Tag: ABl

  • Míriam Leitão é eleita para a Academia Brasileira de Letras

    Míriam Leitão é eleita para a Academia Brasileira de Letras

    A jornalista e escritora Míriam Leitão foi eleita nesta quarta-feira (30) para a Cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na vaga deixada pelo cineasta Cacá Diegues, morto em fevereiro deste ano. Ela foi escolhida por 20 dos 34 votos dos acadêmicos.

    O economista e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque recebeu 14 votos. Míriam foi a 12ª mulher eleita, a quinta em seu quadro atual de acadêmicos.

    O presidente da ABL, jornalista Merval Pereira, disse que Míriam Leitão tem todas as qualificações para estar na ABL, é muito ativa nas suas ações e tem um espectro muito amplo de interesse. “É feminina e feminista. Estamos precisando aumentar nossa representação feminina e Miriam vem em boa hora. Estamos ampliando nossa atuação em vários campos e ela vai ser muito útil”.

    A acadêmica Rosiska Darcy disse que é uma alegria receber a nova imortal da ABL. “É um merecimento dela, jornalista de todas as mídias, mulher conhecida de todo o Brasil. Esta eleição é sobretudo de uma mulher democrata, num pleito democrático. Então só temos que festejar. Eram dois ótimos candidatos. Isto faz com que eu esteja satisfeita, porque ela vem aumentar a presença de mulheres na Academia.”

    O acadêmico Ruy Castro também celebrou a eleição de Míriam Leitão: “Esta é uma Academia de Letras e Míriam Leitão é uma profissional da palavra e na sua condição de colunista de jornal importante, ela é uma militante da palavra em ação, que é uma coisa que precisamos muito na Academia”.

    Biografia

    Nascida em Caratinga (MG). em 7 de abril de 1953, Míriam Azevedo de Almeida Leitão é a sexta de 12 filhos do casal Uriel e Mariana.

    Começou a vida profissional no Espírito Santo, indo depois para Brasília, São Paulo, até se mudar definitivamente para o Rio de Janeiro, em 1986.

    É escritora com 16 livros publicados de diversos gêneros literários: não ficção, crônica, romance e livros infantis. É jornalista de jornal impresso, rádio, TV e mídia digital. Em 53 anos de vida profissional, trabalhou em vários veículos de imprensa, entre eles Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil.

    Desde 1991 está no grupo Globo, é colunista do jornal O Globo, comentarista do Bom Dia Brasil, Globonews, CBN e âncora do programa de entrevistas Míriam Leitão Globonews.

    Em dezembro de 1972, aos 19 anos, grávida, foi presa por se opor à ditadura militar.

    É casada com o escritor e cientista político Sérgio Abranches. Tem dois filhos, Vladimir Netto e Matheus Leitão, e o enteado Rodrigo Abranches. Tem quatro netos Mariana, Daniel, Manuela e Isabel.

  • Ex-presidente do Uruguai é eleito sócio correspondente da ABL

    Ex-presidente do Uruguai é eleito sócio correspondente da ABL

    O ex-presidente do Uruguai por dois mandatos, Júlio Maria Sanguinetti, de 89 anos, tomou posse nesta segunda-feira, (17) na cadeira 8 de sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras (ABL).

    No discurso de posse, Sanguinetti destacou a história de Uruguai e Brasil, “uma história de disputas de territórios entre os impérios, que no decorrer dos anos se tornou de fraternidade, paz e confraternização”.

    “Fomos província do Rio de La Plata, fomos província cisplatina do Império, juramos todas as constituições, a de Cádiz, a de Pombal, até que em 1830 juramos a nossa. E nossa história está implicada porque nossas famílias estão implicadas, nossa vida política está implicada”, disse.

    O ex-presidente uruguaio lembrou também de dois brasileiros importantes para a história do Uruguai: o Barão do Rio Branco, responsável por definir as fronteiras dos dois países, e o Barão de Mauá.

    Sanguinetti lembrou também de sua amizade com o ex-presidente Jose Sarney e dos momentos dramáticos até que ele assumisse a presidência do Brasil após a morte de Tancredo Neves.

    Saudação

    O decano da ABL, ex-presidente do Brasil José Sarney, lembrou das circunstâncias que os dois ex-presidentes se conheceram.

    “Há 40 anos, no momento culminante de uma longa caminhada pela reconquista da democracia, um raio atingira Tancredo Neves em seu martírio. Júlio Maria Sanguinetti viera como presidente da República Oriental do Uruguai, ao lado de outros chefes de Estado, avalizar o início simbólico da transição democrática do Brasil”.

    O presidente da ABL, Merval Pereira, destacou a importância a e a coincidência do momento da posse de Sanguinetti, quando o Brasil comemora 40 anos da redemocratização.

    Cadeira

    Júlio Maria Sanguinetti foi eleito para a cadeira número 8, de sócio correspondente. O patrono da cadeira é Sebastião da Rocha Pitta, autor de uma importante história, da América Portuguesa no começo do século XVIII.

    O primeiro ocupante da cadeira foi um norte-americano, John Fisker, que no âmbito do seu ensaio sobre a descoberta da América tinha estudado também a descoberta do Brasil.

  • Aos 95 anos, Fernanda Montenegro abre ano da ABL com recital literário

    Aos 95 anos, Fernanda Montenegro abre ano da ABL com recital literário

    A atriz e acadêmica Fernanda Montenegro atraiu nesta terça-feira (11) um público grande para a Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro. Uma fila longa se formou do lado de fora do prédio e o auditório principal ficou lotado para assistir ao recital que abriu a programação cultural de 2025 da ABL.

    Em uma sala escura, com palco, cenário e roupas pretas, a luz realçou ainda mais rosto, mãos e cabelos brancos da atriz. E evidenciou a habilidade de alternar entre diferentes tons e expressões que os textos escolhidos para o recital pediam. Em cerca de uma hora e quarenta minutos ininterruptos de apresentação, ela apresentou um fôlego invejável para alguém com 95 anos de idade.

    No evento chamado Uma Academia toda prosa, Fernanda leu contos e crônicas acadêmicos atuais e do passado: Ailton Krenak, Ana Maria Machado, Antonio Carlos Secchin, Antônio Torres, Domício Proença Filho, Edgard Telles Ribeiro, Godofredo de Oliveira Neto, Heloisa Teixeira, Ignácio de Loyola Brandão, João Almino, Paulo Coelho, Rosiska Darcy de Oliveira, Ruy Castro e Machado de Assis.

    Até dezembro, a ABL tem uma agenda cheia de atividades que celebram a literatura brasileira. A escolha de Fernanda Montenegro para o primeiro evento do ano vem pouco tempo depois de o filme brasileiro Ainda Estou Aqui, no qual a atriz atua, vencer o Oscar de melhor filme estrangeiro. Ela também estará nos cinemas a partir da próxima quinta-feira (13), com o filme Vitória.

    “O momento foi ideal, embora não tenha sido programado por isso. Nós tínhamos combinado isso muito antes do filme Ainda Estou Aqui ter sido selecionado para representar o Brasil no Oscar. Mas veio na melhor hora para homenagear a Fernanda Montenegro e a Fernanda Torres, e a cultura brasileira, que é o diretivo central da academia”, disse Merval Pereira, presidente da ABL.

    Durante o ano, estão previstas 38 conferências na ABL nos ciclos das terças-feiras às 16h. Às quintas-feiras, às 17h30, mesas-redondas, peças de teatro, lançamento de livros e filmes. Além do carro-chefe, a literatura, também há espaço para música popular, dramaturgia, mercado editorial, questão ambiental e memorialismo.

    Os próximos eventos do mês de março são:

    13/03 – 17h30 – Lançamento de uma nova edição da gramática de Evanildo Bechara Um Bechara renovado em nova edição da Moderna Gramática Portuguesa, por Ricardo Cavaliere, com coordenação de Antonio Carlos Secchin.

    18/03 – 16h – Conferência Samba de enredo e literatura, por Luiz Antonio Simas.

    20/03 – 17h30 – Leitura dramática de Nausícaa de Gilberto Schwartsmann. Com os atores José Adão Barbosa, Sandra Dani e Luis Paulo Vasconcellos.

    25/03 – 16h – Conferência Direito e Literatura, por José Roberto de Castro Neves.

    27/03 – 17h30 – Caravanas Euclidianas, com Noilton Nunes, Regina Abreu e Ivana Bentes.

  • Heloísa Teixeira toma posse na Academia Brasileira de Letras

    Heloísa Teixeira toma posse na Academia Brasileira de Letras

    A escritora Heloísa Teixeira tomou posse agora à noite (28) na cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga desde a morte da escritora Nélida Piñon, em dezembro. Recentemente, Heloisa aposentou o sobrenome famoso Buarque de Hollanda – que era do primeiro marido, o advogado e galerista Luiz Buarque de Hollanda – e passou a adotar o Teixeira, de origem materna. Foi com o novo sobrenome – que também ganhou um lugar de destaque na tatuagem desenhada nas costas – que a escritora assumiu seu assento na academia.

    O presidente da ABL, Merval Pereira, disse que “a nova acadêmica foi eleita Heloisa Buarque de Hollanda e diplomada Heloisa Teixeira”.

    Durante discurso, Heloisa fez questão de citar a disparidade de gênero encontrada dentro da própria ABL. “Ainda somos pouquíssimas nessa casa: apenas dez mulheres foram eleitas acadêmicas contra um total de 339 homens, o que reflete a desigualdade entre a eleição de homens e mulheres na ABL”. A academia foi inaugurada em 20 de julho de 1897.

    Eleita com 34 dos 37 votos, ela disse que entra na academia, aos 84 anos, alinhada com o projeto de renovação. “Esse atual projeto de abertura me fascina. E isso não é nem o começo. Tem que ter mulher, negro, índio. Porque são excelentes também. Isso é o Brasil, a democracia. Eu estou muito feliz de chegar nesse momento na academia”, destacou Heloísa, que teceu uma série de elogios à instituição.

    “O que é discutido aqui é muito sério. São os problemas da língua nacional, o que é certo, errado, bom ou ruim, e não tem nada mais político e importante. Acho que seria maravilhoso divulgar a gravidade desse assunto para o público em geral. É bacana defender a palavra, a língua, a literatura nacional, a liberdade de expressão. É uma instituição a qual vale a pena pertencer.”

    A escritora e crítica cultural passa a ser a décima mulher eleita para a ABL. A cadeira 30 tem como fundador o contista Pedro Rabelo e como patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet. Já ocuparam o assento como titulares o advogado Heráclito Graça, o médico Antônio Austregésilo e o ensaísta, filólogo e lexicógrafo Aurélio Buarque, além de Nélida Piñon.

    Nascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Heloisa se mudou com a família para o Rio de Janeiro aos 4 anos. Filha de um médico, professor e uma dona de casa, é mãe de três filhos: Lula, André e Pedro, todos cineastas.

    Trajetória

    Uma das principais vozes do feminismo brasileiro, Heloísa Buarque de Hollanda – agora, Heloísa Teixeira – é formada em letras clássicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), com mestrado e doutorado em literatura brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.

    Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, área em que se tornou referência, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultura digital. Nos últimos anos, vem trabalhando com o foco nas produções das periferias das grandes cidades, no feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.

    Entre os livros publicados, destaca-se a histórica coletânea 26 Poetas Hoje, de 1976, que revelou uma geração de poetas “marginais”, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal. O livro trazia a atmosfera coloquial e irreverente que marcaria a década de 1970, também chamada de geração mimeógrafo ou geração marginal. Eram poetas que estavam à margem do circuito das grandes editoras e que produziam seus livros de maneira artesanal, em casa, em pequenas tiragens vendidas em centros culturais, bares e nas portas dos cinemas. O livro foi uma resposta direta aos anos de chumbo e se tornou um clássico da poesia brasileira, referência incontornável para escritores e leitores de poesia.

    Com o nome de casada, Heloísa Buarque de Hollanda publicou também: Macunaíma, da literatura ao cinema; Cultura e Participação nos anos 60; Pós-Modernismo e Política; O Feminismo como Crítica da Cultura; Guia Poético do Rio de Janeiro; Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70; entre outros.

    Edição: Lílian Beraldo