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  • Mato Grosso sedia evento gratuito que mostra a contribuição das abelhas para o aumento da produtividade da soja

    Mato Grosso sedia evento gratuito que mostra a contribuição das abelhas para o aumento da produtividade da soja

    Trata-se de uma relação em que duas atividades — a agricultura e a apicultura — ganham em produção e em sustentabilidade. Dados e estudos sobre essa interação serão apresentados durante o workshop gratuito “O Agro e as Abelhas”, no município de Sorriso (MT). O evento, que será realizado no dia 8 de maio, reunirá produtores, estudantes, pesquisadores e representantes de entidades no campus do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) de Sorriso. A organização é conjunta entre o IFMT e o Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso).

    Com foco nos ganhos econômicos e ambientais, o encontro terá como um dos destaques a palestra do engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Soja, Dr. Décio Luiz Gazzoni. Ele apresentará os resultados de estudos que comprovam que a presença de abelhas nas lavouras pode aumentar, em média, 15% a produtividade da soja, sem alterar os custos de produção.

    “A presença de abelhas no entorno das lavouras aumenta a produtividade da soja. Há estudos que mostram ganhos de, no mínimo, 10%, e outras pesquisas apontam até 30%, dependendo de fatores como clima, manejo e localização das lavouras. E é importante destacar que esse acréscimo representa uma renda líquida ao produtor, já que não exige mudanças no sistema nem aumento de custos”, explica Gazzoni. O pesquisador ressalta ainda que a atividade apícola também é beneficiada pela proximidade dos cultivos de soja. “Há uma maior produção de mel, sim. Durante a floração da soja, é possível colher entre 40 e 60 kg de mel por caixa. Isso é o dobro ou até o triplo da média nacional.”

    Maior produção, mais sustentabilidade

    A associação dos fatores econômicos com a preservação será um dos temas abordados pelo engenheiro agrônomo e embaixador do Clube Amigos da Terra, Xico Graziano. Ele fará a abertura oficial do workshop “O Agro e as Abelhas” com uma palestra que traz reflexões sobre o futuro do agro no Brasil.

    “Vou mostrar que a agropecuária brasileira está caminhando firmemente para uma produção sustentável e responsável. A integração entre a soja e a apicultura é um exemplo claro disso: uma relação de ganha-ganha entre produção e preservação”, afirma Xico Graziano.

    “Precisamos também aproximar a nova geração do campo, mostrando que o agro moderno é tecnológico, produtivo e aliado do meio ambiente.”

    O workshop “O Agro e as Abelhas” será uma oportunidade única para os participantes entenderem como a ciência e a cooperação entre diferentes áreas podem transformar o campo e gerar benefícios econômicos e ambientais para toda a região. Com mais de 3,5 milhões de hectares cultivados no médio-norte de Mato Grosso, o potencial de integração produtiva entre lavouras e polinizadores é enorme, representando uma nova fronteira para o desenvolvimento rural sustentável.

    O evento, realizado pelo CAT Sorriso e pelo IFMT, conta com o apoio da Embrapa, Prefeitura de Sorriso, Apis (Associação de Apicultores de Sorriso) e Cidesa (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental Alto Teles Pires).

    As inscrições gratuitas podem ser feitas virtualmente, nos seguintes locais: www.catsorriso.org.br ou no link forms.gle/aizYGMV6mUVVWttE9

    SERVIÇO

    Evento: Workshop “O Agro e as Abelhas”

    Data e horário: 8 de maio de 2025 – das 7h às 17h30

    Local: Auditório do Instituto Federal de Mato Grosso, IFMT Sorriso

    Realização: Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso) e IFMT Sorriso

    Informações: (66) 3544-3379

     

    PROGRAMAÇÃO COMPLETA – Workshop “O Agro e as Abelhas”

    7h00 – Credenciamento

    7h30 – Boas-vindas

    7h45 – O Agro Sustentável, com Xico Graziano (Eng. Agrônomo – SP)

    8h00 – O Agro e as Abelhas, com Dr. Décio Gazzoni (Pesquisador Embrapa Soja – Londrina, PR)

    Comentário: Dra. Jerusa Rech (Aprosoja MT)

    9h30 – Intervalo

    9h50 – Experiências de Integração entre Apicultura e Sojicultura, com Murilo Teixeira Gonçalves (Eng. Agrônomo e Produtor Rural – RS) e Aldo Machado (Produtor Rural – RS)

    Comentário: Leonardo Marcelino (Grupo Gemmi)

    11h30 – Intervalo para almoço

    Atividade: Visitação à exposição de produtos

    13h30 – Ecologia das Abelhas em MT, com Dr. Cristiano Martinotto (IFMT – Campus São Vicente)

    Comentários:

    Ms. Kárita Lira (IFMT – Sorriso)
    Júlio Junior Belinki (Empaer – MT)
    15h00 – Visita Técnica

    Local: Propriedade Mundo Verde, do produtor Leônides da Rosa

    17h30 – Encerramento

  • Abelhas constroem colmeia dentro de cupinzeiro e impressionam com arquitetura subterrânea

    Abelhas constroem colmeia dentro de cupinzeiro e impressionam com arquitetura subterrânea

    Prepare-se para conhecer um verdadeiro espetáculo da natureza! Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra um grupo de sitiantes durante a coleta de mel em um cenário inusitado: uma colmeia inteira construída dentro de um cupinzeiro.

    O que parecia ser apenas mais uma formação comum no campo escondia um verdadeiro tesouro dourado, produzido com maestria por abelhas que deram uma aula de engenharia natural.

    Além da quantidade generosa de mel, o que mais chama atenção é a criatividade das abelhas ao escolher o cupinzeiro como moradia. Essas pequenas arquitetas aproveitaram a estrutura sólida e protegida para erguer uma colmeia subterrânea segura, longe de predadores e variações extremas de temperatura.

    Do cupinzeiro ao favo: abelhas transformam estrutura abandonada em fábrica de mel

    Comportamento e preferências das abelhas na hora de construir a colmeia

    As abelhas são extremamente estratégicas quando o assunto é escolher o local ideal para formar suas colmeias. Em geral, elas buscam ambientes protegidos, que ofereçam estabilidade térmica e segurança para abrigar a rainha, as operárias e as reservas de mel.

    Os locais preferidos podem variar bastante e incluem:

    Troncos ocos de árvores

    Cavidades no solo

    Frestas em construções humanas (telhados e paredes)

    Caixas de colmeias manejadas por apicultores

    E, como mostrado no vídeo, até mesmo cupinzeiros abandonados ou desocupados

    Novos produtos apícolas promovem saúde e inovação na indústria alimentar em Mato Grosso
    Reprodução

    A escolha por espaços como o cupinzeiro mostra como as abelhas adaptam seu comportamento ao ambiente, aproveitando estruturas prontas e resistentes. Ali, elas trabalham sem descanso: constroem favos perfeitos, garantem ventilação interna, mantêm a temperatura ideal e protegem o mel até o momento certo da colheita — seja para consumo próprio ou, eventualmente, para quem tiver a sorte de encontrar um esconderijo desses.

    Mais do que produzir mel, as abelhas nos ensinam sobre cooperação, eficiência e criatividade, mostrando que a vida selvagem sempre encontra formas geniais de prosperar.

  • Bombeiros removem enxame de abelhas de residência em Mato Grosso

    Bombeiros removem enxame de abelhas de residência em Mato Grosso

    O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) foi acionado, na noite desta quinta-feira (31.10), para realizar a remoção de um enxame de abelhas que se instalou em um pé de acerola de uma residência no bairro São Cristóvão, em Primavera do Leste (a 243 km de Cuiabá).

    A equipe da 6ª Companhia Independente Bombeiro Militar (6ª CIBM) recebeu o chamado de emergência através do Centro de Operações Bombeiros Militares (COB) e se deslocou até o local.

    Ao chegar, a equipe constatou a presença das abelhas em um pé de acerola na lateral da residência. Os bombeiros procederam com a retirada dos insetos com os devidos cuidados, colocando-os em um recipiente adequado para transporte. Em seguida, as abelhas foram levadas para uma área de mata, onde foram soltas de forma segura.

    Retirada Segura

    Em caso de presença de enxames de abelhas, marimbondos, vespas ou outro inseto agressivo, é recomendado acionar o Corpo de Bombeiros através do número de emergência 193, para solicitar assistência profissional.

    Em situações em que o risco é iminente, pode ser necessário adotar medidas apropriadas para lidar com os insetos. Além disso, em casos específicos envolvendo enxames de abelhas, o apoio de apicultores especializados pode ser solicitado.

    Não é recomendado tentar lidar com enxames de insetos agressivos por conta própria, pois pode resultar em acidentes graves. O acionamento dos profissionais, como o Corpo de Bombeiros, é a forma correta de garantir a intervenção adequada nessas ocorrências e evitar riscos desnecessários.

  • Com abelhas no café, receita do arábica pode crescer R$ 22 bi por ano no Brasil

    Com abelhas no café, receita do arábica pode crescer R$ 22 bi por ano no Brasil

    Estudo realizado por cientistas da Embrapa Meio Ambiente (SP) e da Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil investigou o efeito da inserção de colônias de abelhas manejadas em fazendas de café convencionais. O foco foi o rendimento, a qualidade e o valor de mercado do café arábica. Os resultados indicaram que a polinização assistida aumenta a produtividade e a qualidade do café, o que, consequentemente, pode elevar a receita anual do arábica em até R$ 22 bilhões. Os dados demonstraram que a presença das abelhas introduzidas aumentou a produtividade em 16,5%, passando de 32,5 para 37,9 sacas por hectare.

    A qualidade do café, avaliada pela nota sensorial da bebida, aumentou em 2,4 pontos, promovendo a classificação de grãos de regulares para especiais em algumas fazendas. Esse salto de qualidade elevou o valor da saca em 13,15%, o que representa um ganho de US$ 25,40 por saca (confira detalhes abaixo). A pesquisa apontou, portanto, para o fato de que a polinização assistida pode gerar impactos econômicos significativos na cafeicultura, tornando o manejo de abelhas uma ferramenta poderosa para melhorar a rentabilidade dos cafeicultores.

    Os cientistas monitoraram, ainda, a saúde das colônias de abelhas nativas sem ferrão expostas a um dos inseticidas sistêmicos mais utilizados no controle de pragas da cultura, o tiametoxam. Colaboraram para o estudo a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ( Esalq/USP), a AgroBee, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Natural England e a Eurofins.

    O trabalho inédito foi conduzido entre 2021 e 2023 em fazendas de São Paulo e Minas Gerais, as principais regiões produtoras de café arábica no Brasil. Foi analisada a introdução de colmeias de abelhas africanizadas (Apis mellifera) na produção de café, comparando os resultados com áreas onde a polinização era realizada apenas por insetos silvestres.

    Manejo de abelhas aumenta lucros

    Diferentemente de estudos anteriores, que focavam apenas em polinizadores silvestres, esse experimento controlou a quantidade de abelhas manejadas nas lavouras, permitindo uma comparação direta entre as áreas com e sem polinização assistida. A inserção das colmeias foi realizada em uma extremidade de cada talhão, enquanto a outra extremidade contou apenas com a polinização natural. O objetivo foi determinar se, nas condições reais da cafeicultura brasileira, o aumento de polinizadores poderia gerar ganhos palpáveis em produtividade e qualidade.

    As abelhas africanizadas desempenharam um papel crucial na melhoria dos resultados. A introdução das colmeias não só aumentou a quantidade de grãos por hectare, como também influenciou positivamente a qualidade do produto final. O aumento da nota sensorial, que leva em consideração características como sabor e aroma, permitiu que parte da produção alcançasse o status de café especial, um mercado com valor agregado substancialmente maior.

    Para Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa e um dos líderes do estudo, esses resultados mostram o potencial da integração entre o manejo de polinizadores e a cafeicultura de larga escala. “O uso de abelhas manejadas demonstra uma clara oportunidade de ganho econômico, ao mesmo tempo em que contribui para uma agricultura mais sustentável e eficiente”, afirmou.

    Impacto: como a polinização assistida pode transformar o setor cafeeiro

    Com base nos dados do estudo, os pesquisadores calcularam que, se todos os cafeicultores brasileiros adotassem a tecnologia de polinização assistida, a produção de café no País poderia ser transformada. Considerando os resultados da pesquisa e os valores atuais estimados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a produção cafeeira em 2024, haveria um aumento de 16,5% na produtividade com a presença das abelhas, o que representaria 6,5 milhões de sacas adicionais, elevando a produção total para 46,1 milhões de sacas.

    Haveria também um impacto significativo no valor de mercado: o preço da saca de café chegaria a R$ 2.014,90, com um aumento de 13,15%. No total, o mercado cafeeiro brasileiro saltaria dos atuais R$ 70,490 bilhões para R$ 92,919 bilhões, com um impacto econômico total estimado em R$ 22,429 bilhões.

    Esses números demonstram que a polinização assistida é uma estratégia não apenas viável, mas essencial para aumentar a produtividade e a qualidade do café. Além disso, ela contribui para a preservação dos polinizadores, que desempenham um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas e na segurança alimentar global.

    Polinização e controle de pragas, uma convivência possível

    O estudo também investigou como o uso de defensivos agrícolas afeta a saúde das colmeias. Os pesquisadores focaram no tiametoxam, um inseticida sistêmico amplamente utilizado no cultivo de café. Seis propriedades que utilizam o defensivo de forma convencional e duas fazendas orgânicas participaram da análise. Três parâmetros de saúde das abelhas foram monitorados: produção de cria, mortalidade de larvas e atividade de forrageamento. As avaliações foram realizadas em cinco momentos: antes da floração; logo após; e 45, 75 e 105 dias depois.

    Embora tenham sido encontrados resíduos do pesticida em pólen e néctar coletados pelas abelhas, os resultados indicam que as taxas de aplicação de tiametoxam, via irrigação do solo, não interferiram nos parâmetros de saúde das colônias. Isso reforça a viabilidade de um manejo coordenado entre a polinização assistida e o controle de pragas, desde que o uso de defensivos siga as recomendações técnicas.

    Menezes enfatiza que a integração entre o manejo de colônias de abelhas e o uso ponderado de defensivos agrícolas é fundamental para minimizar os riscos a organismos não-alvo. Destaca que, embora essas práticas sejam discutidas na literatura científica, sua aplicação conjunta em realidade de campo é muito escassa, dificultando a tomada de decisões pelos agricultores e a formulação de políticas públicas eficazes para a proteção dos polinizadores. “Esse estudo interdisciplinar busca preencher tal lacuna, avaliando o impacto do manejo de abelhas na produtividade do café, crucial para milhões de famílias rurais”, frisa.

    O pesquisador também ressalta a importância de equilibrar o controle de pragas com a preservação dos polinizadores. “O produtor pode ter a melhor polinização possível, mas se pragas como a broca-do-café, a ferrugem ou o bicho-mineiro não forem controladas, o esforço será em vão”, alertou. Segundo ele, a chave está no uso criterioso de defensivos, que deve garantir a proteção da lavoura sem comprometer a saúde dos polinizadores.

    Denise Alves, pesquisadora da Esalq/USP e coautora do estudo, afirma que os resultados representam um incentivo significativo para que os cafeicultores adotem práticas mais sustentáveis. “As abelhas são um elo entre a agricultura e a conservação ambiental. O manejo adequado dos polinizadores, combinado com o controle eficiente de pragas, pode reduzir a dependência de insumos externos e promover uma agricultura mais sustentável”, afirmou.

    Sustentabilidade e inovação na cafeicultura

    A adoção em larga escala da polinização manejada representaria uma excelente oportunidade para o setor apícola. Seriam necessárias cerca de 6 milhões de colmeias de abelhas africanizadas para cobrir toda a área plantada de café arábica no Brasil, considerando a densidade utilizada no estudo de quatro colmeias por hectare. Para as abelhas nativas, o número de colmeias seria ainda maior – cerca de 15 milhões. Isso abriria novas oportunidades para a expansão da apicultura no País, criando uma sinergia entre a produção agrícola e a criação de abelhas, com ganhos tanto econômicos quanto ambientais.

    Guilherme Sousa, fundador e CEO da AgroBee, startup que conecta criadores de abelhas com produtores rurais, conhecida como Uber das abelhas, destaca que “a polinização assistida em culturas como o café representa atualmente o maior potencial produtivo sustentável a ser explorado na agricultura brasileira”. Essa prática não só otimiza a produção, mas também contribui para a conservação da biodiversidade, evidenciando que a inovação agrícola pode ser uma aliada da sustentabilidade.

    Jenifer Ramos, pós-doutoranda da Embrapa e também autora do estudo, considera que a pesquisa oferece dados robustos para fundamentar políticas agrícolas que integrem sustentabilidade e alta produtividade. “O potencial dos polinizadores vai além do aspecto agrícola, afetando também o meio ambiente e a sociedade. Essa prática melhora a qualidade do agroecossistema e gera benefícios econômicos que abrangem toda a cadeia produtiva”, explica.

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    Foto: Gustavo Facanalli/Embrapa

    Ela enfatiza o caráter inovador do estudo, que, pela primeira vez, quantificou o impacto direto das abelhas manejadas na produção de café arábica em condições reais de campo. “Embora soubéssemos da importância dos polinizadores naturais, os resultados sobre a inserção de mais colmeias superaram nossas expectativas”, salienta.

    Em um setor competitivo como o cafeeiro, práticas como a polinização assistida se tornam uma vantagem estratégica. “Além de incrementar a produção e a qualidade do café, essa tecnologia promove uma agricultura mais sustentável e responsável, beneficiando produtores, consumidores e o meio ambiente”, conclui

    Benefícios da polinização assistida na visão do produtor

    Gustavo José Facanali, engenheiro-agrônomo e produtor rural à frente da Facanali Cafés, relata sua experiência positiva com a polinização assistida por abelhas. Ele cultiva 120 hectares em São Paulo e no sul de Minas e inicialmente duvidava da eficácia da técnica, uma vez que a flor do café se autofecunda em mais de 80%.

    Contudo, ao participar de um experimento, os resultados o surpreenderam. “Nas áreas onde as abelhas foram introduzidas, a produtividade aumentou 17%, de 110 para 128 sacas por hectare. Com o preço atual do café, isso representa um ganho de R$ 27 mil por hectare”, explicou Facanali.

    Na propriedade, foram utilizadas abelhas-sem-ferrão da espécie Mandaguari, introduzidas sete dias antes da floração e mantidas na lavoura por 21 dias. “Durante esse período, não fizemos intervenções na área, o que facilitou o manejo”, conta.

    Além do aumento na quantidade, houve melhorias na qualidade do café, com a pontuação subindo de 78-80 até 82 pontos. “Isso demonstra que a polinização assistida não só aumenta a produção, mas também melhora a qualidade dos grãos.”

    Facanali também destaca a importância da tecnologia frente às mudanças climáticas. “Estamos vivendo um clima instável, que tem gerado perdas na produtividade. A polinização assistida pode ser um contraponto a esses desafios, ajudando a manter a rentabilidade com sustentabilidade”, argumentou.

    Convicto de que a prática pode ser aplicada em outras culturas, ele conclui: “A polinização assistida é um caminho sem volta, mostrando que a colaboração entre agricultura e natureza gera resultados significativos. É uma solução sustentável que pode beneficiar toda a cafeicultura e outras áreas agrícolas.”

  • Bebê, crianças e cão são atacados por abelhas no Norte de Mato Grosso

    Bebê, crianças e cão são atacados por abelhas no Norte de Mato Grosso

    O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) prestou socorro a três crianças, incluindo um bebê de apenas dois meses, e um cachorro que foram atacados por abelhas, no bairro União, em Sorriso (a 398,2 km de Cuiabá).

    A equipe da 10ª Companhia Independente Bombeiro Militar (10ª CIBM) foi acionada por moradores, que relataram que as abelhas haviam atacado as crianças, enquanto brincavam em uma quadra nas proximidades.

    O ataque ocorreu após um enxame, localizado em uma árvore próxima a uma área de mata em limpeza, ter sido perturbado.

    Ao chegarem no local, os bombeiros iniciaram os primeiros atendimentos às crianças picadas. Embora nenhuma delas apresentasse estado grave, todas foram transportadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação médica.

    Leia também: Corpo de Bombeiros remove enxame de abelhas em parque ecológico no Norte de Mato Grosso

    Ainda durante o atendimento, os bombeiros foram informados de que um cão também estava sendo atacado pelas abelhas. Para resgatar o animal, a equipe precisou usar uma técnica de contenção, já que o cachorro estava em estado de dor e bastante agressivo devido às picadas. O cão foi resgatado sem intercorrências e retirado da área de risco em segurança para que pudesse ser encaminhado para o atendimento veterinário.

    O Corpo de Bombeiros alerta que as ocorrências de ataques de abelhas podem ser comuns, especialmente em áreas urbanas. Por isso, a corporação orienta a população a estar atenta ao ambiente antes de realizar limpezas em áreas com vegetação ou cortes de árvores.

    Não é recomendado tentar lidar com enxames de insetos agressivos por conta própria, pois isso pode resultar em acidentes graves. Em caso de necessidade, é indicado acionar o CBMMT pelo número 193. Para mais informações sobre como se prevenir de ataques de abelhas.

    Como se proteger de ataques de abelhas: um guia completo

    O Corpo de Bombeiros alerta que as ocorrências de ataques de abelhas podem ser comuns
    O Corpo de Bombeiros alerta que as ocorrências de ataques de abelhas podem ser comuns
    FOTO:PIXABAY

    Os ataques de abelhas, embora assustadores, podem ser evitados com algumas medidas de precaução. Ao seguir essas orientações, você reduz significativamente o risco de ser picado:

    Prevenção:

    • Identifique ninhos: Antes de realizar atividades em áreas com vegetação, inspecione o local em busca de ninhos de abelhas. Eles costumam estar em árvores, buracos no chão, telhados ou outros locais protegidos.
    • Mantenha distância: Ao avistar um ninho, mantenha uma distância segura e evite realizar movimentos bruscos.
    • Não perturbe: Evite fazer barulho, vibrar o ambiente ou usar perfumes fortes, pois esses fatores podem atrair e irritar as abelhas.
    • Use roupas claras: As abelhas são atraídas por cores escuras, especialmente o preto. Opte por roupas claras e de manga comprida ao realizar atividades ao ar livre.
    • Proteja o rosto: Use um chapéu e óculos de sol para proteger os olhos e o rosto de possíveis picadas.
    • Não mate abelhas: Matar uma abelha libera feromônios que atraem outras abelhas, aumentando o risco de ataque.
    • Consulte um especialista: Se você encontrar um ninho de abelhas em sua propriedade, entre em contato com um apicultor ou com o Corpo de Bombeiros para remoção segura.

    O que fazer em caso de ataque:

    • Corra: Afaste-se do local o mais rápido possível, em linha reta.
    • Proteja o rosto: Cubra o rosto com as mãos ou com uma camiseta.
    • Entre em um local fechado: Procure abrigo em um prédio, carro ou qualquer outro local fechado.
    • Não se agache: Agachar pode fazer com que você seja picado nas pernas e pés.
    • Não entre na água: As abelhas podem esperar você sair da água para atacar.
    • Procure atendimento médico: Se você for picado, especialmente se for alérgico a picadas de abelha, procure atendimento médico imediatamente.

    Alérgicos a picadas de abelha:

    • Use um kit de emergência: Pessoas alérgicas a picadas de abelha devem carregar consigo um kit de emergência com adrenalina autoinjetável (autoinjector), conforme orientação médica.
    • Informe as pessoas ao seu redor: Comunique seus familiares, amigos e colegas de trabalho sobre sua alergia, para que eles saibam como agir em caso de emergência.
    • Use uma pulseira de identificação: Utilize uma pulseira de identificação médica que indique sua alergia.

    Lembre-se: A prevenção é a melhor forma de evitar ataques de abelhas. Ao seguir estas orientações, você pode desfrutar de atividades ao ar livre com segurança.

    Em caso de emergência, ligue para o Corpo de Bombeiros: 193

  • Expedição mapeia perda de abelhas no Rio Grande do Sul

    Expedição mapeia perda de abelhas no Rio Grande do Sul

    Uma expedição mapeou a perda de abelhas em apiários e meliponários no Rio Grande do Sul em razão das enchentes de maio de 2024. A ação é convocada pelo Projeto Observatório de Abelhas do Brasil com Foco no Rio Grande do Sul, coordenado pela Embrapa Meio Ambiente em colaboração com a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (ABELHA). Os trabalhos de campo foram realizados de 24 a 29 de junho, e foram visitadas áreas impactadas pelas enchentes ( veja abaixo mapa elaborado com dados da Federação Apícola e de Meliponicultura do Rio Grande do Sul – FARGS ).

    Até o momento a FARGS registrou a perda de 18.943 colmeias, o que representa cerca de 4% do total de contabilizações no estado, segundo o IBGE. Mas estima-se que estes números sejam subnotificados, pois ainda há criadores de abelhas que não registram seu plantel de abelhas junto à inspetoria veterinária de seus municípios.

    A iniciativa inédita utilizou o software AgroTag Abelhas, desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente em linha com as demandas do Observatório, para sistematizar as informações sobre mortandade de abelhas no Brasil. Os incidentes e possíveis causas das mortes são registrados, permitindo a estruturação de uma base de dados harmonizada em uma plataforma de dados oficial e em nível nacional.

    De acordo com Betina Blochtein, pesquisadora do observatório de abelhas e um dos integrantes da equipe de campo, uma das prioridades do levantamento é a validação do uso de recursos disponibilizados para o Estado contribuindo na conformação de um relatório, identificando as perdas e onde contabilizar. Assim, posteriormente, os recursos para a restauração do plantel de abelhas poderão ser direcionados estritamente e validados pelas evidências registradas em campo, com fotos dos locais, questionários e delimitação de áreas atingidas.

    Para tanto, a utilização da ferramenta da Embrapa é importante, pois, além de registrar dados de forma oficial, também oferece a formação de uma rede de colaboradores, tanto dos produtores atingidos, quanto dos que prestam assistência nas áreas impactadas.

    AgroTag-Abelhas

    A Embrapa Meio Ambiente desenvolveu o software AgroTag-Abelhas , um sistema abrangente e integrado de monitoramento, que reúne um conjunto de dados sistematizados e contribui para o registro de informações oficiais sobre mortandade desses insetos.

    O software foi desenvolvido a partir da estrutura do Sistema AgroTag, em linha com as demandas do Observatório de Abelhas . É um sistema de banco de dados para consultas e análises geoespaciais, dotado de aplicativo para dispositivos móveis (Android), com envio de dados para ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas) e viabilizando a integração desses dados com informações geográficas em campo e registradas pelo aplicativo .

    Ele permite consultas e análises integradas online, contando com interface para desenho em tela de polígonos (formas) e visualização no menu de tela para planejamento e posterior coleta de dados em campo com o aplicativo, além das funcionalidades nativas do sistema.

    Em fase posterior do projeto os inspetores de órgãos sanitários oficiais farão os registros de ocorrências rapidamente, com base nas necessidades regionais. Durante o atendimento em campo, o técnico terá acesso a um formulário de preenchimento simples, com as questões essenciais para a investigação, inclusive sobre a coleta de amostras biológicas para análise laboratorial.

    O aplicativo segue a premissa do projeto AgroTag, enquanto rede colaborativa ou do termo/conceito crowdsourcing, trabalhando dados geoespaciais para monitoramento territorial agrícola, onde o usuário usa os dados de maneira compartilhada, colaborativa e rastreável, fundamentais para os objetivos do Observatório de Abelhas, o qual busca evidências comprobatórias da mortandade de abelhas, dependendo totalmente dos registros nos locais de ocorrência, sendo que no momento está sendo utilizado para o levantamento de perdas decorrentes das cheias no Rio Grande do Sul, destaca Vicente, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente/Agrotag, e integrante da equipe de campo.

    Observatório de abelhas

    O Observatório de Abelhas do Brasil   é um programa coordenado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), em conjunto com a Embrapa Meio Ambiente, e apoiado por instituições públicas e privadas, como a Associação ABELHA, que visa a mitigação de mortandades de abelhas no Brasil. O Observatório respondeu à necessidade de implantar um sistema de informações para registrar sistematicamente os incidentes de mortes de abelhas, identificar as possíveis causas das mortes, e reunir esses dados harmonizados em uma plataforma de dados oficial em nível nacional.

    Com essas características, o sistema facilita a articulação e o trabalho colaborativo com os diversos atores que lidam com o tema (técnicos, órgãos municipais, estaduais e federais, instituições diversas), destaca Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador geral do Observatório.

    Menezes explica que o AgroTag entrou em um contexto no qual estavam sendo discutidos os protocolos que seriam adotados pelo Observatório, pensando especificamente nos fiscais de defesa agropecuária, que são os que fazem o atendimento a campo nos casos de mortalidade. A ferramenta ajuda o fiscal a organizar, coletar e disponibilizar as informações no formato adequado, processos que antes eram feitos, na maioria dos casos, manualmente, sem padronização entre os Estados.

  • Rio Grande do Sul contabiliza perda de 17 mil colmeias desde enchentes

    Rio Grande do Sul contabiliza perda de 17 mil colmeias desde enchentes

    O estado do Rio Grande do Sul já contabiliza a perda de pelo menos 16,9 mil colmeias desde o início das enchentes ocorridas nos primeiros dias de maio – em média, cada colmeia tem de 50 mil a 80 mil abelhas. Os dados levam em conta apenas as mortes da espécie Apis mellifera e de abelhas-sem-ferrão, ocorridas até o último dia 20.

    O levantamento, feito pela Federação Agrícola e de Meliponicultura do Rio Grande do Sul, em parceria com o Observatório das Abelhas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Ministério da Agricultura e Pecuária, registrou perda de colmeias em, pelo menos, 66 municípios do estado, principalmente em Palmares do Sul (RS), que computou a destruição de mais de duas mil colmeias.

    “As colmeias ficaram submersas ou foram carregadas [pela água]. Muitas áreas foram inundadas pelas águas que escorreram das partes mais altas, levaram as colmeias ou inundaram os locais, deixaram as colmeias realmente submersas e as abelhas morreram”, destacou em entrevista à Agência Brasil a coordenadora executiva do Programa Observatório de Abelhas do Brasil, a bióloga Betina Blochtein.

    Os dados do levantamento não consideraram as colmeias que foram parcialmente atingidas pela água e nem aquelas que estão em risco em razão da falta de alimentos para as abelhas. No total, segundo a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas, o estado gaúcho tem 486 mil colmeias.

    “A gente não está computando as colmeias que estão agora em alto risco, por exemplo, que foram parcialmente afetadas. As paisagens foram muito lavadas, em muitos casos elas estão com uma camada de lodo, de terra por cima, não têm vegetação com flores, então, não têm alimentação para as abelhas”, disse Blochtein.

    A quantidade de abelhas mortas no estado em razão da tragédia climática pode ser muito maior, segundo a bióloga. Isso porque apenas a espécie Apis mellifera e abelhas-sem-ferrão foram monitoradas. As abelhas que não vivem em colmeia, não sociais, por exemplo, não têm como ser computadas no levantamento.

    “Temos na natureza centenas, milhares de espécies de abelhas que a gente não consegue monitorar, e que ninguém viu onde elas estavam quando começou a chuva e ninguém consegue contá-las”.

    Blochtein ressalta que essas abelhas, não sociais, são mais frágeis, têm menos capacidade de se defender de alterações climáticas bruscas e, provavelmente, foram ainda mais impactadas pelas chuvas e enchentes.

    “O que acontece é que as abelhas não sociais não têm reservas de alimento, elas são mais sensíveis e tendem a perecer mais facilmente. O triste disso tudo é que se a gente tomar a Apis mellifera, ou mesmo as abelhas-sem-ferrão, como as espécies que indicam o que está acontecendo com os polinizadores, então vamos ter um cenário bem trágico, que nem conseguimos enxergar”.

    Culturas mais atingidas

    Segundo o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, e da Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador, 76% das plantas para consumo humano no Brasil são polinizadas por abelhas. A ação de polinização do inseto tem importância variada, a depender de cada planta.

    Além de aumentar a produtividade dos cultivos, a polinização feita pelas abelhas produz frutos e sementes de melhor aparência, qualidade e dá mais valor de mercado aos produtos. De acordo com o relatório, em 2018, o valor econômico da polinização para a produção de alimentos no Brasil era estimado em R$ 43 bilhões. A valoração monetária considerou o valor da produção e o incremento de produtividade associado aos polinizadores.

    “A gente sabe que o grau de dependência de polinização das culturas não é sempre o mesmo. Tem culturas que dependem mais de abelhas. Por exemplo, a maçã, que tem uma dependência de mais de 90% da presença de abelhas. Se não tem abelhas ou tem poucas abelhas, as maçãs ficam pequenininhas e ficam muito irregulares”, destaca Blochtein.

    O Rio Grande do Sul é responsável por 45% da produção de maçãs brasileiras, segundo a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi). A área de cultivo é de 14 mil hectares, distribuídos em 26 municípios. As macieiras são a principal fonte de renda para 550 pequenos, médios e grandes produtores.

    Além da maçã, o estado também tem outras culturas que são dependentes, em diferentes níveis, da polinização das abelhas. “Temos também a soja, que não tem uma dependência tão elevada de abelhas, entre 12% e 20%. Mas imagina 15% de aumento da soja, 15% a mais no peso em grãos é muita coisa. Realmente, a perda de abelhas repercute”.

    A bióloga Vera Lucia Imperatriz Fonseca, referência em pesquisa com abelhas nativas, professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) frisa que as mudanças climáticas não vão arrefecer e ressalta que o país precisa se preparar para enfrentar a situação.

    “A mudança climática está andando e não vai mudar. Ela vai aumentar, não vai diminuir. Não tem volta para esse assunto. É um processo contínuo. No entanto, a agricultura ainda não se conscientizou disso e nem o mercado. Não vai melhorar amanhã ou ano que vem, não vai. Então, as chuvas vão continuar. E não há uma política de lidar com isso, uma política de restauração”.

    Edição: Graça Adjuto

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  • Nova plataforma digital reúne tecnologias e serviços para criadores de abelhas

    Nova plataforma digital reúne tecnologias e serviços para criadores de abelhas

    A Embrapa apresenta a plataforma Infobee, um espaço virtual que disponibiliza serviços inéditos aos criadores de abelhas de todo o Brasil. A iniciativa, que é fruto da parceria público-privada entre a Embrapa Amazônia Oriental (PA) e a empresa Equilibrium Web, reúne informações técnico-científicas, econômicas e de mercado sobre a apicultura e a meliponicultura. O novo espaço digital pode ser acessado por computador e equipamentos móveis, como smartphones e tablets.

    A Infobee traz os resultados da pesquisa agropecuária nas áreas de apicultura e meliponicultura (atividade de criação de abelhas nativas sem ferrão, do gênero Melipona), na forma de publicações, cursos, vídeos, animações e aplicações web. “O propósito da solução é auxiliar o processo de tomada de decisão dos criadores de abelhas a partir do acesso a informações relevantes que possam promover a melhoria na gestão ou a superação de gargalos tecnológicos na atividade”, afirma o analista de sistemas Michell Costa, da Embrapa Amazônia Oriental.

    Entre os destaques da nova plataforma estão: o Calendário Apícola Digital, que disponibiliza informações sobre o local de ocorrência e a época de floração das plantas mais visitadas pelas abelhas na região amazônica; o meliponário virtual, uma maquete em três dimensões da estrutura do ninho, das caixas de criação e da morfologia da abelha; e o serviço denominado “zapbee”, respostas com o uso de inteligência artificial para atender aos criadores a qualquer hora e lugar.

    A ferramenta também disponibiliza painéis interativos sobre produção e exportação de mel e derivados no Brasil. “Essa funcionalidade permite conhecer a produção de mel por mesorregião do Brasil nos últimos dez anos, bem como acessar dados sobre a exportação do produto por ano nos estados brasileiros”, conta Costa.

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    Foto: Ronaldo Rosa

    Plataforma

    Para Sebastião Júnior, proprietário e CEO da Equilibrium Web, responsável pelo codesenvolvimento do espaço digital, o desafio de criar uma plataforma para um segmento específico de mercado foi o propósito da empresa. “Quando trabalhamos com desenvolvimento de softwares, nosso foco é sempre chegar a uma ferramenta útil para a comunidade e que cumpra o seu objetivo”, afirma.

    O mercado de mel e derivados no Brasil é um setor em crescimento, tanto na produção quanto na exportação. Segundo a Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE, o País alcançou em 2022 um recorde de produção, com quase 70 mil toneladas, obtendo aumento de 9% em relação a 2021.

    A plataforma é dinâmica e aberta a incorporar novas funcionalidades e informações, de acordo com o empresário. “A ferramenta foi desenvolvida a partir de um gerenciador de conteúdo intuitivo, maleável e de fácil utilização. Com isso, novos conteúdos podem ser criados e disponibilizados a partir da indicação e sugestão dos próprios usuários. Isso significa que a Infobee vai crescendo de acordo com as necessidades da comunidade”, ressalta.

    O trabalho de escuta dos usuários é permanente, segundo os desenvolvedores. “O próprio desenvolvimento da plataforma é fruto de um trabalho de escuta realizado junto aos atores da cadeia produtiva do mel no estado do Pará, em 2019, que motivou o desenvolvimento de um projeto em parceria com a iniciativa privada”, lembra o agrônomo Daniel Santiago, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

    Inteligência artificial na palma da mão

    Uma das inovações da plataforma Infobee é o serviço chamado “zapbee”, que responde às dúvidas de criadores de abelhas e interessados no tema a qualquer hora e em qualquer lugar. O serviço está disponível na modalidade web e usa a tecnologia de inteligência artificial (IA) para interagir com os usuários.

    “Não estamos criando uma tecnologia nova, estamos usando uma nova tecnologia para criar um serviço e a inteligência escolhida foi o ChatGPT”, explica Sebastião Júnior.

    Para a apicultora Francidalva Monteiro, do município de Primavera, a possibilidade de ter um canal com informações confiáveis para o esclarecimento de dúvidas no celular é fantástica. “Na hora que eu tiver uma dúvida, eu acesso o aplicativo e resolvo. Vou dar um exemplo: eu perdi um enxame, se tivesse a informação naquela hora do manejo, eu não perderia”, destaca.

    O processo de ensinar a IA sobre a criação de abelhas envolveu a conversão em dados de resultados da pesquisa agropecuária sobre o tema já publicados em texto, áudio e vídeo. A ferramenta transforma esses dados inseridos em conhecimento para que possa responder às perguntas dos usuários. “A primeira etapa do ‘zapbee’ já foi feita e está disponível na versão web. A segunda etapa será levar o serviço ao aplicativo de mensagem nos dispositivos móveis”, completa o CEO da Equilibrium Web.

    Ciência e conhecimento popular

    O Calendário Apícola Digital é um dos serviços desenvolvidos a partir da demanda dos criadores de abelhas no estado do Pará. O serviço traz a identificação correta das plantas mais relevantes para as abelhas, sejam elas do gênero Apis ou Melipona, a região de ocorrência e a época de floração, inicialmente para a região nordeste paraense. “O calendário é uma demanda antiga dos criadores. Com esse produto, eles conseguem visualizar claramente o período de floração de cada planta, a importância dessas plantas para a apicultura e a meliponicultura, e conseguem planejar o manejo das colônias para a produção de mel”, afirma Kamila Leão, agrônoma e gerente de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG Mel) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

    O calendário foi construído em oficinas realizadas pela Embrapa e pelo Senar em 11 municípios paraenses, nas regiões do Baixo Amazonas, nordeste e sudeste paraense, quando pesquisadores, técnicos e criadores de abelhas trocaram informações e conhecimentos sobre a flora local e a importância dela na alimentação das abelhas.

    O primeiro passo na construção desse produto, como explica a agrônoma, foi o levantamento, na literatura, das plantas mais importantes para as abelhas no estado do Pará, que levou à identificação de cerca de 400 plantas. “O passo seguinte foi ir a campo e conhecer a experiência dos criadores. Os próprios produtores indicaram as plantas mais importantes em cada município para a sua produção de mel”, conta a especialista.

    As plantas citadas pelas comunidades foram identificadas no herbário da Embrapa Amazônia Oriental, validadas junto ao levantamento científico e incluídas no calendário. “Isso gerou um produto no qual é possível acessar o nome popular, de acordo com a localidade, o nome científico e o período de floração de cada planta na região”, finaliza Leão.

    Diversidade de plantas

    A apicultora e meliponicultora Joelma Nunes, de Primavera, município localizado no nordeste do Pará, afirma que a região possui um vasto pasto apícola, muitas vezes desconhecido pelos produtores e que pode ser melhor aproveitado. O pasto ou flora apícola é o conjunto de plantas interessantes para as abelhas na coleta de recursos, principalmente pólen e néctar.

    “Sabemos que temos um pasto apícola muito rico, mas não temos conhecimento de como explorar isso. Com o calendário e a época das floradas do mês, conseguimos nos organizar para capturar os enxames. Além de identificar o melhor local para colocar o nosso apiário”, destaca a criadora.

    “Nem nós mesmos sabíamos que conhecíamos tantas plantas apícolas e o potencial que têm na nossa região. É um vasto conhecimento popular”, afirma Andréa Sena, meliponicultora da zona rural do município de São João de Pirabas, no nordeste paraense.

    Ela, que trabalha com o mel das abelhas-sem-ferrão e a produção de bebidas e licores, disse que só descobriu o tamanho do conhecimento que tinha a partir do trabalho realizado com técnicos e outros produtores. “Conseguimos enxergar a diversidade da nossa região e o nosso conhecimento em um material palpável para nos apoiar. O calendário contribui diretamente para o nosso dia a dia, permitindo conhecer os períodos de florada e quando precisamos alimentar as abelhas”, avalia.

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    Foto: Ronaldo Rosa

    Inclusão social e conservação ambiental

    A meliponicultura é uma atividade exercida em diferentes regiões do Brasil. O País tem 244 espécies de abelhas sociais nativas conhecidas pela ciência. Dessas, 215 estão na Amazônia Legal.

    A criação dessas abelhas, segundo o pesquisador Daniel Santiago, é desenvolvida em complemento à renda e conciliada com outras atividades agrícolas, especialmente na agricultura familiar. “É uma atividade inclusiva, geradora de renda e que contribui muito para a conservação ambiental”, pontua.

    Santiago ainda cita que, geralmente, a atividade de criação das abelhas exóticas africanizadas (Apis melífera L.) tem sido a que gera renda de forma mais rápida, em volume de mel. “A partir dessa experiência, o produtor passa a conhecer mais sobre as abelhas e, muitas vezes, se torna meliponicultor. Porém, o contrário também pode ocorrer”, acrescenta.

    Joaquim de Aviz Silva e a esposa Leuciléa Dias Silva foram morar no interior do Pará, em Quatipuru, região nordeste do estado, depois que se aposentaram e, desde 2007, começaram a criar abelhas. O casal iniciou na apicultura e, mais recentemente, começou a manejar as abelhas-sem-ferrão. “Tudo começou como um hobby, mas a atividade se transformou em renda e, quanto mais aprendemos, mais conhecemos e gostamos das abelhas”, comemora Aviz.

    Eles são produtores de mel e estão se dedicando principalmente às abelhas-sem-ferrão. “É uma atividade terapêutica, qualquer pessoa pode criar as abelhas e faz bem para a mente”, conta Lea. “As abelhas só fazem bem, melhoram a agricultura, o meio ambiente e ainda deixam o mel. É um complemento muito importante da renda do agricultor familiar”, garante Aviz.

    “Nos últimos anos, a atividade vem crescendo nos estados do Amazonas, Rondônia e Pará, em função da existência de abelhas nativas especialistas na polinização do guaraná, do cafeeiro, e do açaizeiro”, complementa Santiago.

    As espécies de abelhas-sem-ferrão (meliponicultura) são de ocorrência ecorregional, mesmo considerando um bioma único, como no amazônico. Por exemplo, no Pará, a jupará (Melipona interrupta) é encontrada com dominância no oeste do estado, a uruçu (M. seminigra), na região sudeste paraense, e as uruçus amarela (M. flavolineata) e cinzenta (M. fasciculata), no nordeste do estado.

    Desafios da atividade

    “Apesar do enorme potencial, a atividade ainda é limitada devido a diversos fatores, como volume, homogeneidade e qualidade da produção, além da falta de organização do segmento produtivo”, analisa o pesquisador.

    Já a apicultura, afirma Santiago, consegue potencializar a organização dos produtores em associações, seja pelo uso dos equipamentos, pela mão de obra compartilhada e pelo volume de produção, que é maior em relação à produção da meliponicultura.

    “Considerando que as atividades de criação racional de abelhas sócias são tipicamente exercidas por agricultores familiares, cada uma delas possui especificidades próprias, sejam relativas aos seus produtos ou ao comportamento das espécies de abelhas com relação ao ambiente”, analisa o pesquisador.

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    O propósito da plataforma Infobee é auxiliar o processo de tomada de decisão dos criadores de abelhas (Foto: Ronaldo Rosa)

    A presidente da Cooperativa de Trabalho dos Agricultores Familiares do Município de Primavera (Cooprima), Joelma Nunes, afirma que um dos maiores entraves à meliponicultura na região é a dificuldade em torno da legislação. “Para vender a produção, os meliponários precisam estar registrados juntos aos órgãos responsáveis e a produção deve atender às boas práticas. Esse tipo de informação precisa chegar na ponta para transformar a realidade”, explica.

    Nos últimos anos, os estados do Amazonas e Pará implementaram legislações para potencializar a criação das abelhas nativas (Resolução Cemaam nº 34, de 27/12/2021) e a comercialização de produtos (Portaria n° 7.554/2021). “Essas legislações vêm fomentando a organização da cadeia produtiva em seus estados, porém a atividade ainda carece de subsídios”, avalia Santiago. Ele vê o pagamento por serviços ecossistêmicos como uma ferramenta importante para subsidiar os produtores e fortalecer a atividade na Amazônia.

  • Cobiçado no exterior, mel de melato é pouco conhecido no Brasil

    Cobiçado no exterior, mel de melato é pouco conhecido no Brasil

    O Brasil tem um mel único no mundo: o que é feito a partir de melato da bracatinga. Esse tipo de produto não vem do néctar das flores, mas da seiva de uma árvore, retirada por um inseto, em um processo de produção em série natural. A matéria-prima do melato da bracatinga vem da árvore que dá nome ao mel, extraída pela cochonilha, um parasita que, na maioria das vezes, é tratado como praga.

    Só que, neste caso, a cochonilha, que fica na casca da bracatinga, trabalha como uma operária dessa produção. Ao digerir a seiva, expele um melato adocicado por longos fios brancos que saem do inseto, a parte visível nas árvores parasitadas por esse tipo de parasita. O melato atrai as abelhas, que o levam para as colmeias, onde é transformado em mel.

    O resultado é um mel escuro, rico em minerais, que não cristaliza, anti-inflamatório e antioxidante, com mais oligossacarídeos (que atuam como fibras no organismo humano) e menos glicose e frutose, quando comparado ao mel floral. O produto tem atraído a atenção estrangeira, que já percebeu seu potencial nutritivo, mas no próprio país ainda é uma novidade.

    Indicação geográfica

    O mel de melato de bracatinga recebeu o selo de Indicação Geográfica (IG) Planalto Sul Brasileiro em julho de 2021, abrangendo uma área de produção de 58.987 km², com 134 cidades de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. O selo valoriza e agrega valor a produtos tradicionais de regiões delimitadas.

    Há dois tipos de modalidades do selo. A indicação de procedência (IP) é dada quando o nome geográfico se associou ao produto por fatores culturais, históricos e humanos, como um patrimônio tradicional, como o queijo Canastra. Já a denominação de origem (DO) reconhece o nome do local ou região para designar o produto que as qualidades geográficas, como clima, solo e relevo influenciam nas características finais, o que é o caso do mel de melato de bracatinga.

    Para o apicultor Joel de Souza Rosa, os estudos para tornar o mel de melato de bracatinga um produto com o selo de Indicação Geográfica revelaram o que eles já suspeitavam: a excelência do produto. “Encontraram 10 vezes mais minerais no mel de bracatinga e aí a gente viu que tinha ouro, um ouro negro aqui da nossa região, um mel escuro com essas propriedades tão importantes para a saúde do ser humano”, explica.

    Só em anos pares

    O mel de bracatinga, além de ter a restrição da região geográfica, também só é colhido durante um período curto de tempo: a cada dois anos. Nos anos pares, durante cinco meses, entre fevereiro e julho, a cochonilha está no último estágio de larva e é quando secreta mais melato. Depois, ocorre o período de acasalamento e, nos anos ímpares, postura de ovos e todo o ciclo de desenvolvimento do inseto, onde não há a produção em quantidade suficiente para as abelhas coletarem o melato.

    Nos anos ímpares, os apicultores aproveitam para parasitar novas árvores. “Se você quer levar esses ovos da cochonilha para outra bracatinga, tem que remover parte da casca da árvore parasitada, com ovos que a gente não vê, para eclodir numa outra árvore e ela começar a produzir também”, esclareceu o apicultor José Alceu Perão. Ele também lembrou que as árvores têm um ciclo de vida bem definido, de sete a oito anos para soltar a seiva e, com 15 anos, já secam.

    Todas essas características – nutricionais, de tempo e o selo de indicação geográfica – fazem com que o mel de bracatinga tenha um valor bem acima do mel floral. “Isso é único no mundo, não se tem conhecimento de um mel idêntico a esse”, contou Perão. Cada colmeia produz até 60 quilos por ano.

    Um produto que há uma década não tinha valor algum na região. “Quando a gente viu que vendia o nosso mel de bracatinga muito barato e a Alemanha se interessou por esse mel, a gente exportava tudo para lá”, disse o apicultor Joel Rosa.

    O quilo desse mel, segundo o produtor, era vendido a 70 centavos de dólar e hoje é comercializado por até cinco vezes mais. “Foi muito importante esse apoio do Sebrae, da Universidade Federal de Santa Catarina e da Epagri, na busca da IG, para saber que é um produto único de uma região, diferenciado realmente”, explicou.

    Exportação

    Cerca de 90% do mel de melato de bracatinga ainda é exportado, principalmente para a Europa e a Alemanha é o maior comprador, segundo o agrônomo Áquila Schneider, que coordena a produção apícola do Planalto Sul, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

    No Brasil, esse mel ainda é pouco conhecido. “A gente já nota a procura das pessoas, mas falta ainda mais divulgação, por ser um mel tão importante em minerais, que podemos consumir”, avaliou Joel.

    Os apicultores da região continuam investindo no mel floral, mas hoje sabem o valor do mel de bracatinga. “Na apicultura, somos eternos aprendizes”, afirmou Perão. Ele disse que, por mais que estude e faça cursos, sempre há algo de novo descoberto pela ciência na apicultura. “Sem a abelha, a humanidade não sobreviverá, não tem polinização, não tem plantas, não conseguimos cultivar”, concluiu o apicultor.

    Edição: Kleber Sampaio

  • Enxame de abelhas que atacou moradores e matou cachorros em Itanhangá é retirado por apicultor

    Enxame de abelhas que atacou moradores e matou cachorros em Itanhangá é retirado por apicultor

    Foi retirado nesta terça-feira (25) um enxame de abelhas que atacou pessoas e animais de estimação em Itanhangá, médio norte de Mato Grosso. Quatro cachorros atacados morreram. Várias pessoas foram ferroadas, mas sem maior gravidade.

    O ataque aconteceu num terreno baldio. O local contém uma pequena construção, próximo ao local onde estava o enxame de abelhas. Primeiros foram atacados cachorros que estavam no terreno baldio. Populares que foram proteger os animais também foram ferroados. No domingo, três cachorros acabaram morrendo. Um quarto cachorro também não suportou as ferroadas e morreu.

    Um apicultor que tem propriedade rural em Tapurah foi acionado e fez a retirada do enxame. O trabalho foi feito com cuidado e iniciou na segunda-feira sendo concluído ontem.

    Segundo informou a imprensa local, as abelhas estavam num buraco, que parece ser uma fossa desativada. Havia grande quantidade de mel. O ataque pode ter sido desencadeado por um tatu, que estava no terreno.