Tag: África

  • ABL firma acordo inédito com academias de países africanos

    ABL firma acordo inédito com academias de países africanos

    A Academia Brasileira de Letras (ABL) firmou o primeiro acordo de cooperação e amizade com instituições similares africanas. O presidente da ABL, Marco Lucchesi, disse hoje (16) à Agência Brasil que o protocolo assinado constitui um fato inédito e marca a grande proximidade que existe entre o Brasil e a África.

     

    O acordo envolve as academias Angolana de Letras, de Ciências de Moçambique, Caboverdiana de Letras, São-tomense de Letras, além da Academia de Ciências de Lisboa e da ABL. “Foi um protocolo mútuo, bastante aberto, e nos permite sonhar, quando for necessário, mas, sobretudo, ele tem o aspecto simbólico muito importante de proximidade com a África”, afirmou Lucchesi.

    Foram levantadas várias perspectivas práticas de colaboração entre as academias. Entre elas, a publicação mútua de obras dos acadêmicos, “o que já vai dando uma circulação sanguínea de ideias, de formas de ver o mundo, de contribuições”, disse Lucchesi. Há intenção também de promover conferências e mesas redondas virtuais nos diversos países para assuntos de interesse comum.

    O presidente da ABL destacou que espera o surgimento de novas ideias, como publicações conjuntas, após o período de pandemia da covid-19.

    Marco Lucchesi avaliou que, no atual cenário, o acordo é motivo de grande esperança. “Neste momento tão difícil de colecionar sonhos ou de projetar ideias para o futuro, porque o presente está muito pesado, a meta é atravessarmos a espessura do presente e planejarmos diversas ações para já e, com o final da pandemia, se Deus quiser, fazermos aproximações físicas, inclusive”.

    Reunião pela internet

    Segundo Lucchesi, a reunião para firmar o acordo não foi simples de se viabilizar pela internet tendo em vista os fusos horários diferentes e o envolvimento das academias com os compromissos em seus países diante da pandemia do novo coronavírus, cujo combate é mais forte em algumas regiões do que em outras.

    “Não foi simples. Mas fomos todos tomados por uma grande alegria e um desejo de cooperação”, comentou.

    Ele lembrou que, desde um acordo assinado com a Marinha, em 2018, têm sido doados livros de escritores brasileiros para os países de língua portuguesa. “Assim vamos construindo uma rede de proximidade de uma mesma língua, expressa em diversas formas. Mas é sempre esse legado comum”.

    ABL e Câmara

    Internamente, no Brasil, a ABL e a Biblioteca da Câmara dos Deputados estão realizando doações de livros a comunidades carentes, mais desprotegidas e vulneráveis, em todo o país, além de hospitais. A ação integra acordo de cooperação assinado em 2019 entre a Câmara Federal e a ABL, com o objetivo de desenvolver ações conjuntas para disseminação da cultura nacional e promoção de ações de valorização da leitura.

    Até o momento, já foram distribuídos cerca de 70 kits com 12 livros novos cada, da Editora Câmara. Nessa primeira leva, foram atendidas comunidades de Belém (PA), Porto Alegre e Eldorado do Sul (RS), São Luis (MA), Fortaleza e São Gonçalo do Amarante (CE), Mauá, Guarulhos e São Paulo (SP), Salvador (BA), Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes (PE), Sabará, Betim, Belo Horizonte e Santa Luzia (MG), Paraty, Nova Iguaçu e Duque de Caxias (RJ).

    O presidente da ABL destacou que, durante a pandemia, as comunidades mais vulneráveis precisam de comida e de medidas de profilaxia. “Mas nós entendemos que o livro também pode fazer parte tanto de uma forma, como de outra. O livro dentro da cesta básica. Toda vez que for possível associar cesta básica ao livro, nós trabalhamos com duas fomes: a fome dramática que, infelizmente, o nosso povo está vivendo, e a fome de leitura. Uma coisa não exclui a outra”.

    Quando essa associação não é possível, a parceria entre a ABL e a Biblioteca da Câmara dos Deputados destina as doações para formação de bibliotecas em centros universitários, centros preparatórios de enfermeiros, asilos e bibliotecas comunitárias. “Por enquanto, estamos perto de 70 kits, mas vamos ampliar no território nacional. Queremos ampliar isso drasticamente”, disse Lucchesi.

  • Chanceleres do Brasil e de Angola assinam acordo de segurança 

    Chanceleres do Brasil e de Angola assinam acordo de segurança 

    Na quarta e última etapa de sua visita a países da África Ocidental, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, assinou ontem (12), em Luanda, o Acordo de Segurança e Ordem Interna com o chanceler angolano, Manuel Domingos Augusto.

    Araújo também foi recebido pelo presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, a quem entregou convite do presidente Jair Bolsonaro para visitar o Brasil em 2020. O ministro esteve com ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa.

    O acordo, segundo o chanceler brasileiro, constitui importante passo para combater o crime organizado, o terrorismo e o narcotráfico em solo e nas áreas marítimas dos dois países. “O projeto do novo Brasil nos entusiasma”, disse Araújo.

    Segundo o diplomata, o Brasil quer uma “visão nova” para a sua relação com a África, mais produtiva e com um nível de relacionamento mais elevado. Ernesto Araújo disse que essa nova visão engloba o estabelecimento de uma estrutura de comércio e investimentos no continente africano.

    “Estamos mostrando a verdadeira dimensão da nossa política, que tenta ser criativa”, disse. Ele afirmou que essa nova dimensão responde aos “anseios das nossas sociedades”, que exige mais contatos com a África. O chanceler afirmou que a África “é uma prioridade” para o Brasil.

    Indústria de defesa

    Araújo participou, na capital angola, da abertura de um seminário sobre a Base Industrial de Defesa do Brasil. Durante o evento, representantes de empresas de defesa disponibilizaram informações sobre a tecnologia dos produtos brasileiros.

    O diplomata brasileiro disse, em seus encontros, que o Brasil espera intensificar laços com o governo e o povo angolano nos planos econômico-comercial, de defesa e segurança e de cooperação para o desenvolvimento.

    Engajamento

    Depois de visitar Cabo Verde, Senegal e Nigéria, Ernesto Araújo disse que a visita a Angola constitui a “coroação de um périplo africano, que testemunha o desejo do governo brasileiro de um maior engajamento com esse continente”.

    De janeiro a novembro deste ano, o Brasil exportou US$ 408,4 milhões para Angola. As importações daquele país somaram US$ 140, 5 milhões. O saldo brasileiro nos 11 primeiros meses do ano é US$ 268 milhões.

    Cooperação

    Durante os encontros com as autoridades angolanas, Araújo mencionou a intensa cooperação bilateral que se desenvolve desde a independência angolana, em 1975. Ele citou que a atual visita é a terceira oportunidade de encontrar o chanceler angolano Manuel Domingos Augusto, com quem manteve o primeiro encontro de trabalho logo após a posse do presidente Bolsonaro.

    Araújo também apresentou o compromisso brasileiro de trabalhar para intensificar os contatos humanos entre os dois países, buscando aprimorar instrumentos existentes para cooperação em educação e saúde. Ele citou como exemplo de sucesso dessa parceria o programa de instalação de bancos de leite humano em diversos países africanos.

    O ministro afirmou que a capacitação de profissionais e o intercâmbio de conhecimentos serão elementos determinantes para uma parceria bilateral e para a formação de um “conjunto de práticas e informações” a serem colocadas em práticas por angolanos e brasileiros.

    Fábio Massalli