global.

    Foi nesse contexto que o presidente da CNA enfatizou a necessidade do Sistema CNA/Senar, ao promover o evento, possibilitar que os produtores rurais fiquem bem informados para que consigam “simular cenários”.

    Em seguida, a senadora Tereza Cristina falou sobre a Lei de Reciprocidade Comercial e como a legislação pode ser aplicada, se necessária. “A lei foi feita com muita responsabilidade e serve como ferramenta para nos proteger contra medidas desproporcionais de comércio”.

    Em sua fala, Tereza Cristina pontuou os desafios que o país precisa superar para que o agro continue sendo competitivo no mercado mundial. “Nós temos um setor altamente eficiente e produtivo, então temos que resolver principalmente o crédito, o seguro rural, a capacidade de armazenagem, fundamentais para garantir previsibilidade e segurança ao produtor”.

    Já o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, citou a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e como ela pode impactar o Brasil. Segundo ele, o setor precisa ficar atento, avaliar as vantagens competitivas e ao mesmo tempo os riscos diante das novas questões do comércio mundial.

    “Nós, parlamentares, e as entidades de classe temos feito nossa parte também, que é nos preparamos para o vem por aí, para apresentar os possíveis cenários aos produtores rurais”, afirmou.

  • Clima atípico favorece desenvolvimento do milho, mas lagarta preocupa e eleva custo da safra

    Clima atípico favorece desenvolvimento do milho, mas lagarta preocupa e eleva custo da safra

    O mês de abril foi atípico para o Estado de Mato Grosso, com um volume de chuvas acima do esperado para o período. A avaliação é do presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Tiago Cinpak, que aponta que, embora o excesso de chuva tenha estendido o ciclo da estação chuvosa além do habitual, o impacto sobre o milho tem sido, em geral, positivo.

    “A chuva geralmente cessa por volta de 15 a 20 de abril, mas este ano ela se manteve presente durante todo o mês. Apesar do plantio ter sido um pouco fora da janela ideal, especialmente no milho e no algodão da segunda safra, a umidade favoreceu o desenvolvimento das lavouras. A expectativa é de uma safra boa”, afirmou Cinpak.

    No entanto, o presidente do sindicato rural chama atenção para o aumento na presença de pragas, principalmente a lagarta-do-cartucho, que exigiu um controle mais rigoroso por parte dos produtores. “As tecnologias que antes seguravam a lagarta perderam eficiência. Tivemos muitos ataques no início e o produtor não estava tão preparado, porque confiava nessas tecnologias. Isso aumentou o custo com defensivos, mas o controle foi possível e não deve impactar de forma significativa a produtividade”, avaliou.

    Sobre o mercado, Cinpak considera que o preço do milho segue em patamar razoável, mesmo com a tendência de recuo na colheita. O cenário é melhor do que o da soja e do algodão, cujas cotações seguem desafiadoras. “O milho está em um preço confortável, principalmente com a perspectiva de crescimento da indústria de etanol de milho em Mato Grosso, que tem absorvido parte da produção. Isso ajuda a dar sustentação ao mercado”, completou.

  • Embrapa e Ufersa disponibilizam cultivar de porta-enxerto de maracujá resistente à fusariose

    Embrapa e Ufersa disponibilizam cultivar de porta-enxerto de maracujá resistente à fusariose

    A Embrapa e a Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) apresentaram na última quarta-feira (30), em Mossoró (RN), cultivar de porta-enxerto de maracujazeiro resistente à fusariose e tolerante a estresses hídrico e salino: a UFERSA BRSRM 153, validada no Rio Grande do Norte e na Bahia em condições do Semiárido e Cerrado. O evento foi realizado no auditório da Reitoria da Ufersa. Ao final do evento, foi realizada uma visita técnica na área de maracujá enxertado localizada na Fazenda Raio de Sol (Baraúna/RN).

    O pesquisador Fábio Faleiro, chefe de TT da Embrapa Cerrados, participou do evento e destacou a relevância da parceira e do estudo para a fruticultura brasileira. “Muitos produtores desistem do maracujá por causa da fusariose. Por isso, o desenvolvimento dessa cultivar de maracujá silvestre, para uso como porta-enxerto, representa um marco importante para a cultura no País”, afirmou. Segundo ele, a tecnologia já está sendo validada e adotada em vários estados da região nordeste e centro-oeste.

    Segundo o professor Eudes Cardoso, da Ufersa, responsável pela pesquisa na instituição de ensino, o novo porta-enxerto representa uma solução sustentável. “Hoje é um dia ímpar na minha vida profissional. Poder, após vários anos de pesquisa, entregar ao produtor de maracujá do Brasil uma planta resistente, tolerante, que ele pode plantar em áreas afetadas pela fusariose, é extremamente gratificante”, afirmou.

    Características da cultivar

    A cultivar foi obtida por meio do melhoramento genético convencional a partir de acessos e populações da espécie de maracujá silvestre Passiflora foetida L, conhecido popularmente como maracujá de estalo. Um ponto relevante para o processo de obtenção e lançamento da cultivar de porta-enxerto foi a busca de uma solução tecnológica para amenizar o sofrimento de produtores de maracujá com a fusariose em seus pomares na região da Caatinga e do Cerrado.

    De acordo com o pesquisador Fábio Faleiro, as principais características desta cultivar trabalhadas no melhoramento genético foram a alta produtividade e germinação de sementes, a resistência à fusariose, a compatibilidade do porta-enxerto com cultivares copa de maracujazeiro azedo e o desempenho agronômico das mudas enxertadas em relação às mudas obtidas por sementes.

    A validação da resistência à fusariose foi realizada em condições de laboratório, campos experimentais e plantações comerciais na região Nordeste e a validação está sendo realizada em outras regiões do Brasil com histórico de ocorrência da fusariose para a extensão da recomendação. Com base nos resultados positivos do desempenho agronômico, a cultivar foi registrada (RNC Nº 54598 de 18/07/2023) no Ministério da Agricultura e Pecuária.

    Origem do nome

    A denominação da cultivar de porta-enxerto UFERSA BRSRM 153 presta uma homenagem aos fatos históricos que ocorreram em Mossoró, RN. O termo RM 153 (Resistente de Mossoró) faz uma alusão aos 153 homens que resistiram à invasão do bando do cangaceiro Lampião a Mossoró, no dia 13 de junho de 1927. Neste dia, em uma batalha conhecida como “Batismo de Fogo de Mossoró”, os cangaceiros encontraram uma trincheira montada em frente à Igreja de São Vicente, localizada no Centro de Mossoró. Dessa forma, Mossoró foi a primeira cidade a resistir ao rei do cangaço.

    Esse ato heroico marca o começo de uma história que iria se espalhar por todo o Nordeste e marcar o início da queda do rei do cangaço. “Fazendo um paralelo com a fusariose do maracujá, a cultivar UFERSA BRSRM 153 marca o início de uma luta contra uma doença que é um verdadeiro pesadelo para os produtores de maracujá no Nordeste e em outras regiões do Brasil”, afirmou Faleiro.

    Como ter acesso ao material

    Os interessados em mudas enxertadas podem entrar em contato com o Viveiro CitroSol (84 99998 3120) que é parceiro da pesquisa no ajuste do sistema de produção de sementes da cultivar UFERSA BRSRM 153 e de produção de mudas enxertadas. Esse viveiro também é parceiro no processo de ampliação da validação da cultivar em outras regiões do Brasil com produção de maracujá e histórico de ocorrência da fusariose. O trabalho no momento está sendo conduzido no sentido de ampliar essas regiões de validação da cultivar e acertar a logística de produção de sementes e mudas.

    A cultivar UFERSA BRSRM 153 da espécie P. foetida desenvolvida em parceria com a UFERSA se junta às cultivares BRS Terra Nova (P. nitda) e BRS Terra Boa (P. alata) desenvolvidas em parceria com a Coopernova e a BRSRJ MD (P. phoenicea) em parceria com a Pesagro-Rio e Instituto Federal Fluminense.

  • Ferramenta da Embrapa facilita a gestão ambiental da produção agrícola

    Ferramenta da Embrapa facilita a gestão ambiental da produção agrícola

    Uma ferramenta digital desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente promete facilitar o trabalho de pesquisadores e técnicos interessados em medir os impactos ambientais de produtos agrícolas. Trata-se da ICVCalc-Embrapa, um sistema que organiza e processa dados para a construção de inventários ambientais, base dos estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV).

    De acordo com Marilia Folegatti, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e uma das idealizadoras, a ACV é um método que quantifica os potenciais impactos ambientais de produtos ou serviços, considerando todas as entradas e saídas de material e energia ao longo do seu ciclo de vida — da extração de matérias-primas até o descarte de resíduos. Essa análise é feita em quatro etapas: definição de objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de impactos e interpretação dos resultados.

    A ICVCalc-Embrapa atua justamente na segunda fase, a chamada Análise do Inventário do Ciclo de Vida (ICV). É nesse momento que são levantados dados como consumo de energia e materiais, e emissões para a atmosfera, para corpos hídricos e resíduos sólidos gerados ao longo do processo produtivo. A ferramenta permite registrar essas informações de forma sistemática, com planilhas específicas para cada tipo de dado, incluindo metadados, entradas de insumos e estimativas de emissões.

    “Os parâmetros de entrada se referem quase exclusivamente ao consumo de insumos e energia, explica a pesquisadora. Inicialmente desenvolvida em planilhas do Excel, a versão atual da ICVCalc-Embrapa é um sistema web. Ela contabiliza insumos agrícolas e tecnológicos, além dos produtos, coprodutos e resíduos gerados, permitindo construir inventários compatíveis com o banco de dados ecoinvent — a principal referência internacional em ACV. Os dados podem ser exportados em formato CSV para uso em softwares especializados na avaliação de ciclo de vida”, destaca Folegatti, uma vez que a ICVCalc tem embutidos bancos de dados e estrutura de cálculo, que converte os dados de entrada e um inventário de ciclo de vida do processo agrícola, por unidade de área ou de massa e esse inventário é processado em software de ACV, que gera o perfil ambiental do produto r aplica-se a culturas agrícolas temporárias, semiperenes ou perenes.

    A ICVCalc facilita a construção do inventário, a fase mais complexa de um estudo de ACV de produtos agrícolas pois traz modelos ambientais adequados para a agricultura brasileira. “Ela pode servir como ferramenta para gestão ambiental de empreendimentos agrícolas, assim concorrendo para o aumento da sustentabilidade da agricultura brasileira pois o inventário do processo agrícola traz a contabilidade das emissões de Gases de Efeito Estufa – informação crítica para o acesso a mercados de carbono”, enfatiza a pesquisadora.

    O desenvolvimento da ferramenta é resultado do trabalho da equipe temática de ACV da Embrapa Meio Ambiente, que buscou criar uma solução prática e adaptada à realidade da agricultura brasileira. A expectativa é que a ICVCalc-Embrapa contribua para ampliar o uso da ACV no campo, oferecendo informações detalhadas que podem embasar desde estudos acadêmicos até decisões de políticas públicas e estratégias empresariais mais sustentáveis.

    Para produção animal, a ferramenta adequada é a Calculadora para a Pegada de Carbono da Pecuária, em fase final de desenvolvimento pelas unidades Pecuária Sudeste, Gado de Corte e Meio Ambiente.

  • Trigo registra maiores preços do ano com oferta restrita, mas liquidez segue baixa

    Trigo registra maiores preços do ano com oferta restrita, mas liquidez segue baixa

    O mercado interno de trigo apresentou alta nos preços durante o mês de abril, impulsionado principalmente pela oferta restrita típica do período de entressafra. Conforme levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), as médias mensais registradas nos estados acompanhados foram as mais altas de 2025 até o momento, mesmo com a baixa liquidez das negociações.

    No Rio Grande do Sul, o valor médio foi de R$ 1.469,93 por tonelada, o maior desde setembro de 2024, considerando os dados deflacionados pelo IGP-DI. Em Santa Catarina, a média chegou a R$ 1.478,46/t, a mais elevada desde novembro passado. Já no Paraná, o preço médio foi de R$ 1.564,46/t, o mais alto desde outubro. Em São Paulo, o trigo foi negociado a R$ 1.669,45/t, maior patamar desde setembro de 2024.

    Apesar das cotações firmes, o Cepea destaca que o mês foi marcado por poucas negociações. Isso se deve ao foco dos produtores nas atividades de campo, aproveitando a janela ideal para semeadura, e à postura cautelosa dos compradores, que se mantiveram relativamente afastados do mercado, alegando estoques ainda confortáveis.

    A expectativa para os próximos meses depende do avanço da safra e do comportamento da demanda, tanto no mercado interno quanto externo.

  • Colheita intensa derruba preços da cenoura em São Gotardo e desanima produtores

    Colheita intensa derruba preços da cenoura em São Gotardo e desanima produtores

    A safra de verão 2024/25 de cenoura em São Gotardo (MG) tem sido marcada por forte desvalorização da raiz, refletindo diretamente no ânimo dos produtores da principal região produtora do país. De acordo com levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a intensificação da colheita ao longo do mês de abril pressionou os preços, levando-os a níveis considerados insustentáveis por muitos agricultores.

    A caixa da cenoura “suja” de 29 kg foi comercializada, em média, a R$ 15,25 no último mês, valor drasticamente inferior aos R$ 108,00/cx registrados em abril de 2023. A comparação, no entanto, envolve um ciclo anterior bastante atípico, em que a oferta estava extremamente limitada e a qualidade das raízes comprometida pelas chuvas excessivas desde a semeadura.

    Neste ano, o cenário é oposto: a colheita foi favorecida pelas condições climáticas, resultando em grande volume de produção e boa qualidade, mas sem sustentação nos preços. O excesso de oferta frente à demanda atual impediu a valorização do produto, gerando preocupação entre os produtores, que agora temem os impactos da queda de rentabilidade sobre o início da safra de inverno.

    A apreensão é grande no campo, com produtores incertos sobre os próximos passos e receosos de novos prejuízos caso o mercado não apresente reação nas próximas semanas.

  • Alta nos preços do açúcar cristal branco marca início da safra 2025/26 no estado de São Paulo

    Alta nos preços do açúcar cristal branco marca início da safra 2025/26 no estado de São Paulo

    Apesar do início oficial da safra 2025/26 nas usinas paulistas em abril, os preços do açúcar cristal branco mantiveram-se em alta no mercado spot do estado de São Paulo. De acordo com pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a oferta reduzida de açúcar de melhor qualidade, como o Icumsa até 180, foi insuficiente para gerar pressão de baixa nas cotações.

    A média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal, cor Icumsa de 130 a 180, no mercado spot paulista, fechou abril em R$ 142,35 por saca de 50 kg, o que representa uma alta de 1,91% em relação ao mês de março, quando o valor médio foi de R$ 139,69 por saca.

    Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), o Centro-Sul do Brasil processou 16,59 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na primeira quinzena de abril, um crescimento de 3% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do avanço no volume moído, o mercado ainda não sentiu reflexos significativos no aumento da disponibilidade do açúcar cristal de melhor qualidade.

    O cenário indica que a demanda aquecida, combinada à oferta ainda restrita, sustentou os preços em patamares elevados no início desta nova temporada.

  • Produção de café apresenta recuperação de 2,7% em 2025, estimada em 55,7 milhões de sacas

    Produção de café apresenta recuperação de 2,7% em 2025, estimada em 55,7 milhões de sacas

    Mesmo em ano de bienalidade negativa, a produção de café deve apresentar um crescimento de 2,7% na safra 2025 frente ao volume colhido na temporada passada, sendo estimada em 55,7 milhões de sacas. Caso o volume estimado se confirme ao final do ciclo, este será o maior já registrado para um ano de baixa bienalidade, superando em 1,1% a colheita registrada em 2023. Já a área total destinada à cafeicultura deverá registrar um aumento de 0,8%, chegando a 2,25 milhões de hectares. A área em produção deve registrar uma queda de 1,4%, estimada em 1,86 milhão de hectares, enquanto a área em formação tende a apresentar um incremento de 12,3%, movimento esperado para anos de bienalidade negativa. Os dados estão no 2º Levantamento da Safra de Café 2025, divulgado nesta terça-feira (6) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

    O bom resultado estimado na safra total de café é influenciado, principalmente, pela recuperação de 28,3% nas produtividades médias das lavouras de conilon. Com isso, a expectativa de produção para esta espécie está estimada em 18,7 milhões de sacas, um novo recorde para a série histórica da Conab. Este resultado se deve, sobretudo, à regularidade climática durante as fases mais críticas das lavouras, que beneficiaram floradas positivas, e a boa quantidade de frutos por rosetas.

    Apenas no Espírito Santo, maior produtor de conilon do país, é esperada uma produção de 13,1 milhões de sacas, crescimento justificado pelas boas precipitações verificadas no norte do estado, região que corresponde a 69% da área da espécie no país. Na Bahia, a Conab também espera uma recuperação na colheita de conilon de 28,2%, estimada em 2,5 milhões de sacas. Neste cenário, o estado baiano recupera a posição de 2º maior produtor da espécie, ultrapassando Rondônia onde a expectativa é de uma colheita de 2,28 milhões de sacas.

    Já para o café arábica, espécie mais afetada pela bienalidade, a Conab prevê uma redução de 6,6% na colheita, com previsão de uma safra em torno de 37 milhões de sacas. Em Minas Gerais, estado com maior área destinada para a produção de arábica, é esperada uma colheita de 25,65 milhões de sacas. De acordo com o levantamento, além do reflexo já esperado pelo ciclo de bienalidade da planta, entre abril e setembro do ano passado foi registrado um longo período seco e as lavouras enfrentaram instabilidade, apresentando menor vigor vegetativo, influenciando na queda de potencial produtivo dos cafezais.

    Em São Paulo, a produtividade média também foi impactada pelos efeitos fisiológicos de baixa bienalidade, acompanhados pelas condições climáticas adversas registradas nas regiões produtoras. Com isso é esperada uma queda de 3,8% no desempenho das lavouras. Por outro lado, a área destinada para a produção cresceu em 5,3%, chegando a 196 mil hectares, o que compensa a perda esperada nas produtividades resultando em um aumento na produção de 1,3%, estimada em 5,5 milhões de sacas.

    Mercado

    Após o recorde de exportação de café em 2024, quando o Brasil exportou 50,5 milhões de sacas de 60 quilos, os embarques para o exterior apresentaram uma ligeira redução no primeiro trimestre de 2025. No acumulado de janeiro a março de 2025, o Brasil exportou 11,7 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa uma baixa de 1% na comparação com igual período do ano anterior, segundo dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Essa redução na exportação em volume já era esperada devido à restrição dos estoques internos nos meses iniciais de 2025, influenciados pela limitação da produção nos últimos anos e exportação elevada no ano anterior.

    Mesmo com a queda no volume comercializado, o valor com as vendas internacionais apresentou aumento no primeiro trimestre de 2025, movimento favorecido pelo cenário de alta dos preços do café neste início de ano. No acumulado de janeiro a março de 2025, o Brasil exportou US$ 4,1 bilhões, o que representa um aumento de 68,9% na comparação com igual período de 2024.

    As cotações do produto no mercado internacional devem continuar pressionadas ao longo do ano, mesmo com a expectativa de aumento na produção mundial pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), visto que os estoques do grão seguem em níveis baixos possibilitando preços em patamares mais elevados.

    Os números detalhados da produção brasileira de café e as análises de mercado do grão podem ser conferidos no Boletim completo do 2º Levantamento de Café – Safra 2025, publicado no site da Companhia.