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  • Pimenteira-do-reino cultivada em árvore reduz custos e impacto ambiental

    Pimenteira-do-reino cultivada em árvore reduz custos e impacto ambiental

    Ao usar gliricídia (Gliricidia sepium L.), espécie de árvore leguminosa, como tutor vivo para o crescimento da pimenteira-do-reino, pesquisadores confirmaram que o sistema reduz em até 46% os custos de implantação por hectare, consome metade da água usada no modelo tradicional e ainda melhora a qualidade do produto. Esses resultados estão publicados nos mais recentes estudos conduzidos pela Embrapa que consolidam o sistema de produção sustentável de pimenta-do-reino na Amazônia, e que será apresentado na Jornada pelo Clima, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas 2025 (COP 30), em novembro deste ano, em Belém (PA).

    A técnica, chamada de “sistema de produção da pimenta-do-reino em tutor vivo”, substitui as tradicionais estacas de madeira por plantas da gliricídia, que oferece suporte à pimenteira-do-reino e, ao mesmo tempo, contribui para a fixação de nitrogênio do ar, sequestro de carbono e o enriquecimento do solo. Segundo a Embrapa, o sistema combina aumento da produtividade com práticas sustentáveis e já é adotado em diversas regiões produtoras do Pará.

    O trabalho da pesquisa, realizado na região nordeste do estado do Pará, comparou o comportamento de seis clones (cultivares desenvolvidas pela pesquisa ou cultivadas pelos produtores de pimenta-do-reino) nos dois diferentes sistemas de cultivo: em estacão de madeira e em tutor vivo de gliricídia. Foram avaliadas a viabilidade econômica das lavouras irrigadas, redução de custos, eficiência do uso da água e da energia, qualidade do produto final e o impacto ambiental do cultivo nos dois sistemas.

    A gliricídia

    A Gliricidia sepium L. é uma árvore leguminosa nativa do México e da América Central, que possui alta capacidade de fixação de nitrogênio através de suas raízes. A inclusão dessa espécie no sistema agrícola contribui para o sequestro de CO2, ajudando a reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

    A pimenteira-do-reino é uma planta trepadeira e precisa de um tutor para o seu crescimento. O uso de estacas de gliricídia como tutor vivo (suporte) é uma alternativa aos pipericultores devido ao baixo custo e às dificuldades de aquisição de estacão de madeira, geralmente confeccionado com espécies das chamadas “madeiras-de-lei” (acapu, maçaranduba, jarana, entre outros) que se encontram em condição de esgotamento.

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    “O uso do tutor vivo de gliricídia na pimenta-do-reino vem sendo adotado no Pará desde 2004, mas a expansão se deu a partir de 2014 com o aumento do preço do estacão de acapu e suas restrições legais e que causam grande impacto ambiental” conta João Paulo Both, analista da Embrapa Amazônia Oriental (PA). O segmento produtivo, no entanto, como explica o especialista, ainda carecia de informações mais precisas sobre irrigação, espaçamento, nutrição, manejo e outros fatores de produção das cultivares de pimenteira-do-reino nesse tipo de tutor para a consolidação de um sistema de produção sustentável.

    Produção nacional

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    black peppers on white background

    A pimenta-do-reino é uma das especiarias mais consumidas do mundo. O Brasil é o segundo produtor mundial dessa commodity, com uma produção de cerca 130 mil toneladas em 2023, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado Pará é o segundo maior produtor nacional de pimenta-do-reino, com produção de 38 mil toneladas em 2023, em 18 mil hectares (IBGE/PAM, 2024). Apesar de sua tradição no cultivo, o estado enfrenta desafios para uma produtividade semelhante ao Espírito Santo, que lidera a produção nacional: 61% do total.

    A pimenta-do-reino brasileira é amplamente exportada para mercados como Alemanha, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Egito.

    Mais economia para o produtor

    Do ponto de vista econômico, o trabalho avaliou os custos de implantação de um hectare de pimenta-do-reino nos dois sistemas de produção para cada cultivar, e ainda o custo do sistema de irrigação. Um dos resultados é a redução em 46% no custo total de implantação de um hectare de pimenta-do-reino em tutor vivo de gliricídia quando comparado ao estacão de madeira (tutor morto). Para implantar um hectare de pimenta em estacão de madeira o produtor precisa desembolsar R$ 59.313,00 enquanto que um hectare em tutor vivo de glirícidia custa ao produtor R$ 32.038,00.

    “O elevado preço das estacas de madeiras praticados no estado do Pará foi o principal fator para a diferença nesse custo de implantação. O preço da estaca de madeira chega a R$ 25,00 enquanto que o valor mais alto encontrado para o tutor vivo de gliricídia foi R$ 5,00 a unidade”, relata Both. Para implantar um hectare de pimenta no espaçamento de fileiras duplas (2,20m X 2,20m X 4,00m) são necessários 1.500 estacões.

    “Com o tutor vivo de gliricídia, os custos de implantação diminuem significativamente, permitindo que os produtores utilizem esses recursos para adotar tecnologias como a irrigação, essencial em períodos de déficit hídrico”, destaca Both.

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    Foto: Ronaldo Rosa (cultivar Iaçara gliricídia)

    Custo da irrigação cai pela metade

    A demanda hídrica nos dois sistemas de plantio também foi avaliada pelos pesquisadores. A pimenteira-do-reino na gliricídia demanda menos água que no estacão de madeira. Comparando o mesmo sistema de irrigação em duas linhas, o cultivo no tutor vivo consumiu cerca de quatro litros de água por planta por dia, metade da demanda observada no cultivo tradicional. “Em um cenário de mudanças climáticas com a redução de chuvas e ampliação dos períodos secos, essa diminuição na demanda hídrica sinaliza um ponto positivo de adaptação às mudanças do clima”, afirma o pesquisador da Embrapa Oriel Lemos.

    A redução em mais de 50% no custo da irrigação também é um ponto positivo do cultivo em tutor vivo. Considerando o valor tarifário de energia no estado do Pará, o sistema de irrigação com a gliricídia teve custo anual de operação de cerca de R$ 1.413,50 por hectare (ha), enquanto a irrigação no sistema de tutor morto foi R$ 3.324,00/ha/ano.

    Conservação de recursos florestais

    A economia de água tem relação direta com os impactos ambientais do uso do tutor vivo nas lavouras. A sombra parcial da gliricídia reduz a perda de água por evaporação e a biomassa incorporada ao solo, proporciona o aumento da retenção de água e adição de matéria orgânica. “A gliricídia, que é uma leguminosa, fixa nitrogênio no solo e ajuda a melhorar suas propriedades físicas e químicas”, afirma Lemos.

    O pesquisador explica que a biomassa gerada nas podas da gliricídia é utilizada como cobertura e adubação orgânica, promovendo maior retenção de nutrientes no solo e fixação de nitrogênio atmosférico. O trabalho aponta uma redução em até 30% no uso de adubos químicos nos plantios quando comparado ao sistema tradicional com tutor morto.

    “Uma das importantes contribuições desse sistema também é a conservação de recursos florestais uma vez que o tutor vivo diminui a dependência de madeira comercial para os estacões e consequentemente a manutenção da biodiversidade local”, destaca o pesquisador.

    Pimenta-do-reino com mais qualidade e valor de mercado

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    Bowls of grain peppers and ground pepper on white background. High quality photo

    Os trabalhos avaliaram também a qualidade da pimenta-do-reino produzida em tutor vivo de gliricídia e um dos principais resultados foi a maior densidade do produto final. Both explica que a densidade do produto é uma análise fundamental para precificar a pimenta e classificá-la para exportação, já que é uma commodity. “Quanto mais pesado o grão, maior é o valor pago ao produtor”, pontua.

    O Brasil utiliza três parâmetros de densidade e o uso do tutor de gliricídia apresentou efeito positivo na densidade dos frutos, com tendência a aumentar a frequência nas classes de maior densidade. “Os grãos produzidos nesse sistema são frequentemente maiores e, portanto, com maior densidade”, esclarece o analista.

    Outros pontos evidenciados no trabalho são os parâmetros físico-químicos de qualidade da pimenta-do-reino, especialmente o teor de piperina. “A piperina é o composto bioativo majoritário da pimenta-do-reino e é identificada como um dos principais alcaloides responsáveis pela pungência, ou seja, o ardor do produto”, explica a pesquisadora da Embrapa Nádia Paracampo.

    No conjunto das seis cultivares analisadas, o teor de piperina foi cerca de 14% maior sob as condições de cultivo no tutor vivo de gliricídia em comparação ao sistema tradicional de tutor morto (estacão de madeira).

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    Foto: Ronaldo Rosa (cultivar Bragantina no tutor de gliricídia)

    Multiplicação da tecnologia mantendo a floresta

    Para atender à demanda dos pipericultores pelos tutores vivos, a pesquisa vem aprimorando o sistema de produção de gliricídia. O jardim clonal, como é tecnicamente chamada a área de multiplicação de estacas da planta, é uma tecnologia que complementa o sistema de produção sustentável da primenta-do-reino. “Cada planta matriz pode fornecer quatro estacas de gliricídia por ano”, afirma Both.

    De acordo com a Embrapa, a área de adoção do tutor vivo no cultivo da pimenteira-do-reino no Pará cresceu mais de 400% nos últimos dez anos. Saltou de 80 hectares em 2014 para 421 hectares em 2024. “A ampliação da adoção do tutor vivo por parte dos produtores é fruto da parceria entre Embrapa e empresa Tropoc, que exporta a pimenta-do-reino paraense para diversos países e se junta à instituição para consolidar o sistema de produção sustentável da pimenta na Amazônia”, acrescenta Lemos.

    Isso mostra, continua o pesquisador, que é possível aumentar a produção de pimenta-do-reino sem precisar cortar nenhuma árvore na Amazônia. “Este ano em que se discute a produção de alimentos frente às mudanças climáticas, essa mensagem ganha uma dimensão global. É fundamental que o consumidor saiba que ao comprar a pimenta-do-reino produzida no Brasil, ele está adquirindo um produto que respeita o meio ambiente e contribui para o sequestro de carbono”, finaliza.

  • Estudo mostra como o Brasil pode reduzir em até 38% a pegada de carbono na produção de trigo

    Estudo mostra como o Brasil pode reduzir em até 38% a pegada de carbono na produção de trigo

    Um estudo pioneiro realizado pela Embrapa revelou que o trigo produzido no Brasil tem uma pegada de carbono menor que a média mundial e indicou caminhos concretos para reduzir ainda mais as emissões de gases de efeito estufa. A análise, feita em lavouras e indústria moageira do Sudeste do Paraná, apontou que a adoção de práticas sustentáveis e tecnologias já disponíveis pode diminuir em até 38% o impacto ambiental da produção de trigo no País.

    Publicada no periódico científico Journal of Cleaner Production, a pesquisa é a primeira na América do Sul a estimar a pegada de carbono do trigo desde o cultivo até a produção de farinha. Também foi o primeiro estudo do tipo nessa cultura em ambiente subtropical. O índice médio brasileiro ficou em 0,50 kg de dióxido de carbono equivalente (CO₂eq) por quilo de trigo produzido — abaixo da média global, estimada em 0,59 kg.

    Para chegar a esse resultado, os pesquisadores avaliaram 61 propriedades rurais na safra 2023/2024, além de acompanhar todo o processo industrial em uma moageira paranaense. O levantamento detalhou desde o uso de fertilizantes e defensivos agrícolas até o transporte dos grãos, secagem, moagem e transformação dos grãos em farinha.

    O que é pegada de carbono?

    É o total de emissões de gases de efeito estufa causadas por um indivíduo, evento, organização, serviço, local ou produto, expresso em dióxido de carbono equivalente (CO2eq).

    Fertilizantes nitrogenados são principais emissores de CO2

    A pesquisa apontou os fertilizantes como o principal fator de pegada de carbono na triticultura. O maior impacto está na emissão de óxido nitroso (N₂O) gerado durante a aplicação de ureia, fertilizante capaz de emitir 40% dos gases de efeito estufa envolvidos na produção de trigo. A ureia é o principal fertilizante utilizado no trigo devido ao menor custo por unidade de nutriente dentre os adubos nitrogenados disponíveis no mercado. Segundo a pesquisa, a substituição desse fertilizante pelo nitrato de amônio com calcário (CAN) pode reduzir a emissão de carbono em 4%, minimizando significativamente os impactos ambientais.

    A acidificação do solo, uma das categorias com maior impacto ambiental, também pode ser mitigada pela substituição da ureia pelo CAN. “Quando a ureia não é totalmente absorvida pelas plantas ou é lixiviada como nitrato, ocorrem reações que liberam íons de hidrônio, aumentando a acidez do solo. Em contrapartida, fertilizantes à base de CAN ajudam a neutralizar esse efeito devido ao seu conteúdo de cálcio”, explica a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (SP) Marília Folegatti. Segundo ela, outras tecnologias também devem ser consideradas para reduzir a dependência de fertilizantes sintéticos e minimizar impactos ambientais, como biofertilizantes, biopesticidas, fertilizantes de liberação lenta e nanofertilizantes. Ela lembra que a pesquisa avança na produção de ureia verde e nitrato de amônio a partir de fontes de energia renováveis.

    A pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical (CE) Maria Cléa Brito de Figueiredo lembra que o uso de fertilizantes nitrogenados é também o maior emissor de gases de efeito estufa em outras culturas com pegada de carbono e hídrica analisadas pela Embrapa, como as fruteiras tropicais, em especial, manga, melão e coco verde. “Além disso, a produção de fertilizantes sintéticos gera metais pesados que contribuem para a contaminação do solo, podendo afetar a qualidade dos alimentos, a saúde humana e os ecossistemas,” alerta a cientista.

    A pesquisa também aponta que a adoção de cultivares de trigo mais produtivas pode reduzir os impactos ambientais no campo, já que ação promove maior rendimento com menos recursos, como terra e água. O estudo ressalta ainda a importância de considerar outros fatores ambientais, como biodiversidade e saúde do solo. Futuros estudos que integrem esses aspectos poderão oferecer uma visão mais abrangente sobre a sustentabilidade da produção de trigo em regiões tropicais e subtropicais.

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    Foto: João Leonardo Pires

    Sustentabilidade e perspectivas para a produção de trigo

    No contexto mundial, os dados existentes indicam que a pegada de carbono na produção de trigo varia de 0,35 a 0,62 kg de CO₂ por kg de grãos, dependendo das condições climáticas e das práticas agrícolas de cada região tritícola. A média global está estimada em 0,59 kg de CO₂ para cada kg de grãos de trigo produzidos.

    O Brasil apresenta uma posição favorável nesse contexto. Na média final, a pegada de carbono foi definida em 0,50 kg CO2 para cada kg de trigo produzido no Brasil, número inferior às registradas na China (0,55), na Itália (0,58) e na Índia (0,62). “Ainda podemos evoluir. O estudo indica que, com um conjunto de ajustes, nossos números podem nos aproximar de referências como Austrália e Alemanha, que possuem indicadores próximos a 0,35″, avalia Álvaro Dossa, analista da Embrapa Trigo (RS). De acordo com o artigo, nos cenários estudados, utilizando tecnologias já disponíveis, a pegada de carbono do trigo brasileiro pode ser reduzida em 38%.

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    Gráfico comparativo da pegada de carbono para produção de trigo: 1 kg CO2-eq para cada 1 kg de trigo produzido.
    Fonte: Embrapa Trigo 2025, com base na revisão de literatura.

    Em escala mundial, existem registros de pegada de carbono divididos por continentes, com média estimada para a África (0,24), Ásia (0,68), Europa (0,33), América do Norte (0,42) e Oceania (0,29 mas com produção de trigo incipiente). O estudo apresentado pela Embrapa é o primeiro indicador para estimar a pegada de carbono na América do Sul.

    Além da pegada de carbono, foram analisados os impactos do trigo e da farinha de trigo no uso da água, acidificação terrestre, eutrofização (marinha e em água doce) e toxicidade (humana e ecotoxicidade). “A produção de trigo no Brasil apresenta impactos superiores em categorias como acidificação do solo e toxicidade ecotóxica terrestre, devido às emissões de fertilizantes e pesticidas. No entanto, os resultados do estudo sugerem que, com o uso de cultivares mais eficientes e práticas sustentáveis, a produção brasileira pode se consolidar entre as mais sustentáveis do mundo”, avalia Marília Folegatti.

    Em outras categorias ambientais, a produção brasileira apresenta vantagens em relação a outros países. O cultivo de trigo de sequeiro minimiza significativamente o consumo de água durante o crescimento do grão, reduzindo o impacto sobre os corpos hídricos. Contudo, a síntese de fertilizantes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) ainda exerce influência no consumo de água. “A crescente demanda por alimentos e fertilizantes está levando indústrias a investirem em soluções de tratamento e reuso de água, aliviando a pressão sobre os recursos hídricos”, explica Folegatti.

    Para a pesquisadora da Embrapa Trigo (RS) Vanderlise Giongo, estudos sobre o impacto ambiental da produção de trigo são cada vez mais necessários num cenário de aquecimento global. “Precisamos identificar, avaliar e propor modelos de produção de trigo visando à redução de impactos ambientais, geração de renda e o estabelecimento de diretrizes para o cultivo de trigo de baixo carbono”, defende Vanderlise.

    Indicadores para a produção de farinha de trigo

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    Foto: Diogo Zanatta

    A parceria com a Moageira Irati permitiu aos pesquisadores fazer um recorte no estudo para avaliar a pegada de carbono na farinha de trigo produzida no Brasil. Foram avaliadas todas as etapas envolvidas no processo de produção da farinha, desde a lavoura (cultivo e manejo), passando pela logística de transporte e chegada na indústria (limpeza, secagem e armazenamento), até o processo de transformação dos grãos em farinha (umidificação e moagem).

    A pegada de carbono na produção brasileira de farinha de trigo variou de 0,67 (a partir de grãos originados em grandes propriedades) a 0,80 (origem em pequenas propriedades). Número inferior as médias registradas na Espanha (0,89) e na Itália (0,95), por exemplo.

    Um dos fatores competitivos do Brasil em relação aos países de clima temperado, está a maior incidência de luz solar, o que permite o aproveitamento de energia fotovoltaica, recurso natural renovável que pode ser utilizado em várias etapas na indústria.

    De acordo com o empresário Marcelo Vosnika, diretor da Moageira Irati, a produção de alimentos com menor impacto ambiental é uma demanda ainda latente no consumidor, mas cada vez mais valorizada pelo mercado. “Estamos trabalhando para mostrar ao mundo como nosso modelo de produção de trigo está associado à uma agricultura resiliente e de baixo carbono. Para provar que a nossa farinha vem de uma produção sustentável, precisamos validar cientificamente os resultados deste projeto. Acredito que a iniciativa vai gerar boas oportunidades de negócios para todos os envolvidos na cadeia do trigo brasileiro”, afirma o diretor da Moageira Irati, Marcelo Vosnika.

    A expectativa dos pesquisadores da Embrapa envolvidos no projeto é de que os resultados do ciclo de vida do trigo sejam utilizados para avaliar outros produtos a exemplo da farinha, como na cadeia de carnes e de energia. “A primeira etapa, que é a avaliação da pegada de carbono do trigo no campo, já está pronta e pode servir de base para diversas outras cadeias que utilizam o trigo no processo industrial”, avalia Vanderlise Giongo, destacando que o objetivo da pesquisa é promover alternativas para uma agricultura ambientalmente mais sustentável: “Esperamos que os resultados desse projeto possam orientar modelos de produção sustentável, desencadeando uma nova era para o trigo brasileiro”.

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    Foto: Luiz Magnante

    Como foi feita a pesquisa

    A pesquisa é um dos resultados do projeto “Indicadores e tecnologias ESG (environment, social and governance) na moagem de trigo paranaense”, iniciado em 2023, por meio da parceria da Embrapa Trigo (RS) com a Moageira Irati. O estudo acompanhou 61 produtores rurais no Sudeste do Paraná, durante a safra de trigo 2023/2024, quando foram avaliados diversos indicadores de sustentabilidade, verificando o impacto da emissão de carbono antes da porteira (fertilizantes, defensivos, sementes), durante o processo de produção (semeadura, tratos culturais, colheita e transporte) e na indústria (secagem, energia, resíduos). “Coletamos todas as informações sobre entradas e saídas de insumos e dos processos do sistema de produção para avaliar o ciclo de vida do trigo até a elaboração do produto final”, conta o analista da Embrapa Álvaro Dossa.

    As propriedades participantes do projeto trabalham com trigo de sequeiro em sistema de rotação de culturas e plantio direto na palha há, aproximadamente, 30 anos. O estudo considerou fatores como o tamanho das propriedades, o tipo de fertilizantes utilizados e as cultivares, entre outros, relacionando com os potenciais impactos ambientais.

    Com base nos dados, foi possível identificar dois tipos de produtores de trigo, em que o tamanho das propriedades era o principal fator de diferenciação. Assim, a pegada de carbono (quilo de CO2 para cada quilo de trigo produzido) chegou a 0,58 nas pequenas propriedades e a 0,47 nas grandes propriedades. “A segmentação permitiu melhor representar a realidade da produção de trigo e farinha da região do estudo, pois não seria correto o pequeno produtor, que representa a maioria, ser agrupado com produtores grandes, empresariais, já que isso pode alterar os resultados e possíveis recomendações futuras”, explica Dossa.

    A metodologia utilizada na pesquisa do trigo brasileiro foi a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que permite verificar os impactos ambientais associados a todos os estágios do ciclo de vida de um produto. A ACV segue uma padronização internacional (ISO 14040 e ISO 14044) e considera também indicadores de pegada hídrica e potencial de aquecimento global.

  • Preços do suíno caem em março, mas seguem acima dos registrados em 2024

    Preços do suíno caem em março, mas seguem acima dos registrados em 2024

    Após a recuperação registrada em fevereiro, os preços do suíno vivo e da carne suína voltaram a cair ao longo de março. Apesar da retração, os valores médios mensais ainda se mantêm significativamente acima dos praticados no mesmo período de 2024 em algumas regiões acompanhadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Um exemplo é a região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), onde o suíno vivo foi cotado à média de R$ 8,56/kg em março, queda de 3,3% frente a fevereiro. Em relação a março do ano passado, porém, o valor está 17,9% mais alto, considerando dados deflacionados pelo IGP-DI de março de 2025.

    No mercado externo, os embarques brasileiros de carne suína mantiveram o ritmo acelerado. Em março, o país exportou 114,7 mil toneladas de carne suína in natura e industrializada, aumento de 1,4% sobre fevereiro e expressivos 26,5% frente ao mesmo mês de 2024, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). A média diária de exportações alcançou 5,4 mil toneladas, a segunda maior da série histórica iniciada em 1997, com crescimento de 6,9% em relação a fevereiro e 37,1% acima do volume registrado em março do ano passado.

    No entanto, o cenário interno para a suinocultura foi de pressão sobre a rentabilidade. A valorização do milho, principal insumo da alimentação animal, elevou os custos de produção. O indicador ESALQ/BM&FBovespa para o milho (praça de Campinas – SP) chegou à marca de R$ 90 por saca de 60 kg, valor nominal que não era observado desde abril de 2022. A combinação entre insumos mais caros e queda no preço do animal impactou negativamente a relação de troca dos suinocultores.

    Além disso, a carne suína enfrentou vendas lentas no mercado interno em março, enquanto a oferta de animais para abate permaneceu relativamente elevada. Isso gerou um excedente de produto no atacado e pressionou os preços das carcaças especiais suínas. As carnes concorrentes, bovina e de frango, também registraram recuos nos preços médios mensais, mas as baixas foram menos intensas em comparação com a carne suína.

    Diante deste cenário, o setor suinícola brasileiro segue atento à volatilidade do mercado e às oscilações de custo, enquanto aposta nas exportações como um dos principais sustentáculos da demanda em 2025.

  • Menor disponibilidade doméstica limita exportação de café robusta

    Menor disponibilidade doméstica limita exportação de café robusta

    As exportações brasileiras de café diminuíram em março, refletindo sobretudo a queda nos embarques do robusta verde. Foram apenas 138,6 mil sacas da variedade escoadas pelo País, 40% menos que em fevereiro/25 e bem abaixo das 862,5 mil sacas exportadas em março/24, de acordo com dados do Cecafé analisados pelo Cepea.

    Segundo o Centro de Pesquisas, a redução dos envios externos de café robusta vem sendo observada desde dezembro/24 e está atrelada à baixa disponibilidade doméstica da variedade.

    Destaca-se que a colheita da nova safra 2025/26 no Espírito Santo, principal estado produtor de robusta no Brasil, já deve começar neste mês e pode ganhar ritmo em maio, o que, conforme explicam pesquisadores do Cepea, tende a elevar a oferta do grão e, consequentemente, reaquecer os embarques da variedade, sobretudo no segundo semestre.

  • Ritmo de queda de preços do arroz desacelera

    Ritmo de queda de preços do arroz desacelera

    O ritmo de queda dos preços do arroz em casca diminuiu nos últimos dias, o que, segundo pesquisadores do Cepea, pode sinalizar um maior equilíbrio entre oferta e demanda. Ao mesmo tempo, novos dados apontam para crescimento da disponibilidade interna nesta temporada, elevando os estoques de passagem em fev/26.

    De modo geral, levantamentos do Cepea mostram que a liquidez segue baixa, diante do recuo de compradores, que enfrentam dificuldade no repasse de preços do casca para o beneficiado. Produtores também continuam retraídos do spot, seja pelo descontentamento com as cotações, seja por voltarem suas atenções aos trabalhos de campo.

    Agentes consultados pelo Cepea demonstram expectativa de maiores demandas internacionais em meio ao cenário atual de taxações dos EUA, o que pode impulsionar a busca pelo cereal brasileiro. De acordo com o relatório de março da Conab, a produção nacional de arroz em casca na safra 2024/25 está estimada em 12,14 milhões de toneladas, 14,75% superior à da temporada 2023/24.

    Com importações estáveis, em 1,4 milhão de toneladas, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) deve somar 14 milhões de toneladas, aumento de 13,77% sobre a safra passada.

  • Indicador do algodão atinge maior patamar nominal desde março de 2024

    Indicador do algodão atinge maior patamar nominal desde março de 2024

    O Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, abriu esta semana à média de R$ 4,2785/lp, o maior valor nominal desde 4 de março de 2024 (de R$ 4,3326/lp). Na parcial deste mês (até o dia 14), o Indicador acumula alta de 1,47%.

    Segundo pesquisadores do Cepea, boa parte dos produtores já liquidou os estoques da safra 2023/24, e os vendedores que ainda detêm algum volume estão firmes nos valores pedidos. Assim, compradores com necessidade imediata e/ou que precisam de uma qualidade superior acabam pagando preços maiores para novas aquisições. Além disso, a elevação na paridade de exportação reforça o suporte sobre as cotações internas.

    De modo geral, nesta entressafra, a dificuldade de acordo entre os agentes – ora quanto ao preço ora quanto à qualidade dos lotes – continua limitando as negociações, ainda conforme o Centro de Pesquisas.

    Quanto à produção nacional de pluma da safra 2024/25, em relatório divulgado no dia 10, a Conab apontou novos reajustes positivos, de 1,8% frente aos dados de março/25 e de 5,1% em comparação à temporada 2023/24, podendo chegar a 3,89 milhões de toneladas, se consolidando como um recorde.

  • Famato participa da assinatura de protocolo de intenções entre a Sedec-MT e comitiva de executivos asiáticos

    Famato participa da assinatura de protocolo de intenções entre a Sedec-MT e comitiva de executivos asiáticos

    A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) participou, nesta terça-feira (15/04), a convite da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec-MT), da recepção à comitiva empresarial de Macau, composta por executivos e representantes de grandes empresas asiáticas, como a Bridge Link Ltd. (Macau) e a Donlink (Guangzhou). A vinda da comitiva foi uma iniciativa do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau. A Famato foi representada pelo diretor de Relações Institucionais, Ronaldo Vinha, e pelo superintendente da Famato/Imea/AgriHub, Cleiton Gauer.

    Durante o encontro, realizado em Cuiabá, foi assinado um protocolo de intenções entre a Sedec-MT e a comitiva asiática, com o objetivo de explorar novas oportunidades de parcerias e fornecedores brasileiros, especialmente no setor agrícola. A pauta prioritária envolve os produtos que compõem a base da economia agro de Mato Grosso: milho, soja, gergelim, DDG, carne bovina e frango. Também assinou o documento a Associação das Empresas Cerealistas do Estado de Mato Grosso (Acemat).

    Além do agronegócio, o protocolo contempla o interesse em ampliar a cooperação na área de mineração, diante dos investimentos já realizados por empresas como a Guangdong Power no estado.

    Segundo a Sedec-MT, a aproximação com o mercado asiático visa posicionar o agronegócio mato-grossense como um polo confiável e estratégico na produção de alimentos e insumos para o mundo, além de atrair investimentos que gerem emprego, renda e desenvolvimento regional.

    Para o coordenador de Comércio Exterior da Sedec-MT, Leonardo Figueiredo, a cooperação com Macau é uma oportunidade concreta de integração entre mercados e fortalecimento das cadeias produtivas do estado. “Essa iniciativa visa ampliar o intercâmbio comercial e tecnológico, conectando empresas e entidades do agro mato-grossense com investidores e parceiros internacionais. Ao promover esse tipo de cooperação, estamos criando pontes que favorecem a abertura de novos mercados.”

    Para o diretor de Relações Institucionais da Famato, Ronaldo Vinha, a visita da comitiva e a formalização do protocolo de intenções representam um importante passo na internacionalização do agronegócio mato-grossense. “Receber uma comitiva desse porte, com representantes de empresas que já atuam globalmente em setores estratégicos, é uma demonstração clara de que Mato Grosso está no radar do mundo quando se fala em produção agropecuária e oportunidades de investimento”, pontuou Vinha.

    Também participaram da reunião representantes da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir).

  • Alta nos custos de fertilizantes pressiona produção agrícola e contribui para inflação de alimentos

    Alta nos custos de fertilizantes pressiona produção agrícola e contribui para inflação de alimentos

    O Brasil tem enfrentado, nos últimos anos, uma escalada nos desafios relacionados à inflação, com impactos cada vez mais evidentes no preço dos alimentos. O cenário é moldado por uma combinação de fatores econômicos, climáticos e geopolíticos, agravados pela volatilidade do dólar e pela alta dos fertilizantes, insumos essenciais para a produção agrícola.

    De acordo com o Relatório Focus, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estimado para 2025 é de 5,65%, enquanto a taxa Selic permanece em 14,25%. Esses índices impactam diretamente os custos de insumos, como os fertilizantes, que estão vinculados às variações cambiais e à dinâmica global de oferta e demanda. O dólar, cotado a R$ 5,88, eleva os custos dos insumos importados e pressiona os preços dos alimentos.

    A análise do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), destaca que a aquisição de fertilizantes para a safra 2025/26 em Mato Grosso segue em ritmo lento, refletindo o aumento dos custos de produção e a instabilidade nas condições econômicas. Apenas 38,4% dos produtores haviam comprado fertilizantes até fevereiro deste ano, índice significativamente inferior à média registrada nas últimas cinco safras.

    O custo da soja para a safra 2025/26, conforme o IMEA, aumentou 4,5%, atingindo R$ 7,43 mil por hectare. Os fertilizantes tiveram um incremento de 7,6%, representando R$ 1,86 mil por hectare. A relação de troca também se tornou menos favorável, exigindo mais sacas de soja para adquirir insumos como MAP e KCl. Houve queda no volume total importado de fertilizantes fosfatados, nitrogenados e potássicos, cenário que reflete disponibilidade reduzida nos países de origem, como Rússia, Egito e China, e tem implicações diretas nos custos internos. Por exemplo, o MAP sofreu uma alta de 20%, alcançando em março, R$ 4.750 por tonelada no Mato Grosso.

    O custo dos insumos, especialmente os fertilizantes, tem pressionado o planejamento financeiro no campo. No estado de Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, o uso de fósforo, potássio e micronutrientes é vital para garantir a produtividade, mas seus preços têm dificultado a aquisição.

    A relação de troca entre grãos e insumos é considerada desfavorável por 56% dos produtores, o que significa que é necessário entregar mais sacas de soja para adquirir a mesma quantidade de fertilizante, prejudicando a margem do produtor. Fatores como alta do dólar, juros elevados, volatilidade internacional e incerteza quanto à rentabilidade da próxima safra agravam esse cenário.

    Como reflexo direto, muitos agricultores planejam reduzir o uso de adubação. No caso do MAP, por exemplo, 10,6% dos produtores indicam que irão diminuir as doses aplicadas, enquanto 47,3% afirmam que não utilizarão o insumo na próxima safra. Tendências semelhantes foram identificadas com o Super Simples, Super Triplo e o potássio (KCl). Essa redução pode comprometer o desempenho nutricional das lavouras e, consequentemente, impactar negativamente a produtividade.

    “O produtor está sendo forçado a fazer escolhas difíceis. Com custos altos e crédito escasso, a tendência é cortar onde dá e o fertilizante é um dos primeiros alvos. Mas isso tem um efeito em cadeia: menor investimento na lavoura, menor produtividade e, por fim, alimentos mais caros chegando à mesa da população”, avalia o Presidente da Aprosoja MT, Lucas Costa Beber.

    A projeção preocupa também pelo potencial impacto inflacionário. A queda na produtividade agrícola pode reduzir a oferta interna de alimentos e pressionar os preços no varejo, especialmente em um momento em que a inflação dos alimentos já é sentida pelas famílias brasileiras.

    Outro ponto de atenção é o atraso nas compras no segundo semestre, período tradicionalmente mais crítico para a distribuição de fertilizantes. Além disso, o levantamento do IMEA revela que 43,5% dos produtores ainda não definiram como irão financiar suas compras de fertilizantes, evidenciando o grau de insegurança que paira sobre o setor.

    Os dados evidenciam como os desafios econômicos, aliados ao aumento dos custos dos fertilizantes, impactam diretamente a produção agrícola e contribuem para a inflação dos alimentos no Brasil. “Cabe ao governo federal fazer sua parte, ajustando os próprios custos e promovendo equilíbrio fiscal, para que o peso da instabilidade econômica não continue recaindo sobre quem produz e sobre quem consome” finaliza o presidente da Aprosoja-MT.

  • Famato reconhece decisão do Governo de MT sobre retirada de pedido de expropriação por desmatamento ilegal

    Famato reconhece decisão do Governo de MT sobre retirada de pedido de expropriação por desmatamento ilegal

    A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) manifestou, por meio de nota à imprensa, respeito e reconhecimento à decisão do Governo do Estado de retirar, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), o pedido de aplicação do artigo 243 da Constituição Federal, que previa a expropriação de propriedades rurais com desmatamento ilegal.

    A medida foi tomada após reunião entre o governador Mauro Mendes, a Famato e outras entidades representativas do setor produtivo mato-grossense. Na ocasião, foi entregue um documento conjunto que alertava para os riscos de insegurança jurídica gerados pela proposta, além de apresentar alternativas mais eficazes e justas para o enfrentamento do desmatamento ilegal.

    A Famato reiterou seu compromisso com a preservação ambiental e o combate ao desmatamento ilegal, desde que sejam respeitados os direitos constitucionais dos produtores rurais e os instrumentos legais vigentes. A entidade defende mecanismos como controle, fiscalização, regularização fundiária e incentivos à produção sustentável como caminhos mais efetivos e duradouros para a proteção do meio ambiente.

    Por fim, a Famato destacou a sensibilidade e o equilíbrio institucional do governador Mauro Mendes, que optou por reavaliar a proposta anteriormente protocolada, promovendo o diálogo democrático com os setores produtivos. A federação considera a atitude uma demonstração clara do compromisso do Governo com a legalidade, segurança jurídica e com soluções que harmonizem produção e preservação ambiental.

  • Etanol hidratado mantém preços firmes no início da moagem em São Paulo

    Etanol hidratado mantém preços firmes no início da moagem em São Paulo

    O mercado paulista de etanol hidratado registrou preços firmes na última semana, impulsionado pelo início gradual da moagem e pelos estoques ainda reduzidos nas usinas. De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), entre os dias 7 e 11 de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado foi de R$ 2,7460 por litro (valor líquido de ICMS e PIS/Cofins), representando uma leve alta de 0,23% em comparação com a semana anterior.

    Segundo os pesquisadores, o início das atividades industriais em várias regiões produtoras e a limitação na oferta explicam a sustentação dos preços neste começo de safra. No entanto, o etanol anidro seguiu direção oposta: o preço médio recuou 2,48%, fechando em R$ 3,0809 por litro, também líquido de impostos.

    A proximidade dos feriados prolongados de abril influenciou a movimentação do setor, favorecendo negociações com volumes maiores ao longo da semana. Ainda assim, o total comercializado ficou abaixo das expectativas dos agentes de mercado, o que indica certa cautela na retomada das atividades e no ritmo das vendas neste início de temporada.