Tag: 300 anos

  • Das igrejas e museus à Orla do Porto, Cuiabá tem variedade de pontos turísticos para visitar

    Das igrejas e museus à Orla do Porto, Cuiabá tem variedade de pontos turísticos para visitar

    O que você faria se só tivesse um dia para curtir Cuiabá? Esta é a pergunta de muitos turistas que chegam à cidade com objetivos profissionais e acabam conseguindo um tempo para relaxar entre os compromissos ou daqueles que estão de passagem para outros destinos e fazem aqui um pit stop.

    Pensando neste perfil de visitante, o técnico da Secretaria-Adjunta de Turismo de Mato Grosso, Geraldo Donizeti Lúcio, fez um roteiro especial para quem não quer ir embora sem saber o que significa ser de “chapa e cruz”.

    Já nas primeiras horas do dia, a pedida é ir à missa em uma das igrejas da área central. Caso a escolha seja na catedral, dá para apreciar o prédio do Palácio da Instrução e ainda as praças da República e Alencastro.

    Saiba mais sobre as igrejas da cidade aqui .

    Depois, a pedida é um tour a pé pelo centro histórico da cidade. Geraldo inicia o trajeto na sede da secretaria-adjunta, localizada na Rua Voluntários da Pátria. O prédio é um sobrado do século XVIII, construído como pedra canga e paredes em taipa de pilão e adobe. A primeira identificação da construção em documentos históricos foi no mapa da Vila de Cuiabá, datado de 1786. Vale lembrar que durante a semana, é possível uma visita guiada.

    Acervo do museu tem fotos da <a href=Cuiabá antiga e atual a disposição dos turistas” src=”http://www.mt.gov.br/documents/195466/11571783/Cuiab%C3%A1+300+anos.jpg/fae7cb56-cc44-e51e-be75-f660283bc3c9?t=1554651250293″>

    Na programação, também está o Museu da Imagem e do Som Lazaro Papazian (Misc). Para chegar, basta atravessar a rua. Ele está na esquina, em frente à Igreja Nosso Senhor dos Passos, que também é um ponto de visita.

    O Misc recebeu o nome de um famoso fotógrafo, apelidado de Chau e abriga um rico acervo de imagens, das quais mais de 7 mil estão catalogadas. O local está aberto durante a semana e finais de semana quando existem eventos agendados.

    Subindo a Voluntários da Pátria, no entroncamento com a Rua Barão de Melgaço, na esquina, à esquerda, está a Casa Barão de Melgaço, que hoje abriga a Academia Mato-grossense de Letras.

    Construída entre os anos, de 1975 e 1977, a edificação foi a residência do almirante da Marinha e intelectual Augusto João Manoel Leverger, o Barão de Melgaço. Ele nasceu em Saint Malo, na França, em 1802, e faleceu em Cuiabá, em 1880.

    Edificação foi residência de 14 chefes do executivo e hoje abriga um museu

    Dando continuidade a caminhada pela Rua Barão de Melgaço é possível ver, do lado esquerdo, uma quadra antes do cruzamento com a avenida Getúlio Vargas, a Residência dos Governadores. A casa funcionou por 45 anos e acolheu 14 chefes do executivo entre os anos de 1939 e 1941 e atualmente é um museu.

    Cerca de 700 metros à frente, está o Centro Geodésico da América do Sul, ponto em que os oceanos Pacífico e Atlântico estão equidistantes. O marco está na Praça Moreira Cabral, onde funciona a atual Câmara dos Vereadores de Cuiabá e no passado foi conhecida como Campo do O’urique, local de castigo de escravo, enforcamento de condenados da Justiça e posteriormente touradas.

    O último ponto deste tour a pé é o Museu da Caixa D’água, que subindo pela Rua Desembargador Ferreira Mendes, está a menos de 200 metros. O local era o antigo reservatório da cidade e virou um espaço para exposições.

    Hora do almoço

    Geraldo Donizete lembra que comer é uma coisa que o cuiabano sabe apreciar e a culinária tradicional tem várias paradas. Pode ser no Mercado do Porto, onde a feira é variada, colorida e existe um espaço especial para os peixes. Espécies diferentes e prontas para ir para panela.

    Duas coisas são muito interessantes no local, acompanhar a limpeza e retirada de espinhos pelos peixeiros profissionais e comer o pescado na praça de alimentação. As porções são bem generosas e a cerveja sempre está gelada para afastar o calor.

    Ainda na região do Porto, tem o Restaurante Regionalíssimo que fica na Orla e funciona nas instalações do antigo Mercado do Porto. Para quem sai do atual mercado em direção a ponte, fica do lado direito.

    Comunidade tradicional tem dezenas de restaurantes, todos com cardápio regional

    Outra recomendação do especialista é o São Gonçalo Beira Rio. A comunidade tem dois grupos de siriri e cururu, sendo que uma das moradoras, a Dona Domingas, é referência na cultura cuiabana.

    Geraldo lembra que no quintal dela, onde funciona um restaurante, existe um pequeno espaço com as roupas, apetrechos e instrumentos da dança.

    O estabelecimento é apenas um entre outras centenas instalados na avenida principal. A variedade mostra que a alimentação se tornou a principal atividade econômica dos nativos, que antes garantiam o sustento com a cerâmica e a pesca. “Porém, as ceramistas mantêm os fornos, ferramentas e sempre têm peças para mostrar e vender, caso o turista se interesse”.

    Quem optar pelo São Gonçalo pode ainda dar uma parada no mirante, que fica na beira da rua principal e tem uma vista maravilhosa para o Rio Cuiabá. Lá, funciona uma reserva de pescadores e eles costumam trabalhar durante a manhã. Isto dá ao visitante a oportunidade de ver as canoas de madeira, típicas do ofício. “E é uma cena bonita vê-los no rio”.

    Fechando o dia

    No final da tarde, uma boa sugestão é movimentar o corpo em um dos parques da cidade. Normalmente, eles ficam lotados e merece destaque o Mãe Bonifácia, que fica em uma localização privilegiada, tem um amplo estacionamento e ainda é uma reserva ecológica.

    Em menos de duas horas, é possível fazer uma das trilhas e certamente haverá surpresas como a companhia de animais silvestres. Além do contato com a natureza, o ambiente sempre oferece algum tipo de atração e quando o objetivo é fazer nada, basta levar uma esteira e se juntar aos que vão ao local fazer piquenique.

    Orla do Porto é um atrativo que conta com bares, restaurantes e atrações culturais diversas. Foto: Luiz Alves / Prefeitura de <a href=Cuiabá” src=”http://www.mt.gov.br/documents/195466/11571783/Luis+Alves+-+prefeitura+de+Cuiab%C3%A1.jpg/7b6847c9-7d02-1b7b-1e93-0ed90789e739?t=1554651250582″>

    Também está no rol de opções a Orla do Porto, que foi recentemente construída, tem bares, restaurantes, espaço para caminhada e um simulacro dos casarões da área histórica. Como está na beira do rio, a noite costuma ter vento o que deixa a região mais fresquinha.

    Outro ponto que agrada muito os visitantes é o Parque das Águas, construído no entorno de uma lagoa. A área tem espaço para práticas esportivas, piqueniques e é palco de algumas atrações quase todos os dias.

    Os bares estão entre as paradas obrigatórias para quem gosta de um happy hour. Estão lotados de segunda a segunda e dois deles têm vista privilegiada para lagoa, onde acontece o balé das águas, um show coreográfico feito com jatos de água em ritmo musical.

    Porém, se a pegada for algo mais cultural, vale a pena verificar qual a programação do Cine Teatro, que fica na área Central, na Getúlio Vargas. Normalmente, as atividades compensam pela qualidade e pelo valor, que certamente agradará o seu bolso.

    Depois do espetáculo ou cinema, dá para ficar na região mesmo e quem sabe comer algo na região do bairro Goiabeiras, considerada uma das mais badaladas da cidade.

    E para quem leu até o final deste texto, cuiabano de “chapa e cruz”, significa nativo. O termo tem origem no fato dos antigos receberem uma chapa amarrada no pulso na maternidade da cidade. Já a cruz, faz referência a morte no Cemitério da Piedade, um dos mais antigos da Capital.

  • Centro Político e Rodoviária são obras que marcaram década de 70

    Centro Político e Rodoviária são obras que marcaram década de 70

    Cuiabá se revela uma das mais acolhedoras capitais do país. Localizada no Centro Geodésico da América Latina, tem sua população ampliada diariamente, com pessoas chegando todos os dias. E há que se ressaltar, é justamente essa multiplicidade de povos e culturas, uma de suas mais marcantes características. Não é à toa que o povo cuiabano é conhecido como um povo hospitaleiro.

    Muitos de seus novos moradores, os chamados “pau rodados”, chegam à cidade pela bela Rodoviária Engenheiro Cássio Veiga de Sá. Essa é a deixa! Aproveitando os 300 anos da capital, você vai conhecer um pouco mais de um dos mais importantes arquitetos de Cuiabá, Moacyr Freitas, responsável não só pelo projeto da rodoviária, mas pelo Centro Político Administrativo e Avenida Miguel Sutil, dentre outros importantes marcos urbanísticos da capital.

    Prestes a completar 90 anos, Moacyr é um apaixonado por Cuiabá. Arquiteto, professor, historiador, escritor e artista plástico, escreveu mais de uma dezena de livros sobre a história da Cidade Verde, ilustrados por ele mesmo, como é o caso da obra “História Ilustrada de Cuiabá: dias difíceis nos arraiais”. Não bastassem todos esses feitos, ele também é reconhecido como um dos professores fundadores da Universidade Federal de Mato Grosso.

    Embarque nessa viagem pela história de Cuiabá, que deve muito à colaboração desse ilustre cuiabano de “chapa e cruz”, nascido no bairro do Porto.

    Terminal Rodoviário Engenheiro Cássio Veiga de Sá

    b0ff17c8 e062 0694 d684 6501def11adc?t=1554647204345

    Fotos de Secom-MT e Arquivo Público de Mato Grosso

    Um novo tempo de renovação da cidade, com novas intervenções urbanas, vieram entre os anos de 1937 e 1945, com a edificação, a exemplo, do Liceu Cuiabano e a Ponte Cuiabá – Várzea Grande. Altos prédios e grandes avenidas começaram a surgir entre os anos de 1960 e 1970. Até 1980 foi intensificado o processo de verticalização da cidade, época em que surge o arrojado Terminal Rodoviário Cássio Veiga de Sá.

    E não estamos falando de qualquer rodoviária, trata-se de uma das mais belas do país. À época chamada de “o melhor terminal rodoviário da América Latina”. Sua estrutura possui três andares, com uma grande rampa de acesso e vãos livres. Atualmente recebe por ano, 2 milhões de passageiros e conta com 22 viações que fazem o trajeto de todos os cantos do país até Cuiabá e daqui para onde for. “Uma rodoviária referência. Ainda guardo o cartão de um representante da Companhia do Metropolitano de São Paulo, que veio à Cuiabá para ver o projeto de perto”, recorda Moacyr Freitas.

    Segundo ele, o primeiro projeto era diferente. Apresentava a rodoviária um pouquinho mais fechada, portanto, um projeto mais caro.

    “Então o governador José Garcia Neto me pediu para realizar um novo estudo no intuito de baratear a construção. Foi então que surgiu a ideia dos vãos livres. Estava entrando na moda uma nova estrutura de concreto alongado, para evitar muitos apoios. Um processo moderno para a época, porém, aqui (em Cuiabá) não tinha nenhum escritório que desse suporte para esse tipo de construção.  Foi quando encontrei o premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha e consegui realizar o projeto com sucesso. Àquele tempo, uma construção muito ousada”, se orgulha.

    Com estrutura de concreto protendido e apoios a cada 34 metros, tratava-se de uma construção muito à frente do tempo. Um projeto que avançou 40 anos sem nenhuma grande alteração. Inaugurada em 1979, quatro décadas depois, permanece tão moderna quanto antes. “Com a expectativa de um novo futuro, para tantas pessoas que chegam das cidades do interior ou de outros estados brasileiros, chegar em Cuiabá pela rodoviária com essa imponência, traz um quê de esperança”.

    Centro Político Administrativo

    f9e10c42 4714 a70b 50c4 3113d9dd7d6f?t=1554489993289

    Fotos do Arquivo Público de Mato Grosso e Marcos Vergueiro – Secom MT

    Autor de importantes projetos da cidade, Moacyr é também o “pai do Centro Político Administrativo”.  Foi ele quem indicou o local que viria a ser o mais importante núcleo administrativo da cidade, abrigando todos os poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Ainda mais que isso, foi ele quem idealizou todo o complexo e ainda guarda o primeiro estudo da empreitada. A região tinha a promessa de ser a “Brasília mato-grossense”, se valendo de uma área de mais de 6.800 m².

    “No governo de Fragelli, eu fiz uma sugestão para ele”, diz sorrindo. “Eu disse ao diretor do Departamento de Obras do seu governo, o Engenheiro Sátyro Pohl Moreira de Castilho, que tinha um estudo, baseado em todas as dimensões da cidade. Achei que deveria haver um centro comercial e em outra região, um complexo administrativo que concentrasse as autarquias do Estado separadas do município. E foi assim que os órgãos do Estado ocuparam o local”. Um grupo de técnicos, coordenados pelo engenheiro Castilho, desenvolveu e detalhou o projeto do CPA.

    A ideia era que houvesse três lagos para refrescar o clima, aproveitando os mananciais que têm na região. “Daí, recentemente, fizeram o Parque das Águas. Ainda está em tempo”, sugere. “Pensei em tudo, até no nome, que a propósito era para ser outro. Por mim, nunca seria Palácio Paiaguás. Na época falavam que aqui era o Portal da Amazônia, então, porque não, Palácio da Amazônia ou algo parecido? A paiaguá foi a nação indígena que mais guerreou, mas eles estavam protegendo suas terras… Entretanto, ainda dou razão aos líderes paiaguás, afinal de contas, aqui era região de domínio deles, nós somos os invasores”.

    A inspiração para a elaboração do projeto partiu de um jogo de dominó. “Se você reparar, as primeiras construções foram feitas tal qual um dominó. Um prédio ligado ao outro. Mas daí, veio o secretário de obras e fez as secretarias separadas. Mas a gente aguenta, o arquiteto tem que aguentar dessas também”, se diverte.

     

  • Cuiabá no período Colonial tinha mais 6 mil habitantes e crescimento marcado pela mineração

    Cuiabá no período Colonial tinha mais 6 mil habitantes e crescimento marcado pela mineração

    Em 1727, o local que conhecemos hoje como a cidade de Cuiabá, era a Villa Real do Senhor Bom Jesus do Cuyabá, que possuía atividades comerciais, culturais, festividades, e grande regulação das  atividades públicas, registrados pelos valiosos documentos históricos que contam as pouco conhecidas histórias do período Colonial. A superintendência do Arquivo Público de Mato Grosso preserva documentos de mais de três séculos que mostram detalhes de como era a vida da população na região.

    Um dos conjuntos de manuscritos importantes da época retrata a compra e a venda de produtos comestíveis como rapadura, farinha, carne seca, e aguardente, revelando os hábitos dos que habitavam a localidade, conta a historiadora e superintendente do Arquivo Público de Mato Grosso, Vanda da Silva. Doutora em História pela Universidade Federal da Grande Dourados, Vanda é pesquisadora sobre história de Mato Grosso Colonial.

    Páginas amareladas pela ação do tempo mostram o controle contábil de negociações de engenhos, que comercializavam para estabelecimentos comerciais, e para o Armazém Real, administrado pelo governo. O armazém abastecia os fortes construídos para defesa na região da fronteira. Em troca, os lavradores locais que forneciam mantimentos ao Armazém recebiam bilhetes com uma espécie de marca de autenticidade, que equivalia à promessa de pagamento futuro.

    “É interessante observar que o governo local era um grande consumidor da produção local, além de comprar os alimentos, ele fazia um controle de preços. O pagamento por esses produtos era com base em bilhetes para pagamento futuro, por conta disso, os lavradores  acabavam circulando os bilhetes que recebiam em troca de outros produtos”, explica a historiadora.
    14570c38 21f5 81d5 50ed 36f780b36d1a?t=1554474310204
    Em%201727,%20o%20local%20que%20conhecemos%20hoje%20como%20a%20cidade%20de%20Cuiab%C3%A1,%20era%20a%20Villa%20Real%20do%20Senhor%20Bom%20Jesus%20do%20Cuyab%C3%A1,%20que%20possu%C3%ADa%20atividades%20comerciais,%20culturais,%20festividades,%20e%20grande%20regula%C3%A7%C3%A3o%20das%20%20atividades%20p%C3%BAblicas,%20registrados%20pelos%20valiosos%20documentos%20hist%C3%B3ricos%20que%20contam%20as%20pouco%20conhecidas%20hist%C3%B3rias%20do%20per%C3%ADodo%20Colonial.%20%20A%20superintend%C3%AAncia%20do%20Arquivo%20P%C3%BAblico%20de%20Mato%20Grosso%20preserva%20documentos%20de%20mais%20de%20tr%C3%AAs%20s%C3%A9culos%20que%20mostram%20detalhes%20de%20como%20era%20a%20vida%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20na%20regi%C3%A3o

    Por conta da necessidade de abastecer os Fortes e a população, há anúncios do governo convocando os moradores a venderem ao Armazém a produção de porcos e toucinho. Na época, a criação de suínos era considerada uma prática urbana comum.

    O crescimento econômico de Cuiabá foi marcado pela força da mineração, mas também pela  agricultura e criação de gado  para abastecimento do mercado.  No entanto, em  vários momentos a produção e a venda de aguardente para a população foi proibida, sob o pretexto de que atrapalharia a produtividade  nas atividades de mineração, conta a pesquisadora.

    Apesar da restrição, houve o surgimento de inúmeras tabernas na região que hoje abriga o Centro Histórico da Capital, como consequência da valorização da bebida no período. A  aguardente  se estabeleceu ainda com um forte papel de moeda de troca. Documentos mostram que até escravos eram negociados em troca da bebida  no Brasil Colonial.

    Festividades

    A vida cultural era agitada na cidade, que recebia diversas festas populares. Os registros apontam que eram comuns festividades em dias de Santo, nascimentos, recepção e morte de membros da realeza. As Exéquias – grandes cortejos que realizados diante do falecimento de pessoas importantes – duravam dias, ocupando as ruas com cavalhadas, missas, teatros de arena, entre outras formas de cortejo.

    “ Isso mostra que não estávamos à margem. Quando você observa as festas, pode concluir que o que estava acontecendo aqui, também acontecia em outras capitanias. Estávamos integrados ao que acontecia no restante do reino ”, avalia a historiadora.

    Observando os diversos registros, é possível perceber que uma comemoração como esta acontecia geralmente mais de quatro meses após o fato, o que mostra ainda o tempo que a informação levava para chegar às cidades mais distantes.

    População de Cuiabá

    Outro documento histórico capaz de mostrar um retrato da sociedade cuiabana na época é o primeiro censo realizado na cidade, cujo manuscrito original é preservado pelo Arquivo Público. Datado de 1890, mostra em detalhes quem residia na localidade, estado civil, religião, nacionalidade, instrução, endereço, raça, sexo e idade. No total, o registro aponta a existência de 6.836 residentes em Cuiabá naquele ano.

    O registro aponta que dois terços da população era considerada analfabeta na época. No segundo distrito da Capital, São Gonçalo, havia 2.861 moradores, conforme o documento. Neste distrito havia 954 pessoas que declararam saber ler, e 1938 analfabetos. Dos que se declararam letrados, apenas 233 frequentaram a escola.

    Regras e leis

    Havia uma forte ação reguladora das atividades dos moradores da Vila durante o período Colonial. Uma coletânea de relatos de 1719 até 1830 mostra como o poder público constituído era responsável pela ordem local. Nos “Annaes do Sennado da Câmara do Cuyabá” é possível saber a maneira com que os antigos vereadores escreviam os acontecimentos mais notáveis do seu tempo. A câmara  era o poder  local  constituído  por  homens, brancos, livres e que possuíam grande patrimônio.

    Praticamente tudo era regulado pela instituição. Havia a criação de parâmetros de pesos e medidas para comércio de alimentos, a figura do “arruador” era descrita como o responsável pela abertura de novas ruas na cidade, a concessão de terras sesmarias, e até normas para a vestimenta local.

    A transcrição dos documentos foi publicada pela superintendência do Arquivo Público em  parceira com a Editora Entrelinhas  em 2007, e pode ser acessada na íntegra por aqui.

    Arquivo Público

    Os documentos que retratam o  período Colonial em Mato Grosso  estão sob a guarda da superintendência do Arquivo Público de Mato Grosso, que faz parte da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). O Arquivo ocupa papel de destaque em enquanto gestora dos documentos permanentes, e de valor histórico, produzidos pelo Poder Executivo Estadual.

    Para consultas ao acervo pelo público geral o horário de atendimento ao público é das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda à sexta-feira. O prédio fica localizado na Av. Getúlio Vargas, 451, Centro de Cuiabá.