Categoria: SAÚDE

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  • SES realiza campanha de combate e prevenção à hanseníase

    SES realiza campanha de combate e prevenção à hanseníase

    A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) inicia 2019 com a campanha Janeiro Roxo para conscientizar a população quanto a hanseníase, aproveitando o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, lembrado no último domingo do mês de janeiro (27.01). Esta doença tem cura, mas se não for diagnosticada e tratada em tempo pode provocar sequelas irreversíveis.

    Esse ano a SES aborda o tema do “Autocuidado”, visando auxiliar a população para conhecer seu próprio corpo e detectar as mudanças que podem acontecer devido à doença. “As técnicas do autocuidado são simples, como inspecionar e hidratar bem a pele devido o ressecamento que a doença causa, mas para que intercorrências não ocorram é importante que o paciente faça o tratamento corretamente”, explicou o coordenador estadual do Programa de Controle da Hanseníase, Cícero Fraga Melo.

    No Estado existem dois grupos de apoio voltados para ajudar os pacientes em tratamento, um em Várzea Grande e outro em Alta Floresta. “Em Alta Floresta são realizadas reuniões periódicas com atividades laborais, palestras com psicólogos, enfermeiros e fisioterapeutas com vários temas”, explicou o Fisioterapeuta André Luiz Brito, criador do 1º grupo de autoajuda.

    O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase, atrás apenas da Índia. Por ano, são registrados perto de 30 mil casos da doença. Para combater a enfermidade, Mato Grosso lançou no final de janeiro do ano passado o Plano Estadual de Enfrentamento da Hanseníase.

    Mato Grosso há alguns anos apresenta nível considerado hiperendêmico para casos de hanseníase e ocupa a primeira posição com as maiores taxas de predominância e incidência da doença no país. Em 2017 a taxa de detecção foi de 105,2/100.000 habitantes com registro de 3.477 casos novos. Na população menor de 15 anos, foram registrados 184 casos novos, com taxa de detecção de 22,5/100.000 habitantes. Neste mesmo ano, 5.478 pessoas estavam se tratando da doença, representando uma prevalência de 16,6/10.000 habitantes.

    De 2017 para 2018, foram registrados 4.201 casos novos da doença, com taxa de detecção de 125,6/100.000 habitantes. Na população menor de 15 anos foram notificados 168 casos novos, com prevalência de 20,6/100.000 habitantes. Encontram-se em registro ativo 5.942 pessoas em tratamento para a hanseníase, o que representa uma prevalência de 17,8/10.000 habitantes.

    Por se tratar de uma doença silenciosa e incapacitante, o diagnóstico precoce, o tratamento e a prevenção são ações prioritárias para bloquear a transmissão e reduzir as deformidades decorrentes da evolução da doença, como também, desconstruir o preconceito que causa discriminação, danos psíquicos, morais e sociais aos doentes e seus familiares.

    A SES por meio de seus representantes nos municípios de Mato grosso estará desenvolvendo ações com objetivo de fortalecer a divulgação do tratamento da hanseníase, além de ajudar a quebrar o preconceito social que ainda existe. Para saber mais sobre a doença acesse o link abaixo

    http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/hanseniase/

  • Deficiente visual, servidor público fala sobre importância da autonomia e autoestima

    Deficiente visual, servidor público fala sobre importância da autonomia e autoestima

    O servidor público Manoel Pinto de Moraes tem uma história de prestação de serviço à população que destaca sua simpatia e competência na superação de uma deficiência física. Nascido em Cuiabá, Manoel perdeu a visão com seis anos de idade por causa de sarampo. Como na época não existia nenhuma instituição de atendimento a deficientes visuais no Estado, seus pais o encaminharam para a capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande – a cidade mais próxima com esse tipo de atendimento. Lá ele pode aprender e ser alfabetizado pelo sistema braile no Instituto Sul-matogrossense para Cegos.

    Mesmo sozinho, sem a família, o pequeno Manoel já fazia idéia de que aquela era uma oportunidade e sempre se sentiu grato por isso. “No dia que meu pai me mandou ele ficou com o coração na mão, mas eu disse a ele que iria aprender e foi o que fiz. E hoje estou aqui dando um retorno pra sociedade”, relata.

    Há 31 anos, Manoel é auxiliar de desenvolvimento econômico do Governo do Estado, tendo iniciado suas atividades na antiga Fundação Cultural, hoje Secretaria de Estado de Cultura. Sempre atuando na Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça, ele é responsável pela catalogação dos livros em braile. Também recebe e orienta os deficientes visuais frequentadores do espaço, com indicação de livros, orientações sobre o braile e principalmente com troca de ideias.

    “Chegam deficientes visuais de vários lugares aqui, do Instituto dos Cegos, de outros municípios, e todos gostam muito de conversar e receber as dicas do Manoel”, conta a também servidora pública Carmem Tereza Costa Carvalho, que trabalha ao lado de Manoel na catalogação dos livros em braile. Quando o livro chega do Ministério da Educação ou de outras instituições que doam à biblioteca, é Carmem que faz a leitura ditando todo o processo da catalogação para o Manuel converter em braile.

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    O acervo de livros para deficientes visuais da Biblioteca Estevão de Mendonça conta com livros didáticos, jurídicos, romances e histórias infantis, dentre outros. Como a biblioteca possui um equipamento de impressão em braile, Manoel e Carmem já conseguiram catalogar 100 livros por dia.

    A Biblioteca oferece ainda curso do sistema braile e o soroban (uma régua utilizada para cálculos matemáticos) a professores de todo o Estado, transformando-os em multiplicadores e possibilitando a inclusão dos estudantes mato-grossenses com deficiência visual. “O Manoel transmite muito bem e os participantes do curso saem lendo e escrevendo em braile”, elogia Carmem.

    Morador do bairro CPA IV, Manoel vai e volta do trabalho todos os dias de transporte público. Atualmente, a biblioteca disponibiliza um auxiliar que o busca e o leva até o ponto de ônibus nas proximidades do Palácio da Instrução – que é onde fica a biblioteca, no centro da capital. Para descer do ônibus, o motorista o avisa quando chega no ponto correto. “Manuel é inteligente, ele sabe se virar. O maior problema é a acessibilidade”, comenta a colega Carmem. “Apesar dos obstáculos para ir e vir, Manoel é esforçado, pontual e presta um serviço essencial à população”.

    AUTONOMIA E AUTOESTIMA

    E o servidor da biblioteca não reclama mesmo de sua cegueira. Em vez disso, se orgulha de enfrentar seus desafios e de conseguir ser exemplo para outras pessoas, deficientes ou não. “Dou  dicas pra familiares de outros cegos, sugiro a melhor forma de alguém me ajudar ao me pegar pelo braço, já teve gente que ensinei na hora o braile”, explica Manoel.

    A descriminação e o preconceito geram atitudes que mais atrapalham. “Há famílias que em vez de incentivar, escondem ou exclui a pessoa deficiente. Tratam como se fosse um coitado. E não é isso. Ele tem condições de viver a vida normalmente.” Para ele, o apoio da família foi fundamental para sua autoestima e autonomia.

    Em sua casa – que divide com a esposa também cega – o que precisa é que tudo esteja sempre no mesmo lugar. “Além dos outros sentidos aguçados, o deficiente visual acaba desenvolvendo um senso de organização apurado”, comenta, acrescentando a importância da bengala como acessório essencial em sua vida.  “Nós deficientes visuais dependemos de nossa bengala, nossa bengala nos orienta”.

    Na Biblioteca Estadual, seu trabalho é elogiado por todos. Colegas e visitantes reconhecem o valioso papel desempenhado pelo servidor para a integração e a independência de outros deficientes visuais à sociedade.  Como ele mesmo diz, ler um livro é uma ótima forma de autonomia. E Manoel ajuda a garantir essa possibilidade a muita gente e tem toda razão de se orgulhar por isso. “Eu sempre gostei do que faço e sempre falo, pois estou servindo a comunidade, ajudando as pessoas que precisam e estou fazendo tudo de coração”, finaliza.

  • Menos de 30% dos inscritos no Mais Médicos se apresentaram em MT

    Menos de 30% dos inscritos no Mais Médicos se apresentaram em MT

    Previsto inicialmente para terminar, ontem (14), o prazo para as inscrições de brasileiros e estrangeiros formados no exterior (sem registro no Brasil) para participação no programa \”Mais Médicos\” foi prorrogado pelo Ministério da Saúde (MS). Em Mato Grosso, das 132 vagas abertas, apenas 30 médicos (22,7%) se apresentaram nos respectivos municípios com toda a documentação exigida.

    De acordo com informações da Secretaria de Estado de Saúde (Ses/MT), do total que já compareceram, 12 já estão homologados no sistema, ou seja, já iniciaram suas atividades e 18 já estão nos municípios e devem iniciar os trabalhos nos próximos dias. Dentre as vagas já homologadas, oito são de Tangará da Serra, município que contava 15 médicos cubanos, além de Cáceres (2), Nova Mutum (2), Chapada dos Guimarães (2), Peixoto de Azevedo (2), Canarana, Confresa, Vila Rica, Várzea Grande, Cotriguacu, Diamantino, Juína, Nova Canaa do Norte, estes últimos com uma vaga. Já com a validação deferida a ser homologada estão outras vagas em Tangará da Serra, Claudia, Distrito Sanitário de Cuiabá, Nova Olímpia, Rondonópolis e Vila Bela da Santíssima Trindade.

    De acordo com o Ministério da Saúde, os candidatos agora terão até o próximo domingo, dia 16 de dezembro, para enviar documentação à pasta federal e, assim, estarem aptos para validação da inscrição no programa. A medida foi tomada devido à picos de instabilidade do site do programa causada pelo grande número de acessos, o que pode ter ocasionado dificuldades no momento da inscrição, segundo o MS.

    Ainda, segundo o Ministério, até esta quinta-feira (13), 6.634 profissionais médicos brasileiros ou estrangeiros formados no exterior completaram a inscrição de participação no Programa Mais Médicos. O processo não precisa ser complementado no mesmo dia. O médico que iniciar o processo tem até 24 horas para finalizar o envio da documentação para validação da inscrição. Ao todo, são 17 documentos, entre eles, o reconhecimento da instituição de ensino pela representação do país onde os profissionais obtiveram a formação.

    Com o novo cronograma, os profissionais com registro (CRM) no Brasil também terão até 18 de dezembro para apresentação nas cidades selecionadas e o começo da atuação deve ser estabelecido junto ao gestor local. O último balanço aponta que 5.352 médicos compareceram ou iniciaram as atividades nas localidades.

    Criado em 2013, o programa “Mais Médicos” ampliou a assistência na Atenção Básica fixando médicos nas regiões com carência de profissionais. O programa conta com 18.240 vagas em mais de 4 mil municípios e 34 DSEIs, levando assistência para cerca de 63 milhões de brasileiros. Anteriormente, boa parte das vagas eram ocupadas por profissionais cubanos. Contudo, em novembro passado, governo de Cuba decidiu deixar de fazer parte do programa, após exigências feitas pelo governo eleito de realização do Revalida pelos profissionais, que é o exame aplicado aos médicos que se formam no exterior e querem atuar no Brasil. Porém, o Ministério da Saúde cubano considerou as exigências feitas pelo governo eleito são “inaceitáveis” e “violam” acordos anteriores.

  • As medidas para evitar a osteoporose

    As medidas para evitar a osteoporose

    A Fundação Internacional de Osteoporose (IOF) recorreu à expressão “tsunami de fraturas” para alertar a população do perigo da osteoporose, que, após os 50, atinge uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens. Exagero? Longe disso. “O quadro é extremamente preocupante”, concorda a médica Marise Lazaretti Castro, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso). “Só no Brasil o número de fraturas deve aumentar seis vezes mais em 2050. Talvez não tenhamos profissionais suficientes para dar conta de tanta fratura”, prevê.

    Em 2015, o Brasil registrou 80,6 mil fraturas de quadril, considerada a mais grave – 57,2 mil em mulheres e 23,4 mil em homens. Para 2040, são esperados 197,7 mil novos episódios, sempre com a ala feminina na dianteira. É um aumento estimado de 245%. Mais: 10 milhões de brasileiros têm osteoporose. No mundo, esse número chega a 200 milhões.

    Na esperança de conter essa avalanche de ossos quebrados, John A. Kanis, professor da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, aperfeiçoou uma espécie de “alerta de tsunami”: a Ferramenta de Avaliação do Risco de Fratura (Frax, em inglês). Criado em 2008, o teste on line, normalmente feito em consultório, ganhou uma nova versão, voltada para países da América Latina, como Brasil, Argentina e Chile.

    “A partir de dados clínicos do indivíduo, como peso, idade e altura, ou do resultado de sua densitometria óssea, a ferramenta calcula a probabilidade de ele sofrer uma fratura em dez anos”, explica o endocrinologista Sérgio Maeda, diretor do Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). “Isso ajuda o médico a identificar os pacientes com maior risco de evoluir para a osteoporose.”

    Para evitar uma quebradeira geral nas vértebras, no fêmur e no quadril, três regiões muito afetadas pela osteoporose, o presidente da IOF, Cyrus Cooper, organizou um relatório com os pontos que demandam atenção, tanto dos profissionais de saúde como do governo e da sociedade. O reumatologista britânico sugere cautela com o uso de remédios que fragilizam os ossos, lista doenças associadas ao quadro e salienta a importância de as pessoas não abandonarem o tratamento.

    Entre as ações de emergência, destaca o Serviço de Atendimento a Fraturas, que segue o modelo britânico das Fracture Liaison Services (FLS) e, no Brasil, já foi implementado em 16 unidades – do Hospital Federal de Ipanema, na capital fluminense, à Policlínica Osvaldo Cruz, em Porto Velho (RO). “Oito em cada dez pacientes que sofrem fratura voltam para casa sem avaliação ou diagnóstico”, lamenta Cooper. “É importante que, em vez disso, eles recebam o tratamento adequado para não correr o risco de novas lesões“, adverte.

    O que é osteoporose
    Os cientistas explicam que as ondas gigantes nascem nas profundezas do mar. Na maioria das vezes, são desencadeadas por erupções vulcânicas ou abalos sísmicos. Mas e o “tsunami de fraturas”? O que leva o esqueleto humano, à medida que envelhece, a ficar mais vulnerável ao arrastão de quedas e quebras? Os fatores se dividem em genéticos e ambientais.

    No primeiro grupo, que está por trás de 60% dos casos, estão pessoas de pele branca, baixas e magras, com histórico de osteoporose na família e déficit na produção de alguns hormônios. No segundo entram sujeitos sedentários, fumantes, com alimentação pobre em cálcio, baixa exposição à luz solar e/ou abuso de bebida alcoólica.

    “A boa notícia é que podemos modificar aquilo que é relacionado ao estilo de vida”, tranquiliza Luiz Jordan Macedo do Amaral, presidente do Comitê de Osteoporose e de Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. “Não há limite de idade para mudar de vida e adotar hábitos mais saudáveis. Mas, quanto mais cedo, melhor.”

    Como saber se eu tenho mesmo osteoporose
    Em sua fase inicial, a doença não tem sintomas – ela é indolor e silenciosa. Por esse motivo, não é pequeno o número de gente que não sente nada até sofrer a primeira fratura. Suspeitas de ossos frágeis e porosos são confirmadas no exame de densitometria óssea, indicado às mulheres acima dos 65 anos e aos homens a partir dos 70. “O exame mede a densidade mineral dos ossos, aferida com base na concentração de cálcio, e a compara com valores de referência, considerando a idade e o sexo do paciente”, explica o médico Marco Rocha Loures, coordenador da Comissão de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

    O resultado pode ser dividido em três categorias: normal, osteopenia e osteoporose. Quando a perda compromete 25% da massa óssea, o diagnóstico é osteoporose. Entre 10 e 25%, osteopenia.

    “Uma das finalidades da densitometria óssea é detectar a redução de massa óssea. Outra é diagnosticar a sarcopenia, nome dado à perda de massa muscular”, esclarece Loures. A propósito, com a idade tanto os ossos quanto os músculos tendem a minguar.

    Aliás, já deu para notar que a osteoporose não é uma doença que atinge só mulheres durante e após a menopausa. Sim, elas estão mais suscetíveis por causa da queda no estrogênio, hormônio que atua como protetor natural dos ossos. Mas os homens não estão livres do problema.

    “A doença é mais comum em mulheres, mas, quando ocorre em homens, é mais grave e a mortalidade, maior”, compara Maeda. Outro mito: osteoporose é doença típica da terceira idade. Que nada! O problema pode atacar, inclusive, adolescentes.

    Há até uma máxima na reumatologia que diz: “A osteoporose é uma doença pediátrica, com consequências geriátricas”. Faz sentido. A prevenção deve começar o mais cedo possível… “De preferência, na infância e na adolescência, quando os ossos ainda estão em formação”, aconselha Maeda.

    Marco Loures vai além. Para o reumatologista, os cuidados com a saúde dos ossos devem ter início ainda na barriga da mãe. “Quando a gestante se alimenta bem, fortalece, desde a vida intraútero, a estrutura óssea do filho”, justifica.

    Por essas e outras, há quem diga que, quando a gente nasce, abre um tipo de caderneta de poupança para o esqueleto. Até os 20 anos, só faz economizar cálcio. Dos 20 aos 25, atinge o patamar máximo. Até os 45, ainda consegue repor o que esbanjou. Mas, dali em diante, o organismo passa a gastar mais do que economiza, gerando em torno de 0,5% de perda óssea ao ano. Em outras palavras: quanto mais o indivíduo poupar na juventude – ingerindo fontes de cálcio, tomando sol, fazendo atividade física… -, menor será o risco de fraturas lá adiante.

    Detectada a osteoporose, o primeiro passo é apurar a quantas anda a alimentação, principalmente em relação à ingestão de cálcio, o elemento mais importante para a formação dos ossos. Dos muitos achados do estudo O Impacto da Osteoporose no Brasil: Dados Regionais das Fraturas em Homens e Mulheres Adultos – The Brazilian Osteoporosis Study (Brazos), realizado com 2 420 cidadãos e publicado em 2010, o que mais surpreendeu Marcelo Pinheiro, professor da Universidade Federal de São Paulo, foi a baixa ingestão de cálcio e vitamina D pela maior parte da população avaliada. “Para um adulto, o consumo ideal de cálcio varia de 1 000 a 1 200 miligramas ao dia. Na época, consumíamos algo em torno de 400 miligramas”, conta. É um número que não parece ter mudado desde então.

    Leite e derivados, como queijo e iogurte, são a principal fonte do nutriente. A título de curiosidade: um copo de 300 ml de leite, integral ou desnatado, oferece 250 mg do mineral. Se o indivíduo tem intolerância à lactose, não tem problema: o médico pode receitar suplementos de cálcio.

    De nada, porém, adianta consumir a quantidade necessária se o corpo não tiver vitamina D suficiente para fixar o nutriente nos ossos. “E a maior fonte de vitamina D é a exposição ao sol, 15 minutos ao dia, das 10 às 16h, sem protetor solar”, detalha Amaral.

    Mas não é só de leite e de sol que o osso precisa. Praticar exercícios físicos, de uma simples caminhada a uma pelada de futebol, é extremamente bem-vindo para driblar a degradação óssea. A explicação é simples: músculos fortes tendem a proteger o esqueleto contra quedas e fraturas.

    O tratamento da osteoporose
    Nem o cálcio nem a vitamina D, por mais importantes que sejam, revertem o processo de desmineralização dos ossos. Diante do diagnóstico de osteoporose, é provável que o médico parta para os remédios – eles costumam ser divididos entre os antirreabsortivos e os anabólicos. “Depois dos 30, o processo de desgaste ósseo é natural. Quem perde osso com uma velocidade maior que o habitual, no entanto, desenvolve osteoporose. Para esses pacientes, existem medicamentos que bloqueiam a perda óssea”, contextualiza Marise Castro, referindo-se, entre outras, à classe dos bisfosfonatos. No caso das mulheres, o tratamento pode englobar, ainda, reposição hormonal.

    Se a osteoporose foi detectada em estágio avançado ou se o indivíduo apresenta múltiplas fraturas, inibir a perda óssea não basta. Para esse perfil, são indicados fármacos como a teriparatida ou o denosumabe, um anticorpo monoclonal que, em estudos recentes, mostrou remineralizar o esqueleto no longo prazo. E duas novas moléculas, ambas da classe dos anabólicos e de nomes cabeludos, estão a caminho. São a abaloparatida, já autorizada pela FDA, a agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, e o romosozumabe, ainda em fase de aprovação.

    Bem, se existem drogas que inibem o desgaste do esqueleto e outras que estimulam a formação de novos ossos, atenção: há remédios que, como efeito colateral, levam à degeneração da estrutura óssea. São os famosos “ladrões de ossos”. Um dos principais, segundo Loures, é o corticoide, usado para tratar uma porção de condições devido à sua atividade anti-inflamatória. Mas a lista é extensa e inclui, entre outros, anticoagulantes, imunossupressores, anticonvulsivos, opiáceos e diuréticos. Na dúvida, consulte o médico.

    “Quando houver a necessidade de prescrever um desses medicamentos, sugiro receitá-los na menor dose possível e por um curto espaço de tempo”, diz o reumatologista. “Caso contrário, é preciso compensar rigorosamente com dieta adequada, atividade física e suplementação”, completa. Para a história não acabar em fratura, todo cuidado é pouco – e o estilo de vida conta muito. O uso consciente dos remédios, somado a boas doses de cálcio, vitamina D e exercícios, compõe a receita para transformar o tsunami previsto em uma marola inofensiva.

    As medidas para evitar a osteoporose
    Banho solar: tome sol por pelo menos 15 minutos ao dia, sem protetor, entre 10 e 16h. Fora dos horários de pico do calor, aumente o tempo de exposição para 20 minutos. Esse hábito é decisivo para obter a vitamina D.

    Dá-lhe lácteos: o ser humano precisa, em média, de 1 000 miligramas de cálcio diariamente. E não há melhor fonte do que o leite e seus derivados – prefira as versões com menos gordura para não prejudicar o peso e o coração.

    Suor na camisa: o sedentarismo favorece a perda óssea. Entre os exercícios mais recomendados estão caminhada, corrida, pilates, bike e ginástica. Se não houver contraindicação, dá para jogar vôlei, futebol, basquete…

    Xô, cigarro: nicotina prejudica os ossos. Tanto é que uma em cada oito fraturas de quadril em mulheres está relacionada ao tabagismo. Álcool demais também está ligado a uma ossatura frágil.

    O checkup: mulheres a partir dos 65 e homens depois dos 70 devem fazer densitometria óssea uma vez ao ano. Esse é o principal exame para detectar se os ossos estão porosos – e de quebra acusar se há perda expressiva de massa muscular.

    Casa segura: esse recado vale sobretudo na presença da osteoporose: para evitar quedas, retire os tapetes; à noite, deixe sempre uma luz acesa por perto; e, no banheiro, bote piso antiderrapante e barras no box.

  • Projeto obriga Estado a fornecer medicamentos para tratamento do tabagismo

    Projeto obriga Estado a fornecer medicamentos para tratamento do tabagismo

    A Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da Assembleia Legislativa deve se posicionar, nos próximos dias, sobre projeto de autoria do deputado Romoaldo Júnior (PMDB) que dispõe sobre medicamentos e tratamentos indicados nos casos de distúrbios correlatos, para a população em geral, portadora de dependência química advinda do tabagismo e dá outras providências.

    A matéria prevê que o Poder Executivo seja obrigado a implantar na rede de saúde pública, o fornecimento gratuito de medicação e tratamento especializado de distúrbios para a população em geral, portadora de dependência química causadas pelo tabagismo, desde que a dependência ao tabaco seja diagnosticada por uma junta médica e apresentados exames médicos comprobatórios.

    De acordo com a proposta, o fornecimento deve ser gratuito permanente e contínuo e além do fornecimento gratuito de medicação para o tratamento destes distúrbios, os pacientes receberão, também, orientação nutricional, psicológica e psiquiátrica, através de especialistas aptos para sua implementação. A distribuição se dará através do Sistema Único de Saúde – SUS.

    tratamento contra tabagismo e pautado em avaliacao comportamental explica pneumologista
    O tabagismo é uma doença crônica que afeta aproximadamente 10% da população brasileira – Foto por: Assessoria | SES/MT

    Ao justificar a proposta, o parlamentar lembrou que o tabagismo é uma dependência química; uma doença crônica progressiva e que afeta pessoas de qualquer idade, raça, cor, e nível sócio econômico ou intelectual. E, o consumo de tabaco é uma pandemia que afeta a comunidade em áreas importantes como Educação, Segurança e Saúde. O

    O consumo de cigarros em escala mundial é tão alarmante que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o tabagismo uma epidemia de graves consequências para a saúde pública. O tabagismo é principal fator de risco evitável de morte e provoca 4,9 milhões de mortes todos os anos. A perspectiva da OMS é de que em 2030 esse número chegue a 10 milhões de mortes por ano — o que nos mostra que, se atitudes não forem tomadas, o número de óbitos duplicará.

    No Brasil, o tabagismo é responsável pela morte de 23 pessoas por hora; 25% das mortes causadas por doenças coronarianas; 85% por bronquite e enfisema; 90% dos casos de câncer de pulmão (sendo que um terço desse número é formado por fumantes passivos); 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer e 25% de doenças vasculares. Um em cada dois fumantes tem morte prematura e um em cada quatro fumantes apresenta perda de 25 anos de vida. Outros tipos de câncer relacionados com o uso do cigarro são: câncer de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero.

    “Esses pacientes necessitam ser especialmente assistidos para que possam desenvolver regularmente suas atividades, sem que os sintomas perversos reduzam a capacidade de viver de maneira digna”, defende Romoaldo. Para ele, a ampla distribuição de tais medicamentos, além de dar efetividade a um direito básico da cidadania, desonerará, a médio prazo, o Sistema Público de Saúde com relação aos custos com procedimentos cirúrgicos, reabilitação e afastamentos do trabalho e aposentadorias precoces.

    No entendimento dele, os altos preços praticados na comercialização de medicação necessária no tratamento de fumantes impedem sua aquisição pela esmagadora maioria da população e “disponibilizar esta medicação através do Sistema Único de Saúde é questão de saúde pública, evitando que homens e mulheres venham a óbito, já que o tratamento em clínicas de saúde particulares, chega a custar uma média de mais de R$ 1 mil/mês”.