Tag: agricultura

  • Ferramenta da Embrapa facilita a gestão ambiental da produção agrícola

    Ferramenta da Embrapa facilita a gestão ambiental da produção agrícola

    Uma ferramenta digital desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente promete facilitar o trabalho de pesquisadores e técnicos interessados em medir os impactos ambientais de produtos agrícolas. Trata-se da ICVCalc-Embrapa, um sistema que organiza e processa dados para a construção de inventários ambientais, base dos estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV).

    De acordo com Marilia Folegatti, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e uma das idealizadoras, a ACV é um método que quantifica os potenciais impactos ambientais de produtos ou serviços, considerando todas as entradas e saídas de material e energia ao longo do seu ciclo de vida — da extração de matérias-primas até o descarte de resíduos. Essa análise é feita em quatro etapas: definição de objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de impactos e interpretação dos resultados.

    A ICVCalc-Embrapa atua justamente na segunda fase, a chamada Análise do Inventário do Ciclo de Vida (ICV). É nesse momento que são levantados dados como consumo de energia e materiais, e emissões para a atmosfera, para corpos hídricos e resíduos sólidos gerados ao longo do processo produtivo. A ferramenta permite registrar essas informações de forma sistemática, com planilhas específicas para cada tipo de dado, incluindo metadados, entradas de insumos e estimativas de emissões.

    “Os parâmetros de entrada se referem quase exclusivamente ao consumo de insumos e energia, explica a pesquisadora. Inicialmente desenvolvida em planilhas do Excel, a versão atual da ICVCalc-Embrapa é um sistema web. Ela contabiliza insumos agrícolas e tecnológicos, além dos produtos, coprodutos e resíduos gerados, permitindo construir inventários compatíveis com o banco de dados ecoinvent — a principal referência internacional em ACV. Os dados podem ser exportados em formato CSV para uso em softwares especializados na avaliação de ciclo de vida”, destaca Folegatti, uma vez que a ICVCalc tem embutidos bancos de dados e estrutura de cálculo, que converte os dados de entrada e um inventário de ciclo de vida do processo agrícola, por unidade de área ou de massa e esse inventário é processado em software de ACV, que gera o perfil ambiental do produto r aplica-se a culturas agrícolas temporárias, semiperenes ou perenes.

    A ICVCalc facilita a construção do inventário, a fase mais complexa de um estudo de ACV de produtos agrícolas pois traz modelos ambientais adequados para a agricultura brasileira. “Ela pode servir como ferramenta para gestão ambiental de empreendimentos agrícolas, assim concorrendo para o aumento da sustentabilidade da agricultura brasileira pois o inventário do processo agrícola traz a contabilidade das emissões de Gases de Efeito Estufa – informação crítica para o acesso a mercados de carbono”, enfatiza a pesquisadora.

    O desenvolvimento da ferramenta é resultado do trabalho da equipe temática de ACV da Embrapa Meio Ambiente, que buscou criar uma solução prática e adaptada à realidade da agricultura brasileira. A expectativa é que a ICVCalc-Embrapa contribua para ampliar o uso da ACV no campo, oferecendo informações detalhadas que podem embasar desde estudos acadêmicos até decisões de políticas públicas e estratégias empresariais mais sustentáveis.

    Para produção animal, a ferramenta adequada é a Calculadora para a Pegada de Carbono da Pecuária, em fase final de desenvolvimento pelas unidades Pecuária Sudeste, Gado de Corte e Meio Ambiente.

  • Governo libera R$ 179 milhões para a contratação de seguro rural no mês de maio

    Governo libera R$ 179 milhões para a contratação de seguro rural no mês de maio

    Nesta segunda-feira (05), foi publicada a Resolução nº 105, do Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural, que aprova o valor inicial para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) em 2025. Do valor total de R$ 1 bilhão, previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada pelo Congresso Nacional, serão liberados, já no mês de maio, R$ 179 milhões. O restante do orçamento deverá ser liberado a partir do mês de junho.

    Serão disponibilizados aos produtores R$ 170 milhões para a contratação de apólices para as culturas de inverno, como o milho 2ª safra e o trigo; R$ 5 milhões para as frutas; R$ 1 milhão para a modalidade de pecuária; R$ 500 mil para a modalidade de florestas; e R$ 2,7 milhões para as demais culturas.

    “O seguro rural é um instrumento de proteção fundamental para o produtor, ainda mais diante desse cenário de aumento da frequência e da severidade dos eventos climáticos adversos. Apenas nos últimos cinco anos, as seguradoras pagaram cerca de R$ 19 bilhões em indenizações aos produtores. Essas indenizações permitiram que milhares de produtores fossem ressarcidos das suas perdas na produção, mantendo a estabilidade financeira do seu negócio”, ressaltou o secretário de Política Agrícola do Mapa, Guilherme Campos.

    Contratação

    O produtor que tiver interesse em contratar o seguro rural deve procurar um corretor ou uma instituição financeira que comercialize apólices de seguro rural. Atualmente, 17 seguradoras estão habilitadas para operar no PSR.

    O seguro rural é destinado aos produtores, pessoa física ou jurídica, independentemente de acesso ao crédito rural, que cultivem ou produzam espécies contempladas pelo Programa.

    O percentual de subvenção ao prêmio está fixado em 40% para todas as culturas/atividades, exceto para a soja, cujo percentual é de 20%. Essa regra vale para qualquer tipo de produto e cobertura, conforme as normas do PSR.

  • Famato participa da 3ª reunião do Comitê Estadual de Gestão do Fogo em Mato Grosso

    Famato participa da 3ª reunião do Comitê Estadual de Gestão do Fogo em Mato Grosso

    A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) participou, no dia 29 de abril (terça-feira), da 3ª reunião ordinária de 2025 do Comitê Estadual de Gestão do Fogo (CEGF-MT). O encontro foi realizado no Plenário Cleverson Cabral, na sede dos Conselhos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), em Cuiabá. A Famato integra o comitê e esteve representada pelo analista de Assuntos Fundiários e Indígenas, Dione Castro.

    A reunião contou com a presença de representantes de diversas instituições com atuação direta na prevenção e no combate aos incêndios florestais no estado. Entre os participantes estavam a promotora de Justiça Luiza Ávila Paterlini, do Ministério Público Estadual (MPE), e o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), tenente-coronel BM Rafael Ribeiro Marcondes.

    “O comitê tem um papel relevante no combate aos incêndios florestais no estado. Estar presente nessas discussões permite que a Famato leve a visão de quem está no campo e, ao mesmo tempo, contribua para orientar os produtores sobre prevenção, legislação ambiental e boas práticas. Nosso objetivo é levar informação correta e ajudar a evitar situações que prejudiquem o produtor e o meio ambiente”, pontuou Dione Castro.

    Durante o encontro, foi realizada a apresentação do Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre Desastres (NPED), vinculado à Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), reforçando a importância da atuação científica no monitoramento e enfrentamento de desastres ambientais.

    A pauta da reunião incluiu ainda a aprovação da ata da segunda reunião ordinária do ano, a apresentação dos resultados iniciais das Câmaras Técnicas Permanentes – criadas pela Resolução nº 002/2025/CEGF –, além de discussões e deliberações sobre os trabalhos em andamento. Também houve uma capacitação sobre o uso da Plataforma Painel do Fogo, desenvolvida pelo CENSIPAM (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia).

    O comitê estrutura sua atuação com base em quatro pilares no enfrentamento aos incêndios florestais: prevenção, preparação, resposta e responsabilização. A articulação entre os diferentes órgãos busca conferir maior agilidade e eficiência na redução de danos ambientais, materiais e humanos, além de mitigar prejuízos econômicos e sociais.

  • Parecer favorável da Embrapa fortalece regularização da agropecuária nas áreas úmidas do Araguaia e Guaporé

    Parecer favorável da Embrapa fortalece regularização da agropecuária nas áreas úmidas do Araguaia e Guaporé

    A validação técnica da Embrapa Solos aos estudos que indicam caminhos para a regularização ambiental das áreas úmidas dos Vales do Araguaia e do Guaporé foi considerada uma vitória pelos produtores rurais de Mato Grosso. A conquista foi tema central de uma audiência realizada nesta terça-feira (29), no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em Brasília, com a participação do segundo vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Amarildo Merotti.

    Merotti esteve acompanhado do superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), Marcelo Lupatini, e do gestor jurídico da Famato, Rodrigo Bressane. O grupo foi recebido pelo ministro Carlos Fávaro e pelo secretário-executivo Irajá Rezende de Lacerda para tratar da regularização do uso e ocupação das planícies dos vales do Araguaia e do Guaporé, regiões historicamente ligadas à produção agropecuária e que, há décadas, enfrentam entraves legais que dificultam a atividade no campo.

    Durante o encontro, foi apresentado o parecer técnico da Embrapa Solos, que valida o estudo conduzido pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pelo Instituto Uniselva, com apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT). O estudo traz critérios científicos para orientar a ocupação e o uso sustentável das áreas, com base em levantamentos de solo e relevo em alta precisão.

    O parecer, assinado pelo chefe-geral interino da Embrapa Solos, Daniel Vidal Pérez, reconhece a robustez científica da metodologia utilizada e recomenda que as diretrizes sobre o uso e manejo das áreas úmidas sejam consolidadas em um documento com força de lei, respaldado por dados detalhados sobre solos, vegetação e topografia.

    “Esse parecer representa uma conquista fundamental para o produtor rural que, há décadas, convive com a insegurança jurídica e com entraves legais que dificultam o trabalho no campo. A validação científica da Embrapa nos dá a certeza de que é possível produzir com responsabilidade ambiental. Agora, é preciso que isso se traduza em regras claras, seguras e executáveis. O produtor não pode continuar sendo penalizado pela ausência de critérios técnicos atualizados”, afirmou Amarildo Merotti, vice-presidente da Famato.

    A audiência também contou com a participação da presidente da Associação dos Fazendeiros do Vale do Araguaia, Carmem Bruder; da presidente da Associação Campos Guaporé, Joana de Resende; do prefeito de Vila Bela da Santíssima Trindade, Jacob Andrade; do secretário municipal de Fomento, Edcley Coelho; do assessor parlamentar da ALMT, Gideon Danni; além de técnicos do Mapa e representantes das associações.

    Para o gestor jurídico da Famato, Rodrigo Bressane, a integração entre a ciência, o setor produtivo e o poder público são premissa indispensável para a construção de soluções sustentáveis. “A temática em questão requer a conciliação entre a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico. Nesse contexto, o parecer técnico emitido pela Embrapa representa um importante instrumento de embasamento técnico-científico para assegurar esse equilíbrio de forma jurídica e responsável”, ressaltou.

    Com a entrega oficial do parecer, o próximo passo será a elaboração de um marco legal estadual que reconheça os dados técnicos apresentados e permita a modernização da legislação ambiental, garantindo segurança jurídica e acesso à tecnologia para os produtores dos Vales do Araguaia e do Guaporé.

  • Chuvas regulares favorecem milho segunda safra em Mato Grosso e Centro-Oeste, aponta boletim agrícola

    Chuvas regulares favorecem milho segunda safra em Mato Grosso e Centro-Oeste, aponta boletim agrícola

    O monitoramento climático e agrícola realizado entre os dias 1º e 21 de abril de 2025 revelou que o regime de chuvas se manteve favorável ao desenvolvimento das culturas de milho segunda safra e algodão em Mato Grosso e no restante da região Centro-Oeste. As informações fazem parte do Boletim de Monitoramento Agrícola, uma parceria entre a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Grupo de Monitoramento Global da Agricultura (Glam), que destaca as condições agrometeorológicas em apoio às estimativas de safra no Brasil.

    No Centro-Oeste, as precipitações foram suficientes para manter elevada a umidade do solo, essencial para o bom desenvolvimento das lavouras. Em Mato Grosso, líder nacional na produção de milho e algodão, o cenário se mostrou especialmente positivo. As chuvas constantes permitiram o crescimento vigoroso das lavouras de milho segunda safra, com índices de vegetação acima da média histórica e do ciclo anterior. O algodão também se beneficiou das condições climáticas estáveis, apresentando bom vigor vegetativo e formação adequada das estruturas reprodutivas, etapa fundamental para o potencial produtivo.

    No entanto, a primeira quinzena de abril foi marcada por variações no volume de chuvas em algumas áreas de Goiás e Mato Grosso do Sul. Nessas regiões, a irregularidade hídrica e as temperaturas elevadas causaram momentos pontuais de estresse para as plantas. Em Mato Grosso do Sul, a falta de precipitações mais regulares provocou uma desaceleração no crescimento do índice de vegetação, o que pode impactar parte da produtividade do milho segunda safra.

    De maneira geral, o monitoramento espectral aponta que, em Mato Grosso, Goiás, Tocantins e grande parte do Mato Grosso do Sul, o milho segunda safra segue com desenvolvimento satisfatório. Mesmo com oscilações climáticas observadas em março e abril, a recuperação hídrica no final do período ajudou na manutenção da sanidade das lavouras que ainda estavam em estágio vegetativo.

    O boletim também destacou a colheita de arroz no Tocantins e em Mato Grosso. No Tocantins, mais de 60% das áreas produtoras já foram colhidas, com lavouras cultivadas em várzeas apresentando boa sanidade. Em Mato Grosso, o volume expressivo de chuvas não impediu o avanço da colheita, que já atinge mais de 70% da área semeada, mantendo a qualidade dos grãos.

    Outro destaque para a região foi o bom desempenho do algodão em Goiás, onde, apesar da irregularidade das chuvas, a umidade disponível no solo tem se mantido suficiente para atender às exigências hídricas da fase de formação das maçãs. Em Mato Grosso do Sul, enquanto no Norte as lavouras continuam se desenvolvendo bem, no Sul do estado a colheita de algodão já se aproxima com a realização da desfolha.

    No contexto nacional, o monitoramento agrícola apontou desafios no Nordeste e no Sul do país. No Semiárido nordestino, a restrição hídrica manteve o déficit no solo, prejudicando culturas como feijão e milho. Já no Sul, embora as chuvas tenham sido irregulares, as temperaturas mais amenas ajudaram a manter a umidade do solo, favorecendo o desenvolvimento das culturas de segunda safra.

    O Boletim de Monitoramento Agrícola reforça a importância da coleta contínua de dados climáticos, observação da terra e análises de campo para orientar produtores e instituições em um país de dimensões continentais e grande diversidade de cultivos como o Brasil. Em Mato Grosso e no Centro-Oeste, a expectativa é de que as condições atuais ajudem a consolidar uma boa produtividade para o milho segunda safra e o algodão na safra 2024/2025, mesmo diante das variações climáticas registradas no início do ano.

  • Preço do carbono na agropecuária brasileira é estimado em US$ 11,54 por tonelada

    Preço do carbono na agropecuária brasileira é estimado em US$ 11,54 por tonelada

    Um estudo realizado pela Embrapa Territorial, em São Paulo, estimou em US$ 11,54 o preço da tonelada de carbono equivalente (tCO2e) emitida pela agropecuária brasileira. O cálculo foi feito com base em uma revisão sistemática de estudos científicos publicados entre 2004 e 2024, abrangendo diferentes países e metodologias de precificação do carbono. Os resultados foram publicados na Revista de Economia e Sociologia Rural, da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober), no primeiro número de 2025.

    De acordo com a economista Daniela Tatiane de Souza, analista da Embrapa, são raros os estudos que adotam critérios científicos e sistemáticos para estimar o custo das emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário. “Ter uma estimativa de valor é importante para que empresas e instituições possam desenvolver políticas e programas de incentivo a práticas sustentáveis, com preços de referência consistentes”, afirma.

    A equipe da Embrapa analisou 32 publicações, extraídas de bases como Science Direct, Web of Science, Springer, Wiley Online e Google Scholar. Os trabalhos foram desenvolvidos principalmente na China, Austrália e Reino Unido. Os valores encontrados variaram bastante – de US$ 2,60 a US$ 157,50 por tonelada de CO2 equivalente –, o que reflete diferenças nas metodologias e nos níveis tecnológicos das agriculturas avaliadas.

    O principal fator que influencia no custo das emissões, segundo a revisão, é o Produto Interno Bruto (PIB) dos países. “Economias maiores tendem a ter preços de carbono mais baixos. Além disso, em mercados menos regulamentados, o aumento das emissões nem sempre gera aumento no preço do carbono”, explica Daniela Souza. O modelo econométrico usado para a estimativa brasileira considerou também o uso de fertilizantes nitrogenados e a participação da agricultura no PIB nacional.

    Para Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial, é fundamental considerar o equilíbrio entre emissões e captura de carbono. “Em alguns casos, o aumento do nível tecnológico pode elevar as emissões, mas também amplia a produtividade e o sequestro de carbono, o que compensa esse impacto dentro de uma análise mais ampla de sustentabilidade”, observa. Segundo ele, a unidade da Embrapa já vem desenvolvendo pesquisas para mensurar o carbono capturado pelos sistemas agropecuários brasileiros.

    A precificação do carbono é uma ferramenta cada vez mais estratégica. Como explica o pesquisador Lauro Rodrigues Nogueira Júnior, ao se atribuir um valor à tonelada de CO2 equivalente evitada ou removida da atmosfera, cria-se um incentivo econômico para adoção de práticas sustentáveis, como a melhoria no uso de fertilizantes, redução do desmatamento e implementação de sistemas de produção mais eficientes. “O valor estimado serve como referência tanto para quem vai pagar quanto para quem vai receber por um projeto de redução de emissões”, pontua o pesquisador.

    Este é o segundo estudo publicado pela Embrapa Territorial sobre o tema. Em 2024, o mesmo grupo calculou o preço do carbono na cadeia da citricultura brasileira, chegando ao valor de US$ 7,72/tCO2e. Além disso, em parceria com o Fundecitrus e com financiamento do Fundo de Inovação para Agricultores da empresa britânica Innocent Drinks, a Embrapa também estimou o estoque de carbono nos pomares, solos e áreas de vegetação nativa do cinturão citrícola do país: 36 milhões de toneladas.

    A precificação do carbono ganha relevância à medida que o Brasil avança em programas de pagamento por serviços ambientais e de redução de emissões de gases de efeito estufa, tanto no mercado regulado quanto no voluntário. Com base científica, os valores calculados pela Embrapa podem ajudar a orientar políticas públicas e estratégias privadas voltadas à transição para uma agropecuária de baixa emissão.

  • Após primeiras colheitas, Conab confirma estimativa de safra recorde

    Após primeiras colheitas, Conab confirma estimativa de safra recorde

    Com maior área plantada e condições climáticas favoráveis, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma safra recorde de grãos na temporada 2024/25, em 330,3 milhões de toneladas. De acordo com o órgão, com a colheita das culturas de primeira safra em fase adiantada, essa perspectiva vem se confirmando.

    Os dados do 7º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado nesta quinta-feira (10) pela Conab, aponta um crescimento de 10,9% ou 32,6 milhões de toneladas quando se compara com o ciclo 2023/24.

    O incremento estimado se deve tanto a uma maior área plantada, prevista em 81,7 milhões de hectares, com incorporação de 1,7 milhão de hectares em relação à safra passada, quanto às condições climáticas favoráveis registradas na primeira safra nas principais regiões produtoras.

    “As perspectivas positivas para o clima também dão suporte para o desenvolvimento das culturas na segunda safra. Neste cenário, é esperada uma recuperação da produtividade em 8,6%, estimada em 4.045 quilos por hectares”, destacou a companhia.

    Soja

    A soja continua a ser o principal produto cultivado na primeira safra e deve registrar o maior volume já colhido no país. Nesta safra, a Conab prevê uma produção de 167,9 milhões de toneladas, resultado 20,1 milhões de toneladas superior à safra passada.

    O Centro-Oeste, principal região produtora do grão, deve registrar um novo recorde na produtividade média das lavouras com 3.808 quilos por hectare, superando o ciclo 2022/23.

    Em Mato Grosso, a colheita já chega a 99,5% da área semeada com a produtividade média chegando a 3.897 quilos por hectare, a maior já registrada no estado. Cenário semelhante é visto em Goiás, onde os trabalhos de colheita já atingem 97% da área com uma produtividade de 4.122 quilos por hectare.

    Com a colheita da soja avançada, o plantio do milho de segunda safra está próximo de ser finalizado. A produção total do cereal, somados os três ciclos da cultura, está estimada em 124,7 milhões de toneladas em 2024/25, crescimento de 9 milhões de toneladas em relação ao ciclo passado.

    Para o algodão, a expectativa de produção recorde também vem se confirmando. O plantio está concluído com estimativa de área em 2,1 milhões de hectares, crescimento de 6,9% sobre a safra 2023/24. Já para a produção de pluma é esperada uma colheita de 3,9 milhões de toneladas, 5,1% acima do volume produzido na safra anterior.

    Arroz e feijão

    De acordo com a Conab, a colheita de arroz também segue em bom ritmo, com mais de 60% da área plantada já colhida.

    “As condições climáticas nas principais regiões produtoras, até o momento, são favoráveis para o desenvolvimento da cultura”, informou o órgão.

    No caso do feijão, o aumento previsto na produção é de 2,1%, podendo chegar a 3,3 milhões de toneladas somadas as 3 safras da leguminosa. A elevação acompanha a melhora na produtividade média das lavouras, que sai de 1.135 quilos por hectare para 1.157 quilos por hectare, uma vez que a área se mantém estável em 2,86 milhões de hectares.

    Comércio

    Com o aumento na estimativa de produção do milho, a Conab também elevou as previsões de consumo do grão na safra. A nova expectativa é de um volume de 87 milhões de toneladas consumidas no mercado interno e 34 milhões de toneladas para exportação.

    “Mesmo com o aumento no consumo interno, o estoque final deve chegar a cerca de 7,4 milhões de toneladas do grão”, afirmou.

    Segundo a Conab, cenário semelhante é encontrado para o algodão, em que o aumento na produção possibilita um incremento tanto no consumo quanto no estoque de passagem da fibra.

  • Comitiva australiana visita fazendas no norte de MT e se impressiona com tecnologia e gestão da pecuária

    Comitiva australiana visita fazendas no norte de MT e se impressiona com tecnologia e gestão da pecuária

    Uma comitiva formada por 22 produtores e técnicos australianos esteve no norte de Mato Grosso para conhecer de perto os sistemas de produção pecuária adotados na região. A visita foi organizada pela empresa Alltech, fornecedora de aditivos e ingredientes para nutrição animal, após um convite feito pelo produtor rural Daniel Wolf, durante um encontro com o grupo no Centro de Pesquisa da Universidade da Flórida, em Orlando, no ano passado.

    “Eles atuam com cria, recria, confinamento, em diferentes modelos de produção. Quando os encontrei nos Estados Unidos, fiz questão de convidá-los para conhecer a nossa realidade aqui, e agora conseguimos concretizar essa visita com o apoio da Alltech, que também organizou toda a viagem”, explicou Daniel Wolf, que também é diretor da Fortuna Nutrição Animal.

    A comitiva visitou propriedades que adotam sistemas integrados e com alto nível de tecnologia, incluindo uma fazenda modelo que trabalha com cria, recria, engorda, além de integrar a produção de gado com o cultivo de teca e lavouras. “É uma fazenda bem diversificada, com indústria, hidrelétrica, e muita tecnologia embarcada. Eles ficaram bastante impressionados com o nível de intensificação e a gestão dos dados de produção”, destacou.

    Os australianos também conheceram a fazenda Gamada, onde está sediada a Fortuna Nutrição Animal — referência em inovação no setor. Durante o roteiro, visitaram áreas de recria, engorda, sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), além de projetos em parceria com a Embrapa.

    “Mostramos nossa média de chuvas, que em março foi de 537 milímetros. Para alguns deles, isso é o volume de um ano inteiro. Mas o que realmente chamou a atenção foi a forma como gerimos os dados da fazenda, a cultura do capricho, o zelo com as máquinas e estruturas, e o foco em produtividade por hectare, com tudo muito bem monitorado”, relatou Wolf.

    A experiência abriu portas para uma futura troca de conhecimento. “Eles já deixaram o convite para que a gente também vá até a Austrália conhecer a realidade deles. Foi uma troca muito rica, e é gratificante ver o reconhecimento do nosso trabalho por quem vive a pecuária em outras partes do mundo”, completou.

  • Entrega de alimentadores fortalece a apicultura em Lucas do Rio Verde

    Entrega de alimentadores fortalece a apicultura em Lucas do Rio Verde

    Com o objetivo de fortalecer a apicultura local e garantir melhores condições de desenvolvimento das colmeias, a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Lucas do Rio Verde entregou nesta segunda-feira (7) cerca de 200 alimentadores a apicultores do município. Os equipamentos foram adquiridos com recursos próprios da prefeitura e visam oferecer suporte durante os períodos de baixa florada, quando há menor oferta de alimento natural para as abelhas.

    De acordo com o secretário Felipe Palis, a ação integra uma série de políticas públicas voltadas à valorização da atividade, considerada promissora para o município. “A apicultura é uma frente que temos incentivado nos últimos anos. Hoje são mais de 27 apiários e 20 apicultores atuando em nossa região. Esses alimentadores ajudarão na manutenção dos enxames em períodos críticos, garantindo o equilíbrio dos apiários”, destacou.

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    Palis lembrou ainda que os apicultores do município recebem assistência técnica continuada por meio de uma parceria entre o Sindicato Rural e o Senar. “Temos acompanhado esse crescimento com muito entusiasmo, pois se trata de uma atividade sustentável, com potencial de gerar renda e preservar o meio ambiente”, reforçou.

    O apicultor Nelson Kafer, comemorou a entrega. Com 24 anos dedicados à apicultura em Lucas do Rio Verde, ele recorda que o contato com abelhas começou ainda na adolescência, no Sul do país. “Com 15 anos já mexia com abelha. E desde que cheguei aqui, em dois meses, já coloquei caixa no mato. Para mim, nunca faltou mel”, contou com entusiasmo.

    Apesar do momento não ser o mais forte da produção, devido à escassez do que ele chama de “erva quente” – nome popular dado a algumas espécies florais que produzem néctar em maior quantidade –, ele segue otimista. “Esse tipo de planta, quando está na florada, atrai muita abelha. Onde tem, o enxame está bonito de ver. Agora no mês que vem a gente começa a dividir os enxames grandes”, disse.

    O técnico do Senar, Sidney Miranda, explicou a importância do uso correto dos alimentadores. “Eles são fundamentais na entre safra das floradas, especialmente em períodos de seca ou de chuva intensa. O alimento fornecido é apenas para o consumo imediato das abelhas, e não para armazenamento. Já durante a produção de mel, nenhuma alimentação externa é feita para não comprometer a qualidade”, explicou.

    Miranda também ressaltou que Lucas do Rio Verde tem grande potencial para se tornar uma referência na produção de mel. “É uma região propícia, mas ainda precisamos avançar em aspectos como localização adequada dos apiários, registro no Indea e diálogo constante com os produtores rurais para evitar o uso de defensivos que prejudiquem as abelhas. A apicultura e a agricultura podem coexistir com responsabilidade e respeito ao meio ambiente”, concluiu.

    A entrega dos alimentadores reforça o compromisso da gestão municipal com a diversificação das atividades no campo, promovendo sustentabilidade e novas oportunidades para os agricultores familiares e pequenos produtores de Lucas do Rio Verde.

  • Pesquisa em Mato Grosso busca alternativa orgânica contra praga do algodão

    Pesquisa em Mato Grosso busca alternativa orgânica contra praga do algodão

    Mato Grosso, líder na produção de algodão no Brasil, concentra 70% da produção sustentável da pluma. No entanto, a cultura enfrenta um desafio significativo: a mancha angular, doença causada pela bactéria Xam. A praga prejudica a produtividade, causando lesões nas folhas e a perda da plantação.

    Pesquisadores em Mato Grosso exploram o uso de substâncias orgânicas, chalconas, como alternativa aos fungicidas tradicionais. As chalconas, compostos químicos com propriedades antimicrobianas, antioxidantes e outras, mostram potencial contra a bactéria.

    O estudo é financiado pelo governo estadual, através do edital 004/2024 – Mulheres e Meninas na Computação, Engenharias, Ciências Exatas e da Terra, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat).

    A pesquisa busca sintetizar análogos de chalconas com estruturas que aumentam a atividade antibacteriana. As chalconas sintetizadas são caracterizadas por técnicas como espectroscopia e cristalografia de raios-X. Testes de viabilidade celular determinam a concentração mínima para inibir e eliminar a bactéria. Modelos computacionais auxiliam na compreensão da relação entre a estrutura química das chalconas e sua atividade biológica.

    A pesquisa visa desenvolver compostos para controlar a mancha angular e servir como base para novas moléculas antibacterianas em outras doenças agrícolas. O objetivo é proteger as lavouras de algodão, reduzir os impactos econômicos da doença e promover a agricultura sustentável.

    A pesquisa contribui para o desenvolvimento de alternativas eficientes, econômicas e sustentáveis para o controle de doenças na cotonicultura, garantindo maior produtividade e sustentabilidade ao setor agrícola brasileiro.

    O projeto também contribui para a formação de mão de obra especializada, com cinco estudantes bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso.