Categoria: Coluna do Fabiano de Abreu

Colunista do CenárioMT, Fabiano de Abreu é membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo com sede na Inglaterra conseguindo alcançar o maior QI registrado com 99 de percentil o que equivale em numeral a um QI acima de 180 para valores europeus e 150 para o Brasil. Especialista em estudos da mente humana, é membro e sócio da CPAH – Centro de Pesquisas e Análises Heráclito, com sede no Brasil e unidade em Portugal.

  • Mapeado: Pontuação Média de QI por Estado nos Estados Unidos

    As pontuações de QI (Quociente de Inteligência) são amplamente utilizadas para medir habilidades cognitivas humanas em relação à média populacional. Com uma pontuação média global de 100, essas avaliações oferecem uma perspectiva sobre como fatores regionais podem influenciar o desempenho intelectual.

    Um estudo publicado em 2022 na Journal of Intelligence, conduzido por Bryan J. Pesta, apresentou dados atualizados sobre as pontuações médias de QI e os índices de bem-estar nos 50 estados dos Estados Unidos. Os dados, também registrados no CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, e na ISI Society, sociedade de alto QI de origem americana, foram coletados a partir de avaliações do Programa Internacional de Avaliação de Competência de Adultos (PIAAC) e da Avaliação Nacional de Progresso Educacional (NAEP). Este último avaliou estudantes da quarta e oitava séries, enquanto o PIAAC analisou habilidades cognitivas de adultos.

    Destaques do Mapeamento

    As pontuações médias de QI por estado variam entre 94,2 e 104,3, classificadas como “inteligência média” pela Escala de Inteligência de Adultos de Wechsler. Entre os estados com as pontuações mais altas, destacam-se:

    1. Massachusetts: 104,3
    2. New Hampshire: 104,2
    3. Dakota do Norte: 103,8

    Massachusetts lidera o ranking, e isso pode ser explicado por fatores como a presença de instituições de ensino de renome mundial, como Harvard e MIT, que promovem uma cultura acadêmica avançada. Além disso, a alta renda média das famílias no estado proporciona maior acesso a recursos educacionais de qualidade, impactando positivamente o desempenho cognitivo.

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    Reflexão Crítica

    Embora os dados forneçam insights valiosos, é importante lembrar que as pontuações de QI não capturam toda a complexidade da inteligência humana. Dimensões como criatividade subjetiva, inteligência emocional e habilidades práticas não são avaliadas por essas métricas. Apesar disso, os resultados reforçam a relevância de fatores ambientais e socioeconômicos, como o acesso à educação e suporte financeiro, no desenvolvimento cognitivo.

    Dr. Fabiano de Abreu Agrela, presidente da ISI Society – a sociedade de alto QI mais restrita do mundo, de origem americana – e membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, reforça:
    As pontuações de QI são uma ferramenta útil que revela aspectos importantes da inteligência. No entanto, é fundamental considerar que dimensões como inteligência emocional, social e criatividade subjetiva são essenciais para uma inteligência que promove maiores chances de conquistas, e essas não são medidas em testes de QI. Embora a inteligência seja amplamente influenciada por fatores genéticos, com a parte ambiental frequentemente possuindo um precursor genético, a epigenética desempenha um papel crucial no desenvolvimento de respostas positivas ao longo de gerações. Além disso, fatores ambientais, como acesso à educação de qualidade e suporte socioeconômico, são determinantes no desempenho cognitivo de qualquer população.

    Com mais de 100 estudos publicados sobre inteligência, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela é diretor do CPAH e do projeto Gifted debate, que reúne mais de 500 superdotados de todo o mundo. Por meio dessas iniciativas, ele conduz análises aprofundadas sobre comportamento humano e inteligência global, integrando dados e promovendo discussões científicas de alto nível.

    Implicações e Considerações

    Os dados apresentados ressaltam como políticas públicas focadas em educação e equidade podem influenciar positivamente o desenvolvimento humano. Estados com maiores pontuações de QI demonstram como o investimento em sistemas educacionais acessíveis e de alta qualidade pode promover ganhos cognitivos significativos.

    As métricas de QI, amplamente aplicadas nos Estados Unidos, são ferramentas valiosas para identificar tendências regionais e destacar áreas prioritárias de intervenção. Elas auxiliam no desenvolvimento de estratégias que visam ampliar o acesso à educação e fomentar um avanço intelectual mais inclusivo e equilibrado.

  • A liberdade e o cérebro: Afinal, o que significa ser livre?

    A liberdade e o cérebro: Afinal, o que significa ser livre?

    A liberdade é a capacidade de agir, pensar e expressar-se sem restrições, respeitando os direitos individuais e a autonomia pessoal. Essa é uma habilidade cada vez mais valorizada pela sociedade e estimulada por diversas leis e estilos de vida.

    Mas fora as ações de terceiros, a liberdade é influenciada por ações internas, mas especificamente processos do órgão-mestre do corpo humano: O cérebro.

    O cérebro é responsável não só por ações do corpo, mas também por atitudes mais subjetivas, como a simples tomada de decisões, desde as mais complexas, como parcerias comerciais, ou mais simples, com qual trajeto fazer para o trabalho.

    O processo de tomada de decisões pelo cérebro é bastante complexo envolvendo várias regiões cerebrais, em especial as frontais, mostrando a quantidade de fatores envolvidos na tomada de decisão. Dentre as regiões do cérebro envolvidas estão o córtex cingulado anterior, que é responsável por processar a regulação de funções autônomas do corpo, o córtex insular, que lida com estímulos fisiológicos e emocionais, o córtex pré-frontal medial, relacionado com o controle comportamental e córtex pré-frontal, responsável pela consciência, lógica, razão e prevenção.

    Ou seja, os aspectos emocionais têm uma grande relevância na tomada de decisões, assim como ações mais autônomas e comportamentais. Mas estes não são os únicos fatores que influenciam o processo.

    Apesar de ser importante para a liberdade, o processo de tomada de decisão não é, estritamente, liberdade, que é, na verdade, um conceito muito mais amplo que isso. Liberdade é autoconsciência, que é definida como estar ciente de si mesmo, incluindo suas características, sentimentos e comportamentos.

    Ela é essencial para a plenitude humana quando não infringe as regras sociais e a liberdade empática. Livre é quem conhece a si mesmo, quem compreende os próprios limites e age com liberdade pela consciência.

    Ser livre significa estar ao lado de pessoas que te fazem bem, é poder dizer o que pensa sem medo de errar. É uma dádiva de quem sabe realmente escutar o outro. A liberdade é a humildade do reconhecimento, do não julgamento, da não depreciação.

    É a consciência limpa, o sentimento de dever cumprido, é não ter pendências que afetem o bem estar próprio e do outro. Livre é quem não tem culpa!

  • O que está por trás do zumbido no ouvido?

    O que está por trás do zumbido no ouvido?

    O zumbido no ouvido, ou acufеno, é a pеrcеpção sonora dе um ruído quе não еxistе no ambiеntе, podеndo variar dе assobios, sibilo, apitos, crеpitação, tinidos e zumbidos. Esses sons intrusivos prejudicam bastante a qualidade de vida do paciente causando desconforto еmocional, insônia е ansiеdadе.

    Apеsar dе sеr mais frеquеntеmеntе associado à pеrda auditiva, o zumbido no ouvido também podе tеr rеlação com outras condiçõеs, como dеtеrminadas doеnças, traumas cranianos е funcionamеnto cеrеbral. Existеm, basicamеntе, dois tipos dе zumbidos no ouvidos, o subjеtivo, quando o ruído rеalmеntе não еxistе, mas sim é fruta dе um procеssamеnto irrеgular dе еstímulos cеrеbrais para o córtеx auditivo, е o objеtivo, ondе o ruído rеalmеntе é produzido próximo ao ouvido, sеja dеvido ao fluxo sanguínеo, tumorеs, lеsõеs, traumas cranianos ou еspasmos muscularеs.

    Apеsar dos avanços еm comprееndеr o papеl do cérеbro nеssе procеsso, ainda não sе еntеndе complеtamеntе os procеssos е as rеgiõеs cеrеbrais еnvolvidas dirеta е indirеtamеntе no acufеno.

    Entеndе-sе quе a principal rеgião do cérеbro еnvolvida é o córtеx cеrеbral auditivo, rеsponsávеl por intеrprеtar os sons, uma fortе tеoria é quе altеraçõеs podеm dеsеncadеar o еnvio irrеgular dе еstímulos quе podеm sеr intеrprеtados pеlo cérеbro como sons, fazеndo o paciеntе еscutar ruídos quе, na vеrdadе, não еxistеm.

    Mas além do córtеx auditivo, sabе-sе quе outras rеgiõеs também podеm еstar еnvolvidas nеssе procеsso dе pеrcеpção auditiva fantasma, como o córtеx insular, a amígdala е o córtеx cingulado antеrior, apеsar dе sеr mеnos claro qual sеus papéis no procеssamеnto dе sons.

    Além disso, também já é еntеndido o papеl dе outros impactos no cérеbro no surgimеnto dе ruídos, como a prеsеnça dе tumorеs, traumatismos cranianos, lеsõеs cranianas е até mеsmo algumas doеnças quе afеtеm a bainha dos nеrvos, como a еsclеrosе múltipla, quе podеm gеrar еspasmos еm músculos do palato ou pеquеnos músculos próximos ao ouvido médio, produzindo os ruídos.

    Por podеr sеr causado por divеrsos fatorеs, não еxistеm tratamеntos muito dirеcionados para o zumbido no ouvido, mas algumas altеrnativas como a tеrapia sonora, comportamеntal, uso dе aparеlhos auditivos, altеraçõеs na alimеntação е alguns mеdicamеntos também podеm sеr usados para aliviar os sintomas da condição.

  • Casamentos neurodivergentes: A saúde mental de ambos precisa de cuidados

    Casamentos neurodivergentes: A saúde mental de ambos precisa de cuidados

    A convivência em um casamento é naturalmente complexa por envolver a compreensão do outro, confiança, equilíbrio emocional, eventuais atritos, conviver com as diferenças, conflitos, entre outros, que podem tornar o dia a dia mais desafiador. Mas toda essa complexidade em um relacionamento aumenta mais quando ele é neurodivergente, ou seja, um dos parceiros possui algum transtorno.

    A convivência com um parceiro que possui um transtorno de personalidade dramática pode ser muito complicada, demandando suporte não apenas para o indivíduo com o transtorno, mas para ambos. A saúde mental do parceiro neurotípico também pode ser afetada, especialmente em situações desafiadoras durante a vida conjugal.

    Os transtornos de personalidade, como narcisismo ou histriônico, afetam bastante a convivência social dos indivíduos, influenciando a qualidade de vida e seus relacionamentos.

    Com sintomas como falta de empatia, busca incessante por atenção e oscilações de humor, esses transtornos podem gerar complicações emocionais para o próprio indivíduo e impactar significativamente aqueles ao seu redor.

    Esse tipo de ruído de comunicação e as situações decorrentes dos sintomas de transtornos de personalidade contribuem para uma convivência complicada com o parceiro, inclusive reduzindo a sua “vida útil” através do desgaste mental.

    A genética do parceiro neurotípico é um ponto fundamental para definir os impactos que essa convivência terá na sua saúde mental, por exemplo, se ele tiver predisposição a depressão, ela pode se desenvolver a partir do ambiente em que ele vive e das situações presentes na vida conjugal.

    Por isso, além dos tratamentos medicamentosos e terapêuticos para o indivíduo com o transtorno também é importante que o parceiro neurotípico também faça acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico para minimizar os impactos. Além disso, terapias em conjunto também podem ser benéficas, assim como o conhecimento das suas informações genéticas, o que ajuda a identificar suas predisposições e as melhores formas de lidar com elas no relacionamento.

  • A tríade para a medição precisa do QI

    A tríade para a medição precisa do QI

    A inteligência humana é uma das habilidades mais complexas do ser humano, fascinante e multifacetada, ela tem sido objeto de curiosidade ao longo da história, o que levou à busca por métodos que pudesse medi-la.

    O teste de QI foi um dos principais instrumentos de medição da inteligência por muitos anos. Utilizando uma série de questões pensadas para medir a inteligência, os testes de QI conseguiam cumprir a sua missão, mas apesar disso, alguns fatores podem interferir nesse processo, o que tornou necessário tornar a medição mais precisa.

    Por isso, observando essa necessidade, e com o surgimento de novas técnicas, desenvolvi uma tríade muito mais completa na medição do QI.

    A princípio é realizado o teste de QI tradicional com a supervisão de um especialista, o que ajuda a torná-la ainda mais completa, seguido de um teste de personalidade com a avaliação de varredura, que possa analisar a possibilidade de transtornos ou doenças mentais, que ajuda a ampliar a análise sobre a inteligência e observar possíveis transtornos que podem influenciar o seu desenvolvimento.

    Por fim, são utilizados testes genéticos, que oferecem um panorama muito aprofundado e altamente preciso da probabilidade de desenvolvimento da inteligência do indivíduo, permitindo uma comparação com os resultados do teste de QI, assim como a propensão à interferência de outros fatores, como consumo de drogas, traumas e ambiente, que podem afetar o QI.

    Com essa medição em três frentes é possível ter uma maior precisão na medição do QI como ter perspectivas que não são oferecidas apenas com os testes tradicionais, como fatores de interferência, predisposição genética à inteligência, personalidade e criatividade, possíveis transtornos, etc., por isso, o uso da tríade é importante para ter uma varredura completa da inteligência.

  • Golpes com IA: Criminosos usam Inteligência Artificial para “clonar” cursos. Saiba como se proteger

    Golpes com IA: Criminosos usam Inteligência Artificial para “clonar” cursos. Saiba como se proteger

    Com o acesso a ferramentas de Inteligência Artificial aumentando, além de serem usadas para gerar benefícios e produzir conteúdos, elas também estão sendo cada vez mais utilizadas para aplicar golpes através da duplicação da voz e algumas vezes até do rosto de celebridades e profissionais.

    Um dos tipos mais comuns de golpes é a clonagem de um profissional para a venda de um curso ou produto mas indicando dados de pagamento dos golpistas, desviando os pagamentos. Várias pessoas têm caído nesse tipo de golpe e tanto profissionais, quanto clientes precisam tomar medidas preventivas e conhecer alternativas para após cair em um golpe do tipo.

    Como se prevenir de golpes com IA usado a sua voz?

    Para quem trabalha com o digital é fundamental ter apoio profissional para o lançamento e venda de produtos para evitar que criminosos clonem a sua imagem para aplicar golpes, afirma o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em neurociências e CEO da empresa de assessoria de imprensa e marketing digital 360, MF Press Global.

    Profissionais que trabalham com o digital precisam de apoio especializado ao lançar e vender produtos para evitar golpes aplicados com IA. Uma assessoria de marketing é fundamental para direcionar corretamente os anúncios e usar técnicas que garantam a credibilidade das vendas. Além disso, ter uma assessoria jurídica para cuidar da parte legal de forma preventiva, protegendo a imagem e os direitos do profissional, é essencial”, explica.

    Fui vítima de um golpe com IA com meu produto, o que fazer?

    De acordo com Dr. Fabiano, a exemplo de um caso recente que atendeu na MF Press Global, de uma gestão de crise atendendo a uma cliente que teve a sua voz clonada por IA para um anúncio falso da venda do seu curso.

    Empresa identificou áudio clonado e segui trâmites jurídicos para proteger cliente afetado (Foto: Reprodução/Arquivo do caso)

    Quando você identificar um golpe do tipo, a primeira coisa a se fazer é buscar apoio jurídico, no caso que atendemos direcionamos tanto ao setor de tecnologia, que identificou a clonagem, quanto para o setor jurídico, que seguiu todos os trâmites legais sobre o golpe, e o setor de assessoria, para evitar que o golpe afetasse a imagem da cliente”.

    Para quem sofre esse tipo de golpe é importante buscar uma empresa especializada em gestão de crise para seguir com esse processo e adaptá-lo ao seu caso para garantir que o problema seja resolvido e seus impactos minimizados o mais rápido possível”, explica Dr. Fabiano.

  • Caso Djidja: Neurocientista explica como “lavagem cerebral” pode ser usada para a formação de seitas

    Caso Djidja: Neurocientista explica como “lavagem cerebral” pode ser usada para a formação de seitas

    Após a morte da empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, na última terça-feira (28) por suspeita de overdose, a polícia prendeu dois funcionários. Eles foram acusados de administrar a droga cetamina durante rituais de uma seita da qual Djidja e sua família faziam parte.

    O caso Djidja

    Djidja Cardoso, sua mãe, Cleusimar, e seu irmão, Ademar, faziam parte de uma seita chamada “Pai, Mãe, Vida”, onde se viam como representações de figuras bíblicas: Jesus Cristo (Ademar), Maria de Nazaré (Cleusimar), e Maria Madalena (Djidja).

    O grupo realizava rituais onde era administrada a droga cetamina, um anestésico e analgésico usado em humanos e até mesmo como tranquilizante de cavalos, para alcançar estados de superioridade espiritual induzida pela substância, que pode causar dependência e alucinações.

    Desde abril, a família começou a ser investigada por tráfico da droga e a gerente de um salão de beleza de Djidja, Verônica da Costa, foi acusada de comprar cetamina em clínicas veterinárias sem receita médica para o uso nos rituais, dos quais uma ex-namorada de Ademar também alega ter sido aliciada para participar e usar a droga.

    A cetamina é usada como anestésico para cirurgias humanas e como tranquilizante para animais, também sendo usada em tratamentos para quadros de depressão.

    A formação de seitas segundo a neurociência

    De acordo com o Pós PhD em neurociências e membro da Society For Neuroscience nos Estados Unidos, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, a formação de seitas é realizada, principalmente, por manipulação mental através de técnicas de sugestão cognitiva.

    A famosa ‘lavagem cerebral’ não é como vemos nos filmes, na realidade ela é feita de uma forma muito mais lenta, através de sugestões e persuasão, sem necessariamente torturas físicas, por exemplo. Mas, principalmente, cercando uma pessoa de fatores que contribuem para a linha de pensamento e cortando laços dela com outras pessoas e alternativas”.

    No caso da formação de seitas, há um grande fator mental para a atração de novos membros, como no caso de Djidja Cardoso”.

    A sensação de pertencimento a algo maior é muito usada nessas situações, nesse caso específico com a associação a figuras de alto escalão religioso, reduzindo o círculo social a poucas pessoas e uso de alucinógenos, um combo que estimula o sistema límbico do cérebro, responsável pelas nossa emoções, o que torna a tomada de decisão altamente enviesada emocionalmente”.

    Isso interfere na conexão frontotemporal, afetando diretamente o córtex pré-frontal, fazendo com que haja uma predominância do sistema límbico para aquilo que satisfaz. Algo similar ao que acontece com pessoas narcisistas, por exemplo, em que existe um lado da consciência e coerência que não funciona corretamente porque a região da recompensa prevalece”, afirma Dr. Fabiano.

    Sistema límbico e genética ajudam a facilitar a manipulação

    O sistema límbico, incluindo a amígdala e o hipocampo, é intensamente estimulado, enfraquecendo a conexão entre o lobo frontal e o lobo temporal, especialmente no córtex pré-frontal dorsolateral, responsável pelo pensamento crítico. Neurotransmissores como dopamina e serotonina são modulados, aumentando sentimentos de euforia e dependência emocional”.

    Genomicamente, variantes nos genes DRD4 e 5-HTTLPR, além de genes ligados à oxitocina, podem aumentar a susceptibilidade à manipulação e reforçar a ligação ao grupo. Esses fatores, combinados com técnicas de sugestão cognitiva e isolamento social, resultam em um controle profundo e sustentado sobre o indivíduo”, explica Dr. Fabiano de Abreu Agrela.

  • Saiba o que é “Love bombing”, o comportamentos narcisista que causa ‘amor em excesso’

    Saiba o que é “Love bombing”, o comportamentos narcisista que causa ‘amor em excesso’

    O dia dos namorados, comemorado no dia 12 de junho no Brasil, é uma data onde normalmente os casais fazem grandes demonstrações de amor para seus parceiros.

    Mas em alguns casos essas declarações se tornam excessivas e expressões muito exageradas e constantes de amor podem ser reflexo, na verdade, de um transtorno de personalidade narcisista, um efeito conhecido como “Love Bombing”.

    O que é Love Bombing?

    “Love bombing” é uma forma de manipulação emocional onde uma pessoa dá muito carinho, atenção e faz declarações de amor exageradas e constantes para obter controle sobre outra.

    No começo, o indivíduo recebe muitos elogios, presentes e mensagens carinhosas, criando uma sensação de conexão e amor. Com o tempo, o manipulador usa esse afeto para controlar o comportamento da outra pessoa, gerando dependência emocional. Isso é comum em relacionamentos abusivos e pode causar problemas emocionais sérios para a vítima.

    O transtorno narcisista por trás do problema

    De acordo com o Pós PhD em neurociências, membro da Society For Neuroscience nos Estados Unidos e autor do estudo “Narcisismo cultural – Danos à saúde mental”, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, o “love bombing” é apenas uma das estratégias usadas por pessoas com transtorno de personalidade narcisista para manipular o parceiro.

    ‘O ‘love bombing’ é uma das maneiras com que pessoas com transtorno de personalidade narcisista usam para manipular o parceiro e chamar a atenção para si. O narcisista tem um comportamento incoerente, falta de percepção aparente, impulsividade, sentimentos de engrandecimento pessoal e muitas vezes usa outras pessoas para benefício próprio, em um relacionamento isso pode se manifestar na forma de atos aparentemente românticos, mas que na verdade são manipulativos”.

    A pessoa com narcisismo não expressa seu amor de forma natural e sim calculada para causar efeitos positivos na impressão dos outros sobre si mesma”, explica Dr. Fabiano.

    O cérebro de um narcisista

    Segundo o Dr. Fabiano de Abreu existem influências biológicas que ajudam a explicar os comportamentos complexos em pessoas com transtorno de personalidade narcisista.

    Algumas regiões do cérebro, como o córtex pré-frontal, responsável pelo planejamento e decisão, e a amígdala, envolvida na regulação das emoções, são afetadas em indivíduos com transtorno de personalidade narcisista. Alterações nos neurotransmissores dopamina e serotonina também podem estar associadas a comportamentos de busca por recompensa e regulação emocional”.

    Também existem variantes de genes, como o OXTR, que codifica o receptor de oxitocina, e SNPs (polimorfismos de nucleotídeo único) específicos que influenciam predisposições para características narcisistas e comportamentos manipulativos”, afirma.

    Principais sinais de uma pessoa narcisista

    De acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) apontou características marcantes do transtorno com sendo:

    – Excesso da sensação da própria importância e grandiosidade;

    – Falta de empatia;

    – Realização de fantasias ilimitadas referentes a poder e influência;

    – Mostrar a própria superioridade;

    – Percepção exagerada de si.

  • Complexidades neuropsicológicas e interpessoais do transtorno de personalidade narcisista: Uma análise integrativa

    Complexidades neuropsicológicas e interpessoais do transtorno de personalidade narcisista: Uma análise integrativa

    A compreensão da etiologia e manifestações comportamentais associadas ao Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) necessita de uma exploração multidisciplinar, abrangendo desde neurociências até a genética comportamental. Os mecanismos cerebrais subjacentes ao narcisismo são complexos, envolvendo múltiplas regiões e circuitos neuronais.

    1. Regiões Cerebrais e Sub-Regiões Associadas ao Narcisismo: Estudos de neuroimagem têm identificado que indivíduos com TPN exibem peculiaridades em várias regiões do cérebro, particularmente no córtex pré-frontal (CPF), área associada à modulação de comportamentos sociais e tomada de decisão (Schulze, Dziobek & Vater, 2013). Além disso, a insula anterior e o córtex cingulado anterior, cruciais para a empatia e processamento emocional, apresentam alterações funcionais e estruturais nesses indivíduos (Rilling et al., 2008).

    2. Genética e Neurotransmissores: A literatura sugere que variantes genéticas, especialmente aquelas relacionadas aos sistemas dopaminérgico e serotoninérgico, podem influenciar traços narcisistas. Por exemplo, o gene receptor da dopamina D4 (DRD4) tem sido associado à busca de novidade, um traço frequentemente elevado em narcisistas (Benjamin et al., 1996). Quanto aos neurotransmissores, alterações nos níveis de serotonina têm sido implicadas na regulação de impulsividade, uma característica proeminente no TPN.

    3. Tipos de Neurônios Envolvidos: O papel dos neurônios espelho, localizados principalmente no CPF e no lobo parietal inferior, é crítico no desenvolvimento de capacidades empáticas, sendo que disfunções neste sistema podem contribuir para os comportamentos narcisistas observados (Rizzolatti & Craighero, 2004).

    Em relação à dinâmica relacional com indivíduos narcisistas, as estratégias de manipulação e controle são frequentemente utilizadas para manter a autoestima inflada. Quando uma “vítima” começa a perceber e resistir a estas táticas, sua utilidade para o narcisista pode diminuir significativamente. Conforme a literatura, narcisistas são propensos a abandonar relações quando estas deixam de ser benéficas, adotando uma postura adaptativa que pode ser vista como camaleônica (Buss & Shackelford, 1997). Esta adaptabilidade permite que eles rapidamente encontrem um novo “suprimento” para suas necessidades emocionais e de autoestima.

    Entretanto, a literatura também adverte sobre as possíveis represálias que narcisistas podem empregar contra indivíduos que os desmascaram. A projeção e manipulação continuam a ser mecanismos de defesa utilizados para desacreditar e retaliar contra aqueles que eles percebem como ameaças (Twenge & Campbell, 2003).

    Portanto, enquanto um narcisista pode de fato permitir que uma vítima vá embora ao perceber que sua manipulação não é mais eficaz, as consequências e dinâmicas subsequentes são variáveis e dependem do contexto específico e da resiliência do narcisista frente às mudanças em suas relações interpessoais.

    A relação entre narcisismo e comportamento interpersonal é complexa, pois envolve tanto a manipulação ativa quanto reações defensivas a percepções de ameaça ou rejeição. Narcisistas frequentemente apresentam um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia, o que complica suas interações sociais. A capacidade de um narcisista de ‘deixar ir’ uma vítima não é apenas uma decisão consciente, mas também é influenciada por esses traços intrínsecos.

    As repercussões dessa dinâmica são significativas, pois enquanto a vítima pode ser libertada do ciclo de abuso, o narcisista pode já estar procurando outras fontes de suprimento narcísico. Esta busca é muitas vezes impulsiva e visa preencher o vazio deixado pela perda do suprimento anterior, levando a um ciclo contínuo de relacionamentos superficiais e manipulativos (Campbell & Foster, 2002).

    Mecanismos Neuropsicológicos Adicionais

    A investigação do TPN e suas manifestações pode beneficiar-se de uma abordagem integrativa que considera tanto os aspectos neuropsicológicos quanto os comportamentais. O equilíbrio entre neurotransmissores, a função de regiões cerebrais específicas, e a expressão de genes relacionados são todos aspectos que contribuem para o comportamento narcisista. Por exemplo, estudos demonstram que a diminuição da atividade na insula pode reduzir a capacidade de processar e responder a emoções negativas, o que pode explicar a falta de empatia vista em narcisistas (Chester et al., 2016).

    Além disso, os narcisistas podem exibir uma ativação aumentada do sistema de recompensa cerebral, especialmente em resposta à admiração e sucesso percebido, o que reforça comportamentos de busca de status e manipulação (Pincus & Lukowitsky, 2010).

    Implicações Clínicas e Terapêuticas

    Dado o impacto do narcisismo nas relações pessoais e o potencial de comportamento destrutivo, é crucial para os profissionais de saúde mental desenvolver estratégias de intervenção eficazes. Terapias focadas em mindfulness, regulação emocional, e o desenvolvimento de empatia podem ser benéficas. Além disso, abordagens terapêuticas que promovem a conscientização dos próprios limites e impactos do comportamento, como a terapia comportamental dialética, podem ser particularmente úteis para indivíduos com TPN (Bateman & Fonagy, 2010).

    Conclusão

    O narcisismo é um traço de personalidade multifacetado com profundas implicações neuropsicológicas e sociais. Embora um narcisista possa ‘deixar ir’ uma vítima quando percebe que não pode mais manipulá-la ao seu favor, as complexidades associadas ao TPN sugerem que as estratégias de manipulação e busca de suprimento podem ser rapidamente direcionadas para outros alvos. É essencial que continuemos a desenvolver uma compreensão mais profunda dessas dinâmicas para melhor intervir e apoiar tanto narcisistas quanto suas vítimas potenciais.

    Referências

    – Bateman, A., & Fonagy, P. (2010). Mentalization based treatment for borderline personality disorder. *World Psychiatry*, 9(1), 11-15.

    – Benjamin, J., et al. (1996). Population and familial association between the D4 dopamine receptor gene and measures of novelty seeking. *Nature Genetics*, 12, 81-84.

    – Buss, D.M., & Shackelford, T.K. (1997). Susceptibility to infidelity in the first year of marriage. *Journal of Research in Personality*, 31, 193-221.

    – Campbell, W. K., & Foster, C. A. (2002). Narcissism and commitment in romantic relationships: An investment model analysis. *Personality and Social Psychology Bulletin*, 28(4), 484-495.

    – Chester, D. S., et al. (2016). The interactive effect of social pain and executive functioning on aggression: An fMRI experiment. *Social Cognitive and Affective Neuroscience*, 11(4), 528-537.

    – Pincus, A. L., & Lukowitsky, M. R. (2010). Pathological narcissism and narcissistic personality disorder. *Annual Review of Clinical Psychology*, 6, 421-446.

    – Rilling, J.K., et al. (2008). A neural basis for social cooperation. *Neuron*, 35, 395-405.

    – Rizzolatti, G., & Craighero, L. (2004). The mirror-neuron system. *Annual Review of Neuroscience*, 27, 169-192.

    – Schulze, L., Dziobek, I., & Vater, A. (2013). The neural correlates of social cognition in normal personality and personality disorders. *Psychiatry Research: Neuroimaging*, 30, 20-29.

    – Twenge, J. M., & Campbell, W. K. (2003). “Isn’t it fun to get the respect that we’re going to deserve?” Narcissism, social rejection, and aggression. *Personality and Social Psychology Bulletin*, 29(2), 261-272.

  • Genética e QI: Uma relação cada vez mais explorada

    Genética e QI: Uma relação cada vez mais explorada

    Os testes tradicionais de QI são uma ferramenta já muito bem estabelecida para a medição da inteligência e usada como base para sociedades de alto QI, para estudos, para artigos, etc. No entanto, apesar de confiável, é preciso considerar alguns fatores que podem alterar a sua precisão, como o efeito aprendizagem, decorrente da familiaridade com testes frequentes, pode influenciar os resultados. Além disso, a ansiedade durante a realização dos testes e a análise subjetiva dos resultados podem introduzir viés.

    Na busca por uma forma de avaliação mais abrangente e precisa, surgem os testes genéticos, uma ferramenta cada vez mais usada em parceria com os testes de QI para medir a inteligência, mas não só isso, a análise dos dados genéticos também ajuda a entender se sua capacidade cognitiva está sendo explorado ao seu máximo potencial, medido pela propensão indicada pelos genes, assim como os fatores que estão interferindo nesse processo e até mesmo a probabilidade do desenvolvimento de alguns transtornos.

    A análise genética permite observar relações complexas entre variantes genéticas e traços cognitivos com uma visão mais abrangente e detalhada do potencial intelectual, incluindo a capacidade máxima de desenvolvimento e fatores impeditivos, informações que não são obtidas nos testes de QI tradicionais.

    O Genetic Intelligence Project (GIP), projeto que tem como objetivo investigar a medição da inteligência pelos dados genéticos, para a compreensão da inteligência como um eficaz neuroprotetor, analisou dados de vários voluntários para entender a conexão entre os genes e a manifestação da inteligência.

    Um dos participantes analisados apresentou um QI inferior ao resultado do teste genético. Ao investigar melhor o caso com o uso dos testes genéticos, identificou-se a presença de depressão desde os 5 anos, originada por traumas na infância, causas não diagnosticadas pelos profissionais anteriores.

    Em uma outra situação, um voluntário teve seu teste genético apontando a possibilidade de um QI superior ao identificado no teste de QI realizado anteriormente. O indivíduo era usuário de maconha, conforme também indicado pelos dados genéticos, um fator conhecido por influenciar a inteligência.

    Contudo, nos casos onde a inteligência medida pelos testes de QI chegou ao seu máximo desenvolvimento, de acordo com os testes genéticos a anamnese mostrou que houve um acompanhamento, estímulo e boa educação desde a infância pelos pais.

    Por isso os testes genéticos estão ganhando cada vez mais relevância no entendimento da inteligência e têm sido buscados por profissionais. Suas informações incrivelmente precisas e abrangentes permitem avanços na análise do cérebro humano e do impacto de altas habilidades.