Tag: aeroporto de Guarulhos

  • PF nega ter feito revista em três deputadas negras em Guarulhos

    PF nega ter feito revista em três deputadas negras em Guarulhos

    A Polícia Federal divulgou nota na tarde deste domingo (13) negando ter procedido revista nas deputadas estaduais Ediane Maria (PSOL-SP), Andreia de Jesus (PT-MG) e Leninha (PT-MG), as três são negras, durante o desembarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na sexta-feira (11).

    No comunicado, a PF afirma que “não foi a instituição responsável pela abordagem mencionada pelas três deputadas estaduais que relataram ter sido submetidas a revista na fila do desembarque do Aeroporto de Guarulhos”.

    A corporação garante que “atua com base nos protocolos estabelecidos em seus normativos internos e respeita estritamente os procedimentos legais vigentes” e reafirma o “compromisso com a legalidade, a isenção e o respeito aos direitos individuais no cumprimento de suas atribuições”.

    As três deputadas registraram boletim de ocorrência por prática de racismo ao desembarcarem em Guarulhos de voo procedente do México, onde representaram o Brasil no Painel Internacional de Mulheres Afropolíticas, no Senado mexicano.

    Em rede social, a deputada Andreia de Jesus relatou que entre centenas de passageiros no desembarque, ela e as outras duas colegas parlamentares foram as únicas selecionadas para uma revista pelos agentes de segurança da Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos.

  • Deputadas denunciam racismo em revista no aeroporto de Guarulhos

    Deputadas denunciam racismo em revista no aeroporto de Guarulhos

    Três deputadas estaduais, duas de Minas Gerais e uma de São Paulo, registraram um boletim de ocorrência por terem sofrido prática de racismo no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos nesta sexta-feira (11)

    Segundo as deputadas Ediane Maria (PSOL-SP), Andreia de Jesus (PT-MG) e Leninha (PT-MG), três mulheres negras, elas foram vítimas de revista discriminatória no desembarque do grupo que representou o Brasil no Painel Internacional de Mulheres Afropolíticas, no Senado do México.

    Andreia de Jesus relatou em uma rede social que entre centenas de passageiros no desembarque, ela e as outras duas deputadas foram as únicas selecionadas para uma revista pelos agentes de segurança da Polícia Federal (PF) no Aeroporto de Guarulhos.

    “O motivo nós já sabemos. É a lógica do “suspeito padrão” que continua operando com as pretas e pretos”, criticou Andreia.

    “Um constrangimento que nenhuma pessoa merece passar. Racismo é crime. E a gente vai seguir enfrentando a discriminação em todos os espaços, dentro e fora das instituições”, desabafou a deputada.

    Leninha também utilizou as redes sociais para denunciar o episódio e corroborou o depoimento da colega, afirmando que nenhuma outra pessoa ao redor foi selecionada para a revista. Ela classificou o episódio como racismo velado, por terem sido as únicas pessoas “sorteadas” para passar pelo procedimento.

    “Não é coincidência. É padrão. É a cor da nossa pele sendo lida como ‘suspeita’ em um país que ainda normaliza a violência racial disfarçada de protocolo. Mas estamos aqui para denunciar, resistir e lembrar: nenhuma humilhação será silenciada”, criticou.

    “De todos que estavam na fila, só nós, três mulheres negras, que fomos escolhidas”, relatou a deputada Ediane.

    A Agência Brasil entrou em contato com o Aeroporto de Guarulhos e com a Polícia Federal, mas não obteve retorno até o momento da publicação da reportagem.

  • Empresário confirmou delação contra policiais oito dias antes de morte

    Empresário confirmou delação contra policiais oito dias antes de morte

    O empresário Vinícius Lopes Gritzbach, assassinado no Aeroporto Internacional de Guarulhos na última sexta-feira (8), confirmou no dia 31 de outubro, à Corregedoria da Polícia Civil, a delação que havia feito, ao Ministério Público do Estado de São Paulo, contra policiais civis. Ele denunciou os policiais à Corregedoria por extorsão. Oito dias depois, foi morto. A informação foi dada pelo secretário de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (11).

    “A gente não descarta essa possibilidade [de ter policiais entre os atiradores que mataram Gritzbach]. O mais importante de falar é isso: a gente não descarta nenhuma possibilidade, na verdade. Até porque ele delatou policiais civis na própria Corregedoria da Polícia Civil, que foi um desdobramento da delação dele no Ministério Público”, disse.

    Derrite afirmou que a investigação não tem, até o momento, nenhum indício de que policiais tenham participado da ação no aeroporto, mas ressalvou que alguns “fatos chamam a atenção”.

    “A gente não tem nenhum indício, por ora, da participação [de policiais] ali na execução. Tem alguns fatos que chamam a atenção, que é o fato de os policiais da escolta terem atrasado, justamente no dia, mas todas essas peças do quebra-cabeça vão se fechando ao longo da investigação”, disse.

    Gritzbach, que era réu pelo assassinato de duas pessoas ligadas ao grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC), tinha, segundo a SSP, quatro policiais militares em sua equipe de segurança. No dia do assassinato, parte desses seguranças atrasou e não foi até o aeroporto. Os quatro policiais foram afastados e estão sendo investigados.

    “A gente depende agora do resultado das perícias que serão feitas [nos celulares dos envolvidos]. Nós não temos problema nenhum em apurar e depurar desvio de conduta, seja na Política Militar, seja na Polícia Civil”, disse Derrite.

    O secretário não quis informar quantos policiais exatamente estão sendo investigados, além dos quatro PMs que trabalhavam como seguranças de Gritzbach.

    Derrite anunciou ainda a criação de uma força-tarefa para investigar o crime. Uma resolução foi publicada nesta segunda-feira (11) no Diário Oficial do Estado oficializando a criação do grupo.

    A resolução, assinada pelo chefe da pasta da Segurança Pública, destaca a “necessidade de atuação integrada e coordenada entre as instituições policiais do estado para oferecer uma resposta célere e eficaz à sociedade, elucidando de forma precisa esse crime”.

    O grupo será coordenado pelo secretário executivo da SSP, delegado Osvaldo Nico Gonçalves. Além dele, participam o delegado Caetano Paulo Filho, do Departamento de Inteligência da Polícia Civil; a delegada do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) Ivalda Aleixo; o coronel Pedro Luís de Souza Lopes, chefe do Centro de Inteligência da PM; o coronel Fábio Sérgio do Amaral, da Corregedoria da PM; e a perita criminal Karin Kawakami de Vicente.

  • PF entra na investigação de homicídio no Aeroporto de Guarulhos

    PF entra na investigação de homicídio no Aeroporto de Guarulhos

    A Polícia Federal informou neste sábado (9) que instaurou um inquérito policial para investigar o homicídio ocorrido nesta sexta-feira (8/11) no desembarque do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos.

    “A investigação será realizada de forma integrada com a Polícia Civil de São Paulo e decorre da função de polícia aeroportuária da instituição”, disse a PF.

    A vítima, Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, tinha um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público do Estado de São Paulo e delatou facções do crime organizado.

    Imagens filmadas por pessoas que estavam no aeroporto mostram que o homem foi baleado por duas pessoas que saíram de um automóvel preto e dispararam diversas vezes, atingindo ainda mais três pessoas.

    Logo após o crime, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas disse que “tudo indica que a ação criminosa está associada ao crime organizado”.

    Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo confirmou que além de Gritzbach, um homem de 41 anos, que também havia sido baleado na sexta-feira, na ação dos atiradores no aeroporto, morreu na noite deste sábado (9). Ele estava internado no Hospital Geral de Guarulhos.

    De acordo com a SSP, na tarde deste sábado, mochilas com armas de fogo foram localizadas nas imediações do aeroporto. A Polícia Militar foi informada por uma denúncia e, no endereço, constatou a veracidade da informação.

    “Ao todo foram apreendidas três mochilas contendo 2 fuzis 762 e 1 fuzil 556, uma pistola 9mm, uma placa automotiva, além dos carregadores e munições dessas armas”, disse a SSP.

    Neste sábado, Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) informou que, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), fez uma oferta formal de proteção ao réu colaborador Antônio Vinicius Lopes Gritzbach e seus familiares para incluí-los no Programa Estadual de Proteção a Vítimas e Testemunhas (PROVITA/SP).

    “Entretanto, o beneficiário do Acordo de Colaboração Premiada recusou a proposta, alegando que pretendia continuar em sua rotina e gerindo seus negócios”, disse o MPSP, em nota.

  • Ministros  visitam aeroporto de Guarulhos para acompanhar obras do sistema Aeromóvel

    Ministros visitam aeroporto de Guarulhos para acompanhar obras do sistema Aeromóvel

    Os ministros de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; dos Transportes, Renan Filho; e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, visitaram, neste sábado (03/02), o canteiro de obras do consórcio Aerogru, em Guarulhos (SP). No local está sendo implantado o sistema Aeromóvel, que conectará os terminais do Aeroporto Internacional de Guarulhos à malha ferroviária CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) – operadora de transportes ferroviários ligada à Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo.

    Com o sistema, espera-se uma economia no tempo de deslocamento entre os terminais e o trem metropolitano, de forma sustentável e segura. Com uma extensão de 2,7 quilômetros, ele terá capacidade de transportar até 2 mil passageiros por hora. A conclusão e entrega estão previstas para o primeiro semestre de 2024.

    Segundo Costa Filho, as obras são fundamentais para melhorar o atendimento aos milhares de passageiros que utilizam o aeroporto. “Com o sistema moderno do aeromóvel, teremos uma conexão rápida que ligará a estação da linha 13 com o terminal de passageiros. Ampliar, modernizar e fortalecer a aviação civil brasileira é a orientação do presidente Lula”, disse.

    Transporte automatizado

    O Automated People Mover – APM (transportador de pessoas automatizado em tradução livre) é um projeto de mobilidade que beneficiará as pessoas que passam pelo aeroporto diariamente.

    A obra está sendo executada pelo consórcio Aero GRU e contempla a construção de uma estação em cada um dos três terminais de passageiros do aeroporto e uma estação junto à CPTM, sem custo para o usuário. O intuito é promover uma conexão rápida entre a Linha Jade, da estação da CPTM e os terminais de passageiros.

    “Estamos aqui hoje, por orientação do Presidente Lula, junto com o ministro de Portos Aeroportos, o ministro do Transporte, para acompanhar duas grandes obras, dois grandes pacotes de obras, que são de investimentos do governo federal em parceria com o governo federal e com o setor privado. O bom ambiente econômico, criado pelo presidente Lula, pela equipe econômica, liderada pelo ministro Fernando Haddad, ajudam a mudar a realidade de São Paulo, mas também ajudam a mudar a realidade do Brasil”, disse Padilha.

    Por: Ministério de Portos e Aeroportos

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  • Aeroporto de Congonhas receberá R$ 2 bilhões em melhorias

    Aeroporto de Congonhas receberá R$ 2 bilhões em melhorias

    O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, informou neste sábado (3) que o montante aplicado a melhorias no Aeroporto de Congonhas chega ao patamar de R$ 2 bilhões. Ele viajou a São Paulo para conferir o andamento de uma construção de outro importante terminal do estado: a do Sistema Aeromóvel, que irá ligar os terminais do Aeroporto Internacional de Guarulhos à malha da Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM).

    A obra do aeromóvel, ressaltou Silvio Costa, deverá custar R$ 300 milhões. Silvio Costa Filho chegou ao estado em comitiva, acompanhado dos ministros Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, e Renan Filho, dos Transportes.

    O titular da pasta de Portos e Aeroportos afirmou que a meta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para este ano é entregar “as obras das quais a população precisa”. Ele adicionou que, nesse âmbito, uma das prioridades é aprimorar as estruturas dos aeroportos. “São quase 2 mil passageiros por hora, que vão poder ter acesso ao aeroporto”, enfatizou.

    Novo aeroporto

    Outro plano do governo é o de abrir um aeroporto em Olímpia, para o qual deve reservar R$ 100 milhões. O município fica na região metropolitana de São José do Rio Preto. O governo ainda estuda inaugurar um segundo terminal, em localidade a ser definida com base em avaliações de um grupo de trabalho montado recentemente.

    Segundo o ministro Silvio Costa, a aviação no país cresceu 15% em 2023. “Saindo de 98 milhões de passageiros para 112 milhões”, emendou.

    Edição: Carolina Pimentel

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  • Aeroporto de Guarulhos tem 122 afegãos à espera de acolhimento

    Aeroporto de Guarulhos tem 122 afegãos à espera de acolhimento

    Cento e vinte e duas pessoas, procedentes do Afeganistão, aguardam acolhimento no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Segundo a prefeitura de Guarulhos, foram identificados dois casos de sarna entre os refugiados.

    A administração municipal informou que faz o atendimento emergencial dos afegãos que chegam ao país com visto humanitário. “No aeroporto, a prefeitura de Guarulhos oferece aos refugiados café da manhã, almoço e jantar, além de entregar água e cobertores. As equipes do posto estão à disposição para atender quaisquer necessidades emergenciais que surjam, inclusive de saúde, com vacinas e atendimento médico”, diz o comunicado divulgado pela prefeitura.

    Há ainda 207 vagas para acolhimento disponibilizadas pela prefeitura e 50 pelo governo do estado de São Paulo. No entanto, de acordo com a prefeitura, estão todas ocupadas.

    O atendimento médico é oferecido pelas unidades básicas de saúde da região. Há ainda auxílio para tirar documentos, como o CPF, e cursos de português.

    Fluxo de refugiados

    O Aeroporto de Guarulhos vem recebendo fluxos de refugiados do Afeganistão desde 2021, quando os Estados Unidos (EUA) retiraram as tropas do país depois de 20 anos de ocupação. Na ocasião, o grupo fundamentalista Talibã assumiu novamente o poder.

    O Talibã se tornou conhecido como grupo religioso fundamentalista na primeira metade da década de 1990. Foi organizado por rebeldes que haviam recebido apoio dos Estados Unidos e do Paquistão para combater a presença soviética no Afeganistão, que durou de 1979 a 1989, em meio à Guerra Fria.

    A chegada ao poder foi consolidada em 1996, com a tomada da capital, Cabul.

    Uma vez no controle do governo, o Talibã promoveu execuções de adversários e aplicou sua interpretação da Sharia, a lei islâmica. Um violento sistema judicial foi implantado: pessoas acusadas de adultério podiam ser condenadas à morte e suspeitos de roubo sofriam punições físicas e até mesmo mutilações. O uso de barba se tornou obrigatório para os homens, e as mulheres não poderiam ser vistas publicamente desacompanhadas dos maridos. Além disso, precisavam vestir a burca, cobrindo todo o corpo. Televisão, música e cinema foram proibidos, e as meninas não podiam frequentar a escola.

    A ocupação dos Estados Unidos foi uma reação aos ataques às torres gêmeas do World Trade Center, arranha-céus situados em Nova York. Dois aviões atingiram os edifícios em 11 de setembro de 2001, levando-os ao chão e causando quase 3 mil mortes. Os EUA acusaram o Talibã de dar abrigo ao grupo terrorista Al Qaeda, que assumiu a autoria do atentado.

    Em outubro de 2001, tiveram início as operações militares no Afeganistão.

    Os radicais, entretanto, conseguiram retomar o controle do país em 2021, implantando novo governo fundamentalista.

    Edição: Graça Adjuto
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  • PF prende traficantes de drogas que atuavam no aeroporto de Guarulhos

    PF prende traficantes de drogas que atuavam no aeroporto de Guarulhos

    A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira (7) nove traficantes de drogas que atuavam no aeroporto de Guarulhos e ainda procura cinco que estão foragidos. A Operação Bota Fora foi deflagrada para cumprir, no total, 14 mandados de prisões temporárias e 18 de busca e apreensão contra esses traficantes, relativos a três investigações diferentes de grupos que enviavam cocaína para a Europa e África por meio do terminal em Guarulhos.

    A droga era enviada em malas despachadas irregularmente ou por meio do setor de cargas do aeroporto. Foram apreendidos no Brasil e no exterior quase 700 quilos de cocaína que tinham como destino a Alemanha (578 quilos), Portugal (77 quilos) e a Etiópia (37 quilos). Segundo a PF, parte dos suspeitos é considerada líder do tráfico na região de Guarulhos. Eles foram identificados em grupos de WhatsApp formados para organizar o envio da droga.

    “Esses crimes acontecem por conta da fraca segurança orgânica do aeroporto que precisa melhorar muito e ter não só câmeras, mas mais sistemas de controle de quem se movimenta lá dentro. Se melhorar isso eu acredito que melhore bastante. E nós temos informação de que os funcionários que atuam são aliciados tão cedo quanto eles são contratados. Alguns já são parte do grupo criminoso e vão buscar o emprego ali indicados por alguém que já está lá dentro. Ou a pessoa entra e acaba sendo cooptada ao longo do tempo”, explicou o delegado Felipe Faé Lavareda de Souza.

    Segundo Lavareda, para efetivar o envio da droga para fora, o criminoso pega a etiqueta da mala de um passageiro e coloca em outra bagagem, onde está a substância ilícita. A orientação para que os passageiros evitem ter suas etiquetas e malar trocadas é que sejam tiradas fotos da mala com a etiqueta e do peso e junto com o passageiro no momento do check-in. “Isso comprova que a pessoa estava com uma mala de uma cor diferente da que foi pega na esteira. Além do peso diferente, isso já é um indicativo de que aquela mala que foi encontrada não é do passageiro.”

    Edição: Juliana Andrade
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  • Mudança na regra de acolhimento a afegãos é vista com cautela

    Mudança na regra de acolhimento a afegãos é vista com cautela

    Na terça-feira (26), os ministérios da Justiça e Segurança Pública e das Relações Exteriores publicaram a portaria que condiciona a concessão do visto temporário a afegãos à vagas em abrigos que firmem acordo com a União. Especialistas e pessoas que atuam para receber refugiados do país asiático demonstraram preocupação com os termos da portaria.

    Em nota divulgada no mesmo dia, as pastas justificaram a mudança na diretriz argumentando que buscam “promover o acolhimento humanitário dos imigrantes afegãos de forma segura, ordenada e regular”.

    “A nova política pretende assegurar que, ao chegar no Brasil, os afegãos tenham acolhimento planejado, organizado e digno, de forma a melhor promover a integração local e a dignidade dos beneficiários, com segurança e preparação prévia”, diz a nota.

    O único ponto de entrada de afegãos no Brasil é o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que, de acordo com informações repassadas pela prefeitura do município, é o endereço onde 48 pessoas da nacionalidade se abrigavam até a noite de quarta-feira (27) à espera de acolhimento. Ainda segundo a gestão municipal, as 257 vagas para acolhimento de migrantes e refugiados, sendo 207 geridas pela prefeitura e 50 pelo governo estadual, estão ocupadas.

    Com a nova portaria, após a concessão do visto, que será emitido exclusivamente pelas Embaixadas do Brasil em Teerã, no Irã, e Islamabade, no Paquistão, o refugiado terá 180 dias para chegar ao Brasil. Até então, a autorização era dada ainda nas embaixadas de Moscou, na Rússia; Ancara, na Turquia; Doha, em Catar; ou Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

    O representante da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados no Brasil (Acnur), Davide Torzilli, defende que a presença de pessoas da mesma nacionalidade no acolhimento e, principalmente, a manutenção do núcleo familiar, podem ser fundamentais para que os afegãos fiquem no Brasil em definitivo.

    O representante da Acnur disse que as autoridades devem adaptar as medidas de acolhimento conforme as singularidades de cada povo, e que pessoas sob risco e um clima de instabilidade, como é o caso dos refugiados, nem sempre conseguem se organizar para fugir e viajar conforme o planejado. “Muitas vezes, é uma questão de vida ou morte”, pondera.

    Para Torzilli, a portaria publicada no dia 26 sinaliza o compromisso do governo federal com a questão. “Daí a importância de um olhar à chegada de refugiados com solidariedade”.

    O advogado e mestre em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP) Victor Del Vecchio considera o Brasil uma boa referência, em termos de legislação migratória, pelo fato de atentar para diversos critérios de vulnerabilidade que asseguram a entrada e permanência no país. Entretanto, ele prevê ainda mais lentidão na emissão de vistos humanitários, com a redução de embaixadas incumbidas de cumprir essa função.

    “Isso restringe geograficamente o local onde as pessoas podem dar entrada nos pedidos, e a gente sabe que os afegãos vão aonde é possível ir, não exatamente aonde escolhem. Ao restringir o número de locais que processam esses pedidos, a gente também está reduzindo a capacidade de processamento de uma demanda que já era muito maior do que a vazão”.

    De acordo com Del Vecchio, “criar barreiras burocráticas para os fluxos migratórios não necessariamente impacta a diminuição. Muitas vezes, impacta somente o aumento da vulnerabilização com que esse processo ocorre. Ou seja, as pessoas continuam entrando, porque dão um jeito de vir, e isso faz com que acabem vindo de maneiras irregulares, ou, ainda, isso pode até aumentar a corrupção na ponta. Os vistos ficam mais escassos e você acaba privilegiando famílias que têm mais acesso a profissionais que atuam com esses processos e mesmo com corrupção de operadores dos sistemas”, explica.

    Em nota à Agência Brasil, a administração do Aeroporto de Guarulhos diz que a responsabilidade pelo acolhimento dos afegãos é da Prefeitura de Guarulhos, que mantém um posto de atendimento humanizado com essa finalidade, estendendo o serviço a outros refugiados.

    Edição: Fernando Fraga
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  • Ministro diz que afegãos acampados em aeroporto vão ficar em hotéis

    Ministro diz que afegãos acampados em aeroporto vão ficar em hotéis

    O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta quinta-feira (29) que os afegãos acampados no Aeroporto Internacional de Guarulhos vão ser acolhidos em hotéis, de forma temporária, até que seja estabelecida uma solução definitiva para a questão. O anúncio foi feito ao lado do deputado Alencar Santana (PT), em mensagem que tem circulado nas redes sociais do deputado.

    “Nossa preocupação é garantir condições adequadas para o enfrentamento dessa crise derivada da imigração, sobretudo de afegãos. Nós definimos uma ação emergencial do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Essas pessoas vão ter a possibilidade de serem adequadamente acolhidas em hotéis não só em Guarulhos, mas em outras cidades, até que se estruture uma política definitiva para dar conta desse grave problema”, disse o ministro.

    Segundo a prefeitura de Guarulhos, há 121 afegãos em atendimento no Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, um equipamento da administração municipal que foi instalado no mezanino do terminal 2 do aeroporto.


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    Vacinação dos refugiados afegãos com visto humanitário acampados no Aeroporto Internacional de Guarulhos – Rovena Rosa/Agência Brasil

    Ontem (28), o Ministério da Justiça havia informado que enviaria uma equipe de servidores para São Paulo para tratar sobre essa questão. Já o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania informou que o ouvidor nacional de Direitos Humanos, Renato Teixeira, visitará hoje o aeroporto para ouvir os afegãos e analisar as condições às quais eles estão sendo submetidos.

    Segundo a prefeitura de Guarulhos, representantes da administração municipal e do governo federal estiveram reunidos na manhã desta quinta-feira para discutir a questão. A informação foi confirmada pelo Ministério da Justiça, que disse que um grupo de servidores enviados a Guarulhos passará o dia em reuniões com entidades envolvidas nessa temática, representantes da sociedade civil e de prefeituras, para traçar estratégias de resolução para o problema. “Depois disso, ações emergenciais de acolhimento serão divulgadas”, diz a nota do ministério.

    Histórico

    Desde 2021, quando os radicais do Talibã assumiram o poder no Afeganistão, milhões de afegãos têm deixado o país para fugir de um regime que viola direitos humanos. O Brasil passou a se tornar destino de parte desses migrantes quando foi publicada uma portaria interministerial, em setembro de 2021, autorizando o visto temporário e a residência por razões humanitárias.

    De posse desse visto humanitário, os afegãos começaram a desembarcar no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Mas, chegando ao Brasil, esses imigrantes acabam ficando sem amparo assistencial ou política pública de acolhimento. Recebem apenas alimentação fornecida pela prefeitura e, principalmente por voluntários. Alguns desses imigrantes acabam conseguindo vagas em abrigos oferecidos pela prefeitura de Guarulhos, que estão lotados neste momento, ou por voluntários, mas muitos acabam tendo que dormir no chão do aeroporto.

    No aeroporto, eles montam pequenas tendas utilizando cobertores e lençóis. A condição é agravada pela falta de condições básicas de higiene, como tomar banho e lavar roupas. Com isso, na semana passada, foi identificado um surto de sarna entre os afegãos.

    Na manhã de hoje, a reportagem da Agência Brasil voltou a visitar o aeroporto e encontrou um afegão que chegou ao Brasil há 14 dias, com a esposa e três filhos, com idades entre 3 e 9 anos. Enquanto ele falava com a reportagem, equipes da prefeitura estavam no local aplicando vacinas e receitando medicamentos. Havia também equipes do aeroporto higienizando o local.


    Guarulhos (SP), 29/06/2023 - Desinfecção de área no Aeroporto Internacional de <a href=São Paulo/Guarulhos onde estão acampados os refugiados afegãos com visto humanitário a espera de acolhimento. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil” title=”Rovena Rosa/Agência Brasil” class=”flex-fill img-cover”>
    Guarulhos (SP), 29/06/2023 - Desinfecção de área no Aeroporto Internacional de <a href=São Paulo/Guarulhos onde estão acampados os refugiados afegãos com visto humanitário a espera de acolhimento. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil” title=”Rovena Rosa/Agência Brasil” class=”flex-fill img-cover”>

    Desinfecção de área no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos onde estão acampados os refugiados afegãos com visto humanitário a espera de acolhimento – Rovena Rosa/Agência Brasil

    Esse afegão, que saiu de seu país após ser ameaçado pelo regime do Talibã e que não forneceu seu nome por medo de represálias, disse à Agência Brasil que, durante todo esse período em que ele esteve no aeroporto, só teve a oportunidade de tomar banho duas vezes. Isso é feito em um hotel que tem um acordo com voluntários. “É um dos grandes problemas que temos aqui”.

    O migrante diz que não sabe para onde ir.  “Temos apenas duas ou três pessoas que vêm aqui para servir comida, que não é uma boa comida. Não sabemos, por exemplo, o que estamos comendo”, reclamou. “Sei que as pessoas do Brasil são muito boas, pessoas amorosas. Mas o governo não está fazendo nada por nós agora. Todas as famílias aqui estão precisando de um lugar para tomar banho e viver. Não sabemos para onde ir”.

    Edição: Aline Leal