Categoria: MUNDO

  • Alto nível de alfabetização facilita tarefas no mundo digital

    Alto nível de alfabetização facilita tarefas no mundo digital

    Pessoas com níveis mais altos de compreensão de leitura e escrita têm menos dificuldade para realizar tarefas no ambiente digital, como comprar um par de tênis online, trocar mensagens, enviar fotos ou preencher formulários na internet. Mesmo assim, entre aqueles considerados alfabetizados proficientes, quase a metade, 40%, apresenta médio ou baixo desempenho digital.

    Os dados são do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado nesta segunda-feira (5). A pesquisa mapeia as habilidades de leitura, escrita e matemática dos brasileiros. Este ano, pela primeira vez, o Inaf traz dados sobre o alfabetismo no contexto digital para compreender como as transformações tecnológicas interferem no cotidiano.

    O Inaf classifica as pessoas conforme o nível de alfabetismo com base em teste aplicado a uma amostra representativa da população. Os entrevistados  são distribuídos em cinco níveis: analfabeto,  rudimentar, elementar, intermediário e proficiente.

    Para medir o alfabetismo digital, as pessoas foram convidadas a realizar algumas tarefas no celular, entre elas comprar um par de tênis a partir de um anúncio publicitário em uma rede social e se inscrever em um evento por meio de formulário online. Com base nas respostas foram classificadas em três níveis: baixo, médio ou alto.

    Os resultados mostraram que quase todos os analfabetos, 95%, estão no nível baixo, ou seja, conseguem realizar apenas um número limitado de tarefas no contexto digital.

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    No nível elementar, a maioria, 67%, está no nível médio de alfabetismo digital. Para 17% dos alfabetizados nesse patamar, o ambiente digital ajuda em suas tarefas. Mas, para 18% dos alfabetizados em nível elementar, o digital traz, na verdade, desafios adicionais.

    No nível mais alto, o proficiente, 60% estão no nível alto de alfabetização digital. Mesmo nesse nível, 37% estão no nível de desempenho digital médio e 3%, no baixo.

    Segundo a coordenadora do Observatório Fundação Itaú, Esmeralda Macana, as habilidades digitais não são supérfluas, mas são importantes para que as pessoas estejam inseridas na sociedade.

    “Para mim, foi um alerta de que a gente vai precisar fazer formações para que as pessoas se apropriem dessas formas mais tecnológicas, porque o mundo está cada vez mais digital. A gente já acessa serviços digitais como Pix, como marcar uma consulta médica. Acessar inclusive os programas de transferência de renda, de carteira de trabalho, documentos, identidade. Então, tudo é por meio digital. Se uma pessoa não tem essa habilidade para poder minimamente ter esse acesso, a políticas públicas inclusive, então, é muito preocupante”, diz.

    Segundo a pesquisa, considerando a idade, os mais jovens são aqueles que se situam no nível mais alto de desempenho digital, com maior número de acertos no teste proposto, especialmente aqueles entre 20 e 29 anos (38% no nível alto) e, em seguida, aqueles entre 15 e 19 anos (31%).

    Segundo o coordenador da área de educação de jovens e adultos da Ação Educativa, Roberto Catelli, as desigualdades identificadas na educação e na alfabetização são replicadas quando se trata do desempenho digital. Então, não se pode focar apenas em um letramento digital.

    “Acho que um uma constatação, mais do que uma descoberta, mas importante, é que não adianta a gente ficar achando que só o mundo digital vai ser a solução para todos. Ao contrário, na verdade, o que fica evidente é que as mesmas desigualdades para aqueles que não que têm baixa escolaridade se reproduzem no contexto digital, porque também são pessoas que vão ter menos acesso”, diz.

    Inaf

    O Inaf voltou a ser realizado depois de seis anos de interrupção. Esta edição contou com a participação de 2.554 pessoas de 15 a 64 anos, que realizaram os testes entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, em todas as regiões do país, para mapear as habilidades de leitura, escrita, matemática e digitais dos brasileiros. A margem de erro estimada varia entre dois e três pontos percentuais, a depender da faixa etária analisada considerando um intervalo de confiança estimado de 95%.

    O estudo foi coordenado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social. A edição de 2024 é correalizada pela Fundação Itaú, em parceria com a ⁠Fundação Roberto Marinho, ⁠Instituto Unibanco, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

  • Papamóvel será transformado em unidade de saúde para crianças em Gaza

    Papamóvel será transformado em unidade de saúde para crianças em Gaza

    O veículo utilizado pelo papa Francisco, popularmente conhecido como papamóvel, será transformado de forma que possa servir como uma unidade de saúde móvel para atender crianças na Faixa de Gaza. De acordo com o Vaticano, a adaptação foi um pedido feito pelo próprio pontífice.

    Em nota, a Santa Sé destacou que o legado de paz deixado por Francisco “continua a brilhar” em um mundo assolado por conflitos. “A proximidade que ele demonstrou aos mais vulneráveis ​​durante sua missão terrena continua irradiando mesmo após sua morte”, completou. O 266º papa, e o primeiro das Américas, morreu no último dia 21 de abril.

    “Foi seu último desejo para um povo a quem demonstrou tanta solidariedade ao longo do seu pontificado, sobretudo ao longo dos últimos anos”, destacou o Vaticano. De acordo com o comunicado, o pedido foi feito já em meio aos últimos meses de vida de Francisco, que confiou a iniciativa à organização humanitária Caritas Jerusalém.

    “Em meio à guerra terrível, à infraestrutura em colapso, a um sistema de saúde mutilado e à falta de educação, as crianças são as primeiras a pagar o preço, com a fome, as infecções e outras doenças evitáveis ​​colocando suas vidas em risco”, ressaltou a Santa Sé.

    “Papa Francisco costumava dizer: ‘Crianças não são números. São rostos. Nomes. Histórias. E cada uma delas é sagrada’ e, com este último presente, suas palavras se tornaram ações.”

    Ainda segundo o Vaticano, o papamóvel está sendo adaptado com equipamentos para diagnóstico, exame e tratamento – incluindo testes rápidos para infecções, instrumentos de diagnóstico, vacinas, kits de sutura e outros suprimentos considerados vitais para manter a saúde de crianças em zonas de conflito.

    A equipe que utilizará o veículo em Gaza será composta por médicos e paramédicos, “que alcançarão crianças aos cantos mais isolados de Gaza assim que o acesso humanitário à faixa for restabelecido”, concluiu o comunicado.

  • Coletivo do Bixiga quer resgatar e valorizar história afrobrasileira

    Coletivo do Bixiga quer resgatar e valorizar história afrobrasileira

    O coletivo Negros do Bixiga realizou nesse sábado (3), em São Paulo, mais uma edição do passeio que aproxima participantes de pessoas e locais fundamentais para a memória e para sustentar a pulsação vigorosa da cultura negra da região. A rota de afroturismo tem dez paradas, dura aproximadamente cinco horas e começou a ser trilhada em 2018.

    Conforme explicou à Agência Brasil o idealizador do projeto, Wellinton Souza, a região em que o Bixiga fica é chamada oficialmente de Bela Vista. Mas, quando alguém utiliza o nome Bixiga está subjacente o vínculo afetivo que mantém com o lugar. “Bixiga é um nome de pertencimento”, sintetiza ele.

    O curador ressalta que a iniciativa gera um debate importante: o de que nem sempre o termo periferia se refere a uma localidade distante do centro da cidade, podendo remeter à falta de garantia de direitos básicos. Souza lembra que a fundação do Bixiga coincide com a história do Quilombo Saracura, algo que voltou à tona recentemente, de forma mais intensa, com a necessidade de preservação diante dos danos que as obras da Linha 6 – Laranja do metrô poderiam ocasionar.

    Morador do Bixiga há 17 anos, Souza observa que, permitindo que pessoas de fora de São Paulo compreendam que o discurso prevalecente é de que a região é associada à imigração italiana, perspectiva que o afroturismo busca transformar. “É mais bonito e mais vendável contar a história branca”, critica.

    Favelização

    Outro exemplo de apagamento existente na capital, bastante conhecido, é o do processo de favelização da comunidade de Paraisópolis, que vive na penúria ao lado do bairro Morumbi, de classes média e alta.

    Uma segunda comparação comum é a da tentativa de destruição do passado das populações negra e indígena que viveram escravizadas e deixaram sua marca no bairro da Liberdade. Também localizado na zona central da cidade, o bairro é fortemente identificado como um endereço da cultura japonesa.

    “Lá a história negra ficou apagada, abafada. No Bixiga, isso também acontece, mas não com as pessoas que moram no bairro. Esse apagamento histórico não é feito por pessoas que moram no Bixiga, mas por conta da sociedade. Pessoas que não conhecem o bairro, que vêm de fora, até mesmo de outros bairros de São Paulo, conhecem por ser um bairro italiano, um bairro branco, não por ser um bairro negro. É um universo paralelo, um multiverso, quando você vem para um restaurante italiano, para a Achiropita, e quando você vem para um ensaio da [escola de samba] Vai-Vai, um samba do bairro”, afirma.

    “São coisas diferentes, o público é diferente, a história que é contada é diferente, as narrativas são outras, o pertencimento é outro”, acrescenta.

    Também em 2018, os integrantes do projeto engrenaram a produção de um documentário com diversas figuras importantes para narrar essas histórias sobre o Bixiga, trabalho que se estende até os dias de hoje.

    Uma pessoa que contribui com seus relatos é uma mulher de 83 anos que recupera recordações da Pastoral Afro da Paróquia da Nossa Senhora Achiropita, a primeira pastoral afro do Brasil, segundo Souza.

    “Essa produção audiovisual não é para falar do bairro, é para falar das pessoas. Mas, como a pessoa tem uma ligação muito afetiva com o bairro, acaba falando dele de uma forma diferente”, diz.

    Outra fonte de importantes reminiscências, também abordada no contexto de uma “oralidade que não está presente no livro da história e não é ensinada”, é um musicista que morou em pensões e mencionou que a rua Santa Madalena foi, outrora, caracterizada por um conjunto de cortiços, algo que talvez não se imagine ao se ver os prédios que o substituíram. Desse modo, destaca Souza, é que o coletivo vai juntando valiosos retalhos, recortes históricos de diversas épocas.

    Para este domingo (4), o coletivo organizou uma conversa com a escritora, artesã, professora e pedagoga Maria Aline Soares. O tema foi a literatura e o território como lugar de afirmação e memória negra. O evento teve início às 15h, na Livraria Simples.

  • Famílias de renda média vão ter taxas de juros mais baixas para crédito habitacional

    Famílias de renda média vão ter taxas de juros mais baixas para crédito habitacional

    O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou na quarta-feira (30/4), duas propostas do Ministério da Fazenda, em conjunto com o Ministério das Cidades, a fim de regulamentar medidas para ampliar o acesso ao crédito habitacional a famílias de renda média, promover maior isonomia entre fontes de financiamento e garantir taxas de juros mais baixas para esse público.

    As medidas envolvem alterações normativas para viabilizar as operações com utilização de recursos do Fundo Social para financiamento habitacional da Faixa 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV); e a aplicação das mesmas tarifas incidentes sobre operações com recursos do FGTS quando houver combinação de recursos do fundo com recursos próprios de Instituição Financeira no âmbito do novo Programa Classe Média.

    Fundo Social

    A proposta regulamenta as condições financeiras das operações de crédito habitacional com recursos do Fundo Social para famílias da Faixa 3 do PMCMV (renda entre R$ 4.700,01 e R$ 8.600,00). A medida busca replicar, para os mutuários, as condições praticadas atualmente com recursos do FGTS, incluindo a taxa de juros nominal de 8,16% ao ano + TR aplicadas nessa faixa, com desconto de 0,5 ponto percentual para cotistas do FGTS.

    O objetivo é garantir isonomia no acesso ao crédito habitacional nas condições do PMCMV, independentemente da fonte dos recursos.

    Regras tarifárias

    Essa medida permite a aplicação das mesmas tarifas estabelecidas para uso de recursos do FGTS em operações do novo Programa Classe Média, destinado a famílias com renda de até R$ 12 mil mensais.

    Esse programa combina recursos do FGTS com captações próprias das instituições financeiras (como poupança e LCI), permitindo a oferta de crédito a taxas mais competitivas do que as atualmente praticadas e, com o aporte de recursos do FGTS, também permitirá ampliar o crédito habitacional disponível para esse público.

    A alteração garante que, mesmo com o uso de recursos combinados, as tarifas cobradas sejam as mesmas das operações típicas com recursos do FGTS, garantindo igualdade de condições, indiferente da fonte de recursos, sendo um passo necessário para o início da operacionalização do programa.

    Impactos

    As propostas reforçam o compromisso do Governo Federal com a redução do déficit habitacional e com a melhoria das condições de crédito para famílias de renda média, por meio de um modelo eficiente, justo e acessível. Ao assegurar previsibilidade, equilíbrio regulatório e combinação de fontes de recursos, as medidas também promovem maior dinamismo ao setor da construção civil.

    CMN

    O CMN é um órgão colegiado presidido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e composto pelo presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

  • Cursinho popular tem até 6 de maio para inscrição em programa do MEC

    Cursinho popular tem até 6 de maio para inscrição em programa do MEC

    O prazo para os cursinhos populares e comunitários inscreverem suas propostas para a Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP) termina às 18 horas (no horário de Brasília) desta terça-feira (6).

    Conforme edital lançado em abril pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), serão selecionadas até 130 instituições que preparam gratuitamente estudantes para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e para outros vestibulares de ingresso no ensino superior.

    Terão prioridade na seleção das propostas aqueles cursinhos populares que não recebem apoio financeiro direto ou indireto de entidades públicas ou privadas.

    O objetivo da política pública é garantir suporte técnico e financeiro aos cursinhos pré-vestibulares para garantir a preparação dos estudantes da rede pública socialmente desfavorecidos e que querem ingressar no ensino superior.

    O foco da iniciativa está nos alunos que estão saindo ensino médio público, além daqueles de baixa renda, negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência (PCD).

    Inscrições

    As inscrições dos cursinhos devem ser feitas exclusivamente na plataforma virtual de seleção Prosas.

    Podem participar do processo tantos os cursinhos populares formais, com registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), como os cursinhos populares informais, que não são pessoa jurídica.

    Nesta última situação, as entidades devem se inscrever por meio de uma instituição operadora com quem devem firmar um acordo de parceria. Cada instituição operadora poderá ter até dez propostas de cursinhos populares apoiadas.

    As propostas dos cursinhos deverão estar alinhadas às Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio e também aos editais anuais do Enem. Outra exigência é que os cursinhos tenham carga horária mínima de 20 horas semanais.

    Os planos também precisam oferecer atividades complementares de promoção da saúde e da cidadania; de formação antirracista e anticapacitista, ou seja, contra o preconceito e a discriminação direcionados a pessoas com deficiência (PCD).

    Apoio financeiro

    A partir da assinatura de termo de adesão à rede, o apoio técnico e financeiro aos cursinhos populares selecionados terá duração de sete meses e será de, no máximo, R$ 163,2 mil.

    De acordo com a chamada pública, neste valor está incluso o auxílio permanência aos estudantes e, ainda, para custeio de materiais didáticos gratuitos para a preparação dos alunos, formação e capacitação de professores e gestores.

    Ao todo, o investimento inicial do governo federal será de R$ 24,8 milhões, no ciclo 2025-2026, para a rede de cursinhos e devem ser beneficiados, já no primeiro ano, cerca de 5,2 mil estudantes do Brasil.

    O MEC calcula que até 2027, o valor global chegará a R$ 99 milhões, com aproximadamente 324 cursinhos populares apoiados.

    Estudantes

    Especificamente sobre o auxílio permanência aos estudantes, este será concedido em seis parcelas no valor de R$ 200 cada uma delas. Os recursos serão transferidos diretamente pelas instituições de ensino aos estudantes.

    O auxílio permanência deve ser concedido a, no mínimo, 20 e, no máximo, a 40 estudantes.

    Ao longo do período de execução da proposta, os estudantes beneficiários poderão ser substituídos e deverá ser entregue a segunda lista comprobatória de frequência.

    Resultado

    O processo de seleção das proposições dos cursinhos populares ocorre em três etapas: análise de documentos; análise técnica, pontuação e classificação das propostas; e seleção da proposição.

    Conforme o edital, os resultados de cada uma das três fases serão divulgados nos sites das seguintes instituições: Ministério da Educação (MEC); Fiocruz, Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) e Prosas.

    Os cursos selecionados serão conhecidos em 6 de junho. A previsão para que as instituições assinem o termo de adesão para início de concessões de bolsas é 19 de junho.

  • Há 100 anos, Albert Einstein chegava ao Brasil em visita científica

    Há 100 anos, Albert Einstein chegava ao Brasil em visita científica

    Há exatos 100 anos, o ícone da ciência Albert Einstein desembarcava no Rio de Janeiro para a sua primeira e única temporada no Brasil.

    “Chegada ao Rio ao pôr do sol, com clima esplêndido. Em primeiro plano, ilhas de granito de formato fantástico. A umidade produz um efeito misterioso”, escreveu ele em seu diário de viagem, naquele dia 4 de maio de 1925.

    Einstein já havia pisado em solo brasileiro no dia 21 de março, por algumas horas, durante a parada do navio que o levava a Buenos Aires, na Argentina. Mas a breve temporada brasileira foi reservada para o final da sua incursão de um mês e meio pela América do Sul, que incluiu também uma passagem por Montevideo, no Uruguai.

    O objetivo da viagem era divulgar e discutir a recém verificada Teoria da Relatividade com estudiosos sul-americanos, mas também fazer conexões com as comunidades judaicas e alemãs, em meio à escalada de poder do Partido Nazista. Uma evidência disso é que a viagem foi organizada e financiada por organizações judaicas, com o apoio de instituições científicas.

    Einstein passou sete dias no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, e, além de se encontrar com seus compatriotas, visitou instituições como a Fundação Oswaldo Cruz, o Museu Nacional e o Observatório Nacional, e fez duas grandes palestras públicas, uma na Academia Brasileira de Ciências e outra no Clube de Engenharia. A maior contribuição da visita para a ciência brasileira, na opinião do professor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), Alfredo Tolmasquim, foi o incentivo para as chamadas “ciências puras”, que ainda engatinhavam no país.

    Rio de Janeiro (RJ), 30/04/2025 – Exemplar da revista Annalen der Physik assinado por Albert Einstein que encontra-se sob a guarda da Biblioteca de Manguinhos, na Fiocruz, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Exemplar da revista Annalen der Physik assinado por Albert Einstein que encontra-se sob a guarda da Biblioteca de Manguinhos, na Fiocruz, no Rio de Janeiro.Tomaz Silva/Agência Brasil

    “O Brasil teve uma influência positivista muito grande no Século 19, e essa corrente defendia que o importante é utilizar a ciência para a melhoria da sociedade, e não fazer pesquisas que eles consideravam como um proselitismo inútil. Então, o início do Século 20 é o período em que justamente começa a vir o movimento que eles chamavam de “ciência pura”, que eram as pesquisas em ciência básica. Pra gente ter uma ideia, nessa época, a única universidade que a gente tinha era uma junção das escolas de engenharia, medicina e direito”, explica o professor do Mast.

    “A gente não pode dizer que uma visita de uma semana do Einstein foi capaz de mudar a realidade brasileira. Não foi. Já era algo que estava acontecendo, mas ele contribuiu para esse debate”, complementa Tolmasquim que, em 2011, lançou a obra Einstein: o viajante da relatividade na América do Sul, com a tradução dos diários escritos por Einstein durante a viagem, e a contextualização sobre o cenário científico do Brasil na época.

    Rio de Janeiro (RJ), 30/04/2025 – O pesquisador Alfredo Tiomno Tolmasquim, no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    O pesquisador Alfredo Tiomno Tolmasquim, no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) Tomaz Silva/Agência Brasil

    Essa “lacuna” de pesquisadores avançados nas ciências básicas teve um resultado curioso: Einstein acabou mais interessado por assuntos alheios à física, como peças de história natural exibidas no Museu Nacional, e o trabalho do psiquiatra Juliano Moreira, que revolucionou o atendimento aos “alienados mentais” e combateu ferozmente a tese de que a mestiçagem poderia resultar em desequilíbrio mental, e outras teorias racistas. À convite de Moreira, Einstein visitou o então manicômio que o médico dirigia e conheceu as oficinas terapêuticas que ele implementou.

    O ilustre visitante também se entusiasmou com as iniciativas para popularizar a ciência no país, como a criação da Rádio Sociedade, em 1922, atual Rádio MEC, e chegou a fazer um discurso, transmitido ao vivo, em que disse que sua visita à emissora o levou “a admirar novamente os esplêndidos resultados conquistados pela ciência aliada à tecnologia, resultando na transmissão dos melhores frutos da civilização para aqueles que vivem em isolamento.”

    Dívida com o Brasil

    A viagem também serviu para que Einstein conhecesse pessoas essenciais para a sua trajetória. “Ele se tornou mundialmente famoso a partir de 1919, quando houve a comprovação de um aspecto da Teoria da Relatividade, que é o desvio da luz. A prova foi obtida aqui no Brasil, durante um eclipse observado em Sobral, no Ceará”, conta Tolmasquim.

    No dia 9 de maio, em visita ao Observatório Nacional, ele conheceu o diretor da instituição Henrique Morize, que liderou a expedição a Sobral seis anos antes, e também os astrônomos envolvidos com o trabalho e, diante deles, reconheceu:

    “O problema que a minha mente imaginou foi resolvido aqui no céu do Brasil”, disse Albert Einstein.

    O atual diretor do Observatório, Jailson Alcaniz, explica que, em 1912, o diretor do Observatório de Córdoba, Charles Perrine, já havia tentado testar a teoria da relatividade durante um outro eclipse, observado a partir de Minas Gerais. Mas uma chuva forte no dia impediu os experimentos. Então, ele contatou Morize, e os dois juntos passaram a organizar a expedição a Sobral, que ofereceria condições perfeitas, no próximo eclipse previsto para sete anos depois, em 1919.

    “Esse experimento em Sobral é muito importante para a história da física, da astronomia, porque foi a primeira evidência observacional de que a relatividade geral é a teoria correta da gravidade. E mais do que isso, ela mostrou que a teoria de Newton, que perdurava há séculos, era um caso particular da relatividade geral. Então, ele estabeleceu uma nova teoria que, até hoje, está na vida da gente. O GPS, por exemplo, toda vez que a gente utiliza, ele só indica o endereço certo, porque ele tem correções relativistas”, explica Jailson Alcaniz.

    O Museu de Astronomia inaugura a exposição Eclipse, que marca a comemoração do centenário da comprovação da teoria da relatividade geral de Albert Einstein, em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro.

    O Museu de Astronomia fez exposição para comemorar o centenário da comprovação da teoria da relatividade geral de Albert Einstein em 2019 Foto de Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil

    Mas a expedição não foi composta apenas por pesquisadores argentinos e brasileiros: outras duas delegações se juntaram, uma americana e uma inglesa, e cada uma delas aproveitaria o eclipse para obter dados distintos. Coube à inglesa verificar se a Teoria da Relatividade se aplicava à observação feita, o que acabou eclipsando a participação dos americanos.

    “O Perrine e o Morize foram fundamentais para essa expedição acontecer, tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista logístico. No artigo publicado pelos pesquisadores ingleses, eles fazem um agradecimento especial, mas tanto o Morize como o Perrine mereciam muito mais do que um agradecimento especial. Sem eles, esse experimento não teria saído em 1919”, defende o diretor do Observatório Nacional brasileiro.

    Jailson acredita que este é mais um exemplo de como a ciência eurocêntrica desmerece os feitos conquistados por pesquisadores de outras origens. Ele conta que até mesmo a contribuição inequívoca do céu brasileiro foi apagada em alguns escritos “A Inglaterra também enviou uma expedição para a Ilha de Príncipe, na África, e quem foi pra lá foi o Arthur Eddington, que era uma pessoa muito importante na época. Mas os dados colhidos lá não foram tão bons porque choveu. Mas, por muitos anos, até muito recentemente, algumas pessoas falavam que a Teoria da Relatividade tinha sido comprovada em Ilha de Príncipe, só porque era o Eddington que estava lá”.

    Eurocentrismo e racismo

    Apesar de reconhecer e agradecer os pesquisadores brasileiros pessoalmente, os relatos íntimos de Einstein revelam que ele também tinham uma visão eurocêntrica sobre o Brasil, e em diversas passagens demonstra pouco apreço pelos interlocutores e chega a “culpar” o clima tropical pelos costumes que considerava inferiores: “Esses camaradas são palestrantes excepcionais. Quando elogiam alguém, eles elogiam — a eloquência. Acredito que tal tolice e irrelevância tenham relação com o clima. Mas as pessoas não pensam assim.”

    Em uma das passagens mais controversas do diário, Einstein diz: “Aqui sou uma espécie de elefante branco para eles, e eles são macacos para mim”, mas Tolmasquim e outros autores que também traduziram o diário ressalvam que o termo “macacos”, no original alemão à época, trazia mais uma conotação de “tolice” do que o significado expressamente racista do seu uso atual.

    Em diversos momentos, Einstein se mostrou entusiasmado pela miscigenação brasileira. Escreveu, por exemplo: “A miscelânea de povos nas ruas é deliciosa: Portugueses, índios, negros e tudo no meio, de modo vegetal e instintivo, dominado pelo calor.” Por outro lado, usou o termo “índios” inúmeras vezes como símbolo de selvageria e inferioridade.

    Juliano Moreira

    Juliano Moreira foi um dos brasileiros que impressionou Einstein – Domínio público/ Acervo Arquivo Nacional

    Além disso, Einstein ficou tão impressionado com o trabalho do general Cândido Rondon, que chegou a escrever uma carta durante a viagem de retorno para recomendá-lo ao Prêmio Nobel da Paz. “Sua obra consiste na incorporação das tribos indígenas à humanidade civilizada sem o uso de armas ou qualquer tipo de coerção”, descreveu.

    Tolmasquin considera que a ideia de superioridade europeia é evidente, mas faz um aparte: “Ele estava muito cansado, porque já estava há mais de um mês viajando, e sentiu que não tinha interlocutores, porque tinham algumas pessoas que estavam estudando essa física mais recente no Brasil, mas não que estavam desenvolvendo pesquisa. Então ele sentiu que a viagem foi um pouco uma perda de tempo. Ele ficava muito incomodado também com esse costume brasileiro dos grandes discursos elogiosos. Era uma coisa enfadonha para ele”.

    A última frase que escreveu, antes de embarcar de volta para Europa no dia 12 de maio, não poderia ser mais clara:  “Longos discursos com muito entusiasmo e excessiva adulação, mas sinceros. Graças a Deus acabou. Finalmente livre, mas mais morto que vivo”.

    Programação

    A efeméride dos 100 anos da viagem de Einsten ao Brasil está sendo lembrada por algumas instituições. O Observatório Nacional faz evento na próxima sexta-feira (09), com diversas mesas de discussão em sua sede no Rio de Janeiro, a partir das 8h50. Ao longo da próxima semana, as visitas ao Museu da Vida, da Fiocruz, também terão esse enfoque e passarão pela Biblioteca de Obras Raras da instituição, onde está guardado o livro assinado por Einstein, durante sua visita.

    Rio de Janeiro (RJ), 30/04/2025 – Fachada do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Fachada do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. Tomaz Silva/Agência Brasil
  • Polícia diz ter impedido ataque com explosivos no show de Lady Gaga

    A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou neste domingo (4) que impediu um ataque com explosivos improvisados no show da cantora americana Lady Gaga, que reuniu 2,1 milhões de pessoas na praia de Copacabana, na noite de sábado (3). Um homem apontado como líder do plano foi preso no Rio Grande do Sul.

    De acordo com o comunicado, a ação que impediu o ataque contou com várias delegacias, inclusive de fora do estado, e teve apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O alvo foi uma quadrilha que atuava na internet, cooptando pessoas para cometer crimes e transmiti-los ao vivo.

    O grupo disseminava discurso de ódio e preparava um plano, “principalmente contra crianças, adolescentes e o público LGBTQIA+”, diz a polícia.

    O homem detido no sul do país foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Sua identidade não foi divulgada. Um adolescente foi apreendido por armazenamento de pornografia infantil no Rio de Janeiro.

    Investigação

    Uma investigação identificou que os envolvidos recrutavam pessoas, incluindo adolescentes, para promover ataques integrados com uso de explosivos improvisados e coquetéis molotov. O alerta partiu da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil.

    O plano era tratado como um desafio coletivo, com o objetivo de obter notoriedade nas redes sociais. Os alvos da operação atuavam em plataformas digitais, promovendo a radicalização de adolescentes, a disseminação de crimes de ódio, automutilação, pedofilia e conteúdos violentos como forma de pertencimento.

    Como desdobramento da operação, os agentes policiais também foram a Macaé, norte do estado do Rio, para cumprir um mandado de busca e apreensão contra um indivíduo que também planejava ataques. Ele ameaçava matar uma criança ao vivo. O suspeito responde por terrorismo e induzimento ao crime.

    Rio de Janeiro (RJ), 03/05/2025 – Público enfrenta fila para acesso ao local do show da Lady Gaga na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil Filas se formavam desde o início da tarde para o show de Lady Gaga, em Copacabana Foto:  Tomaz Silva/Agência Brasil

    A operação foi chamada de Fake Monster (falsos monstros, em inglês), referência à forma como Lady Gaga chama os fãs dela, little monsters (monstrinhos).

    Quatro estados

    Participaram da ação policiais da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e da 19ª Delegacia de Polícia, em conjunto com o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). As diligências contaram também com a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da polícia do Rio.

    Na ação, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias e Macaé, no estado do Rio; Cotia, São Vicente e Vargem Grande Paulista, em São Paulo; São Sebastião do Caí, no Rio Grande do Sul; e Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso. O trabalho contou com o apoio de policiais civis desses estados.

    Nos endereços, os agentes apreenderam dispositivos eletrônicos e outros materiais que serão analisados.

    De acordo com a Polícia Civil, a operação foi realizada de forma a neutralizar as condutas criminosas, sem que houvesse qualquer impacto para os frequentadores do show, evitando pânico ou distorção das informações.

    Roubo de celulares

    Em outra frente de atuação, a Polícia Civil do Rio informou que prendeu, no sábado, 16 pessoas que fariam parte da maior quadrilha de roubo, furto e receptação de aparelhos de telefone celular no estado. A organização foi surpreendida quando se preparava para receber telefones subtraídos por integrantes do grupo durante o show de Lady Gaga em Copacabana.

    Dos 16 presos, quatro são apontados como líderes. Além dos roubos, eles comandavam o esquema de distribuição e revenda no mercado paralelo. Alguns deles chegavam a vender cursos virtuais para desbloqueio de celulares.

    A investigação aponta que a quadrilha mantinha um escritório equipado com softwares e ferramentas tecnológicas de ponta para desbloqueio de aparelhos. Além da atuação cotidiana, os suspeitos tinham forte presença em grandes eventos.

    Cerca de 200 aparelhos de celular e seis notebooks foram recuperados, além de máquinas de cartão e peças de celulares.

  • Mais Médicos abre 3 mil vagas para ampliar atendimento e reduzir tempo de espera no SUS

    Mais Médicos abre 3 mil vagas para ampliar atendimento e reduzir tempo de espera no SUS

    O Ministério da Saúde lançou na sexta-feira (2/5) um novo edital do Programa Mais Médicos para ampliar o acesso à atenção primária no Sistema Único de Saúde (SUS). Com um total de 3.174 vagas, 3.066 serão distribuídas entre 1.620 municípios e 108 destinadas a 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), fortalecendo a assistência nas regiões remotas e de maior vulnerabilidade social. Os médicos interessados poderão se inscrever a partir da próxima segunda-feira (5/5) até o dia 8 de maio.

    “Existe uma importante conexão entre o Mais Médicos, o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, e o nosso esforço contínuo em acelerar o atendimento especializado no SUS, que é uma das principais preocupações da nossa gestão. A atuação integrada desses profissionais, pelo prontuário eletrônico e os fluxos que vão reduzir o tempo de espera do paciente, vai facilitar o acesso à média e alta complexidade para todos os cidadãos”, destaca o ministro da Saúde, Alexandre Padilha

    Os profissionais do programa integram as equipes de Saúde da Família, que oferecem atendimento e acompanhamento mais próximos da população. Quando necessário, encaminham os pacientes para consultas com especialistas. As informações são registradas no Prontuário Eletrônico (e-SUS APS), o que permite a integração dos dados do paciente entre a atenção primária e a especializada, incluindo consultas e exames.

    Assistência onde mais precisa

    Neste edital, a oferta das vagas do programa considerou o cenário atual de distribuição de profissionais no país, segundo Demografia Médica 2025. Lançado na última quarta-feira (30/4), o estudo aponta a proporção de médicos por habitante nas diferentes regiões do país. A prioridade do Mais Médicos é atender aquelas de maior vulnerabilidade social e com menor número de profissionais. As vagas do edital contemplam, em sua maioria, regiões vulneráveis de municípios de pequeno porte (75,1%), médio porte (11,1%) e grande porte (13,8%).

    “Mais uma vez, o Mais Médicos está cumprindo seu papel de prover profissionais para as áreas mais remotas e de maior vulnerabilidade, ao mesmo tempo em que possibilita ofertas de formação para os médicos, que vão desde a especialização em Medicina de Família e Comunidade até o mestrado e doutorado em Saúde da Família. Isso significa um melhor cuidado para a população e profissionais mais qualificados para a atenção primária à saúde”, destacou o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Felipe Proenço

    As oportunidades estão distribuídas entre três perfis: médicos formados no Brasil com registro no CRM, médicos brasileiros formados no exterior e médicos estrangeiros habilitados. Para os dois últimos perfis, é obrigatória a aprovação no Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv), um treinamento específico para atuação em situações de urgência, emergência e no enfrentamento de doenças prevalentes nas regiões de trabalho.

    O Programa Mais Médicos garante assistência a mais de 63 milhões de brasileiros em todo o país. Com a meta de alcançar 28 mil profissionais, atualmente conta com cerca de 24,9 mil médicos atuando em 4,2 mil municípios — o que representa 77% do território nacional. Dentre essas localidades, 1,7 mil apresentam altos índices de vulnerabilidade social. Em dezembro de 2024, o programa alcançou um marco histórico ao registrar o maior número de médicos em atividade nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), com 601 profissionais atuando nessas regiões.

    Cadastro Reserva

    Em março deste ano, o Ministério da Saúde lançou um novo chamamento público para adesão e renovação de vagas por parte dos municípios e do Distrito Federal no programa, com uma importante novidade: a possibilidade de cadastro reserva.

    Ao todo, 2.450 municípios e 8 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) que já haviam preenchido vagas por meio de editais anteriores puderam ingressar no cadastro reserva.

    Esse mecanismo oferece flexibilidade e agilidade na reposição de profissionais, permitindo que municípios e DSEIs atendam rapidamente à demanda por médicos assim que a necessidade for identificada.

  • Ativista trans é assassinada no Rio de Janeiro

    Ativista trans é assassinada no Rio de Janeiro

    A ativista trans Dannelly Rocha foi assassinada na madrugada dessa sexta-feira (2), na Lapa, no Rio de Janeiro. Ela era cozinheira da CasaNem, um centro de acolhimento para pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social, na capital fluminense.

    Danny, como era conhecida, tinha 38 anos e foi encontrada morta após chegar em casa acompanhada de um homem ainda não identificado.

    A morte foi informada pela deputada estadual, Danieli Balbi (PCdoB), primeira mulher trans eleita para o cargo no estado, a partir de imagens divulgadas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro.

    “Ela entrou em casa acompanhada de um homem que, horas depois, saiu sozinho. Depois disso, Danny foi encontrada morta. É inaceitável. É revoltante. E é urgente. Queremos saber quem é. Queremos investigação séria. Queremos justiça. A cada mulher trans ou travesti assassinada, é o Estado que falha. É a sociedade que se cala. E nós que gritamos: isso não pode continuar!”, escreveu a deputada em uma rede social.

    A deputada disse ainda irá acompanhar o caso de perto, além de se colocar a disposição de familiares e amigos. “Danny Rocha presente! Que Danny descanse em paz. Que o nosso luto se transforme em justiça”, acrescentou.

    Quem também se manifestou foi a vereadora de Niterói, Benny Briolly (PSOL), primeira travesti eleita e reeleita no estado. Benny cobrou uma apuração séria do caso.

    “Queremos saber quem é esse homem. Queremos investigação séria, comprometida, queremos justiça”, cobrou. “Gritamos por Danny, por todas que vieram antes, e pelas que lutam hoje para sobreviver. Isso não pode continuar. Danny Rocha presente, agora e sempre.”

    À Agência Brasil, amiga de Danny, Manoela Menandro, relatou ter chegado em casa e já se deparado com viaturas da polícia. Ela, que era amiga próxima, contou que um vizinho repetiu a versão de que a ativista chegou com um rapaz, desconhecido, que teria saído pouco depois.

    A movimentação foi gravada por câmera de segurança de uma borracharia.

    “Segundo as imagens das câmeras de segurança, acontece um estrondo muito forte na porta, de dentro para fora. Os borracheiros alegaram ter escutado como se fosse algo caindo, algo sendo empurrado contra a porta. Logo em seguida, as câmeras mostram esse rapaz abrindo bem devagarzinho, olhando para trás, olhando para um lado e para o outro da rua, pegando um objeto, guardando no bolso dele de trás da bermuda, indo embora, assim, de maneira meio ressabiada, de maneira meio desconfiada”, contou Manoela, que diz acreditar ser o celular de Danny o objeto guardado pelo suspeito.

    Amigas há cerca de dez anos, Manoela e Danny tinham uma ligação forte, descrita pela amiga como de mãe e filha.

    “Para mim, a Dannielly sempre foi como uma mãe, sabe. Não vou nem dizer que ela era como uma irmã mais velha, porque a Dannielly era como se fosse uma mãe. Todo dia, pra eu trabalhar, tanto eu quanto a Ana Luísa, que é a nossa terceira amiga, ela que fazia a quentinha para gente poder levar para o trabalho e esquentar no dia seguinte no microondas para poder ter o que comer”, contou.

    “Era ela que cuidava dos meus bichos, junto comigo dentro de casa, porque lá em casa nós temos tanto cachorro quanto gato. E ela que me ajudava, ela que limpava a casa, ela limpava, cozinhava, ajudava com tudo”, continuou Manoela.

    Manoela disse ainda que a amiga era uma pessoa divertida, que irradiava alegria e que cativava as pessoas. “Ela era uma pessoa muito, mas muito divertida  Era uma pessoa que a qualquer momento topava sair, topava se divertir, gostava de beber a cervejinha dela. Não tinha tempo ruim para ela”, afirmou Manoela.

    O corpo de Danny, informou Manoela, segue no Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro. Segundo a amiga, a informação é de que são necessários três dias úteis para reconhecimento e liberação do corpo.

    CasaNem

    Primeiro lar de acolhimento para lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais (LGBTI) do Rio de Janeiro, o projeto nasceu em 2015, do pré-vestibular comunitário Prepara Nem, voltado para esse público.

    A casa, que já sofreu com vários processos de despejo, já chegou a abrigar cerca de 80 pessoas, que sofreram violência doméstica, familiar e foram expulsas de casa pelos pais por causa da orientação sexual ou por outros motivos que os levaram a morar na rua.

    Mortes

    A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta que, em 2024, 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil, sendo que cinco eram defensoras de direitos humanos. Esse número é 16% menor do que em 2023, quando se teve notícia de 145 assassinatos, mas mostra ainda que o país é bastante inseguro para pessoas trans, especialmente as mulheres.

    A Antra destaca que 117 (95,9%) das vítimas eram travestis e mulheres trans/transexuais. Somente cinco eram homens trans e pessoas transmasculinas.

  • Fãs de Lady Gaga acampam nas areias de Copacabana para ver show

    Fãs de Lady Gaga acampam nas areias de Copacabana para ver show

    Fãs de Lady Gaga se preparam para passar o dia nas areias de Copacabana para garantir um lugar próximo ao palco e ver a ídola de perto. O dia mal amanheceu e as filas para passar nos pontos de revista que dão acesso à praia já começavam a se formar e, por volta das 10h deste sábado (3), já se estendiam por mais de dois quarteirões.

    A faixa de areia em frente ao palco de 2,2 metros de altura foi tomada por cangas, guarda-sóis, bolsas com água, filtro solar, sanduíches. Os Little Monsters (monstrinhos, em português, apelido carinhoso dado pela cantora aos fãs) estão preparados para enfrentar o sol até o horário do show, marcado para as 21h45.

    Para Taise Godinho, 30 anos, cada segundo de espera vale a pena. Ela mora em San José, nos Estados Unidos, e estendeu a viagem ao Brasil para ver o show da cantora.

    “Ela marcou muito a minha adolescência, sabe? A gente, como criança esquisita, se vê muito na Mama Monster. Ela era uma em meio a várias divas pops que são muito dentro do padrão. Ela sai fora do padrão e faz coisas que outras artistas não fazem”, diz.

    Essa não é a primeira vez que ela e os amigos acampam para ver os ídolos. Isso aconteceu também em 2009, em Florianópolis, na primeira vinda de Beyoncé ao Brasil. O grupo já é experiente. “Tem água, tem bala, tem barra de cereal, tem de tudo aqui. Gatorade para hidratar bastante, protetor solar, um lencinho para as mãos, tem de tudo. E um energético para tomar logo antes do show”, contam.

    Rio de Janeiro (RJ), 03/05/2025 – Os amigos Denner Santoro e Kaique Santos esperam pelo show da Lady Gaga na areia da praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Rio de Janeiro (RJ), 03/05/2025 – Denner Santoro e Kaique Santos viajaram do interior de SP para ver show. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Denner Santoro, 25 anos, e Kaique Santos, 24 anos, viajaram de Santo André (SP) para assistir ao show.

    “Ela fala muito sobre liberdade, sobre expressar a liberdade sem ter medo. Isso é uma das coisas que eu mais gosto dela, porque, como dá para perceber, eu sou uma pessoa bem diferente. E se alguém mostra para mim que ser diferente é legal, é bom, então, para mim ela representa muita coisa”, diz Denner.

    Para ele, uma das músicas mais marcantes é Marry the Night, de 2011. Em um trecho, a letra diz “I’m gonna marry the night. I’m not gonna cry anymore” (em português, “Eu vou casar com a noite. Eu não vou chorar mais”).

    Para muitas pessoas que não seguem os padrões dominantes na sociedade, é na noite e nas festas que se pode ser quem são. “Isso tem um sentido muito, muito, muito forte para mim. É a música que mais me pega, que eu não consigo escutar sem chorar”, diz.

    Rio de Janeiro (RJ), 03/05/2025 – Fã da Lady Gaga, Amanda Campos espera pelo show na calçada do Hotel Copacabana Palace, na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Rio de Janeiro (RJ), 03/05/2025 – Fã da Lady Gaga, Amanda Campos acompanhou ensaio da cantora. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Independentemente de como será o show desta noite, Amanda Campos, 27 anos, que fez aniversário nessa sexta-feira (2), diz que já ganhou “o melhor presente possível”, que foi assistir ao ensaio da cantora, em pleno aniversário.

    Amanda, que mora no Rio, passou a semana indo ao Copacabana Palace, onde a cantora está hospedada para tentar vê-la. No sábado, ela foi recompensada, assistiu de perto o ensaio.

    “Do nada ela apareceu, eu surtei, eu estava tão pertinho, ela ainda chegou a ir na grade, bem onde a gente estava”, conta emocionada.

    “A gente estava esperando ela ao longo da semana e ela não apareceu. Ontem ela entregou tudo, calou a boca de qualquer um que poderia estar falando mal dela”.

    Acessibilidade

    Chegar cedo é uma necessidade para Gabriel Campos, 31 anos. Como pessoa com deficiência visual, ele enfrenta uma fila para ter acesso ao espaço reservado próximo ao palco.

    “Eu cheguei aqui às 8 horas da manhã de hoje, mas já estava lotado e a gente não sabe, inclusive por conta da falta de organização, quem é PCD e quem só simplesmente quer uma área mais privilegiada”, diz.

    “Por conta de falta de informação e de divulgação, muitas pessoas só souberam a respeito da área PCD essa semana”.

    Ele espera conseguir um espaço para acompanhar o show em segurança. “Ela é minha favorita. Eu acompanho a carreira dela a vida inteira. O show do Rock in Rio que foi cancelado. Infelizmente, eu estava com os ingressos comprados e agora eu estou aqui. É muita expectativa para que eu consiga entrar na área PCD”, diz Gabriel.

    Esta semana, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) chegou a emitir uma recomendação à Prefeitura do Rio de Janeiro, à Riotur e à produtora Bonus Track Entretenimento para que adotassem medidas imediatas de acessibilidade no show da cantora Lady Gaga.

    Segundo o MPRJ, a recomendação foi motivada por informações que indicam a ausência de condições adequadas para garantir o acesso pleno de pessoas com deficiência ao evento. Os espaços estavam sem rotas acessíveis, sinalização adequada ou recursos de tecnologia assistiva, como audiodescrição e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras).

    De acordo com a Riotur, são disponibilizados dois espaços, um para 70 pessoas no setor A e outro para 80 pessoas no setor B. A ocupação é por ordem de chegada.

    Expectativa de público

    São esperadas mais de 1,6 milhão de pessoas na Praia de Copacabana, onde foi montado o palco e instaladas 16 torres com telões de 9 metros de altura por 5 metros de largura, permitindo que o público acompanhe a apresentação à distância.

    Desde as 7h deste sábado (3), a Avenida Atlântica está totalmente interditada, com bloqueio para veículos em toda a via, incluindo a pista junto aos prédios e as ruas de acesso à orla.

    A partir das 18h, começa o bloqueio ao acesso de veículos particulares à Copacabana, sendo permitida apenas a entrada de ônibus e táxis. Após as 19h30, os ônibus e táxis também não poderão entrar no bairro.

    Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) e a Riotur, o evento deve injetar mais de R$ 600 milhões na economia carioca.

    O show começa às 17h30, com a apresentação de DJs, e a cantora americana deve entrar no palco às 21h45.