Tag: Agro

  • Com pressão compradora, preço do milho volta a cair no BR

    Com pressão compradora, preço do milho volta a cair no BR

    Os preços internos do milho voltaram a cair na semana passada na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. Segundo o Centro de Pesquisas, a pressão veio da postura retraída de parte de compradores, que, agora, prefere consumir os estoques e se afastar das aquisições no spot, à espera de desvalorizações.

    Os demandantes ativos no spot ofertaram preços menores nas compras de novos lotes. Do lado dos vendedores, pesquisadores do Cepea indicam que muitos estão focados nos trabalhos de campo e mostram certa flexibilidade nos valores e prazos para negociações.

    No campo, agricultores seguem atentos ao clima e à previsão de retorno das chuvas, o que, por sua vez, pode aliviar as preocupações com os possíveis impactos do tempo seco em março em parte das regiões de segunda safra, como localidades do Paraná e de Mato Grosso do Sul.

    A semeadura da segunda brasileira foi finalizada, segundo aponta o relatório da Conab divulgado no dia 14. Já a colheita da safra de verão avança e soma 65,5% da área nacional, acima dos 60,3% na média dos últimos cinco anos.

  • Esmagamento de mandioca tem forte queda

    Esmagamento de mandioca tem forte queda

    O feriado de Sexta-Feira Santa limitou os dias de trabalho, na última semana, em parte da indústria de fécula de mandioca, com algumas unidades interrompendo as atividades para manutenções preventivas, apontam pesquisas do Cepea.

    Do lado da oferta, o ritmo de colheita seguiu mais lento, seja por conta da retração de produtores ou até mesmo em razão de chuvas ocorridas em parte das áreas. Nesse cenário, houve considerável diminuição no esmagamento em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea.

    Com oferta e demanda ajustadas e menor liquidez no mercado de fécula, os preços pouco se alteraram, recuando apenas em duas das regiões acompanhadas.

    Levantamentos do Cepea mostram que a média semanal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 558,26 (R$ 0,9706/grama de amido), praticamente inalterada em relação à do período anterior (+0,08%). No acumulado das últimas quatro semanas, o cenário também é de estabilidade.

  • Negócios são pontuais, e preços do feijão seguem em queda

    Negócios são pontuais, e preços do feijão seguem em queda

    As negociações envolvendo o feijão de notas 9 ou superior seguiram pontuais ao longo da semana passada, conforme mostra levantamento do Cepea.

    Quanto aos preços, produtores seguem sustentando posições firmes nas ofertas dos lotes de melhor qualidade, mas os valores continuaram pressionados pela maior disponibilidade e pela demanda retraída. No campo, até 13 de abril, 79,2% da área da primeira safra nacional havia sido colhida, segundo informações da Conab.

    Estimativas

    Os novos dados de oferta e demanda divulgados pela Conab neste mês apontam certa estabilidade (-0,9%) na disponibilidade interna de feijão para 2025.

    Entretanto, os números sinalizam que a produção de primeira safra, em fase final de colheita, deve sustentar a oferta brasileira, já que a segunda a terceira safras devem ser menores. Mas é a oferta de feijão preto que deve ter o maior crescimento anual, de 20%, fato que reforça a queda de preços.

  • Preço do suco de laranja sobe com força em NY

    Preço do suco de laranja sobe com força em NY

    Após praticamente atravessarem fevereiro e março em queda, os valores do suco concentrado de laranja (FCOJ) negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures) têm apresentado forte reação neste mês.

    Colaboradores do Cepea indicam que esse cenário pode estar atrelado a movimentos de agentes no mercado financeiro. Assim, uma das explicações para a valorização do suco é a “fuga” de investidores em moedas, como o dólar, nos últimos dias – incertezas sobre as taxações norte-americanas podem ter deslocado investidores para algumas commodities, como o suco.

    Além disso, as consequências do “tarifaço” norte-americano nos envios do suco ao país também podem ter influenciado os avanços. Nesse sentido, pesquisadores do Cepea indicam que as altas na Bolsa não refletem diretamente a dinâmica do suco brasileiro – apesar da participação elevada do produto nacional nos EUA.

    No entanto, uma possibilidade é que a depreciação recente do suco brasileiro no mercado externo tenha sido influenciada pela baixa qualidade do produto nacional.

  • Colheita da safra 2024/25 de soja entra na reta final e intensifica negócios no Brasil

    Colheita da safra 2024/25 de soja entra na reta final e intensifica negócios no Brasil

    Com a colheita da safra 2024/25 de soja próxima da conclusão, a disponibilidade interna do grão aumentou e impulsionou o ritmo de comercialização no Brasil. A análise é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que destaca o movimento mais intenso no mercado, embora limitado por fatores externos.

    Segundo os pesquisadores, apesar do avanço nos negócios, a baixa nos prêmios de exportação e a oscilação do câmbio acabaram inibindo uma liquidez ainda maior. Mesmo assim, os preços da soja seguem firmes, sustentados por uma oferta já elevada e pela demanda constante.

    No campo, os trabalhos de colheita estão praticamente concluídos em grande parte das regiões produtoras. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que até o dia 12 de abril, 88,3% da área nacional de soja havia sido colhida, desempenho superior aos 83,2% registrados no mesmo período de 2024 e à média de cinco anos, de 87,4%.

    Com o grão entrando em maior volume no mercado, as atenções agora se voltam para o comportamento dos preços nas próximas semanas e para o andamento da logística de escoamento da produção, especialmente diante do cenário cambial instável.

  • Webinar discute uso de plantas de cobertura no cultivo da soja com foco em sustentabilidade

    Webinar discute uso de plantas de cobertura no cultivo da soja com foco em sustentabilidade

    A Embrapa Soja realiza, nesta terça-feira, dia 22 de abril, a partir das 9h (horário de Brasília), um webinar gratuito sobre o uso de plantas de cobertura no sistema de produção de soja. O evento terá a participação do pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja, e do assessor técnico da Fazenda Anahi, Cleverson Pozzebon. As inscrições já estão abertas e são gratuitas — após o cadastro, o participante receberá o link de acesso à transmissão.

    Durante o evento, os especialistas vão abordar como as plantas de cobertura contribuem para a qualidade do solo e a sustentabilidade ambiental do sistema produtivo. Segundo Debiasi, o uso correto dessas plantas, aliado ao manejo adequado, pode colaborar significativamente para a mitigação da emissão de gases de efeito estufa — um dos pilares do Programa Soja Baixo Carbono (PSBC).

    O PSBC é uma iniciativa da Embrapa em parceria com empresas apoiadoras como Bayer, Bunge, Cargill, Coamo, Cocamar, GDM e UPL. O programa tem como objetivo agregar valor à soja produzida com boas práticas agrícolas que reduzam o impacto ambiental, especialmente em relação ao aquecimento global.

    A proposta do webinar é oferecer subsídios técnicos a produtores, agrônomos, consultores e demais interessados que buscam aliar produtividade e preservação ambiental no agronegócio.

  • Bagaço de cana vira embalagem que protege equipamentos eletrônicos sensíveis

    Bagaço de cana vira embalagem que protege equipamentos eletrônicos sensíveis

    Dispositivos eletrônicos sensíveis, como chips e semicondutores, têm alto valor e precisam ser acondicionados em embalagens especiais para evitar danos por descargas eletrostáticas. Eles estão presentes no nosso dia a dia, em computadores, celulares, TVs e até automóveis. Pesquisadores do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) desenvolveram uma nova embalagem antiestática e sustentável, feita a partir do bagaço da cana-de-açúcar e de negro de fumo, para proteção desses equipamentos.

    Chamado de criogel condutivo, o composto é feito a partir da celulose extraída de plantas e resíduos agroindustriais, como o bagaço de cana-de-açúcar, e do negro de fumo, material produzido pela combustão incompleta de matéria vegetal, como carvão e alcatrão de carvão, ou produtos petrolíferos. Pode ser usado em embalagens para transportar microchips, semicondutores e outros componentes eletrônicos, garantindo segurança sem comprometer o meio ambiente.

    Criogel condutor Boa condutividade eletrica

    A pesquisa do CNPEM que resultou no produto, publicada na revista Advanced Sustainable Systems, inova ao oferecer um material alternativo às espumas plásticas, derivadas de petróleo, hoje usadas para proteger componentes eletrônicos e evitar danos por descargas eletrostáticas. A ideia é que o criogel, de origem predominantemente vegetal, substitua o produto plástico, altamente poluente.

    Financiado pela Fapesp, o estudo é assinado pelas pesquisadoras Gabriele Polezi, Elisa Ferreira, Juliana da Silva Bernardes e pelo pesquisador Diego Nascimento, todos do LNNano (Laboratório Nacional de Nanotecnologia) do CNPEM. O produto não tem similares no mercado e já teve a patente depositada. O CNPEM buscará agora por meio de sua Assessoria de Inovação parcerias com empresas dispostas a investir na produção em escala industrial.

    A nova embalagem protege materiais cada vez mais presentes em equipamentos eletrônicos avançados. Segundo relatório do Departamento de Comércio dos EUA, o mercado global de embalagens de produtos sensíveis a descargas eletrostáticas deve atingir USD 5,1 bilhões até 2026.

    “Nosso objetivo é oferecer uma alternativa sustentável para a indústria de embalagens de produtos eletrônicos sensíveis, substituindo materiais plásticos por opções menos poluentes e de alto desempenho”, explica Juliana Bernardes, coordenadora do estudo.

    O material do CNPEM tem estrutura leve e porosa, com alta resistência mecânica e propriedades que dificultam a propagação de chamas. Sua capacidade de conduzir eletricidade pode ser ajustada conforme a necessidade: em baixas concentrações de negro de fumo (1% a 5%), dissipa cargas eletrostáticas lentamente; em concentrações mais altas (acima de 10%), torna-se um condutor eficiente e pode ser usado em aplicações mais avançadas para proteger equipamentos eletrônicos altamente sensíveis.

    Apesar de os custos de produção ainda não estarem precificados, o criogel condutivo tem uma série de vantagens ambientais e competitivas. Oferece maior resistência ao fogo, versatilidade e usa matérias-primas abundantes. A celulose, por exemplo, pode ser obtida do bagaço de cana e outros resíduos agroindustriais, como palha de milho e cavacos de eucaliptos. O negro de fumo é usado na produção de pneus e na indústria – chineses e egípcios antigos já usavam o pó preto para pinturas de murais e impressão.

  • Rodada Técnica da Aprosoja MT começa em maio

    Rodada Técnica da Aprosoja MT começa em maio

    A Rodada Técnica da Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) começa no dia 26 de maio, no município de Vera. O evento tem como objetivo apresentar aos produtores os resultados das pesquisas sobre solos siltosos e arenosos, realizadas nos CTECNOs Parecis e Araguaia, promovendo o desenvolvimento sustentável baseado em critérios científicos e práticas responsáveis de produção.

    O evento percorrerá os núcleos da Aprosoja MT, levando conhecimento por meio de especialistas da área e incentivando a troca de informações entre os produtores. Durante as rodadas, os participantes poderão acompanhar os estudos do CTECNO Parecis, localizado em Campo Novo do Parecis, que acumula nove anos de pesquisas voltadas à correção de solos arenosos, explorando macronutrientes como fósforo, enxofre e potássio, além da influência das plantas de cobertura na ciclagem de nutrientes.

    Já o CTECNO Araguaia, localizado em Nova Nazaré, apresentará estudos sobre calibração de fósforo e potássio em solos rasos siltosos, além de experimentos com calagem, correção de perfil de solo, rotação de culturas e controle de plantas daninhas.

    Segundo o pesquisador da Aprosoja MT/Iagro e coordenador da área de Pesquisa do CTECNO Araguaia, André Somavilla, estar nos núcleos facilita o acesso dos produtores aos estudos e contribui para um melhor entendimento dos desafios enfrentados no campo.

    “A importância das rodadas técnicas é conhecer outras regiões do estado e as diferentes realidades e dificuldades dos produtores. Com base nisso, podemos direcionar nossas pesquisas nos centros tecnológicos, pois o intuito desses centros é responder às necessidades e contribuir para o dia a dia das fazendas. Queremos levar essas informações diretamente ao produtor em todas as regiões do estado”, destaca Somavilla.

    O pesquisador da Aprosoja MT/Iagro e coordenador da área de Pesquisa do CTECNO Parecis, Rodrigo Knevitz Hammershmitt, reforça que a Rodada Técnica se tornou um evento essencial porque permite que especialistas se desloquem até os núcleos da Aprosoja MT, compartilhando conhecimentos adquiridos nos experimentos.

    “Durante essas rodadas, há uma dinâmica participativa, na qual diversos temas são abordados, e os participantes podem escolher quais tópicos desejam explorar. Esse formato incentiva uma troca intensa de conhecimento, trazendo resultados históricos de análises de solo, produtividade e desempenho dos materiais e ambientes agrícolas”, explica Hammershmitt.

    Considerados os maiores centros de pesquisa independentes do Brasil, os CTECNOS têm como missão oferecer soluções para os desafios dos produtores mato-grossenses, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a evolução do setor agrícola.

  • Capim-elefante desponta como alternativa energética para agroindústria de Mato Grosso

    Capim-elefante desponta como alternativa energética para agroindústria de Mato Grosso

    Uma pesquisa de doutorado desenvolvida na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemat), apontou o capim-elefante BRS Capiaçu como uma solução viável para geração de energia na agroindústria, especialmente em usinas de etanol.

    O estudo avaliou a capacidade do capim-elefante de produzir biomassa em larga escala, com potencial de alcançar até 50 toneladas de matéria seca por hectare ao ano. Segundo os dados levantados, a planta pode ser utilizada como fonte de energia elétrica, substituindo gradativamente a madeira nativa utilizada nas caldeiras industriais.

    Com características energéticas semelhantes ao eucalipto e à madeira amazônica, o capim-elefante oferece a vantagem de cultivo rápido e renovável, sem causar desmatamento. Isso o torna uma alternativa sustentável em meio à crescente demanda energética do setor agroindustrial no Mato Grosso.

    A necessidade de novas fontes de biomassa se intensifica diante da pressão sobre os recursos florestais da região, incapazes de atender à demanda sem comprometer a preservação ambiental. Atualmente, o capim-elefante é amplamente utilizado na alimentação animal, mas sua aplicação energética já começa a ganhar espaço. No município de Vera, uma lavoura foi implantada com foco na produção energética para usinas de etanol.

    Defendido em fevereiro de 2025, o trabalho faz parte do programa de pós-graduação em Biotecnologia e Biodiversidade da Rede Pró-Centro-Oeste. A pesquisa segue em desenvolvimento com apoio contínuo da Fapemat, além de parcerias internacionais e institucionais que visam aprofundar o uso da planta em bioenergia e sustentabilidade.

  • Embrapa inicia pesquisas sobre cultivo de batata-doce e grão-de-bico no espaço

    Embrapa inicia pesquisas sobre cultivo de batata-doce e grão-de-bico no espaço

    Mais do que uma tripulação estrelada, composta exclusivamente por mulheres, o voo suborbital da Blue Origin, lançado segunda-feira, 14 de abril, levou na bagagem plantas de batata-doce das cultivares Beauregard e Covington; e sementes do grão-de-bico BRS Aleppo,  desenvolvido por cientistas brasileiros nos programas de melhoramento genético da Embrapa.

    A pesquisa com essas duas espécies em condições espaciais integra as ações da Rede Space Farming Brazil, parceria entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB), que reúne as principais pesquisas no País sobre a produção de alimentos em ambientes fora da Terra, com alta radiação e baixa gravidade. A inclusão do material brasileiro no voo foi viabilizada por um convite da Winston-Salem State University (WSSU), no estado da Carolina do Norte, EUA. A astronauta que conduzirá os experimentos com as sementes brasileiras, Aisha Bowe, é ex-cientista de foguetes da WSSU e mantém parceria com a Odyssey, empresa de operações e ciências espaciais da universidade que viabilizou os experimentos na missão da Blue Origin.

    A batata-doce e o grão-de-bico foram escolhidos porque reúnem vantagens agronômicas e nutricionais, quando se considera os desafios tecnológicos e científicos de cultivar plantas no espaço. Elas são espécies adaptáveis e resilientes, de rápido crescimento e fácil manejo, que conseguem se desenvolver bem em condições adversas, mesmo com o mínimo aporte de insumos ao longo do ciclo de produção.

    Como contribuição para a dieta de astronautas, a batata-doce é uma fonte de carboidratos de baixo índice glicêmico e suas folhas oferecem uma alternativa de consumo como proteína vegetal. “As raízes da batata-doce produzem compostos bioativos que promovem a saúde humana, pois atuam como poderosos antioxidantes naturais que inibem a ação de radicais livres no organismo. Esse consumo é especialmente valioso em ambientes expostos à radiação, como nas condições da Lua, de Marte ou na Estação Espacial Internacional”, explica a engenheira-agrônoma Larissa Vendrame, pesquisadora da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF).

    As batatas-doces que serão avaliadas nesta fase da pesquisa são a cultivar Covington, desenvolvida pela North Carolina State University (EUA); e a cultivar Beauregard, obtida pela Louisiana State University (EUA) e registrada no Brasil pela Embrapa, como instituição mantenedora. Ambas as cultivares possuem polpa alaranjada, indicativo da presença de betacaroteno, um pigmento natural que é precursor da provitamina A no organismo humano, e cujo consumo traz benefícios para a saúde dos olhos e da pele.

    Conhecido como o grão da felicidade, a escolha do grão-de-bico considera seu alto teor de proteínas. “A cultivar BRS Aleppo foi eleita para essa missão em função de seu alto valor nutricional e pela alta adaptabilidade do cultivo”, pondera o pesquisador Fábio Suinaga, da área de melhoramento genético vegetal da Embrapa Hortaliças.

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    Grão-de-bico BRS Aleppo é a primeira cultivar brasileira a participar de experimento espacial. Foto: Rogério Monteiro

    A busca no espaço por respostas para a Terra

    A pesquisa com grão-de-bico busca desenvolver plantas mais produtivas, com menor altura e ramificações mais eretas, um porte mais adequado às limitações do ambiente espacial. “Estamos planejando submeter sementes de grão-de-bico à radiação Gama e aos nêutrons, que atuam como geradores de variabilidade genética, da mesma forma que os cruzamentos realizados em laboratório e campos experimentais”, explica Suinaga, ao aventar a possibilidade de achar, ao longo desse processo, plantas mais precoces e resistentes.

    O cultivo de plantas no espaço demanda tanto o desenvolvimento de sistemas de produção sem solo ou com regolito (“solos”) lunares e marcianos, quanto cultivares selecionadas para condições de baixa disponibilidade de água e nutrientes. Segundo Vendrame, esses desafios são também demandas reais do setor produtivo de batata-doce para as condições de cultivo nas lavouras brasileiras. “Contamos com uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de ponta que compõem a Rede de Agricultura Espacial Brasileira, por isso, a expectativa é obter novas cultivares com as características desejadas de modo mais rápido a partir de uma pesquisa inovadora”, conclui.

    A pesquisa em agricultura espacial deve acelerar o melhoramento genético e trazer inovações para a agricultura praticada na Terra, especialmente com o avanço das mudanças do clima. Além disso, espera-se alcançar diversos impactos, os chamados spin-offs, capazes de promover saltos no conhecimento agronômico brasileiro e gerar novas tecnologias.

    “Muitos são os exemplos de soluções espaciais que tiveram aplicações no cotidiano das pessoas. A NASA já publicou mais de duas mil dessas tecnologias que são utilizadas no nosso dia a dia, como telas de celulares, ferramentas sem fio, termômetros com infravermelho, comida desidratada, etc. Da mesma forma, podemos avançar muito em tecnologias modernas para auxílio na agricultura brasileira, usando inteligência artificial na irrigação, melhoria e adequação de plantas em cultivo indoor, novas cultivares mais tolerantes à seca, mais eficientes no uso da energia ou mais adaptadas aos desafios impostos pelas mudanças climáticas, mais produtivas e mais nutritivas”, destacou a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Alessandra Fávero, que coordena a Rede Space Farming Brazil.

    A idealização do experimento foi feita por pesquisadores de diversas instituições participantes da rede. No retorno das amostras ao Brasil, cientistas da rede se juntarão para avaliar o material recebido.

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    Rede Space Farming Brasil (Agricultura Espacial Brasil) é coordenada pela Embrapa e AEB e reúne, atualmente, profissionais de 22 instituições. Foto: Juliana Sussai

    A rede de agricultura espacial brasileira

    A rede Space Farming Brazil foi criada para inovar na produção de alimentos em ambientes fora da Terra. Este grupo de cientistas está trabalhando no desenvolvimento de sistemas de produção adaptáveis ao espaço, buscando soluções para desafios complexos, garantindo a produção de alimentos em condições de elevada radiação, baixa gravidade e ausência de solo.

    Em novembro de 2023, foi firmado um protocolo de intenções entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB) em prol da participação do País no Programa Artemis, da Nasa, que reúne projetos de colaboração internacional. Desde então, a Embrapa atua como provedora de dados, tecnologias e produtos que serão usados tanto no espaço quanto no dia a dia da sociedade brasileira, gerando novas oportunidades para superar desafios como o das mudanças climáticas, novas formas de produção e cultivares adaptadas a condições extremas e a novos mercados.

    Atualmente, a Rede é composta por 56 pesquisadores de 22 instituições diferentes: Agência Espacial Brasileira (AEB), Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), Instituto Agronômico (IAC), Instituto de Estudos Avançados (IEAv), Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Florida Tech University (FIT), Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (PITSJC), Universidade da Flórida (UFl), Universidade de Newcastle (NCL), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Winston Salem State University (WSSU).