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  • Justiça promove campanha de prevenção da gravidez na adolescência para reduzir casos em Rondonópolis

    Justiça promove campanha de prevenção da gravidez na adolescência para reduzir casos em Rondonópolis

    No ano de 2024, a cada 100 nascimentos em Rondonópolis, oito foram gestados por mães adolescentes, com idades entre 10 e 19 anos. Somente na escola estadual Edith Pereira Barbosa, quatro jovens tornaram-se mães antes da idade adulta. A unidade de ensino, localizada na região periférica do município, concentrou 2,5% do total de adolescentes grávidas do período (166 gestações). Para mudar este cenário, o Poder Judiciário de Mato Grosso escolheu a escola para o encerramento do ciclo de palestras da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, no dia 17 de fevereiro.

    A edição deste ano foi ampliada e segue até o dia 28 de fevereiro, com distribuição de panfletos informativos e orientações em sala de aula, em todas as 29 escolas estaduais. Nos locais, as ações são realizadas com o apoio das equipes psicossociais, que divulgam e compartilham as orientações em sala de aula.

    Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Rondonópolis mostram que, dos 2.107 nascimentos registrados no ano passado, 166 foram gestados por adolescentes. A maioria dos casos foi registrada em bairros periféricos, com maior incidência no Bairro Pedra 90, com nove gestações.

    A campanha de “Prevenção da gestação na adolescência” integra o projeto “Justiça, Escola e Família Dialogando”, da Vara da Infância e Juventude da Comarca. O tema do mês atende ao artigo 8º-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que instituiu a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência.

    Idealizadora da ação, a juíza Maria das Graças Gomes da Costa ressalta que a informação é a melhor ferramenta para a redução dos casos de gravidez entre jovens na cidade.

    “Em Rondonópolis, estendemos a campanha para todo o mês de fevereiro. Este será um período de conscientização para os jovens poderem falar sobre o assunto e buscarem informações porque o que mais nos prejudica na prevenção é a falta de informação”, enfatiza a magistrada.

    Além dos alunos, a campanha também inclui professores e pais de alunos para desmistificar o tema dentro e fora da sala de aula.

    Os resultados dos encontros serão aferidos em um segundo momento da campanha, conforme explica a juíza. “Então, a gente vem para lançar esse assunto e pedir para os professores tratarem em sala de aula. No segundo momento, retornaremos e faremos grupos separados (meninas e meninos), para que eles se sintam confortáveis e tranquilos para se manifestarem de maneira transparente, sem o peso do julgamento do outro”.

    Riscos de gestação na adolescência

    A gravidez na adolescência traz riscos à vida e à saúde da mãe e também do bebê. Na escola Edith Pereira Barbosa, informações sobre os impactos e as consequências foram repassadas pela assistente social da rede de Saúde da Família da Atenção Primária à Saúde do Município, Edna de Oliveira.

    Aproximadamente 120 alunos da unidade aprenderam que a gestação precoce aumenta o risco de mortalidade materna, aborto espontâneo, depressão pós-parto, problemas no desenvolvimento do feto, eclâmpsia, além de contrair Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

    Além dos problemas físicos e de saúde, a gravidez na adolescência ocasiona evasão escolar. “Elas saem da escola porque estão grávidas e não voltam para estudar porque são mães, precisam trabalhar e cuidar da criança. Por isso, é muito importante darmos o máximo de atenção ao tema para aumentar o cuidado com as adolescentes do sexo feminino. Falar para os do sexo masculino que eles precisam se atentar para a idade dessa jovem, que sexo com meninas com menos de 14 anos é crime, é estupro de vulnerável. Que não pagar pensão dá cadeia”, alerta a magistrada.

    Prevenção

    Consciente dos riscos e consequências de uma gravidez na adolescente, a aluna da escola Edith Pereira Barbosa, Isabela da Silva, de 14 anos, falou que o evento irá ajudar muitas meninas que ainda não receberam orientações sobre o assunto.

    “Esse é um aprendizado que a gente, meninos e meninas, precisa ter para nos proteger, caso aconteça. Precisamos ter o preservativo porque nunca sabemos quando vai acontecer”, alertou a jovem.

    A estudante conta que as primeiras orientações sobre o assunto foram repassadas pelos pais, quando teve a primeira menstruação. O conhecimento sobre as consequências também veio da observação de experiências vividas por uma amiga.

    “Minha mãe sempre conversou comigo. Inclusive, meu pai e minha tia sempre me falaram dessas coisas. Também tenho uma amiga que tem um neném de um ano. Ela engravidou com 13 anos e agora está casada com um cara de 18 anos. Depois disso, a gente meio que se afastou um pouco, e ela parou de estudar para cuidar da criança”, contou.

    Para a diretora da escola, Simone Fernandes de Marques, a tarefa de ampliar o nível de consciência entre os alunos ganha reforço do Poder Judiciário de Mato Grosso.

    “Trabalhar a prevenção da gestação na adolescência é trabalhar a melhoria na qualidade da educação do país. Os índices de evasão escolar são preocupantes e combater a gravidez na adolescência é um dos caminhos para reduzir esses números. É muito importante quando o Poder Judiciário vem até a escola trabalhar essa pauta e ampliar a compreensão de que a educação é a base de uma sociedade. Então, nós trabalhamos na base e evitamos problemas no futuro, que seriam levados para o próprio Judiciário. A presença da juíza aqui é um fator positivo, porque ela, como autoridade, tem a escuta dos alunos, o mesmo acontece com os pais e professores”, avalia a educadora.

    As palestras sobre “Prevenção da gestação na adolescência” foram realizadas em sete unidades escolares, com a participação de mais de 2.130 alunos da rede municipal. No total, a iniciativa deve alcançar 15 mil estudantes por meio de palestras e distribuição de materiais informativos.

    Projeto Justiça, Escola e Família Dialogando

    Ao longo de 2025, o ‘Projeto Justiça, Escola e Família Dialogando’ realizará campanhas temáticas como prevenção ao bullying e cyberbullying, maus-tratos, abuso infantil, trabalho infantil, violência obstétrica e demais assuntos voltados à proteção da infância e juventude.

  • HU oferece serviços de prevenção à gravidez na adolescência

    HU oferece serviços de prevenção à gravidez na adolescência

    ASemana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência foi instituída pela Lei n.º 13.798/2019 e é realizada anualmente de 1º a 8 de fevereiro. Em 2025, o tema é “Prevenção da gravidez na adolescência, promovendo a saúde e garantindo direitos”. A iniciativa busca conscientizar jovens e suas famílias sobre os impactos da gravidez precoce e promover reflexões sobre escolhas e responsabilidades. Nesse contexto, o Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), oferece, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS),  atendimento especializado para adolescentes, promovendo cuidado integral e ações de educação em saúde.

    A adolescência, fase de transição da infância para a vida adulta, é um período de descobertas e transformações, repleto de emoções, relacionamentos e o despertar da sexualidade, mas também exige atenção. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gravidez na adolescência, especialmente entre meninas de 10 a 15 anos, representa um desafio de saúde pública, com riscos físicos e emocionais.  Dados preliminares do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) indicam que, em 2024, foram registrados 172.857 nascimentos de filhos de meninas entre 8 e 19 anos no Brasil, evidenciando a urgência de ações efetivas para enfrentar essa questão.

    O HUJM-UFMT tem o Ambulatório de Ginecologia Geral, que faz assistência médica ginecológica, consultas, prevenção e tratamento clínico para acolhimento de adolescentes. “Temos também Ambulatório de Anticoncepção, com o objetivo de esclarecer os métodos contraceptivos, prevenção, rotina para iniciar contracepção e informar sobre os dispositivos intrauterinos. Assim, conseguimos fazer a prevenção da gravidez nessa faixa etária”, explica a ginecologista e obstetra do HUJM Giovana Fortunato. Para ser atendida no HUJM, a paciente precisa ir primeiramente até uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Posto de Saúde, onde seu cadastro será incluído no sistema de regulação e ela será encaminhado pela Secretaria Municipal de Saúde.

    Além das estatísticas

    A prevenção da gravidez na adolescência é um tema que exige a colaboração de diversos setores da sociedade, incluindo famílias, escolas, profissionais de saúde e o poder público. “A gravidez na adolescência é um grave problema de saúde pública, que traz uma série de impactos físicos, psicológicos e sociais para a vida de meninas e bebês. Para as gestantes, esses impactos vão desde o desenvolvimento de problemas de saúde física e mental até a dificuldade de retomar os estudos e conseguir ingressar no mercado de trabalho. Além disso, a responsabilidade de criar a criança na maioria das vezes fica apenas com a menina e sua família, já que o abandono paterno é frequente nessa situação. É preciso lidar ainda com a questão da autoimagem, porque o corpo muda muito rápido na gestação. Se ela demorou meses ou anos para que o corpo se desenvolvesse, para ter o crescimento das mamas, por exemplo, na gestação essas mudanças acontecem rapidamente. E isso também pode ter um impacto na autoestima, na maneira como a própria menina se enxerga. Trata-se de uma situação que envolve familiares, escola e convívio social”, salienta a especialista.

    Os principais fatores que contribuem para o aumento da gravidez na adolescência estão relacionados a questões sociais e culturais. Muitas vezes, observa-se que mães adolescentes acabam criando futuras mães adolescentes, refletindo a perpetuação de uma cultura e a falta de educação sexual adequada.

    Além disso, complicações de saúde também afetam as adolescentes durante a gestação, como hipertensão arterial crônica, diabetes mellitus gestacional, baixo peso e sífilis. Essas condições podem agravar os desafios enfrentados pelas jovens mães.

    A educação sexual, tanto nas escolas quanto em casa, é uma ferramenta essencial para conscientizar os adolescentes sobre os riscos e responsabilidades relacionados à maternidade precoce. A prevenção deve ser encarada como um esforço coletivo que envolve diálogo aberto, acesso à informação e suporte adequado para jovens e suas famílias.

    Cuidar hoje para transformar o amanhã

    Nesse período, é importante que os adolescentes recebam orientações claras e acolhedoras sobre a importância de prevenir a gravidez precoce, que pode trazer impactos significativos, como interferências nos estudos, dificuldades para alcançar objetivos pessoais e desafios no convívio social. Para isso, o uso de métodos seguros de contracepção é fundamental. “É importante lembrar que a melhor forma de prevenir a gravidez indesejada é a dupla proteção: uso de um método contraceptivo e camisinha. Além disso, o preservativo protege contra infecções sexualmente transmissíveis (IST), que também dispõe da prevenção combinada, um método amplo que inclui abordagens específicas”, afirma a Dra Giovana Fortunato.

    Também é recomendado buscar o acompanhamento de um ginecologista antes de iniciar a vida sexual. Esse profissional pode oferecer orientações personalizadas e tirar todas as dúvidas, ajudando a tomar decisões conscientes e informadas.

    Os adolescentes precisam ter acesso a informações completas e detalhadas sobre os diferentes métodos anticoncepcionais disponíveis. Entre eles, destacam-se as opções reversíveis de longa duração, como o implante subcutâneo de etonogestrel e o DIU hormonal, que são eficazes e discretos. Cabe salientar que estes métodos são eficazes e modernos para o planejamento reprodutivo. O implante libera progesterona por até três anos, sendo seguro e sem riscos de trombose ou ganho de peso, podendo ser utilizado por jovens antes da primeira relação sexual. Já o DIU hormonal, inserido no útero, dura cinco anos, além de prevenir a gravidez, e pode reduzir ou até interromper o fluxo menstrual, mas só pode ser usado por mulheres que já tiveram atividade sexual. Ambos não apresentam risco de trombose.

    “Garantir o acesso à contracepção é vital para a realização dos direitos sexuais e reprodutivos, promovendo a autonomia e a liberdade sem qualquer forma de ameaça ou discriminação. As políticas públicas visam garantir à população a autonomia sobre o exercício da sua sexualidade e de seus processos reprodutivos, decidindo livremente se querem ou não ter filhos, como e quando tê-los. É importante que as equipes de saúde garantam um ambiente de respeito e com informações acessíveis à diversidade de pessoas e grupos sociais”, finaliza a ginecologista e obstetra do HUJM Giovana Fortunato.

    Rede Ebserh

    O HUJM-UFMT faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde novembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.