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  • Pesquisa mostra desigualdade racial no mercado de trabalho em Mato Grosso

    Pesquisa mostra desigualdade racial no mercado de trabalho em Mato Grosso

    O mercado de trabalho em Mato Grosso, estado com a maior população negra da região Centro-Oeste, enfrenta desafios significativos no combate à desigualdade racial.

    De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, no segundo trimestre de 2024, 67,8% dos habitantes do estado se autodeclararam negros.

    Apesar de representarem a maioria dos trabalhadores ocupados, informais ou desempregados, essa população sofre com salários até 50% menores do que a média estadual, conforme aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

    A informalidade também afeta desproporcionalmente os negros, especialmente as mulheres. Esses dados revelam que a desigualdade não se limita a diferenças de rendimento, mas reflete uma estrutura de exclusão histórica e social que persiste no Brasil.

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    Com o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, surge a oportunidade de reflexão e ação para enfrentar essas disparidades, promovendo justiça e inclusão. Veja os detalhes abaixo.

    Desigualdade no mercado de trabalho em Mato Grosso

    A informalidade é outro desafio importante.
    A informalidade é outro desafio importante.

    Com uma população negra que constitui 67,8% dos habitantes, Mato Grosso é o estado do Centro-Oeste com maior proporção de negros. Apesar disso, os trabalhadores negros enfrentam uma série de desigualdades.

    Dados do Dieese mostram que as mulheres negras ocupadas no estado têm um rendimento médio mensal de R$ 2.527, enquanto os homens negros recebem R$ 3.336. Esses valores estão, respectivamente, 48,2% e 31,7% abaixo do rendimento médio estadual.

    A informalidade é outro desafio importante. Cerca de 39,1% das mulheres negras ocupadas e 36,6% dos homens negros trabalham sem carteira assinada, refletindo a precarização das condições de trabalho.

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    Comparando-se com outros estados do Centro-Oeste, Mato Grosso tem a maior proporção de negros, superando Goiás (63,6%), Distrito Federal (60,9%) e Mato Grosso do Sul (57,3%). Apesar disso, a desigualdade racial segue um padrão nacional.

    Desigualdade estrutural no Brasil

    Em nível nacional, a situação não é diferente. Segundo o levantamento do Dieese, trabalhadores negros ganham, em média, 40% menos que os não negros. Mesmo aqueles com ensino superior recebem 32% a menos em comparação aos demais com o mesmo nível de instrução. Ao longo da vida laboral, os negros acumulam um déficit salarial de R$ 899 mil em relação aos não negros, número que chega a R$ 1,1 milhão para aqueles com ensino superior.

    Além disso, a sub-representação em cargos de liderança e profissões mais bem remuneradas é evidente. Apenas 1 em cada 48 homens negros ocupa cargos de liderança, enquanto entre os não negros a proporção é de 1 para 18. Nas 10 ocupações com os menores rendimentos, os negros representam 70% dos trabalhadores. Entre as mulheres negras, a desigualdade se agrava: muitas trabalham como empregadas domésticas sem registro formal, recebendo rendimentos médios R$ 461 abaixo do salário mínimo.

    Dia da Consciência Negra e a busca por inclusão

    O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, destaca a necessidade de combater as disparidades históricas enfrentadas pela população negra no Brasil. Segundo o Dieese, essas desigualdades têm raízes na escravidão e se mantêm vivas na estrutura social e no mercado de trabalho.

    O boletim especial divulgado nesta data reforça a urgência de implementar políticas públicas e ações afirmativas que promovam a inclusão e a igualdade de oportunidades.

    “As estatísticas socioeconômicas do Brasil mostram que, historicamente, a situação das pessoas negras é pior do que a do restante da população. É um resquício da escravidão que, mesmo reconhecido, se mantém na sociedade”, afirmam os pesquisadores do Dieese. Para que a realidade mude, é essencial que governos, empresas e a sociedade em geral assumam um compromisso com a justiça social e a promoção de oportunidades iguais para todos.

  • Ministério Público de Mato Grosso adere a campanha nacional de combate ao racismo

    Ministério Público de Mato Grosso adere a campanha nacional de combate ao racismo

    Quantas pessoas negras em cargos de liderança você conhece? Essa pergunta, direta e reflexiva, é o ponto de partida de uma importante campanha de combate ao racismo institucional promovida pelo Ministério Público Brasileiro, lançada no dia 19 de novembro.

    A iniciativa, articulada pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), conta com a participação de estados como Bahia e Mato Grosso, destacando a urgência do debate sobre desigualdade racial no Brasil.

    De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mercado de trabalho brasileiro ainda reflete profundas desigualdades étnico-raciais, funcionando muitas vezes como um espaço de reprodução da exclusão.

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    A campanha, que se insere nas atividades do “Novembro Negro”, reforça que “não existe igualdade sem oportunidade” e busca conscientizar a sociedade sobre a importância da diversidade étnico-racial nos espaços de decisão e poder. Por meio de peças publicitárias como VTs, spots e outdoors, a ação também visa mobilizar a população contra a “violência silenciosa” que impede a ascensão de pessoas negras a posições de liderança e melhores salários.

    Até o dia 30 de novembro, a campanha será amplamente divulgada em plataformas digitais, rádios, TVs e outros meios, reforçando a mensagem de que a diversidade é um elemento indispensável para uma sociedade mais justa e igualitária. Confira abaixo a realidade de Mato Grosso, estado que lidera em concentração de pessoas negras no Centro-Oeste, e como a campanha contribui para o combate ao racismo.

    Realidade de Mato Grosso e combate ao racismo institucional

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    Mato Grosso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui a maior concentração de pessoas negras na região Centro-Oeste, representando 65,9% da população estadual. No entanto, apesar de sua representatividade, os dados refletem a desigualdade nos espaços de poder.

    No Ministério Público Estadual de Mato Grosso (MPMT), apenas 27,69% dos integrantes se autodeclaram negros, sendo 2,89% pretos e 24,80% pardos.

    Entre os membros do Ministério Público, como promotores e procuradores de Justiça, o cenário é ainda mais restrito: dos 96 profissionais que se autodeclaram negros, 34,58% são pardos e apenas 1,50% são pretos.

    Esse levantamento, realizado em agosto do ano passado, reforça a importância de ações como a campanha do Ministério Público Brasileiro para ampliar a diversidade racial nos cargos de liderança.

    Diversidade étnico-racial e igualdade de oportunidades

    A campanha promovida pelo Ministério Público não apenas chama atenção para as desigualdades estruturais, mas também busca fomentar o debate sobre a necessidade de igualdade de oportunidades.

    A frase “não existe igualdade sem oportunidade” evidencia que a luta contra o racismo institucional passa por garantir acesso e inclusão em todos os níveis da sociedade.

    Com a participação de estados como Mato Grosso, a campanha destaca que a mudança começa com a conscientização e a mobilização coletiva.

    Além disso, ela incentiva instituições públicas e privadas a reverem suas práticas, promovendo ambientes mais inclusivos e representativos. A valorização da diversidade é essencial para o avanço social e econômico, contribuindo para a construção de um país mais justo para todos.

  • Empreendedores negros impulsionam a economia de Mato Grosso

    Empreendedores negros impulsionam a economia de Mato Grosso

    Uma pesquisa realizada pelo Sebrae/MT sobre a economia de Mato Grosso revelou que 61% dos pequenos negócios locais são liderados por afrodescendentes, com uma representatividade marcante em setores essenciais da economia.

    O levantamento, que abrangeu 142 municípios, trouxe dados significativos, como a formalização de 91% dessas empresas e a expressiva presença de empresários com ensino médio ou superior completos (81%).

    A pesquisa também destacou a sólida trajetória desses negócios: 50% possuem mais de seis anos de atuação, consolidando a força do empreendedorismo negro no estado.

    Os setores de comércio e serviços concentram a maior parte dessas empresas, com destaque para áreas como vendas, automotivo e construção. Além disso, práticas sustentáveis, como economia de recursos e coleta seletiva, têm sido adotadas por 40% dos empreendedores, demonstrando um compromisso crescente com a sustentabilidade.

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    Esses resultados mostram que, mesmo diante de desafios históricos, os afrodescendentes estão transformando oportunidades em realidades concretas e contribuindo significativamente

    Afrodescendentes e a economia de Mato Grosso

    91% dos negócios liderados por afrodescendentes possuem CNPJ.
    91% dos negócios liderados por afrodescendentes possuem CNPJ.

    De acordo com o Sebrae/MT, os negros e pardos representam a liderança de 61% dos pequenos negócios no Estado, com uma divisão de 61% homens e 39% mulheres entre os proprietários.

    Essa distribuição reflete a crescente presença feminina no empreendedorismo, que também busca ampliar sua representatividade no mercado, ampliando a economia de Mato Grosso.

    Outro dado que chama atenção é o alto índice de formalização: 91% dos negócios liderados por afrodescendentes possuem CNPJ.

    Essa formalidade possibilita maior acesso a financiamentos, programas de qualificação e parcerias, contribuindo para a longevidade das empresas. O levantamento revelou ainda que metade desses negócios possui mais de seis anos de atuação, destacando a estabilidade e maturidade de seus gestores no mercado.

    Setores de destaque e sustentabilidade

    O levantamento sobre empreendedorismo por raça-cor com foco no segmento dos que se autodeclaram negros
    O levantamento sobre empreendedorismo por raça-cor com foco no segmento dos que se autodeclaram negros

    Os setores de comércio e serviços lideram o ranking de atividades dos afrodescendentes empreendedores em Mato Grosso. Entre as áreas mais populares estão vendas, construção civil e o segmento automotivo.

    Essa diversificação mostra que esses empresários estão explorando diferentes nichos, atendendo às demandas locais e impulsionando a economia do Estado.

    A sustentabilidade também é uma característica marcante desses empreendimentos. Práticas como economia de água e luz e a adoção de coleta seletiva são aplicadas por 40% dos negócios, refletindo a preocupação com o meio ambiente e a eficiência dos recursos. Essa postura sustentável fortalece a imagem das empresas e promove um impacto positivo nas comunidades.

     

  • Quem foram os negros que fizeram história em Mato Grosso?

    Quem foram os negros que fizeram história em Mato Grosso?

    A história de Mato Grosso é intrinsecamente ligada à luta e à resistência dos povos negros. Desde a época da escravidão, negros e negras moldaram a cultura, a sociedade e a economia do estado. Nomes como Tereza de Benguela, que liderou o Quilombo do Quariterê, um dos maiores do Brasil, e Jéjé de Oyá, ícone das festas da alta sociedade cuiabana, são apenas alguns exemplos da rica história negra mato-grossense.

    Seus feitos, muitas vezes silenciados, são fundamentais para compreender a formação do estado e inspiram as novas gerações a seguirem seus passos na luta por igualdade e justiça.

    Pessoas negras em Mato Grosso

    A contribuição dos negros para a cultura mato-grossense é inegável. Danças como o Siriri e o Cururu, que fazem parte do patrimônio cultural do estado, carregam fortes influências africanas.

    A culinária, a música e a religiosidade também foram profundamente marcadas pela presença negra. Apesar dos desafios enfrentados ao longo da história, os negros mato-grossenses construíram um legado de resistência e resiliência, que continua a inspirar e a transformar a sociedade.

    Quem foram os negros que fizeram história em Mato Grosso

    Para comemorar a trajetória de cada uma dessas personalidades inspiradoras, comemorando o dia da Consciêna Negra, a redação do CenárioMT homenageia de forma simbólica, contando as histórias de algumas dessas pessoas que mudaram a trajetória do Estado.

    Tereza de Benguela

    Tereza de Benguela
    Tereza de Benguela

    No coração do Pantanal, onde a natureza se mostra em sua exuberância mais selvagem, viveu uma mulher que desafiou os limites da época e se tornou um símbolo de resistência: Tereza de Benguela.

    Líder do Quilombo do Quariterê, o maior do Mato Grosso, ela governou com sabedoria e coragem, construindo uma sociedade livre em meio à escravidão.

    Sua história, marcada por batalhas, estratégias militares e uma profunda conexão com a terra, nos inspira a buscar a liberdade e a justiça, mesmo diante das maiores adversidades.

    Zé Bolo Flô

    Zé Bolo Flô
    Zé Bolo Flô

    Poeta que vendia bolos no centro de Cuiabá e recitava suas poesias para as donas de casa. Era semianalfabeto, mas os alunos do Liceu Cuiabano o ajudavam a escrever.

    Morreu no hospital psiquiátrico Adalto Botelho, considerado louco, com pouco mais de 50 anos. Em sua homenagem, foi criado o Parque Estadual Zé Bolo Flô.

    Jéjé de Oyá

    Jéjé de Oyá
    Jéjé de Oyá

    Colunista que fez sucesso nas grandes festas da alta sociedade de Cuiabá. Era famoso por suas roupas coloridas, com referências africanas, e humor ácido.
    Faleceu em 2016 e um ano após a sua morte foi nomeado pelo governo do estado como o Patrono do Colunismo Social em Mato Grosso.

    Maria Taquara

    Maria TaquaraFoto: Carlos Palmeira/ G1
    Maria Taquara Foto: Carlos Palmeira/ G1

    Em meio ao tradicionalismo de Cuiabá, Maria Taquara se destacou como um símbolo de empoderamento feminino.

    Ao ousar usar calças em uma época em que as mulheres eram submetidas a rígidos padrões de comportamento, ela desafiou as convenções sociais e inspirou outras mulheres a buscarem sua liberdade.

    Sua imagem, imortalizada em uma estátua no centro da cidade, é um lembrete constante de que a luta por igualdade é um processo contínuo.

    Mãe Bonifácia

    Foto: Helena Corezomaé
    Mãe Bonifácia Foto: Helena Corezomaé

    Mãe Bonifácia é um nome que ecoa na história de Cuiabá, representando um símbolo de resistência, solidariedade e força feminina.

    Embora os detalhes de sua vida sejam um tanto nebulosos, envoltos em lendas e mitos, sua figura se tornou icônica na cidade, sendo homenageada com um parque estadual que leva seu nome.

    As informações sobre Mãe Bonifácia são dispersas e muitas vezes contraditórias. Algumas fontes a descrevem como uma escrava, outras como uma mulher livre, e ainda há quem a veja como uma curandeira. O que se sabe com certeza é que ela era uma figura respeitada e querida em Cuiabá, especialmente entre os mais necessitados.

    Dona Eulália

    Dona Eulália
    Dona Eulália

    Nascida em 13 de janeiro de 1934, em Cuiabá, Dona Eulália desde jovem demonstrou um amor pela cozinha. Sua jornada profissional começou de forma humilde, preparando bolinhos de arroz em casa para complementar a renda da família. Com o tempo, seus quitutes ganharam fama, e ela decidiu transformar sua paixão em negócio.

    Em 1956, Dona Eulália começou a vender seus famosos bolinhos de arroz, conquistando o paladar dos cuiabanos com sua receita especial. A fama se espalhou rapidamente, e em pouco tempo ela se tornou uma referência na culinária local.